Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1075
Polyana de Paula Mendes Machado, Gabrielle Soares Barreto Venâncio, Consuelo Chicralla Martins, Letícia de Almeida Velasco, Iara da Silva Ourofino, Gessylane Pinheiro Florido Peixoto
Introdução: A hipertrigliceridemia é caracterizada pelo aumento das lipoproteínas responsáveis pelo transporte de triglicerídeos no organismo. Durante a gestação, ocorrem várias alterações no metabolismo lipídico devido a mecanismos hormonais, visando fornecer nutrição adequada ao feto. Os casos de hipertrigliceridemia na gravidez são difíceis de diagnosticar, pois os exames de perfil lipídico não são rotineiramente realizados durante a gestação. Embora sejam raros, esses casos apresentam um alto risco de complicações, como pancreatite aguda, representando um perigo para a mãe e o feto. Relato de caso: Uma gestante, D.A.D.S., 33 anos, com 31 semanas de idade gestacional, relatou histórico de hipercolesterolemia familiar e não tinha outras comorbidades. Ela procurou o Serviço de Emergência Obstétrica devido a dor intensa na parte superior do abdômen e foi encaminhada para a unidade de terapia intensiva (UTI). Seu histórico obstétrico era de G2P1A0. Realizaram-se um ultrassom obstétrico que mostrou oligodramnia moderada e um ultrassom abdominal total que sugeriu hidronefrose bilateral. Exames de sangue foram realizados e a equipe médica foi chamada ao laboratório de análises clínicas devido à aparência incomum do sangue centrifugado, que apresentava uma aparência amanteigada. Com base nesse achado, foi solicitado um perfil lipídico e exames das enzimas pancreáticas, que resultaram em colesterol de 776 mg/dL, triglicerídeos de 4.825 mg/dL, amilase de 227 u/L e lipase de 58,7 u/L. Devido à evolução desfavorável do caso, decidiu-se iniciar corticosteroides para amadurecimento pulmonar do feto e planejar uma cesariana. Durante a cirurgia, foi identificado líquido livre na cavidade abdominal, sugerindo ascite gordurosa, e o sangue tinha uma aparência rosada e viscosa. O recém-nascido nasceu vivo e foi encaminhado para a unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN). Os níveis de triglicerídeos diminuíram após o parto, chegando a 930 mg/dL. Após 15 dias de internação na UTIN, a paciente recebeu alta para a enfermaria e, posteriormente, alta hospitalar. Infelizmente, o recém-nascido evoluiu para óbito devido à prematuridade após 50 dias de internação hospitalar. Comentários: O perfil lipídico durante a gestação pode sofrer alterações, e em alguns casos, ocorre um aumento acentuado dos níveis séricos, aumentando o risco de pancreatite. A hipertrigliceridemia na gravidez é um desafio para o manejo clínico, pois não há uma terapia eficaz disponível, uma vez que as estatinas não são indicadas para uso durante a gestação.
{"title":"Hipertrigliceridemia grave em gestante: relato de caso","authors":"Polyana de Paula Mendes Machado, Gabrielle Soares Barreto Venâncio, Consuelo Chicralla Martins, Letícia de Almeida Velasco, Iara da Silva Ourofino, Gessylane Pinheiro Florido Peixoto","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1075","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1075","url":null,"abstract":"Introdução: A hipertrigliceridemia é caracterizada pelo aumento das lipoproteínas responsáveis pelo transporte de triglicerídeos no organismo. Durante a gestação, ocorrem várias alterações no metabolismo lipídico devido a mecanismos hormonais, visando fornecer nutrição adequada ao feto. Os casos de hipertrigliceridemia na gravidez são difíceis de diagnosticar, pois os exames de perfil lipídico não são rotineiramente realizados durante a gestação. Embora sejam raros, esses casos apresentam um alto risco de complicações, como pancreatite aguda, representando um perigo para a mãe e o feto. Relato de caso: Uma gestante, D.A.D.S., 33 anos, com 31 semanas de idade gestacional, relatou histórico de hipercolesterolemia familiar e não tinha outras comorbidades. Ela procurou o Serviço de Emergência Obstétrica devido a dor intensa na parte superior do abdômen e foi encaminhada para a unidade de terapia intensiva (UTI). Seu histórico obstétrico era de G2P1A0. Realizaram-se um ultrassom obstétrico que mostrou oligodramnia moderada e um ultrassom abdominal total que sugeriu hidronefrose bilateral. Exames de sangue foram realizados e a equipe médica foi chamada ao laboratório de análises clínicas devido à aparência incomum do sangue centrifugado, que apresentava uma aparência amanteigada. Com base nesse achado, foi solicitado um perfil lipídico e exames das enzimas pancreáticas, que resultaram em colesterol de 776 mg/dL, triglicerídeos de 4.825 mg/dL, amilase de 227 u/L e lipase de 58,7 u/L. Devido à evolução desfavorável do caso, decidiu-se iniciar corticosteroides para amadurecimento pulmonar do feto e planejar uma cesariana. Durante a cirurgia, foi identificado líquido livre na cavidade abdominal, sugerindo ascite gordurosa, e o sangue tinha uma aparência rosada e viscosa. O recém-nascido nasceu vivo e foi encaminhado para a unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN). Os níveis de triglicerídeos diminuíram após o parto, chegando a 930 mg/dL. Após 15 dias de internação na UTIN, a paciente recebeu alta para a enfermaria e, posteriormente, alta hospitalar. Infelizmente, o recém-nascido evoluiu para óbito devido à prematuridade após 50 dias de internação hospitalar. Comentários: O perfil lipídico durante a gestação pode sofrer alterações, e em alguns casos, ocorre um aumento acentuado dos níveis séricos, aumentando o risco de pancreatite. A hipertrigliceridemia na gravidez é um desafio para o manejo clínico, pois não há uma terapia eficaz disponível, uma vez que as estatinas não são indicadas para uso durante a gestação.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"123 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650684","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1096
Alice Ramos Codeço Monteiro, Aline Rodrigues da Cruz, Maria Eduarda Ramos Codeço Sueth, Marina Hübner Freitas dos Santos Silva Machado, Camilla Calvi Batista Ofranti, Vanessa Ferreira da Silva
Objetivo: Analisar a saúde mental de gestantes e puérperas no contexto da pandemia do COVID-19 e quais foram os impactos gerados à população materna por ela. Fonte de dados: O estudo foi conduzido em uma revisão sistemática com base na literatura atual publicada a partir do ano de 2018 até 2023, utilizando-se das bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), National Library of Medicine (PubMed), livros e artigos publicados em revistas e periódicos rastreados em plataformas de dados em Medicina, bem como artigos originais e repositórios universitários. Seleção de estudos: Ao todo foram selecionados 20 estudos, que após a exclusão de duplicidade e, optando por artigos mais recentes, foram eleitos 5 artigos integralmente acessados e lidos, sendo incluídos na revisão. Coleta de dados: Revisão sistematizada de literatura, utilizando-se os principais bancos de dados on-line. Resultados: Durante a gestação ocorrem intensas modificações psicológicas e fisiológicas na mulher que podem refletir diretamente em sua saúde mental. Sobreposto a esse fato, o contexto da pandemia de COVID-19 pode influenciar nos transtornos de humor maternos, mantendo-se aflorados durante o período. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as mulheres, principalmente as gestantes e puérperas, foram os grupos mais vulneráveis a problemas psicológicos durante a pandemia de COVID-19; isso se explica pelo medo da contaminação na gestação, pela vulnerabilidade ao parto prematuro e pelas incertezas sobre o parto e o pós-parto nas mulheres infectadas, principalmente pelo fato de que no início da pandemia não havia estudos e pesquisas que esclarecessem de forma precisa a respeito da doença e suas consequências. Há ainda a importância de ressaltar a falta de adesão ao pré-natal no período pandêmico, devido à quarentena e ao isolamento social, que impulsionaram ainda mais medos e incertezas, principalmente nas gestantes, que perderam o contato e acompanhamento médico durante o pré-parto. Combinado a tudo isso, os sentimentos de medo e solidão ficaram mais evidentes, gerando aumento de sintomas depressivos e de ansiedade, reforçando, assim, a necessidade de assistência pré-natal com a flexibilidade de acesso para um eficaz acompanhamento médico de forma humanizada, com o objetivo de garantir suporte emocional à gestante, cuidando e priorizando sua saúde mental. Conclusão: Com todos os sentimentos de incerteza, medo, solidão e ansiedade que pairam nos pensamentos das gestantes e puérperas, evidencia-se a necessidade do acompanhamento psicológico de suporte a essa população. No que tange à assistência pré-natal, é de suma importância incentivá-la, visto que, dessa forma, é possível acompanhar essas mulheres de maneira ativa e eficaz, a fim de minimizar as chances de danos psicológicos, tanto na gestação quanto no puerpério. Neste contexto, é possível afirmar que a COVID-19 impactou de forma significativa a saúde mental materna durante a pandemia, perp
{"title":"O impacto da pandemia de COVID-19 na saúde mental das gestantes e puérperas","authors":"Alice Ramos Codeço Monteiro, Aline Rodrigues da Cruz, Maria Eduarda Ramos Codeço Sueth, Marina Hübner Freitas dos Santos Silva Machado, Camilla Calvi Batista Ofranti, Vanessa Ferreira da Silva","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1096","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1096","url":null,"abstract":"Objetivo: Analisar a saúde mental de gestantes e puérperas no contexto da pandemia do COVID-19 e quais foram os impactos gerados à população materna por ela. Fonte de dados: O estudo foi conduzido em uma revisão sistemática com base na literatura atual publicada a partir do ano de 2018 até 2023, utilizando-se das bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), National Library of Medicine (PubMed), livros e artigos publicados em revistas e periódicos rastreados em plataformas de dados em Medicina, bem como artigos originais e repositórios universitários. Seleção de estudos: Ao todo foram selecionados 20 estudos, que após a exclusão de duplicidade e, optando por artigos mais recentes, foram eleitos 5 artigos integralmente acessados e lidos, sendo incluídos na revisão. Coleta de dados: Revisão sistematizada de literatura, utilizando-se os principais bancos de dados on-line. Resultados: Durante a gestação ocorrem intensas modificações psicológicas e fisiológicas na mulher que podem refletir diretamente em sua saúde mental. Sobreposto a esse fato, o contexto da pandemia de COVID-19 pode influenciar nos transtornos de humor maternos, mantendo-se aflorados durante o período. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as mulheres, principalmente as gestantes e puérperas, foram os grupos mais vulneráveis a problemas psicológicos durante a pandemia de COVID-19; isso se explica pelo medo da contaminação na gestação, pela vulnerabilidade ao parto prematuro e pelas incertezas sobre o parto e o pós-parto nas mulheres infectadas, principalmente pelo fato de que no início da pandemia não havia estudos e pesquisas que esclarecessem de forma precisa a respeito da doença e suas consequências. Há ainda a importância de ressaltar a falta de adesão ao pré-natal no período pandêmico, devido à quarentena e ao isolamento social, que impulsionaram ainda mais medos e incertezas, principalmente nas gestantes, que perderam o contato e acompanhamento médico durante o pré-parto. Combinado a tudo isso, os sentimentos de medo e solidão ficaram mais evidentes, gerando aumento de sintomas depressivos e de ansiedade, reforçando, assim, a necessidade de assistência pré-natal com a flexibilidade de acesso para um eficaz acompanhamento médico de forma humanizada, com o objetivo de garantir suporte emocional à gestante, cuidando e priorizando sua saúde mental. Conclusão: Com todos os sentimentos de incerteza, medo, solidão e ansiedade que pairam nos pensamentos das gestantes e puérperas, evidencia-se a necessidade do acompanhamento psicológico de suporte a essa população. No que tange à assistência pré-natal, é de suma importância incentivá-la, visto que, dessa forma, é possível acompanhar essas mulheres de maneira ativa e eficaz, a fim de minimizar as chances de danos psicológicos, tanto na gestação quanto no puerpério. Neste contexto, é possível afirmar que a COVID-19 impactou de forma significativa a saúde mental materna durante a pandemia, perp","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"23 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135651100","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1017
Maria Eduarda Neves de Alencar, Raphael Pizzatto Raposo de Almeida
Introdução: O câncer de mama masculino é uma condição rara, representando cerca de 1% de todos os casos de câncer de mama no mundo. No Brasil, é mais comum em homens acima dos 60 anos e apresenta maior incidência nas Regiões Sul e Sudeste. Embora a origem, a evolução e o tratamento dessa doença sejam semelhantes entre homens e mulheres, devido à baixa suspeita clínica de câncer de mama em homens, o diagnóstico tende a ocorrer em estágios mais avançados. Relato de caso: Apresenta-se o caso de um paciente masculino de 63 anos. Ele notou o surgimento de um nódulo no quadrante superior direito da mama esquerda em janeiro de 2021. O paciente é ex-tabagista e não possui histórico familiar de câncer de mama ou ovário. Ao exame físico, identificou-se nódulo endurecido, não aderido a planos profundos, hiperemiado e indolor. Em março, ele consultou um dermatologista e realizou uma ultrassonografia que sugeriu tratar-se de uma coleção subcutânea compatível com abscesso. Foi tentada a excisão do nódulo, mas durante o procedimento, observou-se tecido altamente vascularizado e ausência de pus. O tumor apresentou crescimento progressivo e, em agosto, evoluiu para uma lesão vegetante e sangrante. Em novembro de 2021, o paciente procurou a emergência de um hospital federal no Rio de Janeiro devido a um sangramento ativo proveniente do tumor exofítico, que tinha aproximadamente 10 cm. Ele foi internado para cirurgia. O exame laboratorial pré-cirúrgico revelou níveis de hemoglobina de 6,9 mg/dL, sendo administradas 2 unidades de concentrado de hemácias. O paciente foi submetido a uma segmentectomia com remoção completa da lesão, e o material foi encaminhado para análise histopatológica. Em dezembro de 2021, na consulta de revisão pós-operatória, observou-se uma boa cicatrização. O laudo histopatológico revelou uma neoplasia maligna pouco diferenciada com padrão fusiforme e proliferação vascular evidente, sendo o material encaminhado para estudo imuno-histoquímico. Os achados morfológicos no laudo imuno-histoquímico foram compatíveis com o diagnóstico de sarcoma indiferenciado/pleomórfico. O paciente foi encaminhado ao serviço de oncologia do mesmo hospital para tratamento adjuvante. Comentários: Esse caso ilustra um desafio diagnóstico significativo, uma vez que o câncer de mama masculino é uma condição rara. Os homens tendem a procurar menos os serviços de saúde, aderir menos aos cuidados e apresentar menor continuidade no acompanhamento médico. A percepção comum de que o câncer de mama é uma doença exclusivamente feminina contribui para que os homens afetados por essa condição se afastem dos centros de saúde capazes de realizar o diagnóstico precoce. No entanto, apesar dessas dificuldades, foi possível realizar com sucesso uma cirurgia conservadora no presente caso.
{"title":"Câncer de mama exofítico volumoso em homem: relato de caso","authors":"Maria Eduarda Neves de Alencar, Raphael Pizzatto Raposo de Almeida","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1017","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1017","url":null,"abstract":"Introdução: O câncer de mama masculino é uma condição rara, representando cerca de 1% de todos os casos de câncer de mama no mundo. No Brasil, é mais comum em homens acima dos 60 anos e apresenta maior incidência nas Regiões Sul e Sudeste. Embora a origem, a evolução e o tratamento dessa doença sejam semelhantes entre homens e mulheres, devido à baixa suspeita clínica de câncer de mama em homens, o diagnóstico tende a ocorrer em estágios mais avançados. Relato de caso: Apresenta-se o caso de um paciente masculino de 63 anos. Ele notou o surgimento de um nódulo no quadrante superior direito da mama esquerda em janeiro de 2021. O paciente é ex-tabagista e não possui histórico familiar de câncer de mama ou ovário. Ao exame físico, identificou-se nódulo endurecido, não aderido a planos profundos, hiperemiado e indolor. Em março, ele consultou um dermatologista e realizou uma ultrassonografia que sugeriu tratar-se de uma coleção subcutânea compatível com abscesso. Foi tentada a excisão do nódulo, mas durante o procedimento, observou-se tecido altamente vascularizado e ausência de pus. O tumor apresentou crescimento progressivo e, em agosto, evoluiu para uma lesão vegetante e sangrante. Em novembro de 2021, o paciente procurou a emergência de um hospital federal no Rio de Janeiro devido a um sangramento ativo proveniente do tumor exofítico, que tinha aproximadamente 10 cm. Ele foi internado para cirurgia. O exame laboratorial pré-cirúrgico revelou níveis de hemoglobina de 6,9 mg/dL, sendo administradas 2 unidades de concentrado de hemácias. O paciente foi submetido a uma segmentectomia com remoção completa da lesão, e o material foi encaminhado para análise histopatológica. Em dezembro de 2021, na consulta de revisão pós-operatória, observou-se uma boa cicatrização. O laudo histopatológico revelou uma neoplasia maligna pouco diferenciada com padrão fusiforme e proliferação vascular evidente, sendo o material encaminhado para estudo imuno-histoquímico. Os achados morfológicos no laudo imuno-histoquímico foram compatíveis com o diagnóstico de sarcoma indiferenciado/pleomórfico. O paciente foi encaminhado ao serviço de oncologia do mesmo hospital para tratamento adjuvante. Comentários: Esse caso ilustra um desafio diagnóstico significativo, uma vez que o câncer de mama masculino é uma condição rara. Os homens tendem a procurar menos os serviços de saúde, aderir menos aos cuidados e apresentar menor continuidade no acompanhamento médico. A percepção comum de que o câncer de mama é uma doença exclusivamente feminina contribui para que os homens afetados por essa condição se afastem dos centros de saúde capazes de realizar o diagnóstico precoce. No entanto, apesar dessas dificuldades, foi possível realizar com sucesso uma cirurgia conservadora no presente caso.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"33 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135550479","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1006
Emanuela Heiderick Gouvêa
Introdução: O papilomavírus humano (HPV) é uma infecção sexualmente transmissível (IST) comum que afeta tanto homens quanto mulheres. Estima-se que mais de 300 milhões de mulheres sejam portadoras desse vírus, que pode ter diferentes riscos oncogênicos para o câncer do colo do útero. O objetivo desta pesquisa foi analisar a cobertura vacinal contra o HPV em adolescentes dos sexos feminino e masculino nas diferentes regiões do Brasil, utilizando--se os dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Métodos: Esta pesquisa é uma revisão sistemática com uma abor-dagem quantitativa e qualitativa. Realizou-se análise temporal retrospectiva e transversal utilizando-se dados do DATASUS. Coletaram-se informações sobre as doses da vacina contra o HPV aplicadas em adolescentes no período de 2014 a 2022. O cálculo da taxa de cobertura vacinal acumulada foi feito dividindo o número de doses aplicadas pelo total estimado da população na faixa etária selecionada, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Resultados: Em 2014, a cobertura vacinal para a primeira dose foi adequada, mas houve baixa adesão para a segunda dose. Nos anos seguintes, 2015 e 2016, houve redução expressiva na cobertura vacinal para ambas as doses. A Região Norte apresentou a menor cobertura, enquanto a Região Sudeste teve a maior cobertura até 2017. A Região Sul teve discreta melhoria nas taxas. A cobertura vacinal variou nos anos seguintes, mas perma-neceu abaixo de 80%, considerada adequada de acordo com o Plano Nacional de Imunizações, até o ano de 2022. A baixa adesão à vacinação é explicada por vários fatores, incluindo recusa. Conclusão: A cobertura vacinal da primeira dose da vacina contra o HPV no Brasil foi considerada adequada somente no ano de 2014, quando houve implantação efetiva de políticas públicas direcio-nadas a escolas e Unidades Básicas de Saúde. No entanto, nos anos seguintes, houve queda na cobertura vacinal contra o HPV e aumento no número de casos de câncer do colo do útero.
{"title":"Análise da cobertura vacinal contra HPV no Brasil: uma revisão sistemática","authors":"Emanuela Heiderick Gouvêa","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1006","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1006","url":null,"abstract":"Introdução: O papilomavírus humano (HPV) é uma infecção sexualmente transmissível (IST) comum que afeta tanto homens quanto mulheres. Estima-se que mais de 300 milhões de mulheres sejam portadoras desse vírus, que pode ter diferentes riscos oncogênicos para o câncer do colo do útero. O objetivo desta pesquisa foi analisar a cobertura vacinal contra o HPV em adolescentes dos sexos feminino e masculino nas diferentes regiões do Brasil, utilizando--se os dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Métodos: Esta pesquisa é uma revisão sistemática com uma abor-dagem quantitativa e qualitativa. Realizou-se análise temporal retrospectiva e transversal utilizando-se dados do DATASUS. Coletaram-se informações sobre as doses da vacina contra o HPV aplicadas em adolescentes no período de 2014 a 2022. O cálculo da taxa de cobertura vacinal acumulada foi feito dividindo o número de doses aplicadas pelo total estimado da população na faixa etária selecionada, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Resultados: Em 2014, a cobertura vacinal para a primeira dose foi adequada, mas houve baixa adesão para a segunda dose. Nos anos seguintes, 2015 e 2016, houve redução expressiva na cobertura vacinal para ambas as doses. A Região Norte apresentou a menor cobertura, enquanto a Região Sudeste teve a maior cobertura até 2017. A Região Sul teve discreta melhoria nas taxas. A cobertura vacinal variou nos anos seguintes, mas perma-neceu abaixo de 80%, considerada adequada de acordo com o Plano Nacional de Imunizações, até o ano de 2022. A baixa adesão à vacinação é explicada por vários fatores, incluindo recusa. Conclusão: A cobertura vacinal da primeira dose da vacina contra o HPV no Brasil foi considerada adequada somente no ano de 2014, quando houve implantação efetiva de políticas públicas direcio-nadas a escolas e Unidades Básicas de Saúde. No entanto, nos anos seguintes, houve queda na cobertura vacinal contra o HPV e aumento no número de casos de câncer do colo do útero.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"19 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135550772","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1038
Nina Feital Montezz, Giulia Bianco da Silva, Renata Santos Dantas Machado, Plínio Tostes Berardo, Maria Victoria do Rego Barros Valle, Rachel Horowicz Machlach
Introdução: O sangramento uterino anormal (SUA) é uma condição comum na prática clínica, sendo classificado pela nomenclatura PALM-COEIN, proposta em 2011 pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO). As causas estruturais (PALM) incluem pólipos, adenomiose, leiomiomas e malignidade, enquanto as causas não estruturais (COEIN) englobam coagulopatias, disfunções ovulatórias, causas endometriais, iatrogenias e causas não especificadas. A púrpura trombocitopênica imune (PTI) é uma causa menos comum de SUA, mas pode comprometer significativamente a qualidade de vida das pacientes. Relato de caso: Foi relatado o caso de paciente de 18 anos, sem comorbidades, que procurou atendimento em uma unidade de pronto atendimento devido a sangramento menstrual prolongado por 18 dias. Além disso, a paciente apresentava equimoses e petéquias espontâneas nos últimos 2 meses, bem como um quadro gripal leve com febre e odinofagia. Não houve atividade sexual nos últimos 12 meses. No exame inicial, constatou-se anemia grave (hematócrito de 12,3% e hemoglobina de 4,1 g/dL), plaquetopenia (30.000/mm3), INR de 1,85, TAP de 53% e teste de gravidez β-HCG negativo. O ultrassom transvaginal não evidenciou anormalidades. Após a estabilização clínica com hemotransfusão, a paciente foi encaminhada para hospital terciário no quinto dia de internação. No exame físico, observou-se sangramento moderado pelo orifício cervical, com presença de coágulos, sem lesões genitais aparentes. O útero estava dentro da pelve, móvel e indolor à mobilização, sem massas abdominais. Os exames laboratoriais revelaram hemoglobina de 8,4 g/dL, INR de 1,32 e contagem de plaquetas de 7.000/mm³. A sorologia para o vírus Epstein-Barr (EBV) indicou infecção recente, com resultado inicial indeterminado para IgM e posterior queda, além de IgG positivo. Hepatites virais, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e lúpus eritematoso sistêmico (LES) foram descartados. O diagnóstico de PTI secundária à infecção por EBV foi considerado, e a paciente foi submetida a pulsoterapia com metilprednisolona, seguida de prednisolona por 30 dias. Houve resolução do sangramento vaginal e das equimoses em 5 dias, além de uma hemorragia intrarretiniana diagnosticada pela equipe de oftalmologia, que regrediu espontaneamente. A paciente recebeu alta hospitalar 11 dias após o início do tratamento, com contagem de plaquetas.
{"title":"Púrpura trombocitopênica imune como etiologia de sangramento uterino anormal em mulher em idade reprodutiva — relato de caso","authors":"Nina Feital Montezz, Giulia Bianco da Silva, Renata Santos Dantas Machado, Plínio Tostes Berardo, Maria Victoria do Rego Barros Valle, Rachel Horowicz Machlach","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1038","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1038","url":null,"abstract":"Introdução: O sangramento uterino anormal (SUA) é uma condição comum na prática clínica, sendo classificado pela nomenclatura PALM-COEIN, proposta em 2011 pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO). As causas estruturais (PALM) incluem pólipos, adenomiose, leiomiomas e malignidade, enquanto as causas não estruturais (COEIN) englobam coagulopatias, disfunções ovulatórias, causas endometriais, iatrogenias e causas não especificadas. A púrpura trombocitopênica imune (PTI) é uma causa menos comum de SUA, mas pode comprometer significativamente a qualidade de vida das pacientes. Relato de caso: Foi relatado o caso de paciente de 18 anos, sem comorbidades, que procurou atendimento em uma unidade de pronto atendimento devido a sangramento menstrual prolongado por 18 dias. Além disso, a paciente apresentava equimoses e petéquias espontâneas nos últimos 2 meses, bem como um quadro gripal leve com febre e odinofagia. Não houve atividade sexual nos últimos 12 meses. No exame inicial, constatou-se anemia grave (hematócrito de 12,3% e hemoglobina de 4,1 g/dL), plaquetopenia (30.000/mm3), INR de 1,85, TAP de 53% e teste de gravidez β-HCG negativo. O ultrassom transvaginal não evidenciou anormalidades. Após a estabilização clínica com hemotransfusão, a paciente foi encaminhada para hospital terciário no quinto dia de internação. No exame físico, observou-se sangramento moderado pelo orifício cervical, com presença de coágulos, sem lesões genitais aparentes. O útero estava dentro da pelve, móvel e indolor à mobilização, sem massas abdominais. Os exames laboratoriais revelaram hemoglobina de 8,4 g/dL, INR de 1,32 e contagem de plaquetas de 7.000/mm³. A sorologia para o vírus Epstein-Barr (EBV) indicou infecção recente, com resultado inicial indeterminado para IgM e posterior queda, além de IgG positivo. Hepatites virais, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e lúpus eritematoso sistêmico (LES) foram descartados. O diagnóstico de PTI secundária à infecção por EBV foi considerado, e a paciente foi submetida a pulsoterapia com metilprednisolona, seguida de prednisolona por 30 dias. Houve resolução do sangramento vaginal e das equimoses em 5 dias, além de uma hemorragia intrarretiniana diagnosticada pela equipe de oftalmologia, que regrediu espontaneamente. A paciente recebeu alta hospitalar 11 dias após o início do tratamento, com contagem de plaquetas.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"29 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135595946","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1034
Maria Isabel do Nascimento, Ana Luiza Morgado Costa, Gabriella Lima Pereira da Silva, Katherine da Silva De Jesus, Maria Clara de Oliveira Lemes, Paula Barbosa Maia
Introdução: A "pobreza menstrual" é uma realidade invisível e uma injustiça social que impõe às mulheres penalidades relacionadas a tabus, estigmas, vergonha e discriminação, além de reduzir o acesso a tratamentos ginecológicos para sangramentos anormais, dismenorreia, infecções e síndrome pré-menstrual. Objetivo: Realizar uma revisão sistemática para identificar as populações vulneráveis à condição de "pobreza menstrual". Fontes de dados: A revisão sistemática foi registrada no PROSPERO com o número CRD42021266058 e foi conduzida entre novembro e dezembro de 2021, consultando as bases de dados National Library of Medicine (PubMed), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) Brasil e GOOGLE SCHOLAR. A pergunta de pesquisa foi: "quais são os grupos de mulheres que são vulneráveis à situação de pobreza menstrual?". A combinação de descritores utilizada foi: (((((menstruation) OR (hygiene)) OR (menstrual hygiene)) OR (menstrual health)) OR (period, menstrual)) AND ((period poverty) OR (poverty)). A ausência do termo "pobreza menstrual" nos descritores Medical Subject Headings (MeSH) e Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e o pequeno número de publicações encontradas na literatura cinza foram limitações deste estudo. Seleção de estudos: Incluíram-se estudos quantitativos, qualitativos e mistos. Excluíram-se revisões sistemáticas e publicações que não apresentavam resultados empiricamente testados. Duplas de pesquisadoras foram responsáveis pela leitura, seleção e coleta de dados, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Resultados: Dos 2.457 estudos recuperados, seis delinearam as características das populações vulneráveis. Um fator comum que caracteriza essas populações é a situação socioeconômica desfavorável, que afeta o acesso a produtos de higiene, saneamento básico e educação de qualidade. Meninas em idade escolar, na transição do ensino fundamental para o médio, muitas vezes em situação de vulnerabilidade econômica, não têm acesso à educação menstrual adequada no ambiente escolar e familiar, tanto em termos biológicos quanto de manejo. Esse cenário é agravado quando ocorre a menarca precoce, antes dos 9 anos, o que antecipa esses problemas e tem um impacto negativo em suas vidas. Além disso, mulheres com histórico de uso abusivo de substâncias (lícitas ou ilícitas), aquelas que vivem em abrigos de apoio a imigrantes, refugiadas, pessoas sem documentos legais e em situações de emergência humanitária, bem como as que não têm acesso à água, também são consideradas vulneráveis à pobreza menstrual. Conclusão: A população vulnerável à pobreza menstrual é caracterizada principalmente por baixo nível socioeconômico. Outros fatores agravantes incluem a menstruação durante o período escolar, especialmente em idade precoce, e a falta de educação sexual e menstrual. A interseccionalidade de diversas realidades sociais, como o uso abusivo de substâncias, também desempenh
{"title":"Pobreza menstrual: uma revisão sistemática da literatura para caracterizar a população de mulheres em vulnerabilidade menstrual","authors":"Maria Isabel do Nascimento, Ana Luiza Morgado Costa, Gabriella Lima Pereira da Silva, Katherine da Silva De Jesus, Maria Clara de Oliveira Lemes, Paula Barbosa Maia","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1034","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1034","url":null,"abstract":"Introdução: A \"pobreza menstrual\" é uma realidade invisível e uma injustiça social que impõe às mulheres penalidades relacionadas a tabus, estigmas, vergonha e discriminação, além de reduzir o acesso a tratamentos ginecológicos para sangramentos anormais, dismenorreia, infecções e síndrome pré-menstrual. Objetivo: Realizar uma revisão sistemática para identificar as populações vulneráveis à condição de \"pobreza menstrual\". Fontes de dados: A revisão sistemática foi registrada no PROSPERO com o número CRD42021266058 e foi conduzida entre novembro e dezembro de 2021, consultando as bases de dados National Library of Medicine (PubMed), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) Brasil e GOOGLE SCHOLAR. A pergunta de pesquisa foi: \"quais são os grupos de mulheres que são vulneráveis à situação de pobreza menstrual?\". A combinação de descritores utilizada foi: (((((menstruation) OR (hygiene)) OR (menstrual hygiene)) OR (menstrual health)) OR (period, menstrual)) AND ((period poverty) OR (poverty)). A ausência do termo \"pobreza menstrual\" nos descritores Medical Subject Headings (MeSH) e Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e o pequeno número de publicações encontradas na literatura cinza foram limitações deste estudo. Seleção de estudos: Incluíram-se estudos quantitativos, qualitativos e mistos. Excluíram-se revisões sistemáticas e publicações que não apresentavam resultados empiricamente testados. Duplas de pesquisadoras foram responsáveis pela leitura, seleção e coleta de dados, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Resultados: Dos 2.457 estudos recuperados, seis delinearam as características das populações vulneráveis. Um fator comum que caracteriza essas populações é a situação socioeconômica desfavorável, que afeta o acesso a produtos de higiene, saneamento básico e educação de qualidade. Meninas em idade escolar, na transição do ensino fundamental para o médio, muitas vezes em situação de vulnerabilidade econômica, não têm acesso à educação menstrual adequada no ambiente escolar e familiar, tanto em termos biológicos quanto de manejo. Esse cenário é agravado quando ocorre a menarca precoce, antes dos 9 anos, o que antecipa esses problemas e tem um impacto negativo em suas vidas. Além disso, mulheres com histórico de uso abusivo de substâncias (lícitas ou ilícitas), aquelas que vivem em abrigos de apoio a imigrantes, refugiadas, pessoas sem documentos legais e em situações de emergência humanitária, bem como as que não têm acesso à água, também são consideradas vulneráveis à pobreza menstrual. Conclusão: A população vulnerável à pobreza menstrual é caracterizada principalmente por baixo nível socioeconômico. Outros fatores agravantes incluem a menstruação durante o período escolar, especialmente em idade precoce, e a falta de educação sexual e menstrual. A interseccionalidade de diversas realidades sociais, como o uso abusivo de substâncias, também desempenh","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"47 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135595957","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1053
Dmitri Da Silva Gobbi Araujo, Beatriz de Oliveira e Castro, Luan Carlos Zangrando de Araujo, Bruna Leite Marques, Pedro Henrique de Moraes Ramos Menezes, Raquel Goncalves Zangrando
Introdução: O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é responsável por atacar o sistema imunológico, principalmente os linfócitos TCD4. Segundo o Ministério da Saúde, no estado do Rio de Janeiro (RJ), entre 2018 e 2022, foram registrados 106 casos de gestantes positivas para o HIV e transmissão vertical do vírus. Pacientes soropositivas podem transmitir o vírus para o feto durante a gravidez e amamentação, tornando o cuidado pré-natal, durante o parto e pós-parto essencial. Objetivo: O objetivo deste estudo é realizar uma análise comparativa da relação entre os casos de gestantes soropositivas e a transmissão vertical do HIV no período de 2018 a 2022, no RJ, a fim de contribuir para a implementação de medidas de prevenção de novos casos. Métodos: Trata-se de estudo que utilizou dados do Departamento de HIV/aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DVIAHV), referentes aos anos de 2018 a 2022, no RJ. As variáveis analisadas foram: número de gestantes HIV+ notificadas nesse período, notificações de transmissão vertical no RJ e raça. Não foi necessária a aprovação de um Comitê de Ética em Pesquisa, uma vez que os dados utilizados são de acesso público. Os dados foram tabulados e analisados utilizando-se o programa Microsoft Excel. Resultados: Durante o período analisado, foram diagnosticados 4.593 casos de gestantes com HIV positivo no estado do RJ. Em relação à raça dessas mulheres, 840 eram brancas (18,28%), 1.126 eram pretas (24,51%), 2.251 eram pardas (49,01%), 27 eram amarelas (0,58%), 2 eram indígenas (0,04%) e 347 não tiveram sua raça identificada (7,55%). Além disso, foram registrados 106 casos de transmissão vertical de HIV/aids nesse período. Em relação à raça dos casos de transmissão vertical, 30 eram pessoas brancas (28,30%), 34 eram pardas (32,07%), 20 eram pretas (18,86%), 1 era amarela (0,94%), 1 era indígena (0,94%) e 20 casos (18,86%) não tinham informações sobre a raça. Conclusão: Observou-se que há número significativo de gestantes HIV+ entre mulheres pretas e pardas. Além disso, constatou-se uma proporção considerável de casos de transmissão vertical entre pessoas pretas e pardas, ressaltando também a alta porcentagem de indivíduos sem informação sobre a raça. Esses achados indicam que a autoidentificação racial e a falta de informação sobre a raça podem impactar a notificação adequada dos casos, prejudicando a análise epidemiológica e sociodemográfica. Assim, é possível que a porcentagem de gestantes HIV+ da raça preta esteja subestimada devido à subnotificação. A avaliação epidemiológica e sociodemográfica pode ser comprometida devido à falta de informações sobre raça em alguns casos.
{"title":"Análise comparativa da transmissão vertical do HIV nos últimos 5 anos no estado do Rio de Janeiro","authors":"Dmitri Da Silva Gobbi Araujo, Beatriz de Oliveira e Castro, Luan Carlos Zangrando de Araujo, Bruna Leite Marques, Pedro Henrique de Moraes Ramos Menezes, Raquel Goncalves Zangrando","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1053","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1053","url":null,"abstract":"Introdução: O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é responsável por atacar o sistema imunológico, principalmente os linfócitos TCD4. Segundo o Ministério da Saúde, no estado do Rio de Janeiro (RJ), entre 2018 e 2022, foram registrados 106 casos de gestantes positivas para o HIV e transmissão vertical do vírus. Pacientes soropositivas podem transmitir o vírus para o feto durante a gravidez e amamentação, tornando o cuidado pré-natal, durante o parto e pós-parto essencial. Objetivo: O objetivo deste estudo é realizar uma análise comparativa da relação entre os casos de gestantes soropositivas e a transmissão vertical do HIV no período de 2018 a 2022, no RJ, a fim de contribuir para a implementação de medidas de prevenção de novos casos. Métodos: Trata-se de estudo que utilizou dados do Departamento de HIV/aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DVIAHV), referentes aos anos de 2018 a 2022, no RJ. As variáveis analisadas foram: número de gestantes HIV+ notificadas nesse período, notificações de transmissão vertical no RJ e raça. Não foi necessária a aprovação de um Comitê de Ética em Pesquisa, uma vez que os dados utilizados são de acesso público. Os dados foram tabulados e analisados utilizando-se o programa Microsoft Excel. Resultados: Durante o período analisado, foram diagnosticados 4.593 casos de gestantes com HIV positivo no estado do RJ. Em relação à raça dessas mulheres, 840 eram brancas (18,28%), 1.126 eram pretas (24,51%), 2.251 eram pardas (49,01%), 27 eram amarelas (0,58%), 2 eram indígenas (0,04%) e 347 não tiveram sua raça identificada (7,55%). Além disso, foram registrados 106 casos de transmissão vertical de HIV/aids nesse período. Em relação à raça dos casos de transmissão vertical, 30 eram pessoas brancas (28,30%), 34 eram pardas (32,07%), 20 eram pretas (18,86%), 1 era amarela (0,94%), 1 era indígena (0,94%) e 20 casos (18,86%) não tinham informações sobre a raça. Conclusão: Observou-se que há número significativo de gestantes HIV+ entre mulheres pretas e pardas. Além disso, constatou-se uma proporção considerável de casos de transmissão vertical entre pessoas pretas e pardas, ressaltando também a alta porcentagem de indivíduos sem informação sobre a raça. Esses achados indicam que a autoidentificação racial e a falta de informação sobre a raça podem impactar a notificação adequada dos casos, prejudicando a análise epidemiológica e sociodemográfica. Assim, é possível que a porcentagem de gestantes HIV+ da raça preta esteja subestimada devido à subnotificação. A avaliação epidemiológica e sociodemográfica pode ser comprometida devido à falta de informações sobre raça em alguns casos.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"5 8 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135599940","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1003
Victor Joshua de Aguiar Mello Nascimento, Rafael Augusto Chaves Machado, Lara Miranda Marchesi, Marcos Vinícius Aguado de Moraes, Raquel Luiz Queres, Bernardo Portugal Lasmar
Introdução: A endometriose é uma entidade benigna caracterizada pelo crescimento de glândulas e estroma endometriais fora da cavidade uterina. Acomete cerca de 10–15% das mulheres em idade reprodutiva e é importante causa de dor pélvica crônica e infertilidade. Nela, é muito comum o acome-timento e infiltração de estruturas da pelve, o que é capaz de gerar, inclusive, alterações anatômicas nesses sítios. Em muitos casos, o tratamento cirúrgico deve ser considerado e, nesse sentido, a abordagem das lesões por meio dos espaços avasculares (EAs) pélvicos mostra-se importante para dissecção das estruturas com segurança e isolamento da endometriose. Objetivos: Identificar os espaços avasculares da pelve, bem como seus limites e conteúdos. Métodos:Realizou-se uma revisão narrativa da literatura na plataforma National Library of Medicine (PubMed) e selecionaram-se artigos publicados no período de 2013 a 2023 nos idiomas inglês e espanhol. Utilizaram-se os descritores “endome-triosis” e “nerve sparing”. Ademais, utilizaram-se atlas de anatomia humana. Resultados: O 1º EA pélvico é o espaço paravesical (EP), que tem como limite superior o folheto anterior do ligamento largo (LL), como limite inferior o músculo elevador do ânus (MEA) e como limite medial a bexiga. Lateralmente, tem a parede pélvica, anteriormente a pube e posteriormente a artéria ute-rina (AU). A artéria umbilical obliterada divide esse espaço em EP medial e lateral. Este último tem o nervo obturatório (NO) como limite inferior na dissecção, sendo um EA de grande importância nas cirurgias oncológicas no que se refere a linfadenectomia. Outro importante espaço para o tratamento cirúrgico da endometriose é o espaço pararretal, o qual pode ser dividido em espaço de Okabayashi (EO), medial ao ureter, e espaço de Latzko (EL), lateral a este. O EO é o 2º EA da pelve, sendo delimitado superiormente pelo folheto posterior do LL, inferiormente pelo MEA, anteriormente pela AU, posterior-mente pelo sacro, lateralmente pelo ureter e medialmente pelo reto. A iden-tificação desses limites e a dissecção do espaço permitem a preservação do plexo hipogástrico inferior que se situa ao nível da junção vesicouterina. Já o EL, 3º EA, compreende o espaço virtual medialmente à artéria ilíaca externa e lateralmente ao ureter, seus limites anterior, posterior, superior e inferior são os mesmos que os do EO. Por fim, o 4º EA, espaço de Yabuki, localiza-se na região lateroinferior direita e esquerda da dobra vesicouterina, posterior-mente aos ureteres e anteriormente à superfície uterina anterior. Seu acesso pode ser alcançado por meio da lateralização dos ureteres (tunelização urete-ral), a fim de não lesionar a bexiga. Conclusão: A dissecção dos EA da pelve, a partir do reconhecimento dos seus limites anatômicos, permite a criação de um plano cirúrgico correto e seguro, uma vez que promove a identifica-ção e preservação de estruturas nobres e diminui riscos de sangramento ou complicações durante a abordagem da end
{"title":"A importância da identificação dos espaços avasculares na dissecção pélvica na abordagem cirúrgica da endometriose: uma revisão narrativa","authors":"Victor Joshua de Aguiar Mello Nascimento, Rafael Augusto Chaves Machado, Lara Miranda Marchesi, Marcos Vinícius Aguado de Moraes, Raquel Luiz Queres, Bernardo Portugal Lasmar","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1003","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1003","url":null,"abstract":"Introdução: A endometriose é uma entidade benigna caracterizada pelo crescimento de glândulas e estroma endometriais fora da cavidade uterina. Acomete cerca de 10–15% das mulheres em idade reprodutiva e é importante causa de dor pélvica crônica e infertilidade. Nela, é muito comum o acome-timento e infiltração de estruturas da pelve, o que é capaz de gerar, inclusive, alterações anatômicas nesses sítios. Em muitos casos, o tratamento cirúrgico deve ser considerado e, nesse sentido, a abordagem das lesões por meio dos espaços avasculares (EAs) pélvicos mostra-se importante para dissecção das estruturas com segurança e isolamento da endometriose. Objetivos: Identificar os espaços avasculares da pelve, bem como seus limites e conteúdos. Métodos:Realizou-se uma revisão narrativa da literatura na plataforma National Library of Medicine (PubMed) e selecionaram-se artigos publicados no período de 2013 a 2023 nos idiomas inglês e espanhol. Utilizaram-se os descritores “endome-triosis” e “nerve sparing”. Ademais, utilizaram-se atlas de anatomia humana. Resultados: O 1º EA pélvico é o espaço paravesical (EP), que tem como limite superior o folheto anterior do ligamento largo (LL), como limite inferior o músculo elevador do ânus (MEA) e como limite medial a bexiga. Lateralmente, tem a parede pélvica, anteriormente a pube e posteriormente a artéria ute-rina (AU). A artéria umbilical obliterada divide esse espaço em EP medial e lateral. Este último tem o nervo obturatório (NO) como limite inferior na dissecção, sendo um EA de grande importância nas cirurgias oncológicas no que se refere a linfadenectomia. Outro importante espaço para o tratamento cirúrgico da endometriose é o espaço pararretal, o qual pode ser dividido em espaço de Okabayashi (EO), medial ao ureter, e espaço de Latzko (EL), lateral a este. O EO é o 2º EA da pelve, sendo delimitado superiormente pelo folheto posterior do LL, inferiormente pelo MEA, anteriormente pela AU, posterior-mente pelo sacro, lateralmente pelo ureter e medialmente pelo reto. A iden-tificação desses limites e a dissecção do espaço permitem a preservação do plexo hipogástrico inferior que se situa ao nível da junção vesicouterina. Já o EL, 3º EA, compreende o espaço virtual medialmente à artéria ilíaca externa e lateralmente ao ureter, seus limites anterior, posterior, superior e inferior são os mesmos que os do EO. Por fim, o 4º EA, espaço de Yabuki, localiza-se na região lateroinferior direita e esquerda da dobra vesicouterina, posterior-mente aos ureteres e anteriormente à superfície uterina anterior. Seu acesso pode ser alcançado por meio da lateralização dos ureteres (tunelização urete-ral), a fim de não lesionar a bexiga. Conclusão: A dissecção dos EA da pelve, a partir do reconhecimento dos seus limites anatômicos, permite a criação de um plano cirúrgico correto e seguro, uma vez que promove a identifica-ção e preservação de estruturas nobres e diminui riscos de sangramento ou complicações durante a abordagem da end","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"34 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135550776","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1016
Letícia Araújo Gonçalves, Ana Beatriz de Mello Domingos, Bruno Menezes Teixeira Campos, Giovana Nogueira Sant’Ana
Introdução: A ferramenta Google Trends (GT), lançada em 2012, permite obter informações sobre as palavras-chave mais buscadas no Google, horário e localização. Atualmente, consultar o site é a principal e mais acessível fonte de conhecimento geral, com destaque para o alto volume de buscas por temas médicos e o impacto das pesquisas on-line na tomada de decisão do paciente, conforme demonstrado em estudos anteriores. Entre os temas mais buscados está o câncer de mama, juntamente com seus sintomas, diagnóstico e tratamentos, que puderam ser avaliados quanto à recorrência e sazonalidade na pesquisa por meio do GT. Objetivos: Abordar a incidência de pesquisas sobre câncer de mama no GT e relacioná-la aos motivos que levam a essa procura. Fontes de dados: A National Library of Medicine (PubMed) e a Scientific Electronic Library Online (SciELO) foram consultadas em 20 de março de 2023, utilizando-se os descritores “breast cancer” e “google trends” com o operador booleano “AND”. Seleção de estudos: Incluíram-se 10 artigos publicados entre 2018 e 2023, disponíveis gratuitamente. Excluíram-se artigos de revisão de literatura e aqueles que não se referiam ao tema específico. Coleta de dados: Após a pesquisa pelos descritores mencionados, os artigos encontrados foram lidos e selecionados com base em sua relevância para o tema principal. Resultados: Os resultados obtidos indicam que a pesquisa por “câncer de mama” no GT é alta e apresenta um padrão sazonal de maior interesse popular, com um aumento significativo no mês de outubro, que é mundialmente reconhecido como o mês de conscientização sobre essa doença, conhecido como Outubro Rosa. Um dos artigos observou que a pesquisa por “câncer de mama” foi maior do que as buscas por “câncer de pulmão” e “câncer de próstata”, apesar de esses também terem alta prevalência na população e campanhas de conscientização. Esse efeito decorre da maior incidência do câncer de mama em mulheres, que estão mais propensas a adotar medidas preventivas do que os homens. Foi observado também que os anúncios espontâneos de celebridades aumentaram o tráfego relacionado a vários tipos de tumores, incluindo o câncer de mama, no Google. Durante a pandemia, um estudo identificou que, apesar da redução no volume de buscas por neoplasias no GT, o padrão sazonal de aumento nas pesquisas sobre câncer de mama em outubro se manteve nos Estados Unidos. Conclusão: Campanhas como o Outubro Rosa são eficazes em mobilizar a população e facilitar o acesso a informações sobre o câncer de mama por meio de várias mídias, incluindo a internet. Isso aumenta o interesse sobre o tema, como refletido no aumento do volume de buscas no GT. Portanto, essas campanhas desempenham papel importante na disseminação de conhecimento sobre o assunto e promovem comportamentos que servem como estratégia eficaz de educação em saúde para prevenção e rastreamento de várias doenças, incluindo o câncer de mama.
{"title":"Buscas on-line sobre câncer de mama: Google Trends como ferramenta avaliadora da sazonalidade das pesquisas","authors":"Letícia Araújo Gonçalves, Ana Beatriz de Mello Domingos, Bruno Menezes Teixeira Campos, Giovana Nogueira Sant’Ana","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1016","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1016","url":null,"abstract":"Introdução: A ferramenta Google Trends (GT), lançada em 2012, permite obter informações sobre as palavras-chave mais buscadas no Google, horário e localização. Atualmente, consultar o site é a principal e mais acessível fonte de conhecimento geral, com destaque para o alto volume de buscas por temas médicos e o impacto das pesquisas on-line na tomada de decisão do paciente, conforme demonstrado em estudos anteriores. Entre os temas mais buscados está o câncer de mama, juntamente com seus sintomas, diagnóstico e tratamentos, que puderam ser avaliados quanto à recorrência e sazonalidade na pesquisa por meio do GT. Objetivos: Abordar a incidência de pesquisas sobre câncer de mama no GT e relacioná-la aos motivos que levam a essa procura. Fontes de dados: A National Library of Medicine (PubMed) e a Scientific Electronic Library Online (SciELO) foram consultadas em 20 de março de 2023, utilizando-se os descritores “breast cancer” e “google trends” com o operador booleano “AND”. Seleção de estudos: Incluíram-se 10 artigos publicados entre 2018 e 2023, disponíveis gratuitamente. Excluíram-se artigos de revisão de literatura e aqueles que não se referiam ao tema específico. Coleta de dados: Após a pesquisa pelos descritores mencionados, os artigos encontrados foram lidos e selecionados com base em sua relevância para o tema principal. Resultados: Os resultados obtidos indicam que a pesquisa por “câncer de mama” no GT é alta e apresenta um padrão sazonal de maior interesse popular, com um aumento significativo no mês de outubro, que é mundialmente reconhecido como o mês de conscientização sobre essa doença, conhecido como Outubro Rosa. Um dos artigos observou que a pesquisa por “câncer de mama” foi maior do que as buscas por “câncer de pulmão” e “câncer de próstata”, apesar de esses também terem alta prevalência na população e campanhas de conscientização. Esse efeito decorre da maior incidência do câncer de mama em mulheres, que estão mais propensas a adotar medidas preventivas do que os homens. Foi observado também que os anúncios espontâneos de celebridades aumentaram o tráfego relacionado a vários tipos de tumores, incluindo o câncer de mama, no Google. Durante a pandemia, um estudo identificou que, apesar da redução no volume de buscas por neoplasias no GT, o padrão sazonal de aumento nas pesquisas sobre câncer de mama em outubro se manteve nos Estados Unidos. Conclusão: Campanhas como o Outubro Rosa são eficazes em mobilizar a população e facilitar o acesso a informações sobre o câncer de mama por meio de várias mídias, incluindo a internet. Isso aumenta o interesse sobre o tema, como refletido no aumento do volume de buscas no GT. Portanto, essas campanhas desempenham papel importante na disseminação de conhecimento sobre o assunto e promovem comportamentos que servem como estratégia eficaz de educação em saúde para prevenção e rastreamento de várias doenças, incluindo o câncer de mama.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"281 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135555757","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Introdução: A gravidez ectópica ocorre quando o óvulo fertilizado se implanta fora da cavidade uterina. Essa implantação pode ocorrer nas trompas de falópio (istmo, ampola, infundíbulo e fímbria), nos ovários, no ligamento largo e no peritônio. Cerca de 1% das gestações são ectópicas, sendo que aproximadamente 97% delas ocorrem nas trompas. A gravidez cornual, por sua vez, representa cerca de 1,5–2,1% dos casos de gravidez ectópica. Os sintomas da gravidez ectópica podem variar, o que permite a consideração de tratamentos conservadores ou cirúrgicos. No tratamento conservador de uma gravidez ectópica íntegra, pode ser utilizada a administração de metotrexato (MTX), um antagonista do ácido fólico. Critérios relativos podem ser considerados para a escolha do tratamento conservador, como a ausência de dor, uma gestação íntegra, uma massa anexial menor que 35 mm, ausência de batimentos cardíacos fetais (BCF), níveis de beta-HCG menores que 1.500 mUI/mL, aumento dos níveis de beta-HCG antes do procedimento e ausência de sinais de ruptura. Relato de caso: E.C.R.M., 27 anos, secundigesta com uma cesariana prévia, estava com 12 semanas e 5 dias de gestação (DUM 25 de junho de 2022) e sem comorbidades. A paciente procurou atendimento de emergência com queixa de náuseas e vômitos. Foi informado que a ultrassonografia transvaginal (USGTV) mostrava uma gravidez ectópica. A USGTV realizada no momento da internação revelou a presença de um único saco gestacional com implantação cornual à esquerda, BCF presente e idade gestacional de 12 semanas e 5 dias. O nível de beta-HCG foi de 45022,67 mUI/mL no dia da internação. A paciente expressou o desejo de evitar a cirurgia devido aos riscos associados ao procedimento. Optou-se por abordagem conservadora, discutindo os riscos e benefícios com a paciente. Aplicou-se dose de metotrexato intraovular (MTX IO) guiada por ultrassonografia pélvica, mantendo-se os batimentos cardíacos fetais após o procedimento. Após 72 horas, o nível de beta-HCG foi de 47000,10 mUI/mL e uma nova dose de MTX IO foi administrada. Nos primeiros quatro dias após a segunda dose da medicação, a paciente apresentou mucosite e erupção acneiforme. No quinto dia após a segunda dose de MTX IO, a paciente desenvolveu dor no quadrante inferior esquerdo do abdômen, sinais de descompressão dolorosa e queda do hematócrito. Realizou-se uma laparotomia exploradora, que revelou um saco gestacional íntegro e ruptura uterina. Foi realizada a ressecção do corno uterino esquerdo e histerorrafia. A paciente teve uma recuperação pós-operatória sem complicações e remissão das lesões cutâneas. Comentário: A gravidez ectópica é um tema relevante na avaliação de síndromes hemorrágicas no primeiro trimestre da gestação. Portanto, é necessário realizar uma avaliação criteriosa do exame físico e individualizar a conduta em relação ao tratamento conservador. Além disso, é importante considerar as expectativas da paciente em relação à conduta, incluindo os possíveis efeitos
{"title":"Manejo de gravidez ectópica cornual: conduta conservadora com metotrexato evoluindo com intoxicação medicamentosa seguida de rotura uterina — relato de caso","authors":"Gabriela Oliveira de Menezes, Isabela Carmona Castro Rodriguez, Aline Silva Izzo","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1084","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1084","url":null,"abstract":"Introdução: A gravidez ectópica ocorre quando o óvulo fertilizado se implanta fora da cavidade uterina. Essa implantação pode ocorrer nas trompas de falópio (istmo, ampola, infundíbulo e fímbria), nos ovários, no ligamento largo e no peritônio. Cerca de 1% das gestações são ectópicas, sendo que aproximadamente 97% delas ocorrem nas trompas. A gravidez cornual, por sua vez, representa cerca de 1,5–2,1% dos casos de gravidez ectópica. Os sintomas da gravidez ectópica podem variar, o que permite a consideração de tratamentos conservadores ou cirúrgicos. No tratamento conservador de uma gravidez ectópica íntegra, pode ser utilizada a administração de metotrexato (MTX), um antagonista do ácido fólico. Critérios relativos podem ser considerados para a escolha do tratamento conservador, como a ausência de dor, uma gestação íntegra, uma massa anexial menor que 35 mm, ausência de batimentos cardíacos fetais (BCF), níveis de beta-HCG menores que 1.500 mUI/mL, aumento dos níveis de beta-HCG antes do procedimento e ausência de sinais de ruptura. Relato de caso: E.C.R.M., 27 anos, secundigesta com uma cesariana prévia, estava com 12 semanas e 5 dias de gestação (DUM 25 de junho de 2022) e sem comorbidades. A paciente procurou atendimento de emergência com queixa de náuseas e vômitos. Foi informado que a ultrassonografia transvaginal (USGTV) mostrava uma gravidez ectópica. A USGTV realizada no momento da internação revelou a presença de um único saco gestacional com implantação cornual à esquerda, BCF presente e idade gestacional de 12 semanas e 5 dias. O nível de beta-HCG foi de 45022,67 mUI/mL no dia da internação. A paciente expressou o desejo de evitar a cirurgia devido aos riscos associados ao procedimento. Optou-se por abordagem conservadora, discutindo os riscos e benefícios com a paciente. Aplicou-se dose de metotrexato intraovular (MTX IO) guiada por ultrassonografia pélvica, mantendo-se os batimentos cardíacos fetais após o procedimento. Após 72 horas, o nível de beta-HCG foi de 47000,10 mUI/mL e uma nova dose de MTX IO foi administrada. Nos primeiros quatro dias após a segunda dose da medicação, a paciente apresentou mucosite e erupção acneiforme. No quinto dia após a segunda dose de MTX IO, a paciente desenvolveu dor no quadrante inferior esquerdo do abdômen, sinais de descompressão dolorosa e queda do hematócrito. Realizou-se uma laparotomia exploradora, que revelou um saco gestacional íntegro e ruptura uterina. Foi realizada a ressecção do corno uterino esquerdo e histerorrafia. A paciente teve uma recuperação pós-operatória sem complicações e remissão das lesões cutâneas. Comentário: A gravidez ectópica é um tema relevante na avaliação de síndromes hemorrágicas no primeiro trimestre da gestação. Portanto, é necessário realizar uma avaliação criteriosa do exame físico e individualizar a conduta em relação ao tratamento conservador. Além disso, é importante considerar as expectativas da paciente em relação à conduta, incluindo os possíveis efeitos","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"119 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650592","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}