Introdução: O envelhecimento populacional e a tendência das mulheres em ter filhos mais tarde no Brasil são realidades que trazem desafios para a saúde materna. A idade avançada está associada a um maior risco de doenças crônicas, que podem levar a mortes maternas por causas indiretas (MMI), definidas como óbitos causados por doenças preexistentes à gestação ou que se desenvolveram durante esse período. As metas estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) por meio dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) sugeriram que a razão de mortalidade materna (RMM) fosse inferior a 35 por 100.000 nascidos vivos até 2015. No entanto, os dados atuais mostram que a RMM no Brasil em 2021 foi de 107, indicando que ainda há um longo caminho a percorrer. Objetivo: O objetivo deste estudo foi analisar a mortalidade materna por causas indiretas (MMI) no estado do Rio de Janeiro (RJ) no período de 2005 a 2021. Metodologia: A análise foi realizada com base nos dados de nascidos vivos e óbitos maternos disponíveis na base de dados da Secretaria de Saúde do RJ, acessíveis pela internet. Foi calculada a razão de mortalidade materna por causas indiretas por 100.000 nascidos vivos (RMMI). As mulheres foram agrupadas em dois grupos: aquelas com idade igual ou superior a 35 anos (≥35) e as das demais faixas etárias (DFE). A RMMI foi calculada dividindo o número de MMI pelo número de nascidos vivos e multiplicando por 100.000. Também foram analisadas as causas mais frequentes de MMI de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-X), do capítulo XV, em mulheres com idade ≥35 anos, além do número de consultas pré-natal realizadas nos dois grupos etários. Resultados: Durante todo o período analisado, a RMMI foi maior nas mulheres com idade ≥35 anos, variando de 12,6 a 166,1, enquanto nas DFE variou de 9,5 a 106,4. Houve uma diferença significativa na RMMI entre os dois grupos de 2006 a 2010, sendo até três vezes maior nas mulheres com idade ≥35 anos, exceto em 2008. Em 2009, ano da epidemia de influenza no Brasil, a RMMI no grupo ≥35 anos foi de 87,7 e nas DFE foi de 36. Esse ano foi responsável pelas maiores razões de mortalidade materna, excluindo-se os anos de 2020 e 2021. Em 2020 e 2021, houve um aumento expressivo das razões de MMI (2021: DFE=106,4 e ≥35 anos=166,1), que coincidiu com a pandemia de COVID-19, uma vez que as gestantes e puérperas são mais vulneráveis à infecção. As principais causas de MMI no período de 2005 a 2019 foram classificadas como CID O99 (doenças que não se enquadram em outras categorias), com pico em 2009 (RMMI=51,8). Nos anos de 2020 e 2021, houve destaque para o CID O98 (doenças infecciosas e parasitárias), com RMMI de 65,8 e 154,3, respectivamente. O CID O99 engloba as complicações decorrentes do vírus Influenza, enquanto o CID O98 refere-se às complicações da infecção pelo SARS-CoV-2. Os CID O10 (hipertensão) e O24 (diabetes mellitus) apresentaram uma grande variação na RMMI, com um máximo de 20,5, sendo causas
{"title":"Longevidade e maternidade: análise da mortalidade materna por causas indiretas segundo faixa etária no estado do Rio de Janeiro","authors":"Mariana Ponciano Oliveira Martins, Raquel Luiz Queres, Vitoria Azevedo Costa, Edna Massae Yokoo, Hélia Kawa","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1081","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1081","url":null,"abstract":"Introdução: O envelhecimento populacional e a tendência das mulheres em ter filhos mais tarde no Brasil são realidades que trazem desafios para a saúde materna. A idade avançada está associada a um maior risco de doenças crônicas, que podem levar a mortes maternas por causas indiretas (MMI), definidas como óbitos causados por doenças preexistentes à gestação ou que se desenvolveram durante esse período. As metas estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) por meio dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) sugeriram que a razão de mortalidade materna (RMM) fosse inferior a 35 por 100.000 nascidos vivos até 2015. No entanto, os dados atuais mostram que a RMM no Brasil em 2021 foi de 107, indicando que ainda há um longo caminho a percorrer. Objetivo: O objetivo deste estudo foi analisar a mortalidade materna por causas indiretas (MMI) no estado do Rio de Janeiro (RJ) no período de 2005 a 2021. Metodologia: A análise foi realizada com base nos dados de nascidos vivos e óbitos maternos disponíveis na base de dados da Secretaria de Saúde do RJ, acessíveis pela internet. Foi calculada a razão de mortalidade materna por causas indiretas por 100.000 nascidos vivos (RMMI). As mulheres foram agrupadas em dois grupos: aquelas com idade igual ou superior a 35 anos (≥35) e as das demais faixas etárias (DFE). A RMMI foi calculada dividindo o número de MMI pelo número de nascidos vivos e multiplicando por 100.000. Também foram analisadas as causas mais frequentes de MMI de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-X), do capítulo XV, em mulheres com idade ≥35 anos, além do número de consultas pré-natal realizadas nos dois grupos etários. Resultados: Durante todo o período analisado, a RMMI foi maior nas mulheres com idade ≥35 anos, variando de 12,6 a 166,1, enquanto nas DFE variou de 9,5 a 106,4. Houve uma diferença significativa na RMMI entre os dois grupos de 2006 a 2010, sendo até três vezes maior nas mulheres com idade ≥35 anos, exceto em 2008. Em 2009, ano da epidemia de influenza no Brasil, a RMMI no grupo ≥35 anos foi de 87,7 e nas DFE foi de 36. Esse ano foi responsável pelas maiores razões de mortalidade materna, excluindo-se os anos de 2020 e 2021. Em 2020 e 2021, houve um aumento expressivo das razões de MMI (2021: DFE=106,4 e ≥35 anos=166,1), que coincidiu com a pandemia de COVID-19, uma vez que as gestantes e puérperas são mais vulneráveis à infecção. As principais causas de MMI no período de 2005 a 2019 foram classificadas como CID O99 (doenças que não se enquadram em outras categorias), com pico em 2009 (RMMI=51,8). Nos anos de 2020 e 2021, houve destaque para o CID O98 (doenças infecciosas e parasitárias), com RMMI de 65,8 e 154,3, respectivamente. O CID O99 engloba as complicações decorrentes do vírus Influenza, enquanto o CID O98 refere-se às complicações da infecção pelo SARS-CoV-2. Os CID O10 (hipertensão) e O24 (diabetes mellitus) apresentaram uma grande variação na RMMI, com um máximo de 20,5, sendo causas ","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"85 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650767","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1094
Juliana Gomes Poli, Samia Insaurriaga Jundi, Cassia Juliana Cattai, Adriene de Lima Vicente Ferreira, Luciano Antonio Marcolino, Marcelo Sá de Araujo, Consuelo Lozoya, Antonio Braga
Introdução: A doença trofoblástica gestacional (DTG) é uma anomalia da gravidez que inclui formas benignas, como a mola hidatiforme completa e parcial, e formas malignas, como a mola invasora, o coriocarcinoma, o tumor trofoblástico do sítio placentário e o tumor trofoblástico epitelioide, agrupadas sob o termo neoplasia trofoblástica gestacional (NTG). Embora metade dos casos de NTG seja decorrente de gravidez molar intrauterina, qualquer gestação pode evoluir para esse quadro. Neste relato, apresentamos um caso raro de NTG após gestação molar ectópica tubária. Relato de caso: A paciente, G.P.S.B., 35 anos, gravidez pós-término IXG VIP IIA, foi admitida em uma maternidade em Niterói (RJ) em novembro de 2021, com dor abdominal aguda. Após diagnóstico de gravidez ectópica rompida, a paciente foi submetida a laparotomia exploratória com remoção da tuba uterina esquerda. O pós-operatório transcorreu sem intercorrências, e a paciente recebeu alta hospitalar dois dias após a cirurgia. Em janeiro de 2022, a paciente apresentou dor abdominal intensa, astenia, vômitos e sangramento retal e vaginal. Ao exame físico, observou-se uma grande massa pélvica, dura ao toque, que se estendia além da cicatriz umbilical, com contornos mal definidos. Devido à dosagem positiva de gonadotrofina coriônica humana (hCG), suspeitou-se de NTG, e a paciente foi transferida para um Centro de Referência em DTG de um hospital quaternário. A dosagem de hCG foi de 1.125.000 UI/L, e a ressonância nuclear magnética (RNM) revelou útero aumentado com massa sólido-cística heterogênea que se estendia até o mesogastro, medindo 19 × 17 × 9,3 cm e envolvendo o reto e o sigmoide. O diagnóstico de NTG foi confirmado. A revisão da lâmina proveniente da tuba uterina esquerda revelou uma mola hidatiforme parcial (positiva para imuno-histoquímica p52kip2). A paciente iniciou quimioterapia de indução com baixa dose de etoposídeo-cisplatina (EP), devido ao estágio avançado da doença e ao comprometimento clínico grave. Após o primeiro ciclo de quimioterapia, a paciente apresentou sangramento vaginal e retal maciço, além de síndrome do desconforto respiratório agudo devido ao hipertireoidismo, e foi encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva, onde recebeu tratamento com hemotransfusão, beta-bloqueadores, drogas antitireoidianas e ventilação não invasiva. Após estabilização clínica, mais dois ciclos de quimioterapia com EP foram administrados, com posterior mudança para o regime EMA/CO (etoposídeo, metotrexato, actinomicina-D, ciclofosfamida e vincristina), resultando em remissão após nove ciclos. Após a conclusão da quimioterapia, o exame físico demonstrou o desaparecimento da massa abdominal, e RNM de acompanhamento mostrou apenas tecido cicatricial no local prévio do tumor. Atualmente, a paciente está em remissão e segue em acompanhamento rigoroso do nível de hCG em regime ambulatorial. Comentários: Apesar de ser raro, é importante ressaltar a importância do estudo anatomopatológico nos cas
{"title":"Neoplasia trofoblástica gestacional após gravidez molar tubária","authors":"Juliana Gomes Poli, Samia Insaurriaga Jundi, Cassia Juliana Cattai, Adriene de Lima Vicente Ferreira, Luciano Antonio Marcolino, Marcelo Sá de Araujo, Consuelo Lozoya, Antonio Braga","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1094","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1094","url":null,"abstract":"Introdução: A doença trofoblástica gestacional (DTG) é uma anomalia da gravidez que inclui formas benignas, como a mola hidatiforme completa e parcial, e formas malignas, como a mola invasora, o coriocarcinoma, o tumor trofoblástico do sítio placentário e o tumor trofoblástico epitelioide, agrupadas sob o termo neoplasia trofoblástica gestacional (NTG). Embora metade dos casos de NTG seja decorrente de gravidez molar intrauterina, qualquer gestação pode evoluir para esse quadro. Neste relato, apresentamos um caso raro de NTG após gestação molar ectópica tubária. Relato de caso: A paciente, G.P.S.B., 35 anos, gravidez pós-término IXG VIP IIA, foi admitida em uma maternidade em Niterói (RJ) em novembro de 2021, com dor abdominal aguda. Após diagnóstico de gravidez ectópica rompida, a paciente foi submetida a laparotomia exploratória com remoção da tuba uterina esquerda. O pós-operatório transcorreu sem intercorrências, e a paciente recebeu alta hospitalar dois dias após a cirurgia. Em janeiro de 2022, a paciente apresentou dor abdominal intensa, astenia, vômitos e sangramento retal e vaginal. Ao exame físico, observou-se uma grande massa pélvica, dura ao toque, que se estendia além da cicatriz umbilical, com contornos mal definidos. Devido à dosagem positiva de gonadotrofina coriônica humana (hCG), suspeitou-se de NTG, e a paciente foi transferida para um Centro de Referência em DTG de um hospital quaternário. A dosagem de hCG foi de 1.125.000 UI/L, e a ressonância nuclear magnética (RNM) revelou útero aumentado com massa sólido-cística heterogênea que se estendia até o mesogastro, medindo 19 × 17 × 9,3 cm e envolvendo o reto e o sigmoide. O diagnóstico de NTG foi confirmado. A revisão da lâmina proveniente da tuba uterina esquerda revelou uma mola hidatiforme parcial (positiva para imuno-histoquímica p52kip2). A paciente iniciou quimioterapia de indução com baixa dose de etoposídeo-cisplatina (EP), devido ao estágio avançado da doença e ao comprometimento clínico grave. Após o primeiro ciclo de quimioterapia, a paciente apresentou sangramento vaginal e retal maciço, além de síndrome do desconforto respiratório agudo devido ao hipertireoidismo, e foi encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva, onde recebeu tratamento com hemotransfusão, beta-bloqueadores, drogas antitireoidianas e ventilação não invasiva. Após estabilização clínica, mais dois ciclos de quimioterapia com EP foram administrados, com posterior mudança para o regime EMA/CO (etoposídeo, metotrexato, actinomicina-D, ciclofosfamida e vincristina), resultando em remissão após nove ciclos. Após a conclusão da quimioterapia, o exame físico demonstrou o desaparecimento da massa abdominal, e RNM de acompanhamento mostrou apenas tecido cicatricial no local prévio do tumor. Atualmente, a paciente está em remissão e segue em acompanhamento rigoroso do nível de hCG em regime ambulatorial. Comentários: Apesar de ser raro, é importante ressaltar a importância do estudo anatomopatológico nos cas","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"18 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135651095","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1020
Mylena Zuim Sanson, Anna Luisa Santos Berriel, Mariana Letícia de Bastos Maximiano, Roberto da Silva Rocha, Rocio Fernandez Santos Viniegra
Introdução: A neurofibromatose (NF) é um grupo de doenças raras, de herança autossômica dominante, com fenótipos diversos. O subtipo 1 (NF1) é o mais comum, com prevalência de cerca de 1:3.000 indivíduos e acometimento igual entre os sexos. A NF1 apresenta manifestações sistêmicas que podem afetar a pele, o sistema cardiovascular, endócrino, neurológico e ginecológico. Entre as principais manifestações clínicas estão as manchas café com leite, efélides axilares ou inguinais, nódulos hamartosos e neurofibromas, além da possibilidade de desenvolvimento de tumores malignos. A NF1 pode ter impacto significativo na saúde mental e social, especialmente devido às manifestações cutâneas e aos estigmas associados. Devido à sua complexidade, o acompanhamento multidisciplinar do paciente com NF1 é essencial. Nesse contexto, este trabalho teve o objetivo de abordar os desafios do cuidado à saúde da mulher com neurofibromatose, com base em relato de caso encontrado em hospital universitário. Relato de caso: Trata-se de paciente do sexo feminino, com 55 anos de idade, diagnosticada com NF1 aos 14 anos. Apresenta manchas café com leite, múltiplos neurofibromas e nódulos de Lisch. Desde 2018, a paciente é acompanhada no Serviço de Ginecologia, quando foi identificada a presença de miomatose transmural com componente submucoso na parede posterior do útero por meio de ultrassom transvaginal. Em 2019, foi submetida à cirurgia para ressecção de neurofibroma na vulva. A paciente relata sintomas típicos do período climatérico, como irregularidades no ciclo menstrual, fogachos, insônia e alterações de humor e sono, e está utilizando venlafaxina, com controle parcial dos sintomas. Ela relata constrangimento significativo durante os exames físicos, principalmente o exame ginecológico. Além disso, a paciente sofre de lombalgia intensa devido à doença degenerativa do disco, sendo acompanhada pela Neurocirurgia e fazendo uso de pregabalina e gaba-pentina. Ela também é acompanhada pelos Serviços de Urologia, devido à incontinência urinária de urgência, e de Dermatologia, devido à presença dos neurofibromas e a um quadro de dermatite seborreica. Comentários: A NF1 é uma doença estigmatizante que tem impacto significativo na saúde mental e social da paciente. Os neurofibromas localizados nas regiões mamária e vulvar dificultam a realização de exames físicos e o rastreamento de patologias importantes relacionadas à saúde da mulher. Além disso, o crescimento hormonal-dependente dos neurofibromas impede o uso de terapias hormonais convencionais para o climatério. É importante ressaltar a necessidade de cuidado multidisciplinar abrangendo diferentes especialidades, devido às comorbidades apresentadas pela paciente. Portanto, este caso evidencia a importância de comunicação efetiva entre os profissionais de saúde, a fim de proporcionar atenção integral, empática e resolutiva a pacientes com doenças crônicas raras e de difícil manejo clínico.
{"title":"Desafios do cuidado da saúde da mulher com neurofibromatose tipo I: relato de caso","authors":"Mylena Zuim Sanson, Anna Luisa Santos Berriel, Mariana Letícia de Bastos Maximiano, Roberto da Silva Rocha, Rocio Fernandez Santos Viniegra","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1020","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1020","url":null,"abstract":"Introdução: A neurofibromatose (NF) é um grupo de doenças raras, de herança autossômica dominante, com fenótipos diversos. O subtipo 1 (NF1) é o mais comum, com prevalência de cerca de 1:3.000 indivíduos e acometimento igual entre os sexos. A NF1 apresenta manifestações sistêmicas que podem afetar a pele, o sistema cardiovascular, endócrino, neurológico e ginecológico. Entre as principais manifestações clínicas estão as manchas café com leite, efélides axilares ou inguinais, nódulos hamartosos e neurofibromas, além da possibilidade de desenvolvimento de tumores malignos. A NF1 pode ter impacto significativo na saúde mental e social, especialmente devido às manifestações cutâneas e aos estigmas associados. Devido à sua complexidade, o acompanhamento multidisciplinar do paciente com NF1 é essencial. Nesse contexto, este trabalho teve o objetivo de abordar os desafios do cuidado à saúde da mulher com neurofibromatose, com base em relato de caso encontrado em hospital universitário. Relato de caso: Trata-se de paciente do sexo feminino, com 55 anos de idade, diagnosticada com NF1 aos 14 anos. Apresenta manchas café com leite, múltiplos neurofibromas e nódulos de Lisch. Desde 2018, a paciente é acompanhada no Serviço de Ginecologia, quando foi identificada a presença de miomatose transmural com componente submucoso na parede posterior do útero por meio de ultrassom transvaginal. Em 2019, foi submetida à cirurgia para ressecção de neurofibroma na vulva. A paciente relata sintomas típicos do período climatérico, como irregularidades no ciclo menstrual, fogachos, insônia e alterações de humor e sono, e está utilizando venlafaxina, com controle parcial dos sintomas. Ela relata constrangimento significativo durante os exames físicos, principalmente o exame ginecológico. Além disso, a paciente sofre de lombalgia intensa devido à doença degenerativa do disco, sendo acompanhada pela Neurocirurgia e fazendo uso de pregabalina e gaba-pentina. Ela também é acompanhada pelos Serviços de Urologia, devido à incontinência urinária de urgência, e de Dermatologia, devido à presença dos neurofibromas e a um quadro de dermatite seborreica. Comentários: A NF1 é uma doença estigmatizante que tem impacto significativo na saúde mental e social da paciente. Os neurofibromas localizados nas regiões mamária e vulvar dificultam a realização de exames físicos e o rastreamento de patologias importantes relacionadas à saúde da mulher. Além disso, o crescimento hormonal-dependente dos neurofibromas impede o uso de terapias hormonais convencionais para o climatério. É importante ressaltar a necessidade de cuidado multidisciplinar abrangendo diferentes especialidades, devido às comorbidades apresentadas pela paciente. Portanto, este caso evidencia a importância de comunicação efetiva entre os profissionais de saúde, a fim de proporcionar atenção integral, empática e resolutiva a pacientes com doenças crônicas raras e de difícil manejo clínico.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"12 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135550213","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Introdução: A taxa de incidência de gestações ectópicas é de 1 a 2% na população em geral, sendo a gestação ectópica em cicatriz de cesárea a apresentação mais rara e com elevada mortalidade. A real incidência ainda é desconhecida devido aos poucos casos descritos na literatura, mas estima-se, com base em artigos recentes, que a incidência seja de 1 em cada 1800 a 2216 gestações ectópicas. Um fator de risco que tem contribuído significativamente para o aumento desses casos é a alta incidência de partos cesáreos na última década, aliada ao uso de aparelhos ultrassonográficos que permitem um diagnóstico mais preciso. Relato de caso: G.G.S., 30 anos, G4PC1A2E1, foi encaminhada à emergência obstétrica com 6 semanas e 1 dia de gestação devido a sangramento vaginal há 4 dias, apresentando estabilidade hemodinâmica. A ultrassonografia obstétrica evidenciou uma gestação ectópica única, com implantação na cicatriz de uma cesárea prévia, com aproximadamente 6 semanas de desenvolvimento. O saco gestacional apresentava paredes lisas e regulares, implantado na região ístmica, no local da histerotomia prévia. A ressonância magnética da pelve mostrou um saco gestacional ectópico implantado na parede uterina corporal anterior, lateralizado à direita da linha média, com localização miometrial na transição corpo-colo uterino, projetando-se sobre a cicatriz da histerotomia prévia. Após o diagnóstico, com 7 semanas e 3 dias, a paciente foi submetida a embolização das artérias uterinas bilaterais pela equipe de cirurgia vascular, seguida de injeção de metotrexate intraovular e sistêmico pela equipe de medicina fetal. No dia seguinte, foi realizado um novo exame de imagem que mostrou batimentos cardíacos embrionários rítmicos e regulares. Devido à presença de vitalidade embrionária, foi programada uma nova injeção intraovular para a semana seguinte. No entanto, ao realizar a ultrassonografia obstétrica de controle antes do segundo procedimento, não foram detectados batimentos cardíacos embrionários. O procedimento foi então suspenso. A paciente recebeu alta hospitalar com orientações gerais e retornos semanais para controle do BHCG (gonadotrofina coriônica humana), apresentando quedas progressivas nos valores até se tornarem negativos. Comentários: A implantação de uma gestação na cicatriz de uma cesárea prévia constitui uma condição com potencial de risco de vida e é considerada a forma mais rara de gravidez ectópica. O diagnóstico precoce pode oferecer opções capazes de evitar a ruptura uterina, hemorragia e, portanto, reduzir a mortalidade materna, além de preservar a fertilidade da paciente.
{"title":"Gestação ectópica em cicatriz de cesárea: relato de caso","authors":"Nathália Araújo Bernardes, Maria Emília Rosa, Amanda Trabachini Lotierzo, Isabel Nunes, Fernanda Carrocini Capelim, Wagner Vicensoto","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1069","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1069","url":null,"abstract":"Introdução: A taxa de incidência de gestações ectópicas é de 1 a 2% na população em geral, sendo a gestação ectópica em cicatriz de cesárea a apresentação mais rara e com elevada mortalidade. A real incidência ainda é desconhecida devido aos poucos casos descritos na literatura, mas estima-se, com base em artigos recentes, que a incidência seja de 1 em cada 1800 a 2216 gestações ectópicas. Um fator de risco que tem contribuído significativamente para o aumento desses casos é a alta incidência de partos cesáreos na última década, aliada ao uso de aparelhos ultrassonográficos que permitem um diagnóstico mais preciso. Relato de caso: G.G.S., 30 anos, G4PC1A2E1, foi encaminhada à emergência obstétrica com 6 semanas e 1 dia de gestação devido a sangramento vaginal há 4 dias, apresentando estabilidade hemodinâmica. A ultrassonografia obstétrica evidenciou uma gestação ectópica única, com implantação na cicatriz de uma cesárea prévia, com aproximadamente 6 semanas de desenvolvimento. O saco gestacional apresentava paredes lisas e regulares, implantado na região ístmica, no local da histerotomia prévia. A ressonância magnética da pelve mostrou um saco gestacional ectópico implantado na parede uterina corporal anterior, lateralizado à direita da linha média, com localização miometrial na transição corpo-colo uterino, projetando-se sobre a cicatriz da histerotomia prévia. Após o diagnóstico, com 7 semanas e 3 dias, a paciente foi submetida a embolização das artérias uterinas bilaterais pela equipe de cirurgia vascular, seguida de injeção de metotrexate intraovular e sistêmico pela equipe de medicina fetal. No dia seguinte, foi realizado um novo exame de imagem que mostrou batimentos cardíacos embrionários rítmicos e regulares. Devido à presença de vitalidade embrionária, foi programada uma nova injeção intraovular para a semana seguinte. No entanto, ao realizar a ultrassonografia obstétrica de controle antes do segundo procedimento, não foram detectados batimentos cardíacos embrionários. O procedimento foi então suspenso. A paciente recebeu alta hospitalar com orientações gerais e retornos semanais para controle do BHCG (gonadotrofina coriônica humana), apresentando quedas progressivas nos valores até se tornarem negativos. Comentários: A implantação de uma gestação na cicatriz de uma cesárea prévia constitui uma condição com potencial de risco de vida e é considerada a forma mais rara de gravidez ectópica. O diagnóstico precoce pode oferecer opções capazes de evitar a ruptura uterina, hemorragia e, portanto, reduzir a mortalidade materna, além de preservar a fertilidade da paciente.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"48 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650417","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Introdução: A deflagração do início das contrações uterinas provavelmente ocorre devido a alterações na expressão de proteínas que controlam a contratilidade, como o receptor de ocitocina, prostaglandina F e conexina 43. Essas alterações são iniciadas durante as últimas 6 a 8 semanas de gestação e se intensificam durante a fase ativa do parto. Isso leva ao aumento da irritabilidade e reatividade do útero aos estímulos que promovem as contrações. Portanto, as contrações uterinas são involuntárias e independentes do controle externo. Em relação à percepção sensitiva, é importante considerar a anatomia pélvica. As fibras sensitivas aferentes são responsáveis por perceber estímulos dolorosos resultantes das contrações uterinas. Essas fibras ascendem pelo plexo hipogástrico inferior e entram na medula entre T10-T12 e L1. Essa situação explica por que gestantes com paraplegia apresentam contrações miometriais normais, mas sem dor. Relato de caso: Uma primigesta de 22 anos relatou paresia no membro inferior esquerdo, evoluindo para paraplegia nos membros inferiores em um período de quinze dias. Procurou uma unidade de saúde para investigação. Inicialmente, foram realizados exames laboratoriais, que não apresentaram alterações, e uma ressonância magnética da coluna torácica foi solicitada, revelando uma massa intrarraquidiana extramedular de 2,25 × 3 × 1,5 cm, localizada em T2. Diagnosticou-se mielopatia compressiva. Após avaliação pela equipe de neurocirurgia, recomendou-se abordagem cirúrgica de urgência para descompressão medular. Com 35 semanas de idade gestacional (IG), a paciente foi submetida a uma laminectomia descompressiva em T2, com ressecção parcial do tumor, sob anestesia geral. A cirurgia foi realizada com a paciente em decúbito lateral esquerdo. A paciente teve uma evolução adequada no pós-operatório e permaneceu internada para tratamento fisioterapêutico. Com 37 semanas de IG, a paciente apresentou trabalho de parto espontâneo, sem percepção de contrações, e o parto pélvico vaginal foi identificado após a exteriorização dos membros inferiores do feto. O parto foi realizado sem complicações, e o recém-nascido teve uma evolução adequada. A paciente teve um puerpério fisiológico. Atualmente, a puérpera está sendo acompanhada em uma maternidade de alto risco por uma equipe multidisciplinar. Comentário: A gestação de alto risco representa um desafio para o obstetra, pois ele deve ser capaz de lidar com situações que não são comuns na gestação de risco habitual. O caso relatado acima destaca a importância do acesso aos diferentes serviços disponíveis no hospital para garantir a melhor assistência à paciente. Além disso, ressalta a importância do conhecimento sobre a fisiologia da gestação e do trabalho de parto. A capacitação adequada dos profissionais e o cuidado multidisciplinar são fundamentais para alcançar desfechos positivos durante a gestação, o parto e o puerpério.
{"title":"Manejo de gestante com paraplegia espástica em membros inferiores secundária a tumor em coluna torácica e assistência ao parto vaginal: relato de caso","authors":"Isabela Carmona Castro Rodriguez, Gabriela Oliveira de Menezes, Aline Silva Izzo","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1083","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1083","url":null,"abstract":"Introdução: A deflagração do início das contrações uterinas provavelmente ocorre devido a alterações na expressão de proteínas que controlam a contratilidade, como o receptor de ocitocina, prostaglandina F e conexina 43. Essas alterações são iniciadas durante as últimas 6 a 8 semanas de gestação e se intensificam durante a fase ativa do parto. Isso leva ao aumento da irritabilidade e reatividade do útero aos estímulos que promovem as contrações. Portanto, as contrações uterinas são involuntárias e independentes do controle externo. Em relação à percepção sensitiva, é importante considerar a anatomia pélvica. As fibras sensitivas aferentes são responsáveis por perceber estímulos dolorosos resultantes das contrações uterinas. Essas fibras ascendem pelo plexo hipogástrico inferior e entram na medula entre T10-T12 e L1. Essa situação explica por que gestantes com paraplegia apresentam contrações miometriais normais, mas sem dor. Relato de caso: Uma primigesta de 22 anos relatou paresia no membro inferior esquerdo, evoluindo para paraplegia nos membros inferiores em um período de quinze dias. Procurou uma unidade de saúde para investigação. Inicialmente, foram realizados exames laboratoriais, que não apresentaram alterações, e uma ressonância magnética da coluna torácica foi solicitada, revelando uma massa intrarraquidiana extramedular de 2,25 × 3 × 1,5 cm, localizada em T2. Diagnosticou-se mielopatia compressiva. Após avaliação pela equipe de neurocirurgia, recomendou-se abordagem cirúrgica de urgência para descompressão medular. Com 35 semanas de idade gestacional (IG), a paciente foi submetida a uma laminectomia descompressiva em T2, com ressecção parcial do tumor, sob anestesia geral. A cirurgia foi realizada com a paciente em decúbito lateral esquerdo. A paciente teve uma evolução adequada no pós-operatório e permaneceu internada para tratamento fisioterapêutico. Com 37 semanas de IG, a paciente apresentou trabalho de parto espontâneo, sem percepção de contrações, e o parto pélvico vaginal foi identificado após a exteriorização dos membros inferiores do feto. O parto foi realizado sem complicações, e o recém-nascido teve uma evolução adequada. A paciente teve um puerpério fisiológico. Atualmente, a puérpera está sendo acompanhada em uma maternidade de alto risco por uma equipe multidisciplinar. Comentário: A gestação de alto risco representa um desafio para o obstetra, pois ele deve ser capaz de lidar com situações que não são comuns na gestação de risco habitual. O caso relatado acima destaca a importância do acesso aos diferentes serviços disponíveis no hospital para garantir a melhor assistência à paciente. Além disso, ressalta a importância do conhecimento sobre a fisiologia da gestação e do trabalho de parto. A capacitação adequada dos profissionais e o cuidado multidisciplinar são fundamentais para alcançar desfechos positivos durante a gestação, o parto e o puerpério.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"132 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650536","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1091
Aylana Ramos Gomes de Oliveira, Gabriella de Oliveira Flor Ferreira, Leticia Freitas Simões, Fátima Regina Dias de Miranda, Célia Regina da Silva, Thamiris dos Santos de Sousa, Carolina Junqueira Allage, Denise Leite Maia Monteiro
Introdução: A gravidez na adolescência é uma problemática que tem sido debatida há anos em nossa sociedade. Sua incidência tem relação direta com as condições socioeconômicas e educacionais dessas meninas, que com frequência estão inseridas em um ciclo vicioso de gerações no mesmo contexto social. Objetivo: Analisar se houve alteração na frequência da raça e estado civil da gestante adolescente entre o ano 2000 e o biênio 2018–2019. Método: Estudo com desenho transversal, realizado por busca de informações no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Gestantes das faixas etárias de 10 a 14 e de 15 a 19 anos foram comparadas com mães entre 20 e 34 anos. Excluiu-se as informações dos registros do SINASC com idade gestacional inferior a 22 semanas e com idade ignorada, e calculou-se a frequência da raça e estado civil em cada grupo etário. Resultados: O total de nascidos vivos (NV) de mães adolescentes em 2000 foi 750.537 NV, e a soma dos nascidos entre 2018–2019 foi de 875.380, o que mostra redução da prevalência de partos de adolescentes de 23,4% em 2000 para 15,1% em 2018–2019. Em 2000, a raça negra representou 51% das gestantes de 10 a 14 anos, 47,2% entre 15 e 19 anos e 41,6% de 20 a 34 anos. No biênio 2018–2019, esses números foram, respectivamente, 77,4, 74,1 e 63,4%. Percebe-se que a gravidez na raça negra apresentou aumento de 51,8, 57 e 52,4%, respectivamente. Em relação à avaliação do estado civil, constatou-se que no ano 2000 as gestantes que já viveram ou vivem maritalmente representaram 34,1% das gestantes de 10 a 14 anos, 48,6% entre 15 e 19 anos e 68,9% de 20 a 34 anos. No biênio 2018–2019, esses números representaram, respectivamente, 19,3, 38,9 e 56,9%. Nota-se diminuição das gestantes casadas de 43,4, 20 e 17,4%, respectivamente, entre as idades. Conclusão: A frequência da gestação na adolescência mostrou redução nos últimos 20 anos. A raça negra predomina entre as gestantes adolescentes de raça negra e mostra aumento significativo de sua proporção nos anos 2018 e 2019. Essa tendência de aumento pode estar ocorrendo não só pelo fato de a maioria da população ser negra, mas também porque, com o passar dos anos, houve aumento da noção de pertencimento do movimento negro, ocasionando maior quantidade de meninas se autodeclarando negras. Com relação à avaliação do estado civil, percebe-se aumento do número de gestantes solteiras em todos os grupos.
{"title":"Mudança do perfil da gestante adolescente nos últimos 20 anos no Brasil","authors":"Aylana Ramos Gomes de Oliveira, Gabriella de Oliveira Flor Ferreira, Leticia Freitas Simões, Fátima Regina Dias de Miranda, Célia Regina da Silva, Thamiris dos Santos de Sousa, Carolina Junqueira Allage, Denise Leite Maia Monteiro","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1091","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1091","url":null,"abstract":"Introdução: A gravidez na adolescência é uma problemática que tem sido debatida há anos em nossa sociedade. Sua incidência tem relação direta com as condições socioeconômicas e educacionais dessas meninas, que com frequência estão inseridas em um ciclo vicioso de gerações no mesmo contexto social. Objetivo: Analisar se houve alteração na frequência da raça e estado civil da gestante adolescente entre o ano 2000 e o biênio 2018–2019. Método: Estudo com desenho transversal, realizado por busca de informações no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Gestantes das faixas etárias de 10 a 14 e de 15 a 19 anos foram comparadas com mães entre 20 e 34 anos. Excluiu-se as informações dos registros do SINASC com idade gestacional inferior a 22 semanas e com idade ignorada, e calculou-se a frequência da raça e estado civil em cada grupo etário. Resultados: O total de nascidos vivos (NV) de mães adolescentes em 2000 foi 750.537 NV, e a soma dos nascidos entre 2018–2019 foi de 875.380, o que mostra redução da prevalência de partos de adolescentes de 23,4% em 2000 para 15,1% em 2018–2019. Em 2000, a raça negra representou 51% das gestantes de 10 a 14 anos, 47,2% entre 15 e 19 anos e 41,6% de 20 a 34 anos. No biênio 2018–2019, esses números foram, respectivamente, 77,4, 74,1 e 63,4%. Percebe-se que a gravidez na raça negra apresentou aumento de 51,8, 57 e 52,4%, respectivamente. Em relação à avaliação do estado civil, constatou-se que no ano 2000 as gestantes que já viveram ou vivem maritalmente representaram 34,1% das gestantes de 10 a 14 anos, 48,6% entre 15 e 19 anos e 68,9% de 20 a 34 anos. No biênio 2018–2019, esses números representaram, respectivamente, 19,3, 38,9 e 56,9%. Nota-se diminuição das gestantes casadas de 43,4, 20 e 17,4%, respectivamente, entre as idades. Conclusão: A frequência da gestação na adolescência mostrou redução nos últimos 20 anos. A raça negra predomina entre as gestantes adolescentes de raça negra e mostra aumento significativo de sua proporção nos anos 2018 e 2019. Essa tendência de aumento pode estar ocorrendo não só pelo fato de a maioria da população ser negra, mas também porque, com o passar dos anos, houve aumento da noção de pertencimento do movimento negro, ocasionando maior quantidade de meninas se autodeclarando negras. Com relação à avaliação do estado civil, percebe-se aumento do número de gestantes solteiras em todos os grupos.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"2 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650762","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1077
Alberto Alves Borges, Victoria Maranhão de Brito, Heloísa Nogueira Saud
Acretismo placentário (AP) é definido histopatologicamente pela ausência parcial ou completa da decídua basal, contribuindo para a invasão agressiva do trofoblasto no miométrio, cuja classificação é baseada na profundidade de invasão. A placenta acreta adere ao miométrio, a increta invade o miométrio e a percreta perfura o peritônio, alcançando, por vezes, órgãos vizinhos. Os principais fatores de risco que englobam a patologia são história de cesariana, placenta prévia, idade acima de 35 anos, tabagismo e cirurgias uterinas anteriores. O diagnóstico é confirmado pela ausência de dequitação placentária após o nascimento do feto, com presença de vilosidades placentárias invadindo o miométrio. Um diagnóstico pré-natal precoce permite avaliar possibilidades terapêuticas a fim de reduzir a morbimortalidade. Os exames de imagem são importantes na avaliação pré-natal de risco. Recomenda-se a realização de ultrassonografia (USG) pélvica e transvaginal para avaliação da interface entre placenta e miométrio no período de 18 a 24 semanas de gestação e, em casos de dúvida, solicita-se ressonância magnética. O objetivo deste estudo é apresentar um caso de AP e correlacionar a importância de um bom pré-natal para o diagnóstico precoce, a fim de reduzir as taxas de morbimortalidade materno-fetal associadas. Paciente de 25 anos, G3P2, IG: 41 semanas, foi admitida no setor de emergência devido à interatividade e pós-termo. À admissão, referia contrações esparsas e negava qualquer outra comorbidade. Solicitou-se USG com Doppler, constatando placenta corporal anterior grau II, líquido amniótico normal e Doppler de artéria umbilical conforme os parâmetros para IG. Realizou-se cesariana com diagnóstico intraoperatório de AP (laudo histopatológico em andamento), evoluindo ainda durante o ato cirúrgico com hipotonia uterina e sangramento intenso que levaram à hipotensão arterial e sinais de choque hipovolêmico, sendo optada a realização de histerectomia abdominal subtotal. O recém-nascido apresentou índices de Apgar de 6 e 8, pesando 3.445 g, sendo encaminhado para a unidade de terapia intensiva pediátrica devido ao desconforto respiratório, onde permaneceu por 11 dias. A paciente realizou 7 consultas de pré-natal, sem intercorrências. O hematócrito pré-operatório foi de 30,3%, e o hematócrito imediato pós-operatório foi de 15%, sendo infundidas 2 unidades de concentrados de hemácias com aumento do hematócrito para 22%. O rastreamento do AP deve ser feito rotineiramente em pacientes com tais fatores de risco, de modo que seja feita a orientação adequada à paciente e que possa ser traçado um plano de parto com montagem de equipe multidisciplinar competente para o manejo do caso. Vale ressaltar que pacientes com diagnóstico pré-natal de AP sofrem menor perda de sangue e têm menor necessidade de transfusão do que aquelas com diagnóstico intraoperatório. Sendo assim, destaca-se a necessidade de uma condução adequada durante as consultas de pré-natal, visando a um diagnóst
{"title":"Importância do diagnóstico precoce no acretismo placentário: um relato de caso","authors":"Alberto Alves Borges, Victoria Maranhão de Brito, Heloísa Nogueira Saud","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1077","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1077","url":null,"abstract":"Acretismo placentário (AP) é definido histopatologicamente pela ausência parcial ou completa da decídua basal, contribuindo para a invasão agressiva do trofoblasto no miométrio, cuja classificação é baseada na profundidade de invasão. A placenta acreta adere ao miométrio, a increta invade o miométrio e a percreta perfura o peritônio, alcançando, por vezes, órgãos vizinhos. Os principais fatores de risco que englobam a patologia são história de cesariana, placenta prévia, idade acima de 35 anos, tabagismo e cirurgias uterinas anteriores. O diagnóstico é confirmado pela ausência de dequitação placentária após o nascimento do feto, com presença de vilosidades placentárias invadindo o miométrio. Um diagnóstico pré-natal precoce permite avaliar possibilidades terapêuticas a fim de reduzir a morbimortalidade. Os exames de imagem são importantes na avaliação pré-natal de risco. Recomenda-se a realização de ultrassonografia (USG) pélvica e transvaginal para avaliação da interface entre placenta e miométrio no período de 18 a 24 semanas de gestação e, em casos de dúvida, solicita-se ressonância magnética. O objetivo deste estudo é apresentar um caso de AP e correlacionar a importância de um bom pré-natal para o diagnóstico precoce, a fim de reduzir as taxas de morbimortalidade materno-fetal associadas. Paciente de 25 anos, G3P2, IG: 41 semanas, foi admitida no setor de emergência devido à interatividade e pós-termo. À admissão, referia contrações esparsas e negava qualquer outra comorbidade. Solicitou-se USG com Doppler, constatando placenta corporal anterior grau II, líquido amniótico normal e Doppler de artéria umbilical conforme os parâmetros para IG. Realizou-se cesariana com diagnóstico intraoperatório de AP (laudo histopatológico em andamento), evoluindo ainda durante o ato cirúrgico com hipotonia uterina e sangramento intenso que levaram à hipotensão arterial e sinais de choque hipovolêmico, sendo optada a realização de histerectomia abdominal subtotal. O recém-nascido apresentou índices de Apgar de 6 e 8, pesando 3.445 g, sendo encaminhado para a unidade de terapia intensiva pediátrica devido ao desconforto respiratório, onde permaneceu por 11 dias. A paciente realizou 7 consultas de pré-natal, sem intercorrências. O hematócrito pré-operatório foi de 30,3%, e o hematócrito imediato pós-operatório foi de 15%, sendo infundidas 2 unidades de concentrados de hemácias com aumento do hematócrito para 22%. O rastreamento do AP deve ser feito rotineiramente em pacientes com tais fatores de risco, de modo que seja feita a orientação adequada à paciente e que possa ser traçado um plano de parto com montagem de equipe multidisciplinar competente para o manejo do caso. Vale ressaltar que pacientes com diagnóstico pré-natal de AP sofrem menor perda de sangue e têm menor necessidade de transfusão do que aquelas com diagnóstico intraoperatório. Sendo assim, destaca-se a necessidade de uma condução adequada durante as consultas de pré-natal, visando a um diagnóst","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"117 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650772","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1edt
Silvio Silva Fernandes
{"title":"Um Congresso que valoriza e compartilha a produção científica","authors":"Silvio Silva Fernandes","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1edt","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1edt","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"90 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650932","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1104
Rodrigo Dias da Rocha, Fernando Maia Peixoto Filho, Renato Augusto Moreira Sá, Paulo Roberto Nassar de Carvalho, Roberta Ivanira Silva do Carmo
Objetivo: Comparar a mortalidade neonatal em relação à via de parto em crianças com hérnia diafragmática congênita (HDC) que receberam acompanhamento pré-natal e nasceram no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Método: Esta pesquisa foi uma coorte retrospectiva, e a população do estudo consistiu na análise de 129 recém-nascidos com diagnóstico de HDC. Foram analisados os fatores prognósticos, nos quais as variáveis pré-natais, durante o parto e pós-natais foram associadas ao óbito do recém-nascido. Calcularam-se a Odds Ratio e o intervalo de confiança de 95% (IC95%) para todas as variáveis estudadas. Os testes do qui-quadrado foram utilizados para a análise das variáveis categóricas, considerando-se significativas as variáveis com p<0,05. Resultados: Durante um período de dez anos, foram analisados 129 casos, e todos os bebês nasceram vivos. De acordo com a classificação do Ministério da Saúde, identificaram-se 73,4% de casos de óbito neonatal precoce (até 6 dias completos de vida), 21,5% de casos de óbito neonatal tardio (de 7 a 27 dias completos de vida) e 5,1% de casos de óbito pós-neonatal (de 28 a 364 dias). A maioria dos recém-nascidos era do sexo masculino (77; 59,7%), e o tipo mais prevalente de HDC foi do lado esquerdo (106; 82,2%). Dentre os casos, 33 (25,6%) apresentaram outras malformações associadas. Dos casos de HDC nascidos por cesárea, 62% foram a óbito, enquanto 61% dos casos nascidos por parto vaginal foram a óbito. No entanto, não houve diferença estatisticamente significativa na mortalidade entre os dois grupos (p=0,964; IC 95% 0,43–2,12). Conclusão: A HDC é uma condição grave e com abordagem complexa no período perinatal. É importante reduzir os riscos associados a esse período da vida. No que se refere à mortalidade perinatal, não foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre nascer por parto normal ou cesárea.
{"title":"Via de parto como fator de risco para mortalidade neonatal em recém-nascidos com hérnia diafragmática congênita","authors":"Rodrigo Dias da Rocha, Fernando Maia Peixoto Filho, Renato Augusto Moreira Sá, Paulo Roberto Nassar de Carvalho, Roberta Ivanira Silva do Carmo","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1104","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1104","url":null,"abstract":"Objetivo: Comparar a mortalidade neonatal em relação à via de parto em crianças com hérnia diafragmática congênita (HDC) que receberam acompanhamento pré-natal e nasceram no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Método: Esta pesquisa foi uma coorte retrospectiva, e a população do estudo consistiu na análise de 129 recém-nascidos com diagnóstico de HDC. Foram analisados os fatores prognósticos, nos quais as variáveis pré-natais, durante o parto e pós-natais foram associadas ao óbito do recém-nascido. Calcularam-se a Odds Ratio e o intervalo de confiança de 95% (IC95%) para todas as variáveis estudadas. Os testes do qui-quadrado foram utilizados para a análise das variáveis categóricas, considerando-se significativas as variáveis com p<0,05. Resultados: Durante um período de dez anos, foram analisados 129 casos, e todos os bebês nasceram vivos. De acordo com a classificação do Ministério da Saúde, identificaram-se 73,4% de casos de óbito neonatal precoce (até 6 dias completos de vida), 21,5% de casos de óbito neonatal tardio (de 7 a 27 dias completos de vida) e 5,1% de casos de óbito pós-neonatal (de 28 a 364 dias). A maioria dos recém-nascidos era do sexo masculino (77; 59,7%), e o tipo mais prevalente de HDC foi do lado esquerdo (106; 82,2%). Dentre os casos, 33 (25,6%) apresentaram outras malformações associadas. Dos casos de HDC nascidos por cesárea, 62% foram a óbito, enquanto 61% dos casos nascidos por parto vaginal foram a óbito. No entanto, não houve diferença estatisticamente significativa na mortalidade entre os dois grupos (p=0,964; IC 95% 0,43–2,12). Conclusão: A HDC é uma condição grave e com abordagem complexa no período perinatal. É importante reduzir os riscos associados a esse período da vida. No que se refere à mortalidade perinatal, não foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre nascer por parto normal ou cesárea.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"276 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650642","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1009
Pamela Amanda da Silva Marques, Lorena Iza Penna Moura, Rocio Fernandez Santos Viniegra, Luiza Terezinha Precioso de Almeida, Amanda Bahia Pereira da Silva, Aluísio Gomes da Silva
Objetivo: Este estudo teve como objetivo analisar o comportamento e a resiliência dos serviços de saúde dedicados à mulher no contexto da pande-mia de COVID-19, identificando como esses serviços foram afetados e quais estratégias foram utilizadas para enfrentar a crise de saúde. Fonte de dados:Trata-se de revisão integrativa da literatura, realizada nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), National Library of Medicine (PubMed) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), utilizando-se os descritores “resi-liência”, “saúde da mulher”, “ginecologia”, “obstetrícia”, “COVID-19” e “pan-demia”, em português e inglês, abrangendo os anos de 2020 a 2022. Coleta de dados: Dos 104 artigos selecionados, 9 estavam duplicados, 49 foram excluí-dos após a leitura dos títulos e resumos, e 3 foram excluídos após a leitura completa. Os 43 artigos incluídos foram agrupados em 4 temas de análise: conceito de resiliência, fatores de risco e proteção da resiliência na população feminina, impacto do COVID-19 na saúde e bem-estar da mulher, e impacto do COVID-19 nos serviços de saúde de atendimento à mulher. Este trabalho dedicou-se à análise dos 21 artigos relacionados aos sistemas de saúde que abordam a população feminina. Resultados: Predominaram estudos originá-rios da América do Norte (7) e do continente africano (8), com foco na saúde materno-infantil. Observa-se redução na oferta, no acesso e na utilização dos serviços de saúde feminina no âmbito global, devido ao lockdown, à falta de transporte, a problemas financeiros e à falta de suporte suficiente, resultando em consequências graves para as mulheres. Constatou-se certo grau de resi-liência por parte dos serviços, que utilizaram diversas estratégias para adequar seu funcionamento. No entanto, a maioria dos artigos abordou o conceito de resiliência de forma superficial. Conclusão: Este estudo indicou prejuízos no cuidado à saúde da mulher durante a pandemia de COVID-19, com respos-tas adaptativas de alguns serviços na intenção de suprir as demandas mais urgentes, representando resiliência variável nos serviços analisados nos arti-gos. Esta análise serve como estímulo para novos estudos sobre a resiliência dos serviços direcionados à saúde da mulher, levando-se em consideração as vulnerabilidades e as especificidades dessa população.
{"title":"Análise do comportamento e da resiliência dos serviços de saúde de atendimento à mulher no contexto da pandemia de COVID-19 — revisão de literatura","authors":"Pamela Amanda da Silva Marques, Lorena Iza Penna Moura, Rocio Fernandez Santos Viniegra, Luiza Terezinha Precioso de Almeida, Amanda Bahia Pereira da Silva, Aluísio Gomes da Silva","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1009","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1009","url":null,"abstract":"Objetivo: Este estudo teve como objetivo analisar o comportamento e a resiliência dos serviços de saúde dedicados à mulher no contexto da pande-mia de COVID-19, identificando como esses serviços foram afetados e quais estratégias foram utilizadas para enfrentar a crise de saúde. Fonte de dados:Trata-se de revisão integrativa da literatura, realizada nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), National Library of Medicine (PubMed) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), utilizando-se os descritores “resi-liência”, “saúde da mulher”, “ginecologia”, “obstetrícia”, “COVID-19” e “pan-demia”, em português e inglês, abrangendo os anos de 2020 a 2022. Coleta de dados: Dos 104 artigos selecionados, 9 estavam duplicados, 49 foram excluí-dos após a leitura dos títulos e resumos, e 3 foram excluídos após a leitura completa. Os 43 artigos incluídos foram agrupados em 4 temas de análise: conceito de resiliência, fatores de risco e proteção da resiliência na população feminina, impacto do COVID-19 na saúde e bem-estar da mulher, e impacto do COVID-19 nos serviços de saúde de atendimento à mulher. Este trabalho dedicou-se à análise dos 21 artigos relacionados aos sistemas de saúde que abordam a população feminina. Resultados: Predominaram estudos originá-rios da América do Norte (7) e do continente africano (8), com foco na saúde materno-infantil. Observa-se redução na oferta, no acesso e na utilização dos serviços de saúde feminina no âmbito global, devido ao lockdown, à falta de transporte, a problemas financeiros e à falta de suporte suficiente, resultando em consequências graves para as mulheres. Constatou-se certo grau de resi-liência por parte dos serviços, que utilizaram diversas estratégias para adequar seu funcionamento. No entanto, a maioria dos artigos abordou o conceito de resiliência de forma superficial. Conclusão: Este estudo indicou prejuízos no cuidado à saúde da mulher durante a pandemia de COVID-19, com respos-tas adaptativas de alguns serviços na intenção de suprir as demandas mais urgentes, representando resiliência variável nos serviços analisados nos arti-gos. Esta análise serve como estímulo para novos estudos sobre a resiliência dos serviços direcionados à saúde da mulher, levando-se em consideração as vulnerabilidades e as especificidades dessa população.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"18 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135550766","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}