Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p233-243
Natacha Dos Santos Esteves, W. Coqueiro
Não é de hoje que sujeitos pertencentes aos grupos minoritários têm encontrado formas de resistir perante situações de opressão e sua condição de marginalizados. No Brasil, desde o período escravocrata, os sujeitos negros têm vivenciado situações desumanizadoras e, consequentemente, foram relegados à margem da sociedade. O pós-modernismo, em meados do século XX, dentre suas elaborações plásticas em todas as manifestações artísticas, propiciou um espaço para a voz dos sujeitos ex-cêntricos – descentralizados. No romance O pequeno príncipe preto (2020), do escritor brasileiro Rodrigo França, constatamos uma nítida manifestação pós-moderna por tratar-se de uma paródia que mantêm relações intertextuais com a história dos povos africanos que foram submetidos a escravidão. Em vista disso, partindo das considerações de Linda Hutcheon sobre o pós-modernismo na literatura, no presente estudo analisar-se-á a ex-cêntricidade pós-moderna do príncipe preto, mostrando como o personagem recupera discursos históricos e os reinterpreta, questiona-os sem negá-los. No que diz respeito aos objetivos almejados, o presente estudo busca mostrar como uma narrativa infanto-juvenil contemporânea, cuja autor é oriundo de grupos minoritários, reverbera o discurso pós-moderno em níveis temáticos e formais.
{"title":"A ex-cêntrica negritude do Pequeno Príncipe Preto (2020):","authors":"Natacha Dos Santos Esteves, W. Coqueiro","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p233-243","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p233-243","url":null,"abstract":"Não é de hoje que sujeitos pertencentes aos grupos minoritários têm encontrado formas de resistir perante situações de opressão e sua condição de marginalizados. No Brasil, desde o período escravocrata, os sujeitos negros têm vivenciado situações desumanizadoras e, consequentemente, foram relegados à margem da sociedade. O pós-modernismo, em meados do século XX, dentre suas elaborações plásticas em todas as manifestações artísticas, propiciou um espaço para a voz dos sujeitos ex-cêntricos – descentralizados. No romance O pequeno príncipe preto (2020), do escritor brasileiro Rodrigo França, constatamos uma nítida manifestação pós-moderna por tratar-se de uma paródia que mantêm relações intertextuais com a história dos povos africanos que foram submetidos a escravidão. Em vista disso, partindo das considerações de Linda Hutcheon sobre o pós-modernismo na literatura, no presente estudo analisar-se-á a ex-cêntricidade pós-moderna do príncipe preto, mostrando como o personagem recupera discursos históricos e os reinterpreta, questiona-os sem negá-los. No que diz respeito aos objetivos almejados, o presente estudo busca mostrar como uma narrativa infanto-juvenil contemporânea, cuja autor é oriundo de grupos minoritários, reverbera o discurso pós-moderno em níveis temáticos e formais.","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"82350884","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p383-386
Juliana Cristina Salvadori
Nabil Araújo é doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professor de Teoria da Literatura na graduação e na pós-graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Editor Associado de Matraga – Revista do Programa de Pós-graduação em Letras da UERJ e coordernador do conselho editorial da Coleção Letras UERJ da EdUERJ. Líder do grupo de pesquisa interinstitucional “Retorno à Poética: imagologia, referenciação, genericidade” (CNPq). Orienta pesquisas de mestrado e de doutorado em Estudos Literários. Publicou diversas obras, dentre elas O evento comparatista: da morte da literatura comparada ao nascimento da crítica (EdUEL, 2019) e Teoria da Literatura e História da Crítica: momentos decisivos (EdUERJ, 2020). Por sua tese de doutorado, recebeu o Prêmio UFMG de Teses, em 2014, e o Prêmio ANPOLL de Teses, em 2016. Seu projeto “Ensino de literatura e desenvolvimento da competência crítica: uma ‘terceira via’ didático-pedagógica” foi premiado pela Fundação Carlos Chagas como a melhor experiência educativa inovadora realizada por docente de Licenciatura em 2014. Por duas vezes, em 2015 e em 2019, foi contemplado com o Prêmio Docência Dedicada ao Ensino Anísio Teixeira, conferido pela Pró-reitoria de Graduação da UERJ. Sua produção acadêmica com enfoque em teoria literária nos levou a convidá-lo a explorar a desleitura como operador conceitual e suas possibilidades para pensar a leitura e o ensino de literatura.
{"title":"Entrevista com o Prof. Dr. Nabil Araújo","authors":"Juliana Cristina Salvadori","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p383-386","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p383-386","url":null,"abstract":"Nabil Araújo é doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professor de Teoria da Literatura na graduação e na pós-graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Editor Associado de Matraga – Revista do Programa de Pós-graduação em Letras da UERJ e coordernador do conselho editorial da Coleção Letras UERJ da EdUERJ. Líder do grupo de pesquisa interinstitucional “Retorno à Poética: imagologia, referenciação, genericidade” (CNPq). Orienta pesquisas de mestrado e de doutorado em Estudos Literários. Publicou diversas obras, dentre elas O evento comparatista: da morte da literatura comparada ao nascimento da crítica (EdUEL, 2019) e Teoria da Literatura e História da Crítica: momentos decisivos (EdUERJ, 2020). Por sua tese de doutorado, recebeu o Prêmio UFMG de Teses, em 2014, e o Prêmio ANPOLL de Teses, em 2016. Seu projeto “Ensino de literatura e desenvolvimento da competência crítica: uma ‘terceira via’ didático-pedagógica” foi premiado pela Fundação Carlos Chagas como a melhor experiência educativa inovadora realizada por docente de Licenciatura em 2014. Por duas vezes, em 2015 e em 2019, foi contemplado com o Prêmio Docência Dedicada ao Ensino Anísio Teixeira, conferido pela Pró-reitoria de Graduação da UERJ. Sua produção acadêmica com enfoque em teoria literária nos levou a convidá-lo a explorar a desleitura como operador conceitual e suas possibilidades para pensar a leitura e o ensino de literatura.","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"843 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"79365580","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p168-183
David Silva
O estudo fundamenta-se no campo lexical da ludologia, o qual se dissemina, em palimpsesto, pelas páginas de “Cara-de-Bronze”, aqui concebido como uma metanarrativa ludopoética cuja decifração depende de habilidade, estratégia e sorte. O texto rosiano será percorrido em busca de eventuais pistas que permitam ligá-lo cabalmente ao espectro dos jogos, a fim de facultar a criação de metodologia lúdica que viabilize uma leitura divertida e inventiva da obra. Após breve panorama da história dos jogos, mormente o xadrez, foca-se na relação deste com a linguagem em lances famosos da literatura brasileira, até fechar em Guimarães Rosa, de quem se fala, também, primeiro em geral, para depois trabalhar especificamente o vocabulário da novela, a partir das variadas definições alternativas ofertadas por um dicionário. Por fim, tendo asseverado a concepção jocosa da novela, como testemunhado pelo próprio autor em cartas nas quais revelou o ludismo ocultado na construção de determinadas passagens exemplares, conclui-se pelo assenso de sua leitura também lúdica, extraindo da prática a metodologia imanente que terá embasado tal experiência analítica.
{"title":"De carona com o Grivo:","authors":"David Silva","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p168-183","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p168-183","url":null,"abstract":"O estudo fundamenta-se no campo lexical da ludologia, o qual se dissemina, em palimpsesto, pelas páginas de “Cara-de-Bronze”, aqui concebido como uma metanarrativa ludopoética cuja decifração depende de habilidade, estratégia e sorte. O texto rosiano será percorrido em busca de eventuais pistas que permitam ligá-lo cabalmente ao espectro dos jogos, a fim de facultar a criação de metodologia lúdica que viabilize uma leitura divertida e inventiva da obra. Após breve panorama da história dos jogos, mormente o xadrez, foca-se na relação deste com a linguagem em lances famosos da literatura brasileira, até fechar em Guimarães Rosa, de quem se fala, também, primeiro em geral, para depois trabalhar especificamente o vocabulário da novela, a partir das variadas definições alternativas ofertadas por um dicionário. Por fim, tendo asseverado a concepção jocosa da novela, como testemunhado pelo próprio autor em cartas nas quais revelou o ludismo ocultado na construção de determinadas passagens exemplares, conclui-se pelo assenso de sua leitura também lúdica, extraindo da prática a metodologia imanente que terá embasado tal experiência analítica.","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"88256219","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p184-196
Milene Gayer Goulart
Este artigo consiste em uma análise do romance Lorde (2014), do autor João Gilberto Noll, fundamentada nas teorias do Imaginário, propostas por Gilbert Durand (2012), Chevalier e Gueerbrant (1991), e nas considerações de Stuart Hall e Tadeu Tomaz da Silva (2000) acerca da construção da identidade. A literatura de Noll apresenta, como um de seus temas centrais, os conflitos na construção identitária do sujeito, abordando as relações dos protagonistas com o espaço, com o outro e com o próprio corpo. Na narrativa Lorde, o protagonista, um autor brasileiro inominado, é convidado a passar uma temporada na cidade de Londres, o que desencadeia uma série de questões identitárias. Diante da condição de estrangeiro e dos conflitos com a idade e com o corpo, em um processo de alteridade, o protagonista tem sua identidade reinventada, mesclada a de outras personagens, além de vivenciar situações que, de modo simbólico, fazem menção à ideia de renascimento.
本文以Gilbert Durand(2012)、Chevalier和Gueerbrant(1991)提出的想象理论为基础,分析joao Gilberto Noll的小说Lorde(2014),以及Stuart Hall和Tadeu Tomaz da Silva(2000)对身份建构的思考。诺尔的文学作品将主体身份建构中的冲突作为其中心主题之一,探讨主角与空间、与他人、与自己身体的关系。在叙述中,主人公,一位不知名的巴西作家,被邀请在伦敦度过一段时间,这引发了一系列的身份问题。面对陌生人的处境,以及与年龄和身体的冲突,在一个另类的过程中,主人公的身份被重新创造,与其他角色的身份融合在一起,并以一种象征性的方式体验到重生的想法。
{"title":"Lorde, de João Gilberto Noll:","authors":"Milene Gayer Goulart","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p184-196","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p184-196","url":null,"abstract":"Este artigo consiste em uma análise do romance Lorde (2014), do autor João Gilberto Noll, fundamentada nas teorias do Imaginário, propostas por Gilbert Durand (2012), Chevalier e Gueerbrant (1991), e nas considerações de Stuart Hall e Tadeu Tomaz da Silva (2000) acerca da construção da identidade. A literatura de Noll apresenta, como um de seus temas centrais, os conflitos na construção identitária do sujeito, abordando as relações dos protagonistas com o espaço, com o outro e com o próprio corpo. Na narrativa Lorde, o protagonista, um autor brasileiro inominado, é convidado a passar uma temporada na cidade de Londres, o que desencadeia uma série de questões identitárias. Diante da condição de estrangeiro e dos conflitos com a idade e com o corpo, em um processo de alteridade, o protagonista tem sua identidade reinventada, mesclada a de outras personagens, além de vivenciar situações que, de modo simbólico, fazem menção à ideia de renascimento.","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"35 5 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"81206477","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p283-298
Letícia Moraes
Desenvolvo neste estudo uma abordagem qualitativa dos dois projetos editoriais que transformaram em livro a carta autobiográfica que Patrícia Galvão, a Pagu (1910-1962), escreveu a seu segundo marido, Geraldo Ferraz (1905-1979), em 1940. A primeira publicação, de 2005, foi realizada pela Agir e a segunda, de 2020, pela Companhia das Letras. Considero tanto a carta autobiográfica de Pagu como as duas edições em livro como textos, com base nos conceitos contemporâneos de textualidade e textualização. Além disso, considero os textos escolhidos para esta análise como objetos linguístico-históricos, de acordo com a definição da análise do discurso francesa. Observando os produtos editoriais finais (livros), destaco como os conceitos que nortearam os dois projetos gráficos sugerem determinadas leituras, ou seja, indicam processos de textualização bastante distintos apesar de terem o mesmo documento original como ponto de partida do processo editorial.
在这项研究中,我发展了两个编辑项目的定性方法,这两个项目将帕特里西亚galvao, a Pagu(1910-1962)在1940年写给她的第二任丈夫杰拉尔多·费拉兹(1905-1979)的自传式信件变成了一本书。第一次出版于2005年,由Agir出版,第二次出版于2020年,由Companhia das Letras出版。我认为帕古的自传体书信和两个书本版本都是文本,基于当代的文本性和文本化概念。此外,根据法语语篇分析的定义,我认为为本次分析选择的文本是语言历史对象。通过观察最终的编辑产品(书籍),我强调了指导两个图形项目的概念是如何暗示某些阅读的,也就是说,它们表明了非常不同的文本化过程,尽管它们有相同的原始文件作为编辑过程的起点。
{"title":"Da carta ao livro:","authors":"Letícia Moraes","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p283-298","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p283-298","url":null,"abstract":"Desenvolvo neste estudo uma abordagem qualitativa dos dois projetos editoriais que transformaram em livro a carta autobiográfica que Patrícia Galvão, a Pagu (1910-1962), escreveu a seu segundo marido, Geraldo Ferraz (1905-1979), em 1940. A primeira publicação, de 2005, foi realizada pela Agir e a segunda, de 2020, pela Companhia das Letras. Considero tanto a carta autobiográfica de Pagu como as duas edições em livro como textos, com base nos conceitos contemporâneos de textualidade e textualização. Além disso, considero os textos escolhidos para esta análise como objetos linguístico-históricos, de acordo com a definição da análise do discurso francesa. Observando os produtos editoriais finais (livros), destaco como os conceitos que nortearam os dois projetos gráficos sugerem determinadas leituras, ou seja, indicam processos de textualização bastante distintos apesar de terem o mesmo documento original como ponto de partida do processo editorial.","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"244 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"73589194","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p270-282
Suelio Geraldo Pereira
Este trabalho pretendeu analisar o controle e a ordenação posta pelo Crianceiras, um aplicativo literário no qual o jogador, sendo igualmente um leitor, tem suas ações e interações delimitadas pelas possibilidades do dispositivo jogo. Transcorremos, então, as ideias de limite, ordenação suscitada pelo jogo e as de manipulação, controle inclusa na noção de dispositivo. Outro ponto que também levantamos nessa nossa leitura foi a do leitor, ou melhor, do “jogador-leitor”, aquele que tem uma leitura permissível apenas após submeter-se às dinâmicas do aplicativo literário. Balizando este nosso trabalho, como aportes teóricas, usufruímos das observações do historiador Huizinga (2019) e do filósofo italiano Agamben (2005, 2009, 2017) sobre jogo e dispositivo, além dos estudos críticos referente a leitura em aplicativos literários de Kirchof (2020), Almeida e Segabinazi (2019, 2020). Todavia, a nossa intenção não foi reprovar ou proibir o uso do Crianceiras, muito menos emitir um juízo de valor estético e de qualidades literárias, mas, demonstrar como o sujeito, o “jogador-leitor”, e suas ações, a de jogar e ler, são perpassadas pela ordenação, controle, manipulação, regra, possibilidade, limites...
{"title":"Aplicativo crianceiras:","authors":"Suelio Geraldo Pereira","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p270-282","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p270-282","url":null,"abstract":"Este trabalho pretendeu analisar o controle e a ordenação posta pelo Crianceiras, um aplicativo literário no qual o jogador, sendo igualmente um leitor, tem suas ações e interações delimitadas pelas possibilidades do dispositivo jogo. Transcorremos, então, as ideias de limite, ordenação suscitada pelo jogo e as de manipulação, controle inclusa na noção de dispositivo. Outro ponto que também levantamos nessa nossa leitura foi a do leitor, ou melhor, do “jogador-leitor”, aquele que tem uma leitura permissível apenas após submeter-se às dinâmicas do aplicativo literário. Balizando este nosso trabalho, como aportes teóricas, usufruímos das observações do historiador Huizinga (2019) e do filósofo italiano Agamben (2005, 2009, 2017) sobre jogo e dispositivo, além dos estudos críticos referente a leitura em aplicativos literários de Kirchof (2020), Almeida e Segabinazi (2019, 2020). Todavia, a nossa intenção não foi reprovar ou proibir o uso do Crianceiras, muito menos emitir um juízo de valor estético e de qualidades literárias, mas, demonstrar como o sujeito, o “jogador-leitor”, e suas ações, a de jogar e ler, são perpassadas pela ordenação, controle, manipulação, regra, possibilidade, limites...","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"44 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"82776962","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p343-359
J. C. Pereira
A leitura que aqui propomos mede as implicações de sentido do complexo processo de nomeação da voz narradora – a única voz que atravessa toda a trama fictional dos três romances de As Areias do Imperador. Parte, com esse propósito, da ponderação dos seus dois traços negativos. São eles: 1) o da sua impossibilidade de ser «pessoa», no mundo patriarcal de Nkokolani; 2) o seu ser um «nome de nenhum nome». A nossa análise porá em relevo o facto de que é a partir da reversão do seu sentido negativo que a sua voz deve passar a ser ouvida, já em Mulheres de Cinza. Fá-lo-á nela pondo em relevo, quer a instância do neutro – tal como Maurice Blanchot a define, em L’entretien infinit – quer a do tradutor... – tal como Mia Couto a pensa – como categorias relevantes da nossa leitura... E mostrará como ambas se entrecruzam, nos três romances da trilogia.
{"title":"Imani – “Uma sombra sem corpo”, em As Areias do Imperador","authors":"J. C. Pereira","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p343-359","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p343-359","url":null,"abstract":"A leitura que aqui propomos mede as implicações de sentido do complexo processo de nomeação da voz narradora – a única voz que atravessa toda a trama fictional dos três romances de As Areias do Imperador. Parte, com esse propósito, da ponderação dos seus dois traços negativos. São eles: 1) o da sua impossibilidade de ser «pessoa», no mundo patriarcal de Nkokolani; 2) o seu ser um «nome de nenhum nome». A nossa análise porá em relevo o facto de que é a partir da reversão do seu sentido negativo que a sua voz deve passar a ser ouvida, já em Mulheres de Cinza. Fá-lo-á nela pondo em relevo, quer a instância do neutro – tal como Maurice Blanchot a define, em L’entretien infinit – quer a do tradutor... – tal como Mia Couto a pensa – como categorias relevantes da nossa leitura... E mostrará como ambas se entrecruzam, nos três romances da trilogia.","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"32 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"90529701","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p299-312
A. C. S. E. Silva, Vinícius Carvalho Pereira
Neste artigo, propõe-se uma análise da obra A Visit from the Goon Squad em articulação com outros meios, especialmente as tecnologias digitais e a música. Para tanto, discute-se a evolução das tecnologias e seu diálogo com variadas produções artísticas de modo a articular a construção narrativa do romance e os novos modos de leitura que ele fomenta. Para esse propósito, utiliza-se como foco desta análise o penúltimo capítulo da obra, intitulado “Great Rock and Roll Pauses, by Alison Blake”, em que a apropriação da formatação de slides fornece subsídios para estabelecer uma discussão a respeito do uso de elementos visuais de outras tecnologias na narrativa e de como isso é feito para integrar aspectos da música de maneira mais contundente à obra.
在这篇文章中,我们提出分析作品A Visit from the Goon Squad结合其他媒体,特别是数字技术和音乐。为此,我们讨论了技术的发展及其与各种艺术作品的对话,以阐明小说的叙事结构及其促进的新阅读模式。为目标,重点是做分析的倒数第二章,题为“伟大的摇滚停顿,艾莉森•布雷克”的所有权的幻灯片格式提供补贴的使用讨论的其他技术,在叙事和视觉元素,目的是集成方面的音乐更有工作。
{"title":"A influência da tecnologia e da música na construção narrativa e nos processos de leitura de A Visit From the Goon Squad, de Jennifer Egan","authors":"A. C. S. E. Silva, Vinícius Carvalho Pereira","doi":"10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p299-312","DOIUrl":"https://doi.org/10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p299-312","url":null,"abstract":"Neste artigo, propõe-se uma análise da obra A Visit from the Goon Squad em articulação com outros meios, especialmente as tecnologias digitais e a música. Para tanto, discute-se a evolução das tecnologias e seu diálogo com variadas produções artísticas de modo a articular a construção narrativa do romance e os novos modos de leitura que ele fomenta. Para esse propósito, utiliza-se como foco desta análise o penúltimo capítulo da obra, intitulado “Great Rock and Roll Pauses, by Alison Blake”, em que a apropriação da formatação de slides fornece subsídios para estabelecer uma discussão a respeito do uso de elementos visuais de outras tecnologias na narrativa e de como isso é feito para integrar aspectos da música de maneira mais contundente à obra. ","PeriodicalId":52749,"journal":{"name":"Scripta Alumni","volume":"311 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-11-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"79991710","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p102-112
G. Cáffaro, Leonardo Correa, Henrique de Oliveira Lee
This article presents a discussion of the literary fragment and introduces the work of Olivia Dresher, an American anthologist, musician, and diarist, who has adopted Twitter as support for her intimate writings as of 2009. This preamble works as background to the exclusive interview with the writer reproduced here, through which we learn about Dresher’s formative years, her thoughts about the fragment, and the implications of writing on social media. The article highlights the relationship between fragmentary writing and modernity, and addresses the challenges underlying the analysis of fragments, which includes the very flexibility of these texts (which may take on a variety of forms), as well as the question of autobiography, as these productions are often of a personal, intimate nature. Olivia Dresher’s writings and anthologies – A silence of words (2019), In pieces: an anthology of fragmentary writing (2006), and Darkness and light: private writing as art (2000) – as well as works by theorists and critics such as Gerald L. Bruns, Philip Beitchman, and Leonor Arfuch have provided support for this study and for the presentation of Olivia’s thoughts in the interview.
本文讨论了这一文学片段,并介绍了奥利维亚·德雷舍(Olivia Dresher)的作品。德雷舍是一位美国选集学家、音乐家和日记作家,自2009年以来,她一直通过Twitter来支持自己的私密作品。这段序言是对作者的独家采访的背景,通过这段采访,我们了解了德雷希尔的成长岁月,她对片段的看法,以及在社交媒体上写作的含义。这篇文章强调了碎片写作与现代性之间的关系,并解决了碎片分析背后的挑战,其中包括这些文本的灵活性(可能采取各种形式),以及自传的问题,因为这些作品通常具有个人的、亲密的性质。Olivia Dresher的作品和选集——《沉默的话语》(2019)、《碎片:碎片写作选集》(2006)、《黑暗与光明:私人写作作为艺术》(2000)——以及Gerald L. Bruns、Philip Beitchman和Leonor Arfuch等理论家和评论家的作品,为本研究和Olivia在采访中表达的想法提供了支持。
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Pub Date : 2022-11-18DOI: 10.5752/p.2358-3428.2022v26n56p55-70
Susana Azevedo Reis, Christina Ferraz Musse
Este artigo tem como objetivo compreender quais são as práticas de leitura dos atuais clubes de assinatura de livros brasileiros. Para isso, iremos recorrer à metodologia de estudo de caso, analisando os protocolos de leitura do livro “A pintora de henna”, de Alka Joshi, enviado pelo Tag Livros, o clube com o maior número de assinantes do segmento adulto do país. O clube, a partir de um projeto transmídia, disponibiliza por meio do aplicativo Tag Livros uma série de conteúdos sobre a obra, além de fornecer um espaço para que os leitores debatam sobre o enredo. Assim, nossa proposta é discutir sobre os protocolos de leitura no contexto digital, recorrendo a pensadores como Roger Chartier (2011), Yvana Fechine (2014), Umberto Eco (2004), Lucia Santaella (2004;2013), e outros, em uma análise profunda sobre as novas formas de ler do século XXI.
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