Pub Date : 2024-07-02DOI: 10.61999/abet.1676-4439.2024v23n1.70500
M. Proni, P. Borsari
A adoção de um modelo de gestão empresarial focada em resultados financeiros de curto prazo tem impactos no emprego e nas relações de trabalho em corporações de capital aberto. O mantra da maximizing shareholder value, difundido por profetas da governança corporativa, estabelece normas, critérios de avaliação e vocabulário próprio derivado das finanças. Os efeitos deletérios para os trabalhadores incluem: contenção salarial, insegurança no emprego, postos de trabalho terceirizados, remuneração variável, competição exacerbada entre funcionários e adoecimento por depressão. Esse modelo de gestão também prejudica a atuação dos sindicatos, entre outras razões, porque reforça demandas individuais em detrimento de lutas coletivas. O objetivo do artigo é analisar a adoção de tal modelo no Brasil. Os casos da Vale e da Petrobras (as corporações nacionais com maior valor de mercado) exemplificam como a maximização do poder dos acionistas condicionou a estratégia corporativa na área trabalhista e sindical no País.
{"title":"IMPACTOS DA FINANCEIRIZAÇÃO NO TRABALHO EM EMPRESAS DE CAPITAL ABERTO","authors":"M. Proni, P. Borsari","doi":"10.61999/abet.1676-4439.2024v23n1.70500","DOIUrl":"https://doi.org/10.61999/abet.1676-4439.2024v23n1.70500","url":null,"abstract":"A adoção de um modelo de gestão empresarial focada em resultados financeiros de curto prazo tem impactos no emprego e nas relações de trabalho em corporações de capital aberto. O mantra da maximizing shareholder value, difundido por profetas da governança corporativa, estabelece normas, critérios de avaliação e vocabulário próprio derivado das finanças. Os efeitos deletérios para os trabalhadores incluem: contenção salarial, insegurança no emprego, postos de trabalho terceirizados, remuneração variável, competição exacerbada entre funcionários e adoecimento por depressão. Esse modelo de gestão também prejudica a atuação dos sindicatos, entre outras razões, porque reforça demandas individuais em detrimento de lutas coletivas. O objetivo do artigo é analisar a adoção de tal modelo no Brasil. Os casos da Vale e da Petrobras (as corporações nacionais com maior valor de mercado) exemplificam como a maximização do poder dos acionistas condicionou a estratégia corporativa na área trabalhista e sindical no País.","PeriodicalId":363760,"journal":{"name":"Revista da ABET","volume":"15 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-07-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141688072","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-06-10DOI: 10.61999/abet.1676-4439.2024v23n1.65053
H. Cavalcanti
Este artigo tem por objetivo analisar as principais transformações ocorridas no espaço interno dos supermercados a partir da segunda metade dos anos 1990, ao destacar o impacto da reestruturação comercial para os trabalhadores operacionais das grandes redes supermercadistas que atuam na cidade de São Paulo. De modo específico, a partir de dados secundários e entrevistas, relacionamos a introdução do código de barras e as alterações no layout dos supermercados com as mudanças na organização do trabalho. Entre as consequências dessas transformações destaca-se a emergência de um novo arranjo do trabalho no chão de loja. Pautado no paradigma da flexibilidade, esse arranjo tem contribuído para redução do número de postos de trabalho e para a redefinição das formas de precarização e intensificação do trabalho.
{"title":"REESTRUTURAÇÃO COMERCIAL NO SEGMENTO SUPERMERCADISTA","authors":"H. Cavalcanti","doi":"10.61999/abet.1676-4439.2024v23n1.65053","DOIUrl":"https://doi.org/10.61999/abet.1676-4439.2024v23n1.65053","url":null,"abstract":"Este artigo tem por objetivo analisar as principais transformações ocorridas no espaço interno dos supermercados a partir da segunda metade dos anos 1990, ao destacar o impacto da reestruturação comercial para os trabalhadores operacionais das grandes redes supermercadistas que atuam na cidade de São Paulo. De modo específico, a partir de dados secundários e entrevistas, relacionamos a introdução do código de barras e as alterações no layout dos supermercados com as mudanças na organização do trabalho. Entre as consequências dessas transformações destaca-se a emergência de um novo arranjo do trabalho no chão de loja. Pautado no paradigma da flexibilidade, esse arranjo tem contribuído para redução do número de postos de trabalho e para a redefinição das formas de precarização e intensificação do trabalho.","PeriodicalId":363760,"journal":{"name":"Revista da ABET","volume":" 9","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-06-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141366148","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-05-02DOI: 10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.63247
Bárbara Raquel De Oliveira, Marco Antonio Coutinho Jorge
Este artigo objetiva investigar se as mulheres são mais propensas a trabalhar no setor informal brasileiro. O estudo traz uma análise descritiva para os anos de 2012 a 2019 e finaliza com a estimação do modelo Probit, com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) para 2019. Os principais resultados mostram que as mulheres apresentam maior probabilidade de não ter carteira de trabalho assinada e não ser contribuinte da previdência. Ainda que semelhante a proporção total dos informais de ambos os sexos no período observado, a participação delas supera a dos homens em categorias associadas a menores salários e condições de trabalho mais precárias.
{"title":"INFORMALIDADE BRASILEIRA: O FENÔMENO TEM ROSTO FEMININO?","authors":"Bárbara Raquel De Oliveira, Marco Antonio Coutinho Jorge","doi":"10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.63247","DOIUrl":"https://doi.org/10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.63247","url":null,"abstract":"Este artigo objetiva investigar se as mulheres são mais propensas a trabalhar no setor informal brasileiro. O estudo traz uma análise descritiva para os anos de 2012 a 2019 e finaliza com a estimação do modelo Probit, com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) para 2019. Os principais resultados mostram que as mulheres apresentam maior probabilidade de não ter carteira de trabalho assinada e não ser contribuinte da previdência. Ainda que semelhante a proporção total dos informais de ambos os sexos no período observado, a participação delas supera a dos homens em categorias associadas a menores salários e condições de trabalho mais precárias.","PeriodicalId":363760,"journal":{"name":"Revista da ABET","volume":"9 2","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-05-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"141021894","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-04-19DOI: 10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.64132
Dimitri Moita, Cássio Adriano Braz de Aquino
A ampliação do uso das tecnologias de informação nos diversos setores da economia acompanhou a emergência de relações de trabalho pautadas na flexibilidade das formas de contratação e de organização do trabalho, diante disso, a busca por compreensão dos sentidos que tais transformações operaram no mundo do trabalho mobilizou setores da academia brasileira voltados ao estudo das condições concretas de trabalho e vida de trabalhadores em tecnologias de informação. Esta revisão narrativa tem como objetivo analisar e sistematizar o conhecimento produzido a partir de pesquisas empíricas em articulação com as transformações sociais e econômicas observadas nos últimos 30 anos. O corpus de análise é constituído de 24 pesquisas, entre teses, dissertações, artigos científicos e trabalhos completos publicados em anais de congressos, no intervalo de 1989 a 2017. As conclusões apontam a necessidade de ampliação dos estudos em torno da organização flexível do trabalho e suas repercussões sobre o modo de vida dos trabalhadores, especialmente para as condições de saúde observadas no setor.
{"title":"Revisão narrativa das pesquisas empíricas sobre trabalhadores em Tecnologias de Informação no Brasil","authors":"Dimitri Moita, Cássio Adriano Braz de Aquino","doi":"10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.64132","DOIUrl":"https://doi.org/10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.64132","url":null,"abstract":"A ampliação do uso das tecnologias de informação nos diversos setores da economia acompanhou a emergência de relações de trabalho pautadas na flexibilidade das formas de contratação e de organização do trabalho, diante disso, a busca por compreensão dos sentidos que tais transformações operaram no mundo do trabalho mobilizou setores da academia brasileira voltados ao estudo das condições concretas de trabalho e vida de trabalhadores em tecnologias de informação. Esta revisão narrativa tem como objetivo analisar e sistematizar o conhecimento produzido a partir de pesquisas empíricas em articulação com as transformações sociais e econômicas observadas nos últimos 30 anos. O corpus de análise é constituído de 24 pesquisas, entre teses, dissertações, artigos científicos e trabalhos completos publicados em anais de congressos, no intervalo de 1989 a 2017. As conclusões apontam a necessidade de ampliação dos estudos em torno da organização flexível do trabalho e suas repercussões sobre o modo de vida dos trabalhadores, especialmente para as condições de saúde observadas no setor.","PeriodicalId":363760,"journal":{"name":"Revista da ABET","volume":" 3","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-04-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"140683564","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-04-08DOI: 10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.63666
Victor Aurélio Santana Nascimento, Dóris Firmino Rabelo
Esse trabalho tem por objetivo estimular a discussão que aponte para a ReformaTrabalhista (Lei nº 13.467) em curso no Brasil, como um instrumento legal que, ao viabilizarmaiores níveis de exploração da classe trabalhadora e decorrente acumulação capitalista,recoloca a “questão social” em novos patamares. Para tanto, partiremos de categorias centraisna tradição do pensamento marxista, tais como: trabalho, mercadoria, mais-valia e questãosocial. Discutiremos, ainda, o modo de produção capitalista enquanto sistema estruturalmenteprodutor de condições e relações precarizadas de vida e trabalho, indicando como essacaracterística estrutural é garantida pelo Estado-burguês ao agenciar os interesses da classeeconomicamente dominante e produzir cenários mais viáveis de exploração e acumulação decapital.
{"title":"REFORMA TRABALHISTA E APROFUNDAMENTO DA QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL","authors":"Victor Aurélio Santana Nascimento, Dóris Firmino Rabelo","doi":"10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.63666","DOIUrl":"https://doi.org/10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.63666","url":null,"abstract":"Esse trabalho tem por objetivo estimular a discussão que aponte para a ReformaTrabalhista (Lei nº 13.467) em curso no Brasil, como um instrumento legal que, ao viabilizarmaiores níveis de exploração da classe trabalhadora e decorrente acumulação capitalista,recoloca a “questão social” em novos patamares. Para tanto, partiremos de categorias centraisna tradição do pensamento marxista, tais como: trabalho, mercadoria, mais-valia e questãosocial. Discutiremos, ainda, o modo de produção capitalista enquanto sistema estruturalmenteprodutor de condições e relações precarizadas de vida e trabalho, indicando como essacaracterística estrutural é garantida pelo Estado-burguês ao agenciar os interesses da classeeconomicamente dominante e produzir cenários mais viáveis de exploração e acumulação decapital.","PeriodicalId":363760,"journal":{"name":"Revista da ABET","volume":"33 22","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-04-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"140732103","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-03-12DOI: 10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.61052
M. Salazar, Manuel Vieira Siqueira de Arantes
O objetivo do trabalho é decompor a variação de empregos de 12 culturas da agricultura mineira em quatro efeitos: intensidade da mão de obra, produtividade da área plantada, estrutura e área, buscando determinar qual dos quatro efeitos teve a maior contribuição para a variação do nível de emprego no setor agrícola mineiro entre 2006 e 2019. São utilizados dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM). A metodologia utilizada é o Log-Mean Divisia Index Method I (LMDI I) que decompõe o emprego agrícola em diferentes efeitos. A principal conclusão é que o efeito intensidade foi o principal responsável pela perda de postos de trabalho para as culturas analisadas. Houve redução do número de trabalhadores devido ao crescimento relativo de culturas menos intensivas em mão de obra. Por fim, o aumento de área colhida contribuiu para a menor perda de empregos no campo.
{"title":"Contribuição da produtividade do trabalho na variação do emprego agrícola de Minas Gerais entre 2006 e 2019","authors":"M. Salazar, Manuel Vieira Siqueira de Arantes","doi":"10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.61052","DOIUrl":"https://doi.org/10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.61052","url":null,"abstract":"O objetivo do trabalho é decompor a variação de empregos de 12 culturas da agricultura mineira em quatro efeitos: intensidade da mão de obra, produtividade da área plantada, estrutura e área, buscando determinar qual dos quatro efeitos teve a maior contribuição para a variação do nível de emprego no setor agrícola mineiro entre 2006 e 2019. São utilizados dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM). A metodologia utilizada é o Log-Mean Divisia Index Method I (LMDI I) que decompõe o emprego agrícola em diferentes efeitos. A principal conclusão é que o efeito intensidade foi o principal responsável pela perda de postos de trabalho para as culturas analisadas. Houve redução do número de trabalhadores devido ao crescimento relativo de culturas menos intensivas em mão de obra. Por fim, o aumento de área colhida contribuiu para a menor perda de empregos no campo.","PeriodicalId":363760,"journal":{"name":"Revista da ABET","volume":"116 24","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-03-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"140250757","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-02-29DOI: 10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.62111
Raphael Brito Neves, Lucivaldo Da Silva Araújo
Devido à retração de postos formais de trabalho e à perda de direitos trabalhistas, uma parcela da classe trabalhadora foi impelida a trabalhar em plataformas digitais como única alternativa de sustento. O artigo objetivou compreender os sentidos e significados da ocupação trabalho para entregadores por aplicativos partir de suas vivências enquanto trabalhadores. Foi realizado um estudo qualitativo de orientação fenomenológica. Foram entrevistados cinco entregadores de plataformas digitais através de um roteiro de entrevista semidirigida. Os discursos foram organizados em três unidades de sentido que abordam as trajetórias laborais dos entrevistados, a forma da ocupação trabalhado desenvolvida e a relação dos entregadores com as plataformas digitais. Os resultados apontam que a ocupação trabalho realizada por meio de plataformas digitais representa para os entregadores um sentido ligado à subsistência e significados negativos em decorrência da grande carga horária trabalhada e ganhos abaixo da expectativa. Trata-se de uma nova fora de exploração das pessoas pelo trabalho com potencial à despersonalização de seus corpos, constituindo, assim, um instrumento de degradação física e mental que reifica os trabalhadores.
{"title":"UBERIZAÇÃO DO TRABALHO","authors":"Raphael Brito Neves, Lucivaldo Da Silva Araújo","doi":"10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.62111","DOIUrl":"https://doi.org/10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.62111","url":null,"abstract":"Devido à retração de postos formais de trabalho e à perda de direitos trabalhistas, uma parcela da classe trabalhadora foi impelida a trabalhar em plataformas digitais como única alternativa de sustento. O artigo objetivou compreender os sentidos e significados da ocupação trabalho para entregadores por aplicativos partir de suas vivências enquanto trabalhadores. Foi realizado um estudo qualitativo de orientação fenomenológica. Foram entrevistados cinco entregadores de plataformas digitais através de um roteiro de entrevista semidirigida. Os discursos foram organizados em três unidades de sentido que abordam as trajetórias laborais dos entrevistados, a forma da ocupação trabalhado desenvolvida e a relação dos entregadores com as plataformas digitais. Os resultados apontam que a ocupação trabalho realizada por meio de plataformas digitais representa para os entregadores um sentido ligado à subsistência e significados negativos em decorrência da grande carga horária trabalhada e ganhos abaixo da expectativa. Trata-se de uma nova fora de exploração das pessoas pelo trabalho com potencial à despersonalização de seus corpos, constituindo, assim, um instrumento de degradação física e mental que reifica os trabalhadores.","PeriodicalId":363760,"journal":{"name":"Revista da ABET","volume":"21 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-02-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"140414961","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-02-21DOI: 10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.61679
P. Duarte, Alanna Santos de Oliveira, Marcelo Sartorio Loural
A reforma trabalhista no Brasil foi aprovada com base no argumento da necessidade de modernização da legislação trabalhista do país. No entanto, a análise de seus pontos sugere que o mote da reforma é a ampliação da flexibilização das relações de trabalho para redução de custos e maior facilidade de contratação e demissão, ampliando a vulnerabilidade e instabilidade do trabalhador. A partir desses elementos, o objetivo do presente artigo é analisar duas formas de contratação – terceirizados e intermitentes – no intuito de observar os possíveis efeitos da reforma trabalhista nos anos de 2018 e 2019. Para tanto, serão utilizados dados da Relação Anual de Informações Sociais e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, e aplicada a metodologia de acompanhamento dos efeitos da reforma trabalhista proposto por Duarte e Loural (2020).
{"title":"Flexibilidade e precarização:","authors":"P. Duarte, Alanna Santos de Oliveira, Marcelo Sartorio Loural","doi":"10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.61679","DOIUrl":"https://doi.org/10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.61679","url":null,"abstract":"A reforma trabalhista no Brasil foi aprovada com base no argumento da necessidade de modernização da legislação trabalhista do país. No entanto, a análise de seus pontos sugere que o mote da reforma é a ampliação da flexibilização das relações de trabalho para redução de custos e maior facilidade de contratação e demissão, ampliando a vulnerabilidade e instabilidade do trabalhador. A partir desses elementos, o objetivo do presente artigo é analisar duas formas de contratação – terceirizados e intermitentes – no intuito de observar os possíveis efeitos da reforma trabalhista nos anos de 2018 e 2019. Para tanto, serão utilizados dados da Relação Anual de Informações Sociais e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, e aplicada a metodologia de acompanhamento dos efeitos da reforma trabalhista proposto por Duarte e Loural (2020).","PeriodicalId":363760,"journal":{"name":"Revista da ABET","volume":"174 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-02-21","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"140443651","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-02-06DOI: 10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.64695
Lena Lavinas
Este artigo aborda algumas das profundas transformações que a dominância do capitalismo financeiro vem provocando e normalizando em nossas vidas ao alterar por completo a funcionalidade da política social e a natureza dos regimes de bem-estar, ambos responsáveis pela materialização das políticas redistributivas e pelo enfrentamento das inúmeras formas de desigualdades que caracterizam todas as sociedades contemporâneas. Mais precisamente, discute-se o endividamento em massa das famílias, que passam a incorporar aos custos da sua reprodução a remuneração do capital portador de juros, o que as torna não apenas estruturalmente dependentes de acesso aos mercados financeiros, mas infinitamente mais vulneráveis no curto, médio e longo prazo também. Antes explorada, hoje a classe trabalhadora é também financeiramente expropriada por meio de dívidas. A experiência brasileira serve como estudo de caso.
{"title":"CRISE, FINANCERIZAÇÃO E DESAFIOS DA REDISTRIBUIÇÃO NO SÉCULO XXI","authors":"Lena Lavinas","doi":"10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.64695","DOIUrl":"https://doi.org/10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.64695","url":null,"abstract":"Este artigo aborda algumas das profundas transformações que a dominância do capitalismo financeiro vem provocando e normalizando em nossas vidas ao alterar por completo a funcionalidade da política social e a natureza dos regimes de bem-estar, ambos responsáveis pela materialização das políticas redistributivas e pelo enfrentamento das inúmeras formas de desigualdades que caracterizam todas as sociedades contemporâneas. Mais precisamente, discute-se o endividamento em massa das famílias, que passam a incorporar aos custos da sua reprodução a remuneração do capital portador de juros, o que as torna não apenas estruturalmente dependentes de acesso aos mercados financeiros, mas infinitamente mais vulneráveis no curto, médio e longo prazo também. Antes explorada, hoje a classe trabalhadora é também financeiramente expropriada por meio de dívidas. A experiência brasileira serve como estudo de caso.","PeriodicalId":363760,"journal":{"name":"Revista da ABET","volume":"250 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-02-06","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139858617","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-02-06DOI: 10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.64695
Lena Lavinas
Este artigo aborda algumas das profundas transformações que a dominância do capitalismo financeiro vem provocando e normalizando em nossas vidas ao alterar por completo a funcionalidade da política social e a natureza dos regimes de bem-estar, ambos responsáveis pela materialização das políticas redistributivas e pelo enfrentamento das inúmeras formas de desigualdades que caracterizam todas as sociedades contemporâneas. Mais precisamente, discute-se o endividamento em massa das famílias, que passam a incorporar aos custos da sua reprodução a remuneração do capital portador de juros, o que as torna não apenas estruturalmente dependentes de acesso aos mercados financeiros, mas infinitamente mais vulneráveis no curto, médio e longo prazo também. Antes explorada, hoje a classe trabalhadora é também financeiramente expropriada por meio de dívidas. A experiência brasileira serve como estudo de caso.
{"title":"CRISE, FINANCERIZAÇÃO E DESAFIOS DA REDISTRIBUIÇÃO NO SÉCULO XXI","authors":"Lena Lavinas","doi":"10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.64695","DOIUrl":"https://doi.org/10.61999/abet.1676-4439.2023v22n2.64695","url":null,"abstract":"Este artigo aborda algumas das profundas transformações que a dominância do capitalismo financeiro vem provocando e normalizando em nossas vidas ao alterar por completo a funcionalidade da política social e a natureza dos regimes de bem-estar, ambos responsáveis pela materialização das políticas redistributivas e pelo enfrentamento das inúmeras formas de desigualdades que caracterizam todas as sociedades contemporâneas. Mais precisamente, discute-se o endividamento em massa das famílias, que passam a incorporar aos custos da sua reprodução a remuneração do capital portador de juros, o que as torna não apenas estruturalmente dependentes de acesso aos mercados financeiros, mas infinitamente mais vulneráveis no curto, médio e longo prazo também. Antes explorada, hoje a classe trabalhadora é também financeiramente expropriada por meio de dívidas. A experiência brasileira serve como estudo de caso.","PeriodicalId":363760,"journal":{"name":"Revista da ABET","volume":"5 2","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-02-06","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139798671","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}