Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p155-167
Rayssa Duarte Marques Cabral, Lisiane Oliveira e Lima Luiz, Gisele Alves Xavier da Silva
Nesta pesquisa, faremos uma análise de três cordéis do livro Heroínas Negras Brasileiras: em 15 Cordéis, da escritora Jarid Arraes, obra que apresenta abordagem na qual o protagonismo negro e feminino é posto em evidência. Este artigo tem como principal objetivo demonstrar, por meio dos cordéis de Jarid, a subversão na Literatura de Cordel, rompendo com tradições machistas e racistas, tanto no que se refere à autoria, já que se trata de uma cordelista mulher e negra, quanto em relação à temática que situa mulheres negras em posição de protagonismo. Nesse sentido, a cordelista anuncia uma produção literária que aponta para a necessidade de se estabelecer outra lógica, outro pensamento, para as relações de poder predominantes na sociedade brasileira. Sua obra foge das narrativas da tradição disseminadas sobre o africano/afro-brasileiro, pois subverte o estereótipo de cativo, subalternizado, invisibilizado e erotizado ao apresentar histórias múltiplas de mulheres negras que tiveram papéis relevantes em diversas áreas. Esta pesquisa é de cunho bibliográfico, tendo como fundamentação teórica os seguintes autores: Adichie (2009), Evaristo (2020), Maxado (2011), Ribeiro (2017; 2019), hooks (2019), entre outros. Pretendemos, com os resultados apresentados, colaborar com novas reflexões sobre o cordel produzido por mulheres negras na contemporaneidade e, assim, levá-las da margem para o centro das discussões, para que sejam lidas, ouvidas e estudadas em espaços que costumam criar resistência a esse direito.
{"title":"Subversão à tradição da literatura de cordel:","authors":"Rayssa Duarte Marques Cabral, Lisiane Oliveira e Lima Luiz, Gisele Alves Xavier da Silva","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p155-167","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p155-167","url":null,"abstract":"Nesta pesquisa, faremos uma análise de três cordéis do livro Heroínas Negras Brasileiras: em 15 Cordéis, da escritora Jarid Arraes, obra que apresenta abordagem na qual o protagonismo negro e feminino é posto em evidência. Este artigo tem como principal objetivo demonstrar, por meio dos cordéis de Jarid, a subversão na Literatura de Cordel, rompendo com tradições machistas e racistas, tanto no que se refere à autoria, já que se trata de uma cordelista mulher e negra, quanto em relação à temática que situa mulheres negras em posição de protagonismo. Nesse sentido, a cordelista anuncia uma produção literária que aponta para a necessidade de se estabelecer outra lógica, outro pensamento, para as relações de poder predominantes na sociedade brasileira. Sua obra foge das narrativas da tradição disseminadas sobre o africano/afro-brasileiro, pois subverte o estereótipo de cativo, subalternizado, invisibilizado e erotizado ao apresentar histórias múltiplas de mulheres negras que tiveram papéis relevantes em diversas áreas. Esta pesquisa é de cunho bibliográfico, tendo como fundamentação teórica os seguintes autores: Adichie (2009), Evaristo (2020), Maxado (2011), Ribeiro (2017; 2019), hooks (2019), entre outros. Pretendemos, com os resultados apresentados, colaborar com novas reflexões sobre o cordel produzido por mulheres negras na contemporaneidade e, assim, levá-las da margem para o centro das discussões, para que sejam lidas, ouvidas e estudadas em espaços que costumam criar resistência a esse direito.","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"11 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"74180679","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p256-269
Denise Schittine
Resumo: Com o crescimento do consumo de audiolivros no Brasil nos últimos cinco anos, um novo desafio se apresenta tanto para as plataformas de conteúdo em áudio, como para as editoras que decidiram arriscar na produção do novo formato. O livro falado existe no Brasil desde 1970 com a função de tornar o texto acessível ao leitor com deficiência visual ou baixa visão, ou seja, gerar uma leitura acessível. O audiolivro veio depois, beneficiando-se das técnicas sonoras implantadas no livro falado, mas com uma proposta diversa: oferecer uma leitura artística. Ambas as leituras se concentram na mensagem do texto e, portanto, na função poética da linguagem, procurando deixar o conteúdo o mais claro possível e livre de ruído. O que difere é o público-ouvinte de cada um desses produtos: nos anos 1970, o leitor cego e o leitor curioso com o novo formato; e no momento atual, o leitor multitarefa, que busca portabilidade. O presente trabalho aponta as soluções que editoras e plataformas vêm adotando para destacar uma das principais ferramentas na produção de audiolivros: a voz. É principalmente a voz do narrador que vai capturar o ouvinte e facilitar a imersão. Para escolher a voz ideal, segundo os profissionais envolvidos, é necessário entender o que o leitor-ouvinte contemporâneo espera da experiência de recepção. Clareza, inflexão, timbre, afetos e, principalmente, o tipo conteúdo gravado contribuem para que ele prefira uma a muitas vozes de narração, a leitura austera à encenada e um audiolivro com muitos ou poucos recursos sonoros.
{"title":"Audiolivros:","authors":"Denise Schittine","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p256-269","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p256-269","url":null,"abstract":"Resumo: Com o crescimento do consumo de audiolivros no Brasil nos últimos cinco anos, um novo desafio se apresenta tanto para as plataformas de conteúdo em áudio, como para as editoras que decidiram arriscar na produção do novo formato. O livro falado existe no Brasil desde 1970 com a função de tornar o texto acessível ao leitor com deficiência visual ou baixa visão, ou seja, gerar uma leitura acessível. O audiolivro veio depois, beneficiando-se das técnicas sonoras implantadas no livro falado, mas com uma proposta diversa: oferecer uma leitura artística. Ambas as leituras se concentram na mensagem do texto e, portanto, na função poética da linguagem, procurando deixar o conteúdo o mais claro possível e livre de ruído. O que difere é o público-ouvinte de cada um desses produtos: nos anos 1970, o leitor cego e o leitor curioso com o novo formato; e no momento atual, o leitor multitarefa, que busca portabilidade. O presente trabalho aponta as soluções que editoras e plataformas vêm adotando para destacar uma das principais ferramentas na produção de audiolivros: a voz. É principalmente a voz do narrador que vai capturar o ouvinte e facilitar a imersão. Para escolher a voz ideal, segundo os profissionais envolvidos, é necessário entender o que o leitor-ouvinte contemporâneo espera da experiência de recepção. Clareza, inflexão, timbre, afetos e, principalmente, o tipo conteúdo gravado contribuem para que ele prefira uma a muitas vozes de narração, a leitura austera à encenada e um audiolivro com muitos ou poucos recursos sonoros.","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"33 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"78547757","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p114-124
Chirley Domingues, Leandro de Bona
O presente estudo tem como objetivo analisar duas cenas do romance autobiográfico Infância de Graciliano Ramos (1977) que colocam em destaque a leitura e a relação do narrador protagonista com o ato de ler. A partir das perspectivas de leitura de autores como Michèle Petit (2009), Regina Zilberman e Marisa Lajolo (1988), as conclusões acerca da análise das cenas de leitura em Infância apontam para uma valorização social do ato de ler, ao mesmo tempo em que apresentam a presença de materiais didáticos e metodologias de ensino conservadores, presentes durante muito tempo na cena escolar do nosso país. Também foi possível identificar na experiência da personagem aquilo que Roland Barthes (2004) chama de o prazer de ler, além de verificar a presença da leitura como um espaço para que o sujeito possa habitar. A conclusão, portanto, é a de que as cenas de leitura, tanto na literatura como fora dela, são materiais capazes de nos provocar profundas reflexões sobre o ato de ler e sobre a relação dos sujeitos com a leitura e, por extensão com a escritura
摘要本研究旨在分析拉莫斯(1977)的自传体小说infancia中的两个场景,这两个场景突出了阅读以及主人公叙述者与阅读行为的关系。从达成阅读作者(èle Petit (2009), Regina Zilberman和玛莉莎Lajolo(1988),关于阅读的场景分析的结论在童年都指向一个社会价值的阅读行为,同时它们又存在保守的教学材料和教学方法,目前在我们国家的学校有很长一段时间了。在罗兰·巴特(2004)所称的阅读乐趣中,也有可能确定角色的体验,并验证阅读作为主体可以居住的空间的存在。因此,结论是,阅读场景,无论是在文学作品中还是在文学作品之外,都是能够让我们深刻反思阅读行为的材料,以及主体与阅读的关系,进而与写作的关系
{"title":"Cenas de leitura em Infância, de Graciliano Ramos","authors":"Chirley Domingues, Leandro de Bona","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p114-124","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p114-124","url":null,"abstract":"O presente estudo tem como objetivo analisar duas cenas do romance autobiográfico Infância de Graciliano Ramos (1977) que colocam em destaque a leitura e a relação do narrador protagonista com o ato de ler. A partir das perspectivas de leitura de autores como Michèle Petit (2009), Regina Zilberman e Marisa Lajolo (1988), as conclusões acerca da análise das cenas de leitura em Infância apontam para uma valorização social do ato de ler, ao mesmo tempo em que apresentam a presença de materiais didáticos e metodologias de ensino conservadores, presentes durante muito tempo na cena escolar do nosso país. Também foi possível identificar na experiência da personagem aquilo que Roland Barthes (2004) chama de o prazer de ler, além de verificar a presença da leitura como um espaço para que o sujeito possa habitar. A conclusão, portanto, é a de que as cenas de leitura, tanto na literatura como fora dela, são materiais capazes de nos provocar profundas reflexões sobre o ato de ler e sobre a relação dos sujeitos com a leitura e, por extensão com a escritura","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"18 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"85089806","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p197-209
Matheus Luis Oliveira da Silva, Ramiro Giroldo
Os estudos sobre as obras de Henry James sempre apresentaram uma ampla gama de perspectivas. Neste ensaio, propõe-se discutir as estratégias pautadas na tensão entre as convenções e os protocolos narrativos da literatura realista e as técnicas experimentais modernistas empregadas por Henry James em A Outra Volta do Parafuso (The Turn of the Screw, 1898), com ênfase nas discussões referentes à noção de mímesis e as perspectivas da crise da representação que se fazem presentes no texto literário, e analisar o deslindamento dos mecanismos estéticos narrativos utilizados para engendrar a tensão entre protocolos narrativos distintos e, por vezes, antagônicos no processo de adaptação da novela de James para a versão fílmica Os Outros (The Others, 2001), direção e roteiro de Alejandro Amenábar.
{"title":"A crise de representação na narrativa jamesiana, A outra volta do parafuso (1898), e a sua reescrita em Os outros (2001)","authors":"Matheus Luis Oliveira da Silva, Ramiro Giroldo","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p197-209","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p197-209","url":null,"abstract":"Os estudos sobre as obras de Henry James sempre apresentaram uma ampla gama de perspectivas. Neste ensaio, propõe-se discutir as estratégias pautadas na tensão entre as convenções e os protocolos narrativos da literatura realista e as técnicas experimentais modernistas empregadas por Henry James em A Outra Volta do Parafuso (The Turn of the Screw, 1898), com ênfase nas discussões referentes à noção de mímesis e as perspectivas da crise da representação que se fazem presentes no texto literário, e analisar o deslindamento dos mecanismos estéticos narrativos utilizados para engendrar a tensão entre protocolos narrativos distintos e, por vezes, antagônicos no processo de adaptação da novela de James para a versão fílmica Os Outros (The Others, 2001), direção e roteiro de Alejandro Amenábar.","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"6 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"74869216","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p43-54
Débora Ventura Klayn Nascimento
Este artigo busca agregar estudos das ciências cognitivas e dos letramentos, com vistas a discutir o conceito de leitura e sua prática no ambiente escolar. Para isso, parte de postulações advindas do campo das ciências da cognição, tal como a noção de integração conceptual, relacionando-a a processos inerentes ao ato da leitura: ativação de conhecimentos prévios, mesclagem, integração, produção de inferências, entre outras ações. Na sequência, as discussões avançam para as contribuições dos estudos sobre letramentos, sendo atravessadas por observações advindas das teorias enunciativo-discursivas das linguagens. Nesse sentido, são problematizadas as visões autônoma e ideológica dos letramentos, discutindo-se suas implicações em práticas escolares de leitura. No decorrer das seções, os aportes teóricos de cada campo do saber são associados a discussões e exemplos sobre a prática de leitura em materiais didáticos e documentos oficiais do ensino de língua portuguesa no Brasil. As considerações finais do artigo revelam a importância da articulação de conceitos de diferentes campos do saber na busca pela contribuição com o repensar das práticas escolares de leitura.
{"title":"Conceitos em leitura:","authors":"Débora Ventura Klayn Nascimento","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p43-54","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p43-54","url":null,"abstract":"Este artigo busca agregar estudos das ciências cognitivas e dos letramentos, com vistas a discutir o conceito de leitura e sua prática no ambiente escolar. Para isso, parte de postulações advindas do campo das ciências da cognição, tal como a noção de integração conceptual, relacionando-a a processos inerentes ao ato da leitura: ativação de conhecimentos prévios, mesclagem, integração, produção de inferências, entre outras ações. Na sequência, as discussões avançam para as contribuições dos estudos sobre letramentos, sendo atravessadas por observações advindas das teorias enunciativo-discursivas das linguagens. Nesse sentido, são problematizadas as visões autônoma e ideológica dos letramentos, discutindo-se suas implicações em práticas escolares de leitura. No decorrer das seções, os aportes teóricos de cada campo do saber são associados a discussões e exemplos sobre a prática de leitura em materiais didáticos e documentos oficiais do ensino de língua portuguesa no Brasil. As considerações finais do artigo revelam a importância da articulação de conceitos de diferentes campos do saber na busca pela contribuição com o repensar das práticas escolares de leitura.","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"35 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"79789163","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p145-154
Diego Gomes do Valle
O presente artigo analisa a peça O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna, particularmente dando importância a seu protagonista, Euricão. Temos em tal personagem a representação cômica do avarento, daquele que sacrificou todos os luxos materiais em nome desse amor desordenado por uma porca repleta de dinheiro. A peça se encaminha tipicamente como uma comédia de erros, até que Euricão descobre estarem sem valor as notas. Nesse momento, o absurdo e a ausência de sentido da vida surgem diante do personagem, alçando-o a um patamar trágico, justamente nas três páginas finais. Para uma compreensão teórica desse périplo, especialmente Aristóteles, Frye, Jaeger e Camus nos serão úteis, pois tratam dos modos cômico e trágico a partir de perspectivas variadas e complementares. Almejamos, assim, trazer uma leitura que valorize as discussões provocadas pelo personagem central da peça e que prolongue seu alcance, especialmente no que se refere à questão mais importante da filosofia tradicional: o problema do mal e do sofrimento humano.
{"title":"Do cômico ao trágico em três páginas:","authors":"Diego Gomes do Valle","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p145-154","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p145-154","url":null,"abstract":"O presente artigo analisa a peça O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna, particularmente dando importância a seu protagonista, Euricão. Temos em tal personagem a representação cômica do avarento, daquele que sacrificou todos os luxos materiais em nome desse amor desordenado por uma porca repleta de dinheiro. A peça se encaminha tipicamente como uma comédia de erros, até que Euricão descobre estarem sem valor as notas. Nesse momento, o absurdo e a ausência de sentido da vida surgem diante do personagem, alçando-o a um patamar trágico, justamente nas três páginas finais. Para uma compreensão teórica desse périplo, especialmente Aristóteles, Frye, Jaeger e Camus nos serão úteis, pois tratam dos modos cômico e trágico a partir de perspectivas variadas e complementares. Almejamos, assim, trazer uma leitura que valorize as discussões provocadas pelo personagem central da peça e que prolongue seu alcance, especialmente no que se refere à questão mais importante da filosofia tradicional: o problema do mal e do sofrimento humano.","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"14 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"90341436","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p329-342
Gislaine da Silva Feitosa, A. C. Andrade
Neste trabalho, analisa-se a relação estabelecida entre a História e a Literatura na obra Desmundo. O romance, uma metaficção historiográfica, reconta criticamente um momento histórico da colonização brasileira, mas pela voz dos esquecidos, nesse caso, de mulheres. O objetivo desse artigo é analisar a revisão crítica da história que é operada por meio da perspectiva da narradora-protagonista Oribela, ou seja, a partir da visão de uma figura “excêntrica”. Tendo em vista que apenas o ponto de vista dos portugueses foi apresentado oficialmente na História, a perspectiva de Oribela ajuda a “preencher” as lacunas deixadas pela história oficial. Deste modo, os discursos da narradora-protagonista Oribela ora reproduzem, ora entram em embate com os discursos oficiais, constituindo uma intertextualidade com os enunciados históricos, além de representarem outras vozes ideológicas, fato que edifica a sua própria narração.
{"title":"Metaficção Historiográfica em Desmundo, de Ana Miranda","authors":"Gislaine da Silva Feitosa, A. C. Andrade","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p329-342","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p329-342","url":null,"abstract":"Neste trabalho, analisa-se a relação estabelecida entre a História e a Literatura na obra Desmundo. O romance, uma metaficção historiográfica, reconta criticamente um momento histórico da colonização brasileira, mas pela voz dos esquecidos, nesse caso, de mulheres. O objetivo desse artigo é analisar a revisão crítica da história que é operada por meio da perspectiva da narradora-protagonista Oribela, ou seja, a partir da visão de uma figura “excêntrica”. Tendo em vista que apenas o ponto de vista dos portugueses foi apresentado oficialmente na História, a perspectiva de Oribela ajuda a “preencher” as lacunas deixadas pela história oficial. Deste modo, os discursos da narradora-protagonista Oribela ora reproduzem, ora entram em embate com os discursos oficiais, constituindo uma intertextualidade com os enunciados históricos, além de representarem outras vozes ideológicas, fato que edifica a sua própria narração.","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"47 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"91036640","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p125-134
Matheus da Costa-Tatsch, Rosa Cardoso
Eduardo Galeano, com seus escritos críticos, fragmentários e subalternos, é certamente um dos personagens mais conhecidos da literatura uruguaia, embora ainda seja pouco abordado na academia. O presente artigo trata de apresentar a abordagem dos seus textos no ensino escolar e a importância não só da sua escrita, como da própria figura do autor no contexto latino-americano. A obra de Galeano, carregada de potência crítica e reflexiva sobre a América Latina, transita pelos mais variados temas, tais como particularidades regionais, cotidiano, temas sociais, arte, política ou futebol, entre outros. Neste estudo, discute-se o gênero fragmento utilizado por Galeano como proposta de leitura na sala de aula. Para tanto, busca-se apoio teórico em Gustavo Bombini, pesquisador de políticas e práticas de leitura, e em Annie Rouxel e seu grupo de pesquisa que investigam a subjetividade leitora. Com base nesses conceitos, defende-se a perspectiva que os textos de Eduardo Galeano permitem ao leitor o exercício da alteridade e do reconhecimento de si como parte da identidade latino-americana.
{"title":"A leitura de fragmentos de Eduardo Galeano:","authors":"Matheus da Costa-Tatsch, Rosa Cardoso","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p125-134","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p125-134","url":null,"abstract":"Eduardo Galeano, com seus escritos críticos, fragmentários e subalternos, é certamente um dos personagens mais conhecidos da literatura uruguaia, embora ainda seja pouco abordado na academia. O presente artigo trata de apresentar a abordagem dos seus textos no ensino escolar e a importância não só da sua escrita, como da própria figura do autor no contexto latino-americano. A obra de Galeano, carregada de potência crítica e reflexiva sobre a América Latina, transita pelos mais variados temas, tais como particularidades regionais, cotidiano, temas sociais, arte, política ou futebol, entre outros. Neste estudo, discute-se o gênero fragmento utilizado por Galeano como proposta de leitura na sala de aula. Para tanto, busca-se apoio teórico em Gustavo Bombini, pesquisador de políticas e práticas de leitura, e em Annie Rouxel e seu grupo de pesquisa que investigam a subjetividade leitora. Com base nesses conceitos, defende-se a perspectiva que os textos de Eduardo Galeano permitem ao leitor o exercício da alteridade e do reconhecimento de si como parte da identidade latino-americana.","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"21 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"83525072","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-13DOI: 10.5752/p.2358-3428.2021v25n55p54-91
V. Costa
Em relação ao que existia em música popular na década de 60, a proposta tropicalista mostrava-se completamente inovadora, sugerindo a criação de um outro estilo para as canções nacionais. Este artigo, por meio de duas canções de Caetano, defenderá que “Alegria, alegria” e “Baby” sintetizam de maneira precisa a essência do tropicalismo. Para tal, resgatará o contexto de criação e os objetivos do movimento, analisando após isso as canções mencionadas sob uma perspectiva multimodal (ROJO, 2012), levando em conta não só a letra, mas também a forma como a sonoridade constrói sentido de cada uma dessas faixas.
{"title":"\"Alegria, alegria\" e \"Baby\": as canções síntese do movimento tropicalista","authors":"V. Costa","doi":"10.5752/p.2358-3428.2021v25n55p54-91","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2021v25n55p54-91","url":null,"abstract":"Em relação ao que existia em música popular na década de 60, a proposta tropicalista mostrava-se completamente inovadora, sugerindo a criação de um outro estilo para as canções nacionais. Este artigo, por meio de duas canções de Caetano, defenderá que “Alegria, alegria” e “Baby” sintetizam de maneira precisa a essência do tropicalismo. Para tal, resgatará o contexto de criação e os objetivos do movimento, analisando após isso as canções mencionadas sob uma perspectiva multimodal (ROJO, 2012), levando em conta não só a letra, mas também a forma como a sonoridade constrói sentido de cada uma dessas faixas.","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"41 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-01-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"84164218","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-01-11DOI: 10.5752/p.2358-3428.2021v25n55p406-427
Luis Felipe Abreu
Este ensaio começa em um sinal; o hífen interposto por Jacques Derrida (2016) na grafia de ex-apropriação. Este quase-conceito opera demonstrando o paradoxo de propriedade existente no exercício da linguagem transcultural. Partindo da aporia que movimenta aquele ensaio, movimentamos nossa pesquisa à respeito de práticas de apropriação, cópia e imitação em textualidades contemporâneas. Neste texto, de caráter conceitual e exploratório, propomos um estudo da ex-apropriação como lógica dessas (re)escrituras. Na fulguração de seu hífen, buscamos entender a indecidibilidade deste lugar de fala transnacional também com a ideia entre-lugar, conforme elaborada por Silviano Santiago (2019). De forma a interrogar de modo localizado esta problemática, entendendo que ela só se dá na escritura, partimos a apresentar e debater duas experiências desse entre. Primeiro, o texto de Gloria Anzáldua em seu Borderlands/La frontera (1987), livro escrito em um inglês atravessado pelos dialetos da fronteira mexicana, discutindo a vivência do migrante. De modo semelhante, acionamos também as poéticas de Édouard Glissant (2005): seus estudos sobre como o regime econômico de escambos no Caribe cria uma cultura de trocas precárias, origem das línguas crioulas. Na leitura dos signos que emitem essas línguas bífidas, o ensaio vai concluir a produtividade de se enfocar o problema dos textos e trânsitos pós-nacionais pelo viés proprietário. Infere-se como as noções de ex-apropriação e entre-lugar suscitam esse aspecto, e permitem ler textos poéticos transculturais por tal chave – levando a uma compreensão da apropriação e da imitação como movimentos de um roubo que escancara a precária performance da posse.
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