Pub Date : 2024-11-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.104437
Thaís Muniz Vasconcelos , Christian de Alencar Siebra , Damaris Krul , Sabrina da Conceição Barbosa , Rodrigo Oliveira , Carolyn Gertruda Josephina Moonen , Luiza Souza Rodrigues , Libera Maria Dalla Costa
<div><h3>Introdução/objetivo</h3><div>A doença pneumocócica invasiva (DPI) refere-se à detecção de S. pneumoniae em sítios estéreis e essas infecções estão associadas a altas taxas de morbimortalidade na população pediátrica. Sorotipos distintos demonstram diferentes manifestações clínicas e epidemiológicas e a vacinação é a maneira mais eficaz de proteger a população pediátrica das DPI's. Este estudo tem como objetivo validar a criação de um banco de dados para sorotipagem pneumocócica usando a tecnologia de espectroscopia de infravermelho de Fourier (FT-IR) como uma alternativa rápida e fácil de executar à técnica clássica de sorotipagem, a reação de Quellung.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>Neste estudo, foi criado um banco de dados com 76 isolados clínicos de S. pneumoniae de pacientes pediátricos com DPI tratados em um hospital pediátrico terciário no sul do Brasil entre 2016-2023. Os isolados foram identificados pelo método proteômico (MALDI-TOF MS), enviados para determinar o sorotipo através da reação de Quellung e, em seguida, foram submetidos à tipagem capsular com base na espectroscopia FT-IR (IR-Biotyper, Bruker).</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Do total de 76 isolados, 18 sorotipos distintos foram identificados e distribuídos: 19ª, 6C, 3, 7C, 7F, 9N, 10ª, 14, 15ª, 15B, 15C, 18C, 33F, 16F, 22F, 23ª, 23B e 35B, dos quais os sorotipos 19ª, 6C e 3 foram os mais prevalentes. Foram criados 608 espectros (cada isolado foi testado em triplicata e quintuplicata) que possibilitaram a criação de um classificador. Uma matriz de 274/608 espectros foi selecionada para treinar o banco de dados que resultou em uma precisão preditiva de 96% de acurácia. Do número total de DPIs (76), 48 (63,2%) foram isolados de sangue, 15 (19,7%) de líquido pleural, 11 (14,5%) de líquido cefalorraquidiano e 2 (2,6%) de líquido ascítico e toracocentese.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>O IR-Biotyper demonstra ser uma ferramenta promissora para a identificação fenotípica de sorotipos de S. pneumoniae. No entanto, é extremamente importante obter dados mais robustos para aprimorar esse classificador, aumentando o número de isolados dos vários sorotipos no banco de dados. A validação da tecnologia IR Biotyper permite o monitoramento dos sorotipos circulantes em casos de DPI, apresentando baixo tempo de execução e custo, impactando positivamente as implicações clínicas, epidemiológicas e no gerenciamento dos pacientes.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>S. pneumoniae, FT-IR, DPI, Sorotipos, Pacientes pediátricos.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Não há conflitos de interesse.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos Ética</h3><div>Este estudo teve a aprovação para execução pelo Comité de Ética em Pesquisa do Hospital Pequeno Príncipe (número de referência: IRB #2.943.365).</div></div><div><h3>Financiamento</h3><div>Parte desse projeto foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
{"title":"ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO TRANSFORMADA DE FOURIER PARA CLASSIFICAÇÃO DE SOROTIPOS CAPSULARES DE Streptococcus pneumoniae DE PACIENTES PEDIÁTRICOS COM DOENÇA INVASIVA","authors":"Thaís Muniz Vasconcelos , Christian de Alencar Siebra , Damaris Krul , Sabrina da Conceição Barbosa , Rodrigo Oliveira , Carolyn Gertruda Josephina Moonen , Luiza Souza Rodrigues , Libera Maria Dalla Costa","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104437","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.104437","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução/objetivo</h3><div>A doença pneumocócica invasiva (DPI) refere-se à detecção de S. pneumoniae em sítios estéreis e essas infecções estão associadas a altas taxas de morbimortalidade na população pediátrica. Sorotipos distintos demonstram diferentes manifestações clínicas e epidemiológicas e a vacinação é a maneira mais eficaz de proteger a população pediátrica das DPI's. Este estudo tem como objetivo validar a criação de um banco de dados para sorotipagem pneumocócica usando a tecnologia de espectroscopia de infravermelho de Fourier (FT-IR) como uma alternativa rápida e fácil de executar à técnica clássica de sorotipagem, a reação de Quellung.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>Neste estudo, foi criado um banco de dados com 76 isolados clínicos de S. pneumoniae de pacientes pediátricos com DPI tratados em um hospital pediátrico terciário no sul do Brasil entre 2016-2023. Os isolados foram identificados pelo método proteômico (MALDI-TOF MS), enviados para determinar o sorotipo através da reação de Quellung e, em seguida, foram submetidos à tipagem capsular com base na espectroscopia FT-IR (IR-Biotyper, Bruker).</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Do total de 76 isolados, 18 sorotipos distintos foram identificados e distribuídos: 19ª, 6C, 3, 7C, 7F, 9N, 10ª, 14, 15ª, 15B, 15C, 18C, 33F, 16F, 22F, 23ª, 23B e 35B, dos quais os sorotipos 19ª, 6C e 3 foram os mais prevalentes. Foram criados 608 espectros (cada isolado foi testado em triplicata e quintuplicata) que possibilitaram a criação de um classificador. Uma matriz de 274/608 espectros foi selecionada para treinar o banco de dados que resultou em uma precisão preditiva de 96% de acurácia. Do número total de DPIs (76), 48 (63,2%) foram isolados de sangue, 15 (19,7%) de líquido pleural, 11 (14,5%) de líquido cefalorraquidiano e 2 (2,6%) de líquido ascítico e toracocentese.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>O IR-Biotyper demonstra ser uma ferramenta promissora para a identificação fenotípica de sorotipos de S. pneumoniae. No entanto, é extremamente importante obter dados mais robustos para aprimorar esse classificador, aumentando o número de isolados dos vários sorotipos no banco de dados. A validação da tecnologia IR Biotyper permite o monitoramento dos sorotipos circulantes em casos de DPI, apresentando baixo tempo de execução e custo, impactando positivamente as implicações clínicas, epidemiológicas e no gerenciamento dos pacientes.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>S. pneumoniae, FT-IR, DPI, Sorotipos, Pacientes pediátricos.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Não há conflitos de interesse.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos Ética</h3><div>Este estudo teve a aprovação para execução pelo Comité de Ética em Pesquisa do Hospital Pequeno Príncipe (número de referência: IRB #2.943.365).</div></div><div><h3>Financiamento</h3><div>Parte desse projeto foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104437"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142657946","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-11-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.104444
Luiz Felipe de Abreu Guimarães , Larissa de Oliveira Pereira , Tainara Moreira Curcio , Claudia Cristina Tavares de Sousa , Anderson Brito Azevedo , Samanta Teixeira Basto , Eduardo de Souza Martins Fernandes , Guilherme Santoro Lopes
Introdução
A frequência descrita de infecções fúngicas invasivas (IFI) em receptores de transplante hepático (TH) varia de 0 a 15%. Fatores que modulam o risco de IFI após TH incluem a ocorrência de complicações técnicas, necessidade de diálise, gravidade clínica dos receptores no momento do transplante, intensidade da imunossupressão, distribuição geográfica dos fungos e exposição aos mesmos. O uso de profilaxia antifúngica e os avanços nas técnicas cirúrgicas e no manejo do paciente submetido a TH levaram a redução expressiva do risco de IFI após TH: na era pré-MELD, a incidência chegava a 43%. Nas séries disponíveis, as causas mais frequentes das IFI após TH são candidíase invasiva, aspergilose invasiva e criptococose, representando, respectivamente, 68%, 11% e 6% das IFI ocorridas após TH. Dados brasileiros são escassos.
Materiais e métodos
Avaliação retrospectiva de coorte de pacientes submetidos a TH entre 2015 e 2020 quanto ao diagnóstico de IFI. Os métodos diagnósticos incluíram cultura, pesquisa de antígenos, sorologia e histopatologia. O diagnóstico de IFI foi definido conforme critérios previamente descritos pelo EORTC/MSG e atualizados em 2020. Resultados Durante o período de estudo, foram realizados 565 transplantes em 531 pacientes. A incidência de IFI foi de 4%. Entre os 21 episódios de IFI diagnosticados, houve 17 episódios comprovados (81%) e 4 prováveis (19%). As etiologias mais frequentes foram candidíase invasiva (14 casos, 67%) e criptococose (3 casos, 14%). 86% dos casos de candidíase foram causados por espécies não-albicans. Houve um caso diagnosticado de aspergilose, histoplasmose, pneumocistose e tricosporonose. O tempo transcorrido desde o transplante até o diagnóstico foi, em mediana, de 20 dias para candidíase invasiva e de 535 dias, para criptococose. A mortalidade em 30 dias foi de 29% para candidíase invasiva e 67% para criptococose.
Conclusões
A incidência de IFI nessa coorte de receptores de TH foi de 4%, com elevada mortalidade. A etiologia mais frequente foi Candida spp., com predomínio de espécies não-albicans. Após o período pós transplante precoce, criptococose representou a principal etiologia.
{"title":"EPIDEMIOLOGIA DAS INFECÇÕES FÚNGICAS INVASIVAS EM UMA COORTE CONTEMPORÂNEA DE RECEPTORES DE TRANSPLANTE HEPÁTICO","authors":"Luiz Felipe de Abreu Guimarães , Larissa de Oliveira Pereira , Tainara Moreira Curcio , Claudia Cristina Tavares de Sousa , Anderson Brito Azevedo , Samanta Teixeira Basto , Eduardo de Souza Martins Fernandes , Guilherme Santoro Lopes","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104444","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.104444","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>A frequência descrita de infecções fúngicas invasivas (IFI) em receptores de transplante hepático (TH) varia de 0 a 15%. Fatores que modulam o risco de IFI após TH incluem a ocorrência de complicações técnicas, necessidade de diálise, gravidade clínica dos receptores no momento do transplante, intensidade da imunossupressão, distribuição geográfica dos fungos e exposição aos mesmos. O uso de profilaxia antifúngica e os avanços nas técnicas cirúrgicas e no manejo do paciente submetido a TH levaram a redução expressiva do risco de IFI após TH: na era pré-MELD, a incidência chegava a 43%. Nas séries disponíveis, as causas mais frequentes das IFI após TH são candidíase invasiva, aspergilose invasiva e criptococose, representando, respectivamente, 68%, 11% e 6% das IFI ocorridas após TH. Dados brasileiros são escassos.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>Avaliação retrospectiva de coorte de pacientes submetidos a TH entre 2015 e 2020 quanto ao diagnóstico de IFI. Os métodos diagnósticos incluíram cultura, pesquisa de antígenos, sorologia e histopatologia. O diagnóstico de IFI foi definido conforme critérios previamente descritos pelo EORTC/MSG e atualizados em 2020. Resultados Durante o período de estudo, foram realizados 565 transplantes em 531 pacientes. A incidência de IFI foi de 4%. Entre os 21 episódios de IFI diagnosticados, houve 17 episódios comprovados (81%) e 4 prováveis (19%). As etiologias mais frequentes foram candidíase invasiva (14 casos, 67%) e criptococose (3 casos, 14%). 86% dos casos de candidíase foram causados por espécies não-albicans. Houve um caso diagnosticado de aspergilose, histoplasmose, pneumocistose e tricosporonose. O tempo transcorrido desde o transplante até o diagnóstico foi, em mediana, de 20 dias para candidíase invasiva e de 535 dias, para criptococose. A mortalidade em 30 dias foi de 29% para candidíase invasiva e 67% para criptococose.</div></div><div><h3>Conclusões</h3><div>A incidência de IFI nessa coorte de receptores de TH foi de 4%, com elevada mortalidade. A etiologia mais frequente foi Candida spp., com predomínio de espécies não-albicans. Após o período pós transplante precoce, criptococose representou a principal etiologia.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>Transplante hepático, Infecções fúngicas invasivas, Candidíase invasiva, Criptococose, Epidemiologia.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Não houve conflitos de interesse relacionados a esse trabalho.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos</h3><div>Não houve conflitos de interesse relacionados a esse trabalho.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104444"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142657874","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
O SARS-CoV-2 infecta células humanas através da interação entre sua proteína spike e enzima Conversora de Angiotenciana-2 (ACE2), que é um elemento-chave do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA). Assim, o SARS-CoV-2 pode induzir um desequilíbrio do SRAA levando, entre outros sintomas, à pneumonia grave associada à COVID-19. Nossa hipótese é que a ativação do receptor MAS pela 20-hidroxiecdisona (20E) poderia modular o braço protetor do SRAA, levando a uma taxa reduzida de insuficiência respiratória e morte precoce entre pacientes hospitalizados com COVID-19.
Objetivo
Foi testar se a ativação do receptor Mas pela 20-hidroxiecdisona (20E) poderia restaurar o equilíbrio do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona e reduzir a proporção de adultos hospitalizados por COVID-19 que evoluíram para insuficiência respiratória ou morte.
Métodos
Estudo de fase 2/3 duplo-cego, randomizado e controlado por placebo. Randomização: 20E oral 1:1 (350 mg, duas vezes ao dia) ou placebo, até 28 dias ou até que um desfecho seja alcançado. Tendo o desfecho primário como: mortalidade ou insuficiência respiratória que requer oxigênio de alto fluxo, ventilação mecânica ou oxigenação por membrana extracorpórea. E o desfecho secundário principal como: alta hospitalar após recuperação. Resultados: 238 pacientes foram randomizados entre 26 de agosto de 2020 e 8 de março de 2022. Uma redução no risco de morte precoce ou insuficiência respiratória foi observado no dia 28. 43,8% (p = 0,0426), HR 0,44, na população ITT e HR 0,41, (p = 0,037) na população PP. No dia 28, a proporção de pacientes que receberam alta após a recuperação foi de 80,1% e 70,9% nos grupos 20E e placebo, respectivamente (diferença ajustada 11,0%, IC 95% [-0,4%, 22,4%], p = 0,0586). Eventos adversos emergentes do tratamento de insuficiência respiratória foram mais frequentes no grupo placebo (22,7% vs. 31,7%), respectivamente.
Conclusão
20E reduziu significativamente o risco de morte ou insuficiência respiratória. Esta descoberta sugere que o 20E é um importante candidato a medicamento para tratar adultos hospitalizados com sintomas respiratórios graves devido à COVID-19.
Stanislas Veillet -Presidente da Biophitis. Suzana Lobo recebeu honorários para consultoria para Biophytis no ano 2023. Restante dos autores, nada a declarer.
{"title":"EFICÁCIA DA 20-HIDROXIECDISONA ORAL (20E) EM ADULTOS COM COVID-19 GRAVE (COVA): UM ESTUDO RANDOMIZADO, CONTROLADO POR PLACEBO, DE FASE 2/3","authors":"Estevão Portela Nunes , Adilson Joaquim Cavalcanti , Maria Lima Patelli , Fabiano Ramos , Ana Karolina Barreto Berselli Marinho , Ludmila Abrahão Hajjar , Suzana Margareth Lobo , Stanislas Veillet","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104396","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.104396","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>O SARS-CoV-2 infecta células humanas através da interação entre sua proteína spike e enzima Conversora de Angiotenciana-2 (ACE2), que é um elemento-chave do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA). Assim, o SARS-CoV-2 pode induzir um desequilíbrio do SRAA levando, entre outros sintomas, à pneumonia grave associada à COVID-19. Nossa hipótese é que a ativação do receptor MAS pela 20-hidroxiecdisona (20E) poderia modular o braço protetor do SRAA, levando a uma taxa reduzida de insuficiência respiratória e morte precoce entre pacientes hospitalizados com COVID-19.</div></div><div><h3>Objetivo</h3><div>Foi testar se a ativação do receptor Mas pela 20-hidroxiecdisona (20E) poderia restaurar o equilíbrio do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona e reduzir a proporção de adultos hospitalizados por COVID-19 que evoluíram para insuficiência respiratória ou morte.</div></div><div><h3>Métodos</h3><div>Estudo de fase 2/3 duplo-cego, randomizado e controlado por placebo. Randomização: 20E oral 1:1 (350 mg, duas vezes ao dia) ou placebo, até 28 dias ou até que um desfecho seja alcançado. Tendo o desfecho primário como: mortalidade ou insuficiência respiratória que requer oxigênio de alto fluxo, ventilação mecânica ou oxigenação por membrana extracorpórea. E o desfecho secundário principal como: alta hospitalar após recuperação. Resultados: 238 pacientes foram randomizados entre 26 de agosto de 2020 e 8 de março de 2022. Uma redução no risco de morte precoce ou insuficiência respiratória foi observado no dia 28. 43,8% (p = 0,0426), HR 0,44, na população ITT e HR 0,41, (p = 0,037) na população PP. No dia 28, a proporção de pacientes que receberam alta após a recuperação foi de 80,1% e 70,9% nos grupos 20E e placebo, respectivamente (diferença ajustada 11,0%, IC 95% [-0,4%, 22,4%], p = 0,0586). Eventos adversos emergentes do tratamento de insuficiência respiratória foram mais frequentes no grupo placebo (22,7% vs. 31,7%), respectivamente.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>20E reduziu significativamente o risco de morte ou insuficiência respiratória. Esta descoberta sugere que o 20E é um importante candidato a medicamento para tratar adultos hospitalizados com sintomas respiratórios graves devido à COVID-19.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>SARS-CoV-2, Insuficiência respiratória, 20-hidroxiecdisona.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Estudo patrocinado pela Biophytis.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos</h3><div>Stanislas Veillet -Presidente da Biophitis. Suzana Lobo recebeu honorários para consultoria para Biophytis no ano 2023. Restante dos autores, nada a declarer.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104396"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142657895","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-11-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.104432
Leonardo Lora Barraza , Tamiris Rosa Romer , Isabela Benites Malgarin , Nicole Levy Bergman , Maria Eduarda Gibbon Oliveira , Manuella Carvalho Macedo , Carolina Farias Nobre , Marcos Davi Gomes de Sousa
Introdução
A doença de Jorge Lobo é endêmica em regiões da bacia amazônica, causada pelo fungo Lacazia loboi. Representa um desafio diagnóstico e terapêutico devido ao pouco entendimento que se tem sobre essa micose subcutânea, à falta de um programa de controle dessa doença e à impossibilidade de cultura do seu agente etiológico. O conhecimento da epidemiologia da doença é fundamental para o diagnóstico.
Relato do caso
Masculino, 74 anos, proveniente da zona rural de Cruzeiro do Sul (Acre), com histórico de hipertensão arterial sistêmica e antecedente de hanseníase dimorfa tratada entre 2006 e 2007. Fazia uso contínuo das medicações: anlodipino, losartana e atenolol. Procurou serviço localizado na região sudeste, queixando-se de surgimento de lesão cutânea em perna esquerda havia 10 anos, com crescimento progressivo. Ao exame físico observamos placa policíclica com bordas eritematosas de aspecto nodular, assemelhando-se a queloides. Pesquisa de M. leprae foi negativa (baciloscopia zero). A biopsia da lesão evidenciou achados compatíveis com doença de Jorge Lobo. Iniciou-se itraconazol 200 mg ao dia e o paciente foi encaminhado para realização de cirurgia dermatológica para exérese da lesão. Segue em acompanhamento ambulatorial.
Comentários
O diagnóstico diferencial da lobomicose é amplo, incluindo hanseníase, leishmaniose tegumentar, paracoccidioidomicose, cromoblastomicose, feohifomicose, esporotricose, tuberculose cutânea, micetomas, sarcoma de Kaposi, sarcoidose, melanoma, cancer de pele não-melanoma, dermatofibrossarcoma, metástases cutâneas, entre outros. Deste modo, a procedência do paciente é fundamental para incluir esta entidade no rol de possíveis diagnósticos. Pelo fato de o agente etiológico da lobomicose não ser cultivável, o diagnóstico padrão ouro é a biopsia cutânea. O tratamento principal é a excisão cirúrgica ampla e profunda, visando evitar recidivas. Devido à fibrose que se desenvolve em casos de longa duração da doença, a ação tecidual de antifúngicos pode ser prejudicada, diminuindo sua eficácia, motivo pelo qual se recomenda o seu uso concomitante durante 12 a 24 meses acompanhado da abordagem cirúrgica.
Palavras-chave
Doença de Jorge Lobo, Micose Subcutânea, Diagnóstico Diferencial, Epidemiologia, Amazônia.
Conflitos de interesse
Não houve conflitos de interesse no presente trabalho.
Ética e financiamentos
Não houve conflitos de interesse no presente trabalho.
{"title":"LOBOMICOSE: A IMPORTÂNCIA DA EPIDEMIOLOGIA PARA O DIAGNÓSTICO","authors":"Leonardo Lora Barraza , Tamiris Rosa Romer , Isabela Benites Malgarin , Nicole Levy Bergman , Maria Eduarda Gibbon Oliveira , Manuella Carvalho Macedo , Carolina Farias Nobre , Marcos Davi Gomes de Sousa","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104432","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.104432","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>A doença de Jorge Lobo é endêmica em regiões da bacia amazônica, causada pelo fungo Lacazia loboi. Representa um desafio diagnóstico e terapêutico devido ao pouco entendimento que se tem sobre essa micose subcutânea, à falta de um programa de controle dessa doença e à impossibilidade de cultura do seu agente etiológico. O conhecimento da epidemiologia da doença é fundamental para o diagnóstico.</div></div><div><h3>Relato do caso</h3><div>Masculino, 74 anos, proveniente da zona rural de Cruzeiro do Sul (Acre), com histórico de hipertensão arterial sistêmica e antecedente de hanseníase dimorfa tratada entre 2006 e 2007. Fazia uso contínuo das medicações: anlodipino, losartana e atenolol. Procurou serviço localizado na região sudeste, queixando-se de surgimento de lesão cutânea em perna esquerda havia 10 anos, com crescimento progressivo. Ao exame físico observamos placa policíclica com bordas eritematosas de aspecto nodular, assemelhando-se a queloides. Pesquisa de M. leprae foi negativa (baciloscopia zero). A biopsia da lesão evidenciou achados compatíveis com doença de Jorge Lobo. Iniciou-se itraconazol 200 mg ao dia e o paciente foi encaminhado para realização de cirurgia dermatológica para exérese da lesão. Segue em acompanhamento ambulatorial.</div></div><div><h3>Comentários</h3><div>O diagnóstico diferencial da lobomicose é amplo, incluindo hanseníase, leishmaniose tegumentar, paracoccidioidomicose, cromoblastomicose, feohifomicose, esporotricose, tuberculose cutânea, micetomas, sarcoma de Kaposi, sarcoidose, melanoma, cancer de pele não-melanoma, dermatofibrossarcoma, metástases cutâneas, entre outros. Deste modo, a procedência do paciente é fundamental para incluir esta entidade no rol de possíveis diagnósticos. Pelo fato de o agente etiológico da lobomicose não ser cultivável, o diagnóstico padrão ouro é a biopsia cutânea. O tratamento principal é a excisão cirúrgica ampla e profunda, visando evitar recidivas. Devido à fibrose que se desenvolve em casos de longa duração da doença, a ação tecidual de antifúngicos pode ser prejudicada, diminuindo sua eficácia, motivo pelo qual se recomenda o seu uso concomitante durante 12 a 24 meses acompanhado da abordagem cirúrgica.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>Doença de Jorge Lobo, Micose Subcutânea, Diagnóstico Diferencial, Epidemiologia, Amazônia.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Não houve conflitos de interesse no presente trabalho.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos</h3><div>Não houve conflitos de interesse no presente trabalho.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104432"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142657941","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-11-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.104427
Maria Clara Ferreira Meleep , Josânia da Silva Lima
Introdução
A sífilis congênita (SC) ocorre em decorrência da transmissão da infecção por via transplacentária, e, com menor frequência, a partir do contato com lesões sifilíticas maternas no momento do parto. No Brasil, o diagnóstico, tratamento e controle da sífilis em gestantes são fornecidos por meio do Sistema Único de Saúde, com a Atenção Primária à Saúde, como porta de entrada para o cuidado. A notificação compulsória da SC é um indicador de qualidade de assistência à saúde e configura-se como subsídio para formulação de políticas públicas. Nesse contexto, as informações epidemiológicas são fundamentais para a avaliação, planejamento e tomada de decisões para o controle da sífilis. O presente estudo tem como objetivo descrever a incidência e o perfil dos casos de SC.
Materiais e métodos
Estudo retrospectivo, quantitativo, descritivo, a partir da análise de registros em prontuários maternos e de recém-nascidos notificados com sífilis congênita no Sistema de Informação de Agravos de Notificação em um hospital terciário da Zona da Mata Mineira, no período de 2020 e 2021. A incidência de SC foi calculada por 1.000 nascidos vivos.
Resultados
A incidência de SC foi de 29,04 casos, houve prematuridade (12,36%), baixo peso (18,47%) e tempo médio de internação hospitalar de 14 dias. Dos 92 recém-nascidos com SC, 11 (12,36) eram pré-termo (idade gestacional < 37 semanas), 17 (18,47%) tinham o peso < 2.500 gramas. Parcela expressiva dos neonatos (n = 66;71,74%) necessitou de internação em unidades de cuidado intermediários neonatais, com uso de cateter central de inserção periférica em 39 (42,39%). Todos os 92 (100%) recém-nascidos evoluíram para a alta hospitalar e não houve nenhum óbito registrado no período. As drogas utilizadas no tratamento foram: penicilina potássica (n = 52; 56,52%); benzilpenicilina benzatina (n = 15; 16,30%); penicilina G procaína (n = 4; 4.35%), combinação de benzilpenicilina procaína e benzilpenicilina potássica (n = 16; 17,39%) e de penicilina cristalina e amicacina (n = 5; 5,43%).
Conclusão
Identificou-se uma elevada incidência de SC na população estudada, com o perfil predominante de mulheres jovens, solteiras, negras, multigestas, em uso de álcool e drogas ilícitas, o que pode direcionar políticas públicas a esse perfil populacional. A falta de tratamento do parceiro sexual foi evidenciada em 40,45% dos casos. A SC ocasionou maior tempo de internação hospitalar em unidades de alta complexidade e realização de procedimentos invasivos.
Palavras-chave
Sífilis Congênita, Acesso aos Serviços de Saúde, Cuidado Pré-Natal.
{"title":"INCIDÊNCIA DE SÍFILIS CONGÊNITA: ESTUDO RETROSPECTIVO","authors":"Maria Clara Ferreira Meleep , Josânia da Silva Lima","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104427","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.104427","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>A sífilis congênita (SC) ocorre em decorrência da transmissão da infecção por via transplacentária, e, com menor frequência, a partir do contato com lesões sifilíticas maternas no momento do parto. No Brasil, o diagnóstico, tratamento e controle da sífilis em gestantes são fornecidos por meio do Sistema Único de Saúde, com a Atenção Primária à Saúde, como porta de entrada para o cuidado. A notificação compulsória da SC é um indicador de qualidade de assistência à saúde e configura-se como subsídio para formulação de políticas públicas. Nesse contexto, as informações epidemiológicas são fundamentais para a avaliação, planejamento e tomada de decisões para o controle da sífilis. O presente estudo tem como objetivo descrever a incidência e o perfil dos casos de SC.</div></div><div><h3>Materiais e métodos</h3><div>Estudo retrospectivo, quantitativo, descritivo, a partir da análise de registros em prontuários maternos e de recém-nascidos notificados com sífilis congênita no Sistema de Informação de Agravos de Notificação em um hospital terciário da Zona da Mata Mineira, no período de 2020 e 2021. A incidência de SC foi calculada por 1.000 nascidos vivos.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>A incidência de SC foi de 29,04 casos, houve prematuridade (12,36%), baixo peso (18,47%) e tempo médio de internação hospitalar de 14 dias. Dos 92 recém-nascidos com SC, 11 (12,36) eram pré-termo (idade gestacional < 37 semanas), 17 (18,47%) tinham o peso < 2.500 gramas. Parcela expressiva dos neonatos (n = 66;71,74%) necessitou de internação em unidades de cuidado intermediários neonatais, com uso de cateter central de inserção periférica em 39 (42,39%). Todos os 92 (100%) recém-nascidos evoluíram para a alta hospitalar e não houve nenhum óbito registrado no período. As drogas utilizadas no tratamento foram: penicilina potássica (n = 52; 56,52%); benzilpenicilina benzatina (n = 15; 16,30%); penicilina G procaína (n = 4; 4.35%), combinação de benzilpenicilina procaína e benzilpenicilina potássica (n = 16; 17,39%) e de penicilina cristalina e amicacina (n = 5; 5,43%).</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>Identificou-se uma elevada incidência de SC na população estudada, com o perfil predominante de mulheres jovens, solteiras, negras, multigestas, em uso de álcool e drogas ilícitas, o que pode direcionar políticas públicas a esse perfil populacional. A falta de tratamento do parceiro sexual foi evidenciada em 40,45% dos casos. A SC ocasionou maior tempo de internação hospitalar em unidades de alta complexidade e realização de procedimentos invasivos.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>Sífilis Congênita, Acesso aos Serviços de Saúde, Cuidado Pré-Natal.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Não houve conflitos de interesse.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos: Declaração de interesse</h3><div>Nenhum.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104427"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142657475","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.103895
Alexia Martines V. Silva, Thaina Monique G.S. Luz, Rafaela Soares Silva, Mariana Pinheiro A. Vasconcelos, Dhelio Batista Pereira
Introdução
Visando diminuir recaídas, o tratamento da malária foi modificado aumentando a dose diária da primaquina e reduzindo o tempo de tratamento. Essa estratégia parece ter aumentado episódios de metahemoglobinemia, ações oxidantes nas hemoglobinas, transformando as em metemoglobina (metaHb), que não possuem capacidade de transporte de oxigênio aos tecidos.
Objetivo
Analisar a prevalência de metemoglobina, seus níveis e manifestações clínicas.
Método
Os participantes foram atendidos no ambulatório de malária do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de Rondônia, em Porto Velho, no período de 2022 a 2023, com diagnóstico de metahemoglobinemia (MetaHB > 3,0%) em seus retornos. Foram avaliados níveis de metemoglobina e aspectos clínicos. Aprovado pelo CEP/CEPEM.
Resultados
Foram atendidos 5330 indivíduos e analisados 556 participantes com metahemoglobinemia (10,4%), com média de idade de 39 anos (DP 16), 68,2% eram do sexo masculino. Eram primoinfecção 135 indivíduos, destes 80,7% apresentavam valor de metaHb <10% (p < 0,001). Foram identificados 436 (78,6%) indivíduos que realizaram o tratamento com primaquina 7 dias e 98 (17,5%) primaquina 14 dias, 22 (3,9%) fizeram uso de primaquina em outro esquema. Estavam tomando o antimalárico 385 indivíduos, destes 83,9% apresentavam valor de metaHb < 10 (p < 0,001). Dos indivíduos analisados, 100 tiveram cefaleia, sendo 82% com valor de metaHb < 10 (p = 0,003), 74 tinha tontura, destes 79,8% com valor <10 (p = 0,002), 63 tinham náusea, destes 79,3% com valor < 10 (p = 0,003). 17 pessoas tinham dispneia, e 76,5% tinham valor de metaHb < 10 (p = 0,02). 10 tinha cianose e 86,5% tinham valor de metaHb < 10 (p = 0,06). Dos 259 participantes que retornaram entre 4 e 7 dias 55,6% apresentavam valores de metaHb entre 5,0 e 10,0. A saturação foi avaliada em 376, destes 31 (8,2%) tinham SO2 < 92%, sendo que todos esses tiveram metaHb > 5 (p < 0,001). 496 indivíduos retornaram em menos de 15 dias do diagnóstico de malária e 66,5% apresentavam metaHb > 5 (p < 0,001).
Conclusão
As manifestações clínicas estão diretamente relacionadas aos níveis de MetaHb. Entretanto, os sintomas estão presentes quando MetaHB < 10%, divergindo de estudos que sugerem o início dos sintomas com valor superior a 12%. É fundamental que os profissionais de saúde tenham conhecimento sobre a metaHb como complicação do tratamento de malária (10,4%), principalmente nas regiões endêmicas. O diagnóstico pode ser um desafio sem o auxílio do co-oximetro, mas características clínicas podem ser fundamentais.
{"title":"OR-18 - ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DE METAHEMOGLOBINA, SEUS NÍVEIS E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS","authors":"Alexia Martines V. Silva, Thaina Monique G.S. Luz, Rafaela Soares Silva, Mariana Pinheiro A. Vasconcelos, Dhelio Batista Pereira","doi":"10.1016/j.bjid.2024.103895","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.103895","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>Visando diminuir recaídas, o tratamento da malária foi modificado aumentando a dose diária da primaquina e reduzindo o tempo de tratamento. Essa estratégia parece ter aumentado episódios de metahemoglobinemia, ações oxidantes nas hemoglobinas, transformando as em metemoglobina (metaHb), que não possuem capacidade de transporte de oxigênio aos tecidos.</div></div><div><h3>Objetivo</h3><div>Analisar a prevalência de metemoglobina, seus níveis e manifestações clínicas.</div></div><div><h3>Método</h3><div>Os participantes foram atendidos no ambulatório de malária do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de Rondônia, em Porto Velho, no período de 2022 a 2023, com diagnóstico de metahemoglobinemia (MetaHB > 3,0%) em seus retornos. Foram avaliados níveis de metemoglobina e aspectos clínicos. Aprovado pelo CEP/CEPEM.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Foram atendidos 5330 indivíduos e analisados 556 participantes com metahemoglobinemia (10,4%), com média de idade de 39 anos (DP 16), 68,2% eram do sexo masculino. Eram primoinfecção 135 indivíduos, destes 80,7% apresentavam valor de metaHb <10% (p < 0,001). Foram identificados 436 (78,6%) indivíduos que realizaram o tratamento com primaquina 7 dias e 98 (17,5%) primaquina 14 dias, 22 (3,9%) fizeram uso de primaquina em outro esquema. Estavam tomando o antimalárico 385 indivíduos, destes 83,9% apresentavam valor de metaHb < 10 (p < 0,001). Dos indivíduos analisados, 100 tiveram cefaleia, sendo 82% com valor de metaHb < 10 (p = 0,003), 74 tinha tontura, destes 79,8% com valor <10 (p = 0,002), 63 tinham náusea, destes 79,3% com valor < 10 (p = 0,003). 17 pessoas tinham dispneia, e 76,5% tinham valor de metaHb < 10 (p = 0,02). 10 tinha cianose e 86,5% tinham valor de metaHb < 10 (p = 0,06). Dos 259 participantes que retornaram entre 4 e 7 dias 55,6% apresentavam valores de metaHb entre 5,0 e 10,0. A saturação foi avaliada em 376, destes 31 (8,2%) tinham SO<sub>2</sub> < 92%, sendo que todos esses tiveram metaHb > 5 (p < 0,001). 496 indivíduos retornaram em menos de 15 dias do diagnóstico de malária e 66,5% apresentavam metaHb > 5 (p < 0,001).</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>As manifestações clínicas estão diretamente relacionadas aos níveis de MetaHb. Entretanto, os sintomas estão presentes quando MetaHB < 10%, divergindo de estudos que sugerem o início dos sintomas com valor superior a 12%. É fundamental que os profissionais de saúde tenham conhecimento sobre a metaHb como complicação do tratamento de malária (10,4%), principalmente nas regiões endêmicas. O diagnóstico pode ser um desafio sem o auxílio do co-oximetro, mas características clínicas podem ser fundamentais.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 103895"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142571916","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.103912
Bianca Aparecida Siqueira, Ketlyn Oliveira Bredariol, Jéssica Paula Martins, Laís Chiavegato, Tais Mendes Camargo, Andréa de Melo Alexandre Fraga, Fernando Augusto Lima Marson
Introdução
A pandemia da COVID-19 causou um impacto negativo nos sistemas de saúde do mundo e, dentre eles, o Brasil foi um dos mais afetados. Concomitantemente, no Brasil, foi vivenciada a infecção pelo vírus influenza A e B que culminou com desafios adicionais ao sistema de saúde já sobrecarregado pela pandemia.
Objetivo
Descrever o epidemiológico dos pacientes hospitalizados decorrente da infecção pelo vírus influenza A e B durante a pandemia da COVID-19 e associar esse perfil com a propensão ao óbito.
Método
Os dados epidemiológicos dos pacientes foram coletados a partir do OpenDataSUS. Os pacientes foram agrupados de acordo com o tipo de vírus influenza (A e B) e os marcadores foram utilizados como preditores para o risco de óbito.
Resultados
Foram notificados 22.067 casos de infeção pelo vírus influenza, sendo 20.330 (92,1%) do tipo A. Houve predomínio do sexo feminino e de pessoas da raça branca. Adultos e idosos foram mais propensos a infecção viral. Os sinais e sintomas clínicos mais frequentes foram os de origem respiratória. Um total de 12.224 (55,4%) indivíduos apresentavam pelo menos uma comorbidade, dentre elas, as mais frequentes foram cardiomiopatia e diabetes mellitus. A UTI foi utilizada em 6.277 (28,4%) dos sujeitos sendo que a maioria deles necessitou de suporte ventilatório (59,2%). O óbito foi descrito em 3.212 (14,6%) casos sendo o maior risco associado à presença do vírus influenza A versus B [OR = 2,03 (IC95% = 1,70-2,42)]. Marcadores como idade avançada, ser autodeclarado como preto, miscigenado ou indígena, sinais e sintomas clínicos [e.g. dispneia, desconforto respiratório, saturação periférica de oxigênio < 95% e fadiga/astenia], comorbidades [e.g. doença respiratória crônica, cardiomiopatia, diabetes mellitus, doença neurológica ou hepática], necessidade de UTI e de suporte ventilatório invasivo e não invasivo foram mais comuns no grupo de pacientes que evoluíram para o óbito.
Conclusão
Pacientes hospitalizados devido a infeção pelo vírus influenza foram majoritariamente mulheres brancas com idade acima de 25 anos. Apresentaram, frequentemente, sintomas respiratórios e comorbidades prévias, com taxa de mortalidade de 14,7%. O maior risco de óbito foi associado ao tipo A do vírus com a necessidade de UTI e de suporte ventilatório. Outros fatores foram associados a maior predisposição ao óbito, com destaque para a idade avançada, presença de sintomas e sinais clínicos respiratórios e comorbidades específicas.
{"title":"OR-37 - PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES HOSPITALIZADOS DEVIDO A SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE CAUSADA PELA INFECÇÃO PELO VÍRUS INFLUENZA A E B NO BRASIL DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19: UM ESTUDO OBSERVACIONAL","authors":"Bianca Aparecida Siqueira, Ketlyn Oliveira Bredariol, Jéssica Paula Martins, Laís Chiavegato, Tais Mendes Camargo, Andréa de Melo Alexandre Fraga, Fernando Augusto Lima Marson","doi":"10.1016/j.bjid.2024.103912","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.103912","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>A pandemia da COVID-19 causou um impacto negativo nos sistemas de saúde do mundo e, dentre eles, o Brasil foi um dos mais afetados. Concomitantemente, no Brasil, foi vivenciada a infecção pelo vírus influenza A e B que culminou com desafios adicionais ao sistema de saúde já sobrecarregado pela pandemia.</div></div><div><h3>Objetivo</h3><div>Descrever o epidemiológico dos pacientes hospitalizados decorrente da infecção pelo vírus influenza A e B durante a pandemia da COVID-19 e associar esse perfil com a propensão ao óbito.</div></div><div><h3>Método</h3><div>Os dados epidemiológicos dos pacientes foram coletados a partir do OpenDataSUS. Os pacientes foram agrupados de acordo com o tipo de vírus influenza (A e B) e os marcadores foram utilizados como preditores para o risco de óbito.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Foram notificados 22.067 casos de infeção pelo vírus influenza, sendo 20.330 (92,1%) do tipo A. Houve predomínio do sexo feminino e de pessoas da raça branca. Adultos e idosos foram mais propensos a infecção viral. Os sinais e sintomas clínicos mais frequentes foram os de origem respiratória. Um total de 12.224 (55,4%) indivíduos apresentavam pelo menos uma comorbidade, dentre elas, as mais frequentes foram cardiomiopatia e diabetes mellitus. A UTI foi utilizada em 6.277 (28,4%) dos sujeitos sendo que a maioria deles necessitou de suporte ventilatório (59,2%). O óbito foi descrito em 3.212 (14,6%) casos sendo o maior risco associado à presença do vírus influenza A versus B [OR = 2,03 (IC95% = 1,70-2,42)]. Marcadores como idade avançada, ser autodeclarado como preto, miscigenado ou indígena, sinais e sintomas clínicos [e.g. dispneia, desconforto respiratório, saturação periférica de oxigênio < 95% e fadiga/astenia], comorbidades [e.g. doença respiratória crônica, cardiomiopatia, diabetes mellitus, doença neurológica ou hepática], necessidade de UTI e de suporte ventilatório invasivo e não invasivo foram mais comuns no grupo de pacientes que evoluíram para o óbito.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>Pacientes hospitalizados devido a infeção pelo vírus influenza foram majoritariamente mulheres brancas com idade acima de 25 anos. Apresentaram, frequentemente, sintomas respiratórios e comorbidades prévias, com taxa de mortalidade de 14,7%. O maior risco de óbito foi associado ao tipo A do vírus com a necessidade de UTI e de suporte ventilatório. Outros fatores foram associados a maior predisposição ao óbito, com destaque para a idade avançada, presença de sintomas e sinais clínicos respiratórios e comorbidades específicas.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 103912"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142571917","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.103901
Carolina Lazari, Miriã Virginio dos Santos, Celso Granato, Sonia Regina Silva Siciliano
Introdução
A dengue é a arbovirose urbana de maior incidência e um dos principais problemas de saúde pública no mundo. O agente causador da doença, membro da família Flaviviridae, é um vírus RNA classificado em quatro sorotipos (DENV 1 a 4). Os anticorpos produzidos durante a infecção conferem imunidade somente contra o sorotipo infectante e proteção parcial e temporária contra os outros três. O antígeno NS1 é uma das proteínas não estruturais do vírus, provavelmente envolvida em sua replicação. A maior parte da produção dessa proteína é secretada pela célula infectada na forma de um hexadímero solúvel. Sua alta concentração no soro dos pacientes nos primeiros 05 dias após o surgimento dos sintomas torna este antígeno um importante marcador para o diagnóstico precoce de dengue. Para sua detecção, um dos métodos utilizados é a imunocromatografia, caracterizada por manuseio simples e resultados rápidos.
Objetivo
Avaliar o desempenho analítico de 04 diferentes marcas de testes rápidos imunocromatográficos para a pesquisa de antígeno NS1 do vírus da dengue.
Método
Foram analisadas, utilizando 04 diferentes marcas (A, B, C e D) de teste rápido imunocromatográfico (TRI), 50 amostras de soro com resultados de pesquisa de antígeno NS1 de DENV previamente conhecidos por meio de método imunoenzimático. Os TRI foram processados conforme as instruções dos respectivos fabricantes. Os resultados obtidos foram comparados com os da metodologia de referência para cálculo da sensibilidade (S) e da especificidade (E) de cada marca.
Resultados
As marcas de TRI testadas tiveram o seguinte desempenho: marca A, S = 88% e E = 100%; marca B, S = 100% e E = 100%; marca C, S = 100% e E = 91%; e marca D, S = 95% e E = 100%.
Conclusão
Das 04 marcas avaliadas, 03 atenderam os requisitos de desempenho (S ≥ 95% e E ≥ 90%) definidos pelo Ministério da Saúde na nota técnica 16/2024. Embora possam ter acurácia inferior ao da metodologia imunoenzimática, os TRI para pesquisa de antígeno NS1 de DENV podem ser úteis para o diagnóstico precoce de dengue em momento epidêmicos, quando utilizados na janela adequada de tempo de evolução da doença.
{"title":"OR-26 - AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ANALÍTICO DE TESTES RÁPIDOS IMUNOCROMATOGRÁFICOS PARA PESQUISA DO ANTÍGENO NS1 DO VÍRUS DA DENGUE","authors":"Carolina Lazari, Miriã Virginio dos Santos, Celso Granato, Sonia Regina Silva Siciliano","doi":"10.1016/j.bjid.2024.103901","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.103901","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>A dengue é a arbovirose urbana de maior incidência e um dos principais problemas de saúde pública no mundo. O agente causador da doença, membro da família Flaviviridae, é um vírus RNA classificado em quatro sorotipos (DENV 1 a 4). Os anticorpos produzidos durante a infecção conferem imunidade somente contra o sorotipo infectante e proteção parcial e temporária contra os outros três. O antígeno NS1 é uma das proteínas não estruturais do vírus, provavelmente envolvida em sua replicação. A maior parte da produção dessa proteína é secretada pela célula infectada na forma de um hexadímero solúvel. Sua alta concentração no soro dos pacientes nos primeiros 05 dias após o surgimento dos sintomas torna este antígeno um importante marcador para o diagnóstico precoce de dengue. Para sua detecção, um dos métodos utilizados é a imunocromatografia, caracterizada por manuseio simples e resultados rápidos.</div></div><div><h3>Objetivo</h3><div>Avaliar o desempenho analítico de 04 diferentes marcas de testes rápidos imunocromatográficos para a pesquisa de antígeno NS1 do vírus da dengue.</div></div><div><h3>Método</h3><div>Foram analisadas, utilizando 04 diferentes marcas (A, B, C e D) de teste rápido imunocromatográfico (TRI), 50 amostras de soro com resultados de pesquisa de antígeno NS1 de DENV previamente conhecidos por meio de método imunoenzimático. Os TRI foram processados conforme as instruções dos respectivos fabricantes. Os resultados obtidos foram comparados com os da metodologia de referência para cálculo da sensibilidade (S) e da especificidade (E) de cada marca.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>As marcas de TRI testadas tiveram o seguinte desempenho: marca A, S = 88% e E = 100%; marca B, S = 100% e E = 100%; marca C, S = 100% e E = 91%; e marca D, S = 95% e E = 100%.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>Das 04 marcas avaliadas, 03 atenderam os requisitos de desempenho (S ≥ 95% e E ≥ 90%) definidos pelo Ministério da Saúde na nota técnica 16/2024. Embora possam ter acurácia inferior ao da metodologia imunoenzimática, os TRI para pesquisa de antígeno NS1 de DENV podem ser úteis para o diagnóstico precoce de dengue em momento epidêmicos, quando utilizados na janela adequada de tempo de evolução da doença.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 103901"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142571922","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.103951
Arthur Mota Pinheiro, Beatriz de Morais Pereira
Introdução
A Doença de Chagas (DC) é uma doença infecciosa causada pelo protozoário Trypanossoma cruzi, transmitido ao homem pelo contato com as fezes contaminadas de insetos triatomíneos, popularmente conhecidos como “barbeiros”. Considerando que sua epidemiologia é diretamente relacionada a condições socioeconômicas locais, torna-se importante a elaboração de um estudo detalhado acerca da distribuição dessa doença na população brasileira.
Objetivo
Analisar o perfil epidemiológico da DC nas 5 macrorregiões brasileiras entre 2012 e 2022.
Método
Estudo epidemiológico descritivo retrospectivo com base em dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificações do Sistema Único de Saúde (SINAN/DATASUS). Incluíram-se os casos confirmados de DC entre 2012 e 2022 no Brasil. As variáveis utilizadas foram ano do diagnóstico, sexo, região de notificação, modo provável de infecção e evolução.
Resultados
No período analisado, foram confirmados 3.219 casos de DC, sendo 1.732 homens (53,8%) e 1.487 mulheres (46,2%). Em relação às regiões de notificação, houve um predomínio na região Norte, com 3.068 casos (95,3%), seguida pelas regiões Nordeste, com 108 casos (3,4%), Sudeste com 20 (0,6%), Centro-Oeste com 14 (0,4%) e Sul com 9 (0,3%). Quanto aos modos prováveis de infecção, destaca-se o oral, com 2.625 casos (81,5%), seguido pelo vetorial com 226 (7%), vertical com 14 (0,4%) e acidental com 8 (0,3%), além dos 8 modos classificadas como “outro” (0,3%) e dos 338 ignorados (10,5%). Por fim, a evolução é marcada por 2.817 vivos (87,5%), tendo 40 óbitos pelo agravo notificado (1,2%) e 8 óbitos por outra causa associada (0,3%), além de 354 casos ignorados (11%).
Conclusão
A maioria dos casos de DC envolvem indivíduos do sexo masculino da região Norte do Brasil, principalmente pela transmissão oral, o que pode sugerir que essa parcela populacional é menos esclarecida em relação à importância de se higienizar os alimentos antes de ingerí-los ou que possui menos condições econômicas de comprar alimentos previamente higienizados. Já o baixo índice de óbitos deve ter relação com uma subnotificação elevada, visto que a DC é uma doença grave que não apresenta baixa morbi-mortalidade. Ainda, levando em conta as condições socioeconômicas de grande parte dos brasileiros, especialmente da região Norte, um possível raciocínio de conscientização populacional e busca por tratamento precoce como justificativa para tal número tende a ser descartado.
{"title":"EP-021 - PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA DOENÇA DE CHAGAS NO BRASIL ENTRE 2012 E 2022","authors":"Arthur Mota Pinheiro, Beatriz de Morais Pereira","doi":"10.1016/j.bjid.2024.103951","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.103951","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>A Doença de Chagas (DC) é uma doença infecciosa causada pelo protozoário Trypanossoma cruzi, transmitido ao homem pelo contato com as fezes contaminadas de insetos triatomíneos, popularmente conhecidos como “barbeiros”. Considerando que sua epidemiologia é diretamente relacionada a condições socioeconômicas locais, torna-se importante a elaboração de um estudo detalhado acerca da distribuição dessa doença na população brasileira.</div></div><div><h3>Objetivo</h3><div>Analisar o perfil epidemiológico da DC nas 5 macrorregiões brasileiras entre 2012 e 2022.</div></div><div><h3>Método</h3><div>Estudo epidemiológico descritivo retrospectivo com base em dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificações do Sistema Único de Saúde (SINAN/DATASUS). Incluíram-se os casos confirmados de DC entre 2012 e 2022 no Brasil. As variáveis utilizadas foram ano do diagnóstico, sexo, região de notificação, modo provável de infecção e evolução.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>No período analisado, foram confirmados 3.219 casos de DC, sendo 1.732 homens (53,8%) e 1.487 mulheres (46,2%). Em relação às regiões de notificação, houve um predomínio na região Norte, com 3.068 casos (95,3%), seguida pelas regiões Nordeste, com 108 casos (3,4%), Sudeste com 20 (0,6%), Centro-Oeste com 14 (0,4%) e Sul com 9 (0,3%). Quanto aos modos prováveis de infecção, destaca-se o oral, com 2.625 casos (81,5%), seguido pelo vetorial com 226 (7%), vertical com 14 (0,4%) e acidental com 8 (0,3%), além dos 8 modos classificadas como “outro” (0,3%) e dos 338 ignorados (10,5%). Por fim, a evolução é marcada por 2.817 vivos (87,5%), tendo 40 óbitos pelo agravo notificado (1,2%) e 8 óbitos por outra causa associada (0,3%), além de 354 casos ignorados (11%).</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>A maioria dos casos de DC envolvem indivíduos do sexo masculino da região Norte do Brasil, principalmente pela transmissão oral, o que pode sugerir que essa parcela populacional é menos esclarecida em relação à importância de se higienizar os alimentos antes de ingerí-los ou que possui menos condições econômicas de comprar alimentos previamente higienizados. Já o baixo índice de óbitos deve ter relação com uma subnotificação elevada, visto que a DC é uma doença grave que não apresenta baixa morbi-mortalidade. Ainda, levando em conta as condições socioeconômicas de grande parte dos brasileiros, especialmente da região Norte, um possível raciocínio de conscientização populacional e busca por tratamento precoce como justificativa para tal número tende a ser descartado.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 103951"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142571984","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.103930
Patrícia Marteleto Scanavez, Rodrigo de Carvalho Santana, Fernando Bellissimo-Rodrigues, Felipe Santos De Carvalho
Introdução
Sabemos que imunossuprimidos têm maior risco de desenvolvimento de formas graves de COVID-19, o que impacta na população PVHIV, em especial em SIDA ou naqueles sem tratamento. Também sabemos que essa população tem maiores chances de desenvolvimento de comorbidades, algumas relacionadas ao aumento desse risco. Reinfecções em COVID-19 são bem descritas, mas ainda temos discrepâncias epidemiológicas do perfil delas, em especial em PVHIV.
Objetivo
O objetivo é do relato é documentar um caso de reinfecção por SARS-CoV-2 em PVHIV pela mesma linhagem viral e através disso reiterar a importância de traçar o perfil de reinfecções nessa população para desenvolvimento de políticas públicas de saúde, visando atenuar o curso e morbimortalidade destas doenças e otimizar as medidas de prevenção.
Método
Foi realizado o relato de caso através de dados clínicos de prontuário e sequenciamento de nova geração dos RT-PCRs realizados no paciente, além de revisão de literatura.
Resultados
Masculino, 26 anos, PVHIV por transmissão vertical em SIDA, tratamento irregular, histórico de diversas infecções oportunistas (criptosporidíase, pneumocistose, CMV), DRC em TSR-HD devido GESF por HIV; apresentou quadro de infecção por SARS-CoV-2 em março/2021 pela variante P1 (gamma- identificada por sequenciamento de nova geração), quadro leve com sintomas como ageusia, mialgia, anosmia e tosse iniciados 5 dias antes da coleta RT-PCR COVID. Apresentou melhora clínica e após 6 meses, dentre outras intercorrências não relacionadas ao episódio, reinfecção por COVID19; novamente quadro brando, com tosse e coriza em setembro/2021, confirmado novamente P1.
Conclusão
A ausência de um consenso sobre a definição de reinfecção em nível mundial traz diferentes resultados sobre a frequência dessas em estudos que temos sobre o tema, inclusive alguns autores questionam a diferença entre eliminação de partículas virais (viral shedding) e nova infecção. Em especial em imunossuprimidos, esse questionamento é bastante válido, devido aos relatos de PCRs persistentemente positivos. No caso supracitado, o intervalo foi de 6 meses e o paciente teve melhora clínica e um novo episódio cronologicamente estabelecido, seguindo os critérios de reinfecção do CDC e ECDC. Destaca-se a importância da reinfecção ter sido pela mesma linhagem viral, ressaltando a necessidade de mais estudos de reinfecção por COVID-19 em PVHIV, visto o maior risco de COVID-19 grave na população em SIDA, naqueles sem tratamento do HIV ou naqueles com diversas comorbidades associadas.
{"title":"OR-55 - REINFECÇÃO PELA MESMA LINHAGEM DE SARS-COV-2 (P1) EM UM PACIENTE COM SIDA - UM RELATO DE CASO","authors":"Patrícia Marteleto Scanavez, Rodrigo de Carvalho Santana, Fernando Bellissimo-Rodrigues, Felipe Santos De Carvalho","doi":"10.1016/j.bjid.2024.103930","DOIUrl":"10.1016/j.bjid.2024.103930","url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>Sabemos que imunossuprimidos têm maior risco de desenvolvimento de formas graves de COVID-19, o que impacta na população PVHIV, em especial em SIDA ou naqueles sem tratamento. Também sabemos que essa população tem maiores chances de desenvolvimento de comorbidades, algumas relacionadas ao aumento desse risco. Reinfecções em COVID-19 são bem descritas, mas ainda temos discrepâncias epidemiológicas do perfil delas, em especial em PVHIV.</div></div><div><h3>Objetivo</h3><div>O objetivo é do relato é documentar um caso de reinfecção por SARS-CoV-2 em PVHIV pela mesma linhagem viral e através disso reiterar a importância de traçar o perfil de reinfecções nessa população para desenvolvimento de políticas públicas de saúde, visando atenuar o curso e morbimortalidade destas doenças e otimizar as medidas de prevenção.</div></div><div><h3>Método</h3><div>Foi realizado o relato de caso através de dados clínicos de prontuário e sequenciamento de nova geração dos RT-PCRs realizados no paciente, além de revisão de literatura.</div></div><div><h3>Resultados</h3><div>Masculino, 26 anos, PVHIV por transmissão vertical em SIDA, tratamento irregular, histórico de diversas infecções oportunistas (criptosporidíase, pneumocistose, CMV), DRC em TSR-HD devido GESF por HIV; apresentou quadro de infecção por SARS-CoV-2 em março/2021 pela variante P1 (gamma- identificada por sequenciamento de nova geração), quadro leve com sintomas como ageusia, mialgia, anosmia e tosse iniciados 5 dias antes da coleta RT-PCR COVID. Apresentou melhora clínica e após 6 meses, dentre outras intercorrências não relacionadas ao episódio, reinfecção por COVID19; novamente quadro brando, com tosse e coriza em setembro/2021, confirmado novamente P1.</div></div><div><h3>Conclusão</h3><div>A ausência de um consenso sobre a definição de reinfecção em nível mundial traz diferentes resultados sobre a frequência dessas em estudos que temos sobre o tema, inclusive alguns autores questionam a diferença entre eliminação de partículas virais (viral shedding) e nova infecção. Em especial em imunossuprimidos, esse questionamento é bastante válido, devido aos relatos de PCRs persistentemente positivos. No caso supracitado, o intervalo foi de 6 meses e o paciente teve melhora clínica e um novo episódio cronologicamente estabelecido, seguindo os critérios de reinfecção do CDC e ECDC. Destaca-se a importância da reinfecção ter sido pela mesma linhagem viral, ressaltando a necessidade de mais estudos de reinfecção por COVID-19 em PVHIV, visto o maior risco de COVID-19 grave na população em SIDA, naqueles sem tratamento do HIV ou naqueles com diversas comorbidades associadas.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 103930"},"PeriodicalIF":3.0,"publicationDate":"2024-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"142572698","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"OA","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}