Pub Date : 2022-11-01DOI: 10.5007/2175-7917.2022.e87238
Hugo Miguel Lopes Martins
O presente ensaio, escrito na sequência de uma investigação académica de Mestrado em Arquitetura, visa demonstrar a importância da cultura literária no trabalho de projecto de arquitetura. Tomam-se dois exemplos concretos para ilustrar a importância desta relação. Por um lado, o plano para a Cidade Velha (Cabo Verde) coordenado por Álvaro Siza Vieira, plano que não pôde ser bem-sucedido pelo seu distanciamento às aspirações e tradições locais. Como interpretar então a história local, como compreender a relação dos habitantes com o seu habitat? A resposta que aqui se propõe é que a literatura contribui precisamente para isto: ela ensina-nos a sondar a história dos lugares. Toma-se como exemplo a obra de Agustina Bessa-Luís, salientando a relevância que certos espaços têm na sua obra, atravessando vários títulos, e portanto extravasando o universo romanesco e situando-se no campo da memória e da experiência pessoal da autora. No confronto entre estes dois entendimentos dos lugares (um, técnico e exterior, o outro, sensível e pessoal) procura-se defender a importância duma maior cultura literária no trabalho de arquitetura.
{"title":"Um mundo nunca fechado","authors":"Hugo Miguel Lopes Martins","doi":"10.5007/2175-7917.2022.e87238","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/2175-7917.2022.e87238","url":null,"abstract":"O presente ensaio, escrito na sequência de uma investigação académica de Mestrado em Arquitetura, visa demonstrar a importância da cultura literária no trabalho de projecto de arquitetura. Tomam-se dois exemplos concretos para ilustrar a importância desta relação. Por um lado, o plano para a Cidade Velha (Cabo Verde) coordenado por Álvaro Siza Vieira, plano que não pôde ser bem-sucedido pelo seu distanciamento às aspirações e tradições locais. Como interpretar então a história local, como compreender a relação dos habitantes com o seu habitat? A resposta que aqui se propõe é que a literatura contribui precisamente para isto: ela ensina-nos a sondar a história dos lugares. Toma-se como exemplo a obra de Agustina Bessa-Luís, salientando a relevância que certos espaços têm na sua obra, atravessando vários títulos, e portanto extravasando o universo romanesco e situando-se no campo da memória e da experiência pessoal da autora. No confronto entre estes dois entendimentos dos lugares (um, técnico e exterior, o outro, sensível e pessoal) procura-se defender a importância duma maior cultura literária no trabalho de arquitetura.","PeriodicalId":30964,"journal":{"name":"Anuario de Literatura","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"47375027","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-01DOI: 10.5007/2175-7917.2022.e89590
Mariana Vogt Michaelsen
Os silêncios sobre o corpo feminino podem ganhar lugar na poesia. Nela, os fluídos dizem sobre aquilo que escapa ao/do corpo: o sangue, o sêmen, o suor, o choro. Se a poesia é uma forma de se aproximar do indizível do corpo (PRIGENT, 2017), então, através das imagens que a letra coloca no papel proponho uma leitura psicanalítica de alguns poemas do livro A mulher submersa, de Mar Becker. No livro, dividido em quatorze cadernos, o corpo feminino se desenha a partir do que dele sai, do que se perde e do que escorre. Mulheres, vivas ou mortas, são evocadas de diversos modos. Algumas questões, assim, guiam este artigo: De que modo podemos pensar o corpo feminino a partir da poesia? O que a poesia diz sobre o corpo feminino? E sobre o feminino? A análise se dá, principalmente, a partir de pressupostos de Freud e de Lacan, mas também em diálogo com outras produções contemporâneas, artísticas e teóricas.
{"title":"Uma mulher é uma terceira margem: o corpo, as águas, o sangue e tudo o que (não) é fluido em A mulher submersa, de Mar Becker","authors":"Mariana Vogt Michaelsen","doi":"10.5007/2175-7917.2022.e89590","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/2175-7917.2022.e89590","url":null,"abstract":"Os silêncios sobre o corpo feminino podem ganhar lugar na poesia. Nela, os fluídos dizem sobre aquilo que escapa ao/do corpo: o sangue, o sêmen, o suor, o choro. Se a poesia é uma forma de se aproximar do indizível do corpo (PRIGENT, 2017), então, através das imagens que a letra coloca no papel proponho uma leitura psicanalítica de alguns poemas do livro A mulher submersa, de Mar Becker. No livro, dividido em quatorze cadernos, o corpo feminino se desenha a partir do que dele sai, do que se perde e do que escorre. Mulheres, vivas ou mortas, são evocadas de diversos modos. Algumas questões, assim, guiam este artigo: De que modo podemos pensar o corpo feminino a partir da poesia? O que a poesia diz sobre o corpo feminino? E sobre o feminino? A análise se dá, principalmente, a partir de pressupostos de Freud e de Lacan, mas também em diálogo com outras produções contemporâneas, artísticas e teóricas.","PeriodicalId":30964,"journal":{"name":"Anuario de Literatura","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"46792323","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-01DOI: 10.5007/2175-7917.2022.e90243
Antonio de Medeiros
Este ensaio aborda algumas das imagens nebulosas da infância presentes no livro autobiográfico Infância de Graciliano Ramos, publicado em 1945. O caráter nebuloso dessas imagens está relacionado à natureza volátil e intermitente da memória, cuja escrita se configura como uma tentativa de recuperar o que está na nuvem das lembranças. Além da análise de trechos de Infância, inserimos na investigação a contribuição de Walter Benjamin sobre o papel do trabalho das semelhanças como uma forma de compreender o mundo. Também serão realizadas algumas aproximações entre o livro de Graciliano e a Infância em Berlim por volta de 1900, de Benjamin. Contamos com o aporte teórico de Paul Ricoeur que em Tempo e Narrativa defende que a função referencial da intriga estaria na capacidade da ficção de refigurar a experiência temporal e também contamos com as leituras das obras de Graciliano Ramos, realizadas por Antonio Cândido, que nos auxiliarão a pensar como se dá a reconfiguração da experiência vivida, na escrita de Graciliano Ramos.
{"title":"As imagens nebulosas em Infância de Graciliano Ramos","authors":"Antonio de Medeiros","doi":"10.5007/2175-7917.2022.e90243","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/2175-7917.2022.e90243","url":null,"abstract":"Este ensaio aborda algumas das imagens nebulosas da infância presentes no livro autobiográfico Infância de Graciliano Ramos, publicado em 1945. O caráter nebuloso dessas imagens está relacionado à natureza volátil e intermitente da memória, cuja escrita se configura como uma tentativa de recuperar o que está na nuvem das lembranças. Além da análise de trechos de Infância, inserimos na investigação a contribuição de Walter Benjamin sobre o papel do trabalho das semelhanças como uma forma de compreender o mundo. Também serão realizadas algumas aproximações entre o livro de Graciliano e a Infância em Berlim por volta de 1900, de Benjamin. Contamos com o aporte teórico de Paul Ricoeur que em Tempo e Narrativa defende que a função referencial da intriga estaria na capacidade da ficção de refigurar a experiência temporal e também contamos com as leituras das obras de Graciliano Ramos, realizadas por Antonio Cândido, que nos auxiliarão a pensar como se dá a reconfiguração da experiência vivida, na escrita de Graciliano Ramos.","PeriodicalId":30964,"journal":{"name":"Anuario de Literatura","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49329957","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-09-12DOI: 10.5007/2175-7917.2022.e84257
D. Radünz
Nesse artigo, o poema em prosa "Umbra”, de João da Cruz e Sousa (2008 [1891]), é tomado como epítome do espaço urbano derruído, reportando-o a Charles Baudelaire e ao poema pós-simbolista “Sub-umbra”, de Artur de Sales (1987 [1950]), como enunciação do estranhamento saturnino (Giorgio Agamben) e da renúncia (Paul Valéry) em justaposição ao conceito de “fugacidade eterna” (BENJAMIN, 2006). Nessa dialética, a imagem do afloramento calcário descrito em Umbra encontra as relações entre memória e estratigrafia de Walter Benjamin e, tendo por objeto esse “quadro micrológico da cultura cotidiana” (BOLLE, (2006 [1994]), o poema em prosa do século XIX se desdobra em textos contemporâneos – devir-barro no romance de Itamar Vieira Júnior; geocrítica de José Miguel Wisnik; tugurização e contra-arquitetura de Antonio José Ponte e simbolismo experimental de Claudio Daniel – e no site-specific Testemunho, do artista Daniel de Paula, à procura de registrar a fugacidade urbana em seu devir-natureza. Nessa deriva de leituras, Cruz e Sousa e Benjamin se aproximam em outra “imagem do pensamento”.
在该文章中,João da Cruz e Sousa(2008年[1891])的散文诗《雨伞》被视为被破坏的城市空间的缩影,向Charles Baudelaire和Artur de Sales(1987年[1950])的后象征主义诗歌《半影》(Subumbra)报告了这一点,将土星的隔阂(Giorgio Agamben)和放弃(Paul Valéry)与“永恒的逃亡”概念并置(BENJAMIN,2006)在这种辩证法中,《翁布拉》中描述的石灰岩露头图像发现了沃尔特·本杰明的记忆和地层学之间的关系,并以“日常文化的微观框架”为对象(BOLLE,(2006[1994]),这首19世纪的散文诗在当代文本中展开——成为伊塔马尔·比埃拉·茹尼奥尔小说中的粘土;JoséMiguel Wisnik的地理批评;安东尼奥·何塞·庞特(Antonio JoséPonte。在这种解读的漂移中,克鲁兹、索萨和本雅明以另一种“思想图像”的方式接近。
{"title":"Homens em tempos de umbra: Cruz e Sousa e Benjamin","authors":"D. Radünz","doi":"10.5007/2175-7917.2022.e84257","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/2175-7917.2022.e84257","url":null,"abstract":"Nesse artigo, o poema em prosa \"Umbra”, de João da Cruz e Sousa (2008 [1891]), é tomado como epítome do espaço urbano derruído, reportando-o a Charles Baudelaire e ao poema pós-simbolista “Sub-umbra”, de Artur de Sales (1987 [1950]), como enunciação do estranhamento saturnino (Giorgio Agamben) e da renúncia (Paul Valéry) em justaposição ao conceito de “fugacidade eterna” (BENJAMIN, 2006). Nessa dialética, a imagem do afloramento calcário descrito em Umbra encontra as relações entre memória e estratigrafia de Walter Benjamin e, tendo por objeto esse “quadro micrológico da cultura cotidiana” (BOLLE, (2006 [1994]), o poema em prosa do século XIX se desdobra em textos contemporâneos – devir-barro no romance de Itamar Vieira Júnior; geocrítica de José Miguel Wisnik; tugurização e contra-arquitetura de Antonio José Ponte e simbolismo experimental de Claudio Daniel – e no site-specific Testemunho, do artista Daniel de Paula, à procura de registrar a fugacidade urbana em seu devir-natureza. Nessa deriva de leituras, Cruz e Sousa e Benjamin se aproximam em outra “imagem do pensamento”.","PeriodicalId":30964,"journal":{"name":"Anuario de Literatura","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-09-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49566898","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-09-12DOI: 10.5007/2175-7917.2022.e85697
Ernani Mügge, Daniel Conte, Débora Priscila Marasca
O contato com o mundo literário permite, ao leitor, construir ideias, conhecer pontos de vista diferentes e, especialmente, estabelecer reflexões acerca da própria identidade e da sua atuação no meio social. A afirmação se conforma perfeitamente ao conto “O homem que sabia javanês”, de Lima Barreto, em que figura a personagem Castelo, típico ator social da urbanidade brasileira do final do século XIX e início do século XX. Por meio de seu discurso, vislumbra-se seu processo de passagem de individuação à condição de pessoa, inserida no meio social, subjugada às leis gerais do Estado. A análise que se propõe neste estudo tem como horizonte teórico uma perspectiva de transição de indivíduo à pessoa à luz da semiolinguística, da antropologia e da história do país.
与文学世界的接触使读者能够建立思想,了解不同的观点,尤其是对自己的身份和在社会环境中的表现进行反思。这一说法完全符合利马·巴雷托的短篇小说《O homem que sabia javanês》,其中出现了卡斯特洛这个角色,他是十九世纪末和二十世纪初巴西城市化的典型社会演员。通过他的论述,我们看到了他从个体化到人的状态的转变过程,他被插入社会环境,被国家的一般法律所征服。本研究所提出的分析是从半语言学、人类学和国家历史的角度,从个人到人的过渡角度作为理论视野。
{"title":"mestre de javanês: a transição do indivíduo à pessoa","authors":"Ernani Mügge, Daniel Conte, Débora Priscila Marasca","doi":"10.5007/2175-7917.2022.e85697","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/2175-7917.2022.e85697","url":null,"abstract":"O contato com o mundo literário permite, ao leitor, construir ideias, conhecer pontos de vista diferentes e, especialmente, estabelecer reflexões acerca da própria identidade e da sua atuação no meio social. A afirmação se conforma perfeitamente ao conto “O homem que sabia javanês”, de Lima Barreto, em que figura a personagem Castelo, típico ator social da urbanidade brasileira do final do século XIX e início do século XX. Por meio de seu discurso, vislumbra-se seu processo de passagem de individuação à condição de pessoa, inserida no meio social, subjugada às leis gerais do Estado. A análise que se propõe neste estudo tem como horizonte teórico uma perspectiva de transição de indivíduo à pessoa à luz da semiolinguística, da antropologia e da história do país.","PeriodicalId":30964,"journal":{"name":"Anuario de Literatura","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-09-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"41732104","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-08-02DOI: 10.5007/2175-7917.2022.e83225
Edelberto Pauli Júnior
Mesclando tradições filosóficas e poéticas da sátira luciânica, El rey Gallo (1671) se constrói em boa medida com o repertório da erudição vinculado à menipeia (tópicas, exemplos e modulação sério-cômica). Identificamos as semelhanças e as diferenças entre este colóquio de Francisco Santos (1623-1698) e a tradição da sátira menipeia, particularmente luciânica, no contexto espanhol do século XVII. Para tanto, precisamos os principais traços da filosofia cínica nos tipos humanos que a representam e nos procedimentos literários que utiliza. Em seu elogio do humilde estado, Santos combina singularmente o ideário da pobreza honesta do Galo luciânico com a tópica horaciana do Beatus iIle. De modo que um cristianismo de colorido cínico-estoico, racional e pudico se expressa neste diálogo através do agon entre o plebeu e o Rei, na defesa do estamento ordinário, do trabalho e da virtude, além do apreço pelas bestas e renúncia ao que há de servidão no conceito de honra, atitude que se desdobra na absorção da política pela ética.
《El rey Gallo》(1671)融合了卢西恩讽刺的哲学和诗歌传统,在很大程度上建立了与menipeia相关的学术剧目(主题、例子和严肃的喜剧调制)。我们确定了弗朗西斯科·桑托斯(1623-1698)的这次讨论会和梅尼佩讽刺传统之间的异同,特别是在17世纪的西班牙背景下的卢西亚讽刺传统。为此,我们需要犬儒主义哲学的主要特征,在它所代表的人类类型和它所使用的文学程序中。在他对卑微国家的赞美中,桑托斯独特地将卢西恩的诚实贫穷的理想与比图斯·伊勒的霍拉提主题相结合。彩色人脸的基督教的愤世嫉俗-estoico理性和是个严肃,如果表现出这个对话通过国王和平民之间的斗争,在庄园的防御普通工作的驱动和美德,除了野兽和辞职的农奴制的概念展开的荣誉,态度吸收政治伦理。
{"title":"A prédica cínica na defesa do humilde estado em El Rey Gallo de Francisco Santos","authors":"Edelberto Pauli Júnior","doi":"10.5007/2175-7917.2022.e83225","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/2175-7917.2022.e83225","url":null,"abstract":"Mesclando tradições filosóficas e poéticas da sátira luciânica, El rey Gallo (1671) se constrói em boa medida com o repertório da erudição vinculado à menipeia (tópicas, exemplos e modulação sério-cômica). Identificamos as semelhanças e as diferenças entre este colóquio de Francisco Santos (1623-1698) e a tradição da sátira menipeia, particularmente luciânica, no contexto espanhol do século XVII. Para tanto, precisamos os principais traços da filosofia cínica nos tipos humanos que a representam e nos procedimentos literários que utiliza. Em seu elogio do humilde estado, Santos combina singularmente o ideário da pobreza honesta do Galo luciânico com a tópica horaciana do Beatus iIle. De modo que um cristianismo de colorido cínico-estoico, racional e pudico se expressa neste diálogo através do agon entre o plebeu e o Rei, na defesa do estamento ordinário, do trabalho e da virtude, além do apreço pelas bestas e renúncia ao que há de servidão no conceito de honra, atitude que se desdobra na absorção da política pela ética.","PeriodicalId":30964,"journal":{"name":"Anuario de Literatura","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-08-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42273005","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-07-01DOI: 10.5007/2175-7917.2022.e83318
Dílson César Devides
O artigo apresentado pretende explicitar os fundamentos de escrita criativa propostos por Vogler (2015). O artigo aborda a reinterpretação que Vogler fez do Herói de mil faces, de Joseph Campbell, livro em que discute os papéis dos arquétipos e suas funções nas narrativas, assim como, reorganiza as etapas da jornada do herói com vistas à escrita de roteiros. Para exemplificar a eficácia e pertinência das ideias de Vogler, primeiramente averiguou-se em Caramuru: poema épico do descobrimento da Bahia, de Frei José de Santa Rita Durão (2008 [1781]), a presença e função de tais arquétipos; e, posteriormente, a aplicabilidade dos estágios da jornada do herói em uma leitura do filme Caramuru, a invenção do Brasil (2001).
本文旨在解释Vogler(2015)提出的创意写作的基本原理。本文讨论了沃格勒对约瑟夫·坎贝尔的《千面英雄》的重新诠释,在这本书中,他讨论了原型的角色及其在叙事中的功能,并重新组织了英雄旅程的各个阶段,以撰写剧本。为了说明Vogler思想的有效性和相关性,本文首先在Frei jose de Santa Rita durao(2008[1781])的《Caramuru: poema epico do descobrimento da Bahia》中考察了这些原型的存在和功能;然后,在阅读电影《Caramuru, invencao do Brasil》(2001)时,英雄旅程的各个阶段的适用性。
{"title":"Revisitando Caramuru: os princípios da jornada do escritor no poema épico e no filme","authors":"Dílson César Devides","doi":"10.5007/2175-7917.2022.e83318","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/2175-7917.2022.e83318","url":null,"abstract":"O artigo apresentado pretende explicitar os fundamentos de escrita criativa propostos por Vogler (2015). O artigo aborda a reinterpretação que Vogler fez do Herói de mil faces, de Joseph Campbell, livro em que discute os papéis dos arquétipos e suas funções nas narrativas, assim como, reorganiza as etapas da jornada do herói com vistas à escrita de roteiros. Para exemplificar a eficácia e pertinência das ideias de Vogler, primeiramente averiguou-se em Caramuru: poema épico do descobrimento da Bahia, de Frei José de Santa Rita Durão (2008 [1781]), a presença e função de tais arquétipos; e, posteriormente, a aplicabilidade dos estágios da jornada do herói em uma leitura do filme Caramuru, a invenção do Brasil (2001).","PeriodicalId":30964,"journal":{"name":"Anuario de Literatura","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-07-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"42614477","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-06-03DOI: 10.5007/2175-7917.2022.e84013
Claudimar Pereira Silva
Este artigo objetiva a análise das relações entre espaço e literatura de testemunho na autobiografia Baratas, da escritora ruandesa Scholastique Mukasonga. Publicada em 2006, Baratas narra a infância, adolescência e chegada à vida adulta de Mukasonga no sudoeste de Ruanda, enquanto sobrevive às constantes perseguições dos hutus, maioria étnica, contra os tutsis, segunda maior população do país. No ano de 1973, Mukasonga foge do país, e é portanto deste lugar diaspórico que a escritora empreende sua narrativa. Partindo-se dos pressupostos teóricos sobre o espaço de Antonio Dimas (1985), Doreen Massey (2006) e Mikhail Bakhtin (2014), aliados às reflexões sobre a literatura do trauma de Marcio Seligmann-Silva (2008), Alfredo Bosi (1995) e Jean-Marie Gagnebin (2005), pretende-se analisar o modo como as topografias materiais e objetivas descritas por Mukasonga em seu testemunho operam como espaços simbólicos que apontam para representações do gutsembasemba, isto é, o genocídio final perpetrado contra os tutsis, ocorrido entre os meses de abril e julho de 1994.
{"title":"Gutsembasemba: topografias do trauma em Baratas, de Scholastique Mukasonga","authors":"Claudimar Pereira Silva","doi":"10.5007/2175-7917.2022.e84013","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/2175-7917.2022.e84013","url":null,"abstract":"Este artigo objetiva a análise das relações entre espaço e literatura de testemunho na autobiografia Baratas, da escritora ruandesa Scholastique Mukasonga. Publicada em 2006, Baratas narra a infância, adolescência e chegada à vida adulta de Mukasonga no sudoeste de Ruanda, enquanto sobrevive às constantes perseguições dos hutus, maioria étnica, contra os tutsis, segunda maior população do país. No ano de 1973, Mukasonga foge do país, e é portanto deste lugar diaspórico que a escritora empreende sua narrativa. Partindo-se dos pressupostos teóricos sobre o espaço de Antonio Dimas (1985), Doreen Massey (2006) e Mikhail Bakhtin (2014), aliados às reflexões sobre a literatura do trauma de Marcio Seligmann-Silva (2008), Alfredo Bosi (1995) e Jean-Marie Gagnebin (2005), pretende-se analisar o modo como as topografias materiais e objetivas descritas por Mukasonga em seu testemunho operam como espaços simbólicos que apontam para representações do gutsembasemba, isto é, o genocídio final perpetrado contra os tutsis, ocorrido entre os meses de abril e julho de 1994.","PeriodicalId":30964,"journal":{"name":"Anuario de Literatura","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-06-03","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"49633233","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-04-04DOI: 10.5007/2175-7917.2022.e85448
Jair Zandoná
{"title":"A mala viajante: Jorge Amado entre papéis, imagens e outros documentos","authors":"Jair Zandoná","doi":"10.5007/2175-7917.2022.e85448","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/2175-7917.2022.e85448","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":30964,"journal":{"name":"Anuario de Literatura","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-04-04","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"45770592","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-02-15DOI: 10.5007/2175-7917.2022.e81458
G. Tanus
Neste ensaio, propomos uma crítica sobre arquivos literários, refletindo, sobretudo o arquivo da Carolina Maria de Jesus. Nossa motivação primeira advém da leitura de Quarto de despejo (1960), da autora; livro que é sua estreia na literatura e contemplou seus cadernos de memórias, edição que teve, numa recepção de primeira hora, foco documental nos aspectos do ambiente social no qual ela vivia e sobre o qual ela registrara suas memórias. Passado esse interesse sobre os lugares periféricos, relacionando também a uma dita tradição literária brasileira que não recebe bem a escrita diarística que não a de um sujeito mesmo, a autora não conseguira, em vida, um lugar estável e de reconhecimento pela qualidade de sua escrita, na profissão de escritora. Cogitamos refletir sobre o arquivo da escritora, pensando o trânsito performático rumo às instituições custodiadoras, estas que são, sobretudo, de conservação de arquivos de escritores da tradição; deslocamento do texto literário dela, lido antes como documental, para os documentos de acervo, que são literatura em potência de ser editada e/ou reeditada, portanto, recebida e possivelmente repensada em outras críticas. Observamos o caminho desde o arquivo que é “cérebro do poeta”, às suas “impressões” literárias, a que o livro aqui analisado é bastante representativo, reforçadas as impressões sobre a vida, a literatura, a vida literária e a “sobrevida”, esta em senso derridiano, ao que conectaremos à perspectiva de “escrevivência de nós”, ato/termo elaborado pela escritora crítica Conceição Evaristo. Para este ensaio, convocamos, além dela, Foucault, Derrida, Bhabha, sem os quais não poderíamos questionar as formas e os conteúdos dos arquivos da colonialidade, estes também contribuidores para a formação da ideia de nação, a qual está representada nos arquivos da nação, seja pela presença do gênio, do herói, seja pela ausência do que é posto como popular, como antagonista, como marginal.
{"title":"Impressões e arquivos: notas sobre-vida, literatura e vida literária em Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus","authors":"G. Tanus","doi":"10.5007/2175-7917.2022.e81458","DOIUrl":"https://doi.org/10.5007/2175-7917.2022.e81458","url":null,"abstract":"Neste ensaio, propomos uma crítica sobre arquivos literários, refletindo, sobretudo o arquivo da Carolina Maria de Jesus. Nossa motivação primeira advém da leitura de Quarto de despejo (1960), da autora; livro que é sua estreia na literatura e contemplou seus cadernos de memórias, edição que teve, numa recepção de primeira hora, foco documental nos aspectos do ambiente social no qual ela vivia e sobre o qual ela registrara suas memórias. Passado esse interesse sobre os lugares periféricos, relacionando também a uma dita tradição literária brasileira que não recebe bem a escrita diarística que não a de um sujeito mesmo, a autora não conseguira, em vida, um lugar estável e de reconhecimento pela qualidade de sua escrita, na profissão de escritora. Cogitamos refletir sobre o arquivo da escritora, pensando o trânsito performático rumo às instituições custodiadoras, estas que são, sobretudo, de conservação de arquivos de escritores da tradição; deslocamento do texto literário dela, lido antes como documental, para os documentos de acervo, que são literatura em potência de ser editada e/ou reeditada, portanto, recebida e possivelmente repensada em outras críticas. Observamos o caminho desde o arquivo que é “cérebro do poeta”, às suas “impressões” literárias, a que o livro aqui analisado é bastante representativo, reforçadas as impressões sobre a vida, a literatura, a vida literária e a “sobrevida”, esta em senso derridiano, ao que conectaremos à perspectiva de “escrevivência de nós”, ato/termo elaborado pela escritora crítica Conceição Evaristo. Para este ensaio, convocamos, além dela, Foucault, Derrida, Bhabha, sem os quais não poderíamos questionar as formas e os conteúdos dos arquivos da colonialidade, estes também contribuidores para a formação da ideia de nação, a qual está representada nos arquivos da nação, seja pela presença do gênio, do herói, seja pela ausência do que é posto como popular, como antagonista, como marginal.","PeriodicalId":30964,"journal":{"name":"Anuario de Literatura","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-02-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"44671926","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}