Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103037
Narendra Babu Valobdás, Cristiane da Cruz Lamas, Roxana Flores Mamani, Marcelo Ribeiro Alves, Erica Aparecida dos Santos Ribeiro da Silva, Maria Cristina da Silva Lourenço, Thaisa Leocornyl, Beatriz Coelho, Sandra Wagner Cardoso
A infecção por S. aureus está associada a alta morbi-mortalidade. Estudo de coorte retrospectivo descrevendo infecção grave por S.aureus em pacientes internados de 2016 a 2021. Realizada busca nos registros de microbiologia e revisão de prontuários para coleta de dados. Análise estatística com R 4.0.1 Foram incluídos 67 pacientes, que apresentavam os seguintes sítios de infecção: 29 (43.3%) bacteremia e 38 infecções em outros sítios (lesão cutânea, pulmonar e outros). Eram homens 37 (55,2%); 69.4% negros, com idade mediana de 46 anos (IIQ = 31). As comorbidades mais frequentes em pessoas com infecção por S.aureus foram: Diabetes Mellitus (DM 17.9%), Hipertensão (13.4%), Doença Renal Crônica (DRC 11.9%), Câncer Recente (isto é, nos últimos 6 meses (CA 7.5%), Dermatopatia crônica (9%), e HTLV (9%), e pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHIV) 31(46,3%). Os PVHIV eram mais jovens que os não portadores do vírus (36 vs 60 anos, p < 0,001). A mediana do CD4 foi de 95 células/mm3, e 25/31 (75.8%) das PVHIV estavam em uso de terapia antirretroviral (TARV). Identificou- se que nos PVHIV, 7 (22%) já apresentavam-se colonizados por MRSA na admissão e que 20 (64%) PVHIV tinha infecção comunitária por S.aureus. Nos PVHIV afigurou- se uma prevalência de 38.7% de infecções por MRSA e destes, 100% era sensível a sulfametoxazol-trimetoprima (SXT), à doxiciclina e à linezolida; e 90% a clindamicina, mostrando-se fenotipicamente com padrão de MRSA comunitário. Internação em CTI ocorreu em 32.3% das PVHIV vs 50% (p = 0.22) dos soronegativos, e cerca de 1/3 das PVHIV e das soronegativas necessitou de suporte ventilatório de aminas e de HD. Registrou-se 25.8% de óbitos em 30 dias para os PVHIV vs 20% naqueles soronegativos para HIV (p = 0.789). Nosso estudo mostrou alta taxa de colonização por MRSA (38.7%) em PVHIV com infecção grave por S.aureus, maior que a descrita na população geral sem infecção por S.aureus (0.3% a 1.3%) e nos profissionais de saúde (1.3 a 2.3%). As comorbidades na população geral do estudo se assemelha àquelas descritas em outros estudos, como HIV, DM, Ca recente e condições que predispõem quebra de integridade cutânea – DRC. Observamos uma população mais jovem com S.aureus e HIV comparando com os soronegativos. Em consonância com a literatura, que coloca CD4<200 como um fator de risco para infecções estafilocóciccas, a mediana do CD4 foi de 95 nas PVHIV. Não houve diferença de desfechos graves entre PVHIV e os demais.
{"title":"PERFIL DE INFECÇÃO POR S. AUREUS EM PACIENTES INTERNADOS EM INSTITUTO DE REFERÊNCIA PARA INFECTOLOGIA, COM FOCO NAS PESSOAS VIVENDO COM HIV","authors":"Narendra Babu Valobdás, Cristiane da Cruz Lamas, Roxana Flores Mamani, Marcelo Ribeiro Alves, Erica Aparecida dos Santos Ribeiro da Silva, Maria Cristina da Silva Lourenço, Thaisa Leocornyl, Beatriz Coelho, Sandra Wagner Cardoso","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103037","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103037","url":null,"abstract":"A infecção por S. aureus está associada a alta morbi-mortalidade. Estudo de coorte retrospectivo descrevendo infecção grave por S.aureus em pacientes internados de 2016 a 2021. Realizada busca nos registros de microbiologia e revisão de prontuários para coleta de dados. Análise estatística com R 4.0.1 Foram incluídos 67 pacientes, que apresentavam os seguintes sítios de infecção: 29 (43.3%) bacteremia e 38 infecções em outros sítios (lesão cutânea, pulmonar e outros). Eram homens 37 (55,2%); 69.4% negros, com idade mediana de 46 anos (IIQ = 31). As comorbidades mais frequentes em pessoas com infecção por S.aureus foram: Diabetes Mellitus (DM 17.9%), Hipertensão (13.4%), Doença Renal Crônica (DRC 11.9%), Câncer Recente (isto é, nos últimos 6 meses (CA 7.5%), Dermatopatia crônica (9%), e HTLV (9%), e pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHIV) 31(46,3%). Os PVHIV eram mais jovens que os não portadores do vírus (36 vs 60 anos, p < 0,001). A mediana do CD4 foi de 95 células/mm3, e 25/31 (75.8%) das PVHIV estavam em uso de terapia antirretroviral (TARV). Identificou- se que nos PVHIV, 7 (22%) já apresentavam-se colonizados por MRSA na admissão e que 20 (64%) PVHIV tinha infecção comunitária por S.aureus. Nos PVHIV afigurou- se uma prevalência de 38.7% de infecções por MRSA e destes, 100% era sensível a sulfametoxazol-trimetoprima (SXT), à doxiciclina e à linezolida; e 90% a clindamicina, mostrando-se fenotipicamente com padrão de MRSA comunitário. Internação em CTI ocorreu em 32.3% das PVHIV vs 50% (p = 0.22) dos soronegativos, e cerca de 1/3 das PVHIV e das soronegativas necessitou de suporte ventilatório de aminas e de HD. Registrou-se 25.8% de óbitos em 30 dias para os PVHIV vs 20% naqueles soronegativos para HIV (p = 0.789). Nosso estudo mostrou alta taxa de colonização por MRSA (38.7%) em PVHIV com infecção grave por S.aureus, maior que a descrita na população geral sem infecção por S.aureus (0.3% a 1.3%) e nos profissionais de saúde (1.3 a 2.3%). As comorbidades na população geral do estudo se assemelha àquelas descritas em outros estudos, como HIV, DM, Ca recente e condições que predispõem quebra de integridade cutânea – DRC. Observamos uma população mais jovem com S.aureus e HIV comparando com os soronegativos. Em consonância com a literatura, que coloca CD4<200 como um fator de risco para infecções estafilocóciccas, a mediana do CD4 foi de 95 nas PVHIV. Não houve diferença de desfechos graves entre PVHIV e os demais.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"56 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246813","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103048
Maria da Conceição Saraiva, Juliana Lauar Gonçalves, Mariana Dias Lula, Patricia Ferreira Gomes, Emanuelle Dutra Oliveira, Victor Maycon Duarte Soares, Leticia Silva do Carmo, Simone Furtado dos Santos, Maria das Graças Braga
A dieta é um fator de risco modificável para anormalidades metabólicas prevalentes entre as pessoas vivendo com o HIV (PVHIV). Ademais, tem sido descrito que as PVHIV iniciando a terapia antirretroviral (TARV) com dolutegravir (DTG) aumentam o peso corporal. O objetivo deste estudo é avaliar a qualidade da dieta de pessoas iniciando a TARV com DTG atendidas em um serviço de referência em Belo Horizonte-MG. Estudo descritivo, com abordagem quantitativa, que integra o Projeto ECOART. Foram incluídos indivíduos com idade ≥ 18 anos que iniciaram a TARV com DTG entre fevereiro de 2017 e março de 2020. As características sociodemográficas dos indivíduos e as informações sobre a qualidade da dieta foram obtidas por meio de entrevistas face-a-face, nas quais foram aferidos os dados antropométricos. Dados sobre a TARV foram coletados do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM). Dados laboratoriais, como carga viral e contagem de LCD4+, foram obtidos do Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL). A qualidade da dieta foi avaliada utilizando o Índice de Qualidade da Dieta Associado ao Guia Alimentar Digital (IQD-GAD), baseado em 11 grupos alimentares. As análises descritivas foram realizadas utilizando o software SPSS v.22. Foram entrevistados 148 indivíduos, sendo 135 (91%) do sexo masculino, com idade média de 39,2 anos (DP = 11,1), tempo médio de uso de TARV de 4,6 anos (DP = 0,6) e 29 (19,6%) apresentavam carga viral > 100.000 cópias/mL no início da TARV. Do total de indivíduos, 71 (48%) estavam com excesso de peso e 36 (24%) estavam com obesidade abdominal. Entre os participantes, 42 (31,8%) estavam com dieta de baixa qualidade e apenas 1 (0,8%) com dieta de boa qualidade. Em geral, o consumo de frutas e hortaliças da população foi baixo, com escores médios de 5,5 e 5,6, respectivamente, sendo 15 a pontuação máxima para este grupo. O consumo de cereais refinados, açúcares e doces foi elevado, com escores médios alcançados pelos participantes de 2,1 sendo 5 a pontuação máxima para ambos os grupos. A qualidade da dieta foi predominantemente intermediária a baixa, com elevado consumo de carboidratos refinados, açúcares e doces, e baixo consumo de hortaliças e frutas. Os resultados evidenciam a importância do acompanhamento nutricional de PVHIV, com o objetivo de melhorar a qualidade da dieta, como potencial intervenção para prevenir e/ou retardar o início de comorbidades metabólicas.
{"title":"QUALIDADE DA DIETA DE PESSOAS INICIANDO A TERAPIA ANTIRRETROVIRAL COM DOLUTEGRAVIR EM UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM BELO HORIZONTE-MG","authors":"Maria da Conceição Saraiva, Juliana Lauar Gonçalves, Mariana Dias Lula, Patricia Ferreira Gomes, Emanuelle Dutra Oliveira, Victor Maycon Duarte Soares, Leticia Silva do Carmo, Simone Furtado dos Santos, Maria das Graças Braga","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103048","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103048","url":null,"abstract":"A dieta é um fator de risco modificável para anormalidades metabólicas prevalentes entre as pessoas vivendo com o HIV (PVHIV). Ademais, tem sido descrito que as PVHIV iniciando a terapia antirretroviral (TARV) com dolutegravir (DTG) aumentam o peso corporal. O objetivo deste estudo é avaliar a qualidade da dieta de pessoas iniciando a TARV com DTG atendidas em um serviço de referência em Belo Horizonte-MG. Estudo descritivo, com abordagem quantitativa, que integra o Projeto ECOART. Foram incluídos indivíduos com idade ≥ 18 anos que iniciaram a TARV com DTG entre fevereiro de 2017 e março de 2020. As características sociodemográficas dos indivíduos e as informações sobre a qualidade da dieta foram obtidas por meio de entrevistas face-a-face, nas quais foram aferidos os dados antropométricos. Dados sobre a TARV foram coletados do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM). Dados laboratoriais, como carga viral e contagem de LCD4+, foram obtidos do Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL). A qualidade da dieta foi avaliada utilizando o Índice de Qualidade da Dieta Associado ao Guia Alimentar Digital (IQD-GAD), baseado em 11 grupos alimentares. As análises descritivas foram realizadas utilizando o software SPSS v.22. Foram entrevistados 148 indivíduos, sendo 135 (91%) do sexo masculino, com idade média de 39,2 anos (DP = 11,1), tempo médio de uso de TARV de 4,6 anos (DP = 0,6) e 29 (19,6%) apresentavam carga viral > 100.000 cópias/mL no início da TARV. Do total de indivíduos, 71 (48%) estavam com excesso de peso e 36 (24%) estavam com obesidade abdominal. Entre os participantes, 42 (31,8%) estavam com dieta de baixa qualidade e apenas 1 (0,8%) com dieta de boa qualidade. Em geral, o consumo de frutas e hortaliças da população foi baixo, com escores médios de 5,5 e 5,6, respectivamente, sendo 15 a pontuação máxima para este grupo. O consumo de cereais refinados, açúcares e doces foi elevado, com escores médios alcançados pelos participantes de 2,1 sendo 5 a pontuação máxima para ambos os grupos. A qualidade da dieta foi predominantemente intermediária a baixa, com elevado consumo de carboidratos refinados, açúcares e doces, e baixo consumo de hortaliças e frutas. Os resultados evidenciam a importância do acompanhamento nutricional de PVHIV, com o objetivo de melhorar a qualidade da dieta, como potencial intervenção para prevenir e/ou retardar o início de comorbidades metabólicas.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"29 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246814","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103055
Thiago Pinho Cordeiro Araújo, Maria Fernanda Bahia Bacellar Souza, Monaliza Cardozo Rebouças, Priscila Alkmim de Oliveira Magnavita de Sousa, Ana Julia do Nascimento Araújo, Leonardo Bandeira Cerqueira Zollinger, Maria Alice Magalhães Marques, Rafaella Tambone Barral, Janli Kelly Pereira Fontes dos Santos, Marcio Pires dos Santos, José Adriano Goes Silva, Fabianna Márcia Maranhão Bahia
A terapia dupla 3TC/DTG (lamivudina/dolutegravir) em pessoas vivendo com HIV (PVHIV), estáveis e com supressão viral, foi liberada no Brasil em 2019. Os estudos com pacientes virgens de tratamento ou experimentados apresentaram excelentes resultados de supressão virológica a longo prazo. Objetivamos avaliar a supressão virológica de PVHIV em simplificação terapêutica com 3TC/DTG no CEDAP (Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa). Estudo longitudinal prospectivo da utilização na prática clínica de esquema antirretroviral (ARV) simplificado com 3TC/DTG há pelo menos 6 meses em PVHIV, maiores de 18 anos, em acompanhamento no CEDAP, entre 2019 a 2022, com carga viral (CV) pós simplificação disponível. Foi utilizada a CV para avaliação da resposta terapêutica e considerados “sucesso virológico” CV < 50 cópias/mL nas semanas 48 (sem48) e 96 (sem96) após a simplificação. A adesão foi avaliada pelo número de retiradas dos ARV e definida como “adesão suficiente” para retiradas superiores a 80%. O cálculo amostral considerou o poder estatístico de 80% e erro de 5%, com amostragem aleatória simples. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Sesab. A amostra foi composta por 223 PVHIV em uso de 3TC/DTG até 2022, com média de idade de 50,5 (±12,4) anos, 65,0% do sexo masculino, residentes em Salvador (83,0%), autodeclarados negros ou pardos (82,5%), com até 8 anos de estudo (69,0%). A média de linfócitos CD4 (CD4) pré-simplificação foi de 445,7 (±311,1) células/mm3. O número médio de esquemas ARV foi 3,0 (±1,4) e o tempo médio de tratamento de 9,8 (±5,4) anos até a simplificação. Do total de pacientes 99,1% mantiveram supressão virológica (<50 cópias) na semana 48 e 2 pacientes apresentaram carga viral detectada (1 paciente com CV = 179, que voltou à supressão no exame seguinte; 1 paciente com CV = 15184, com retirada irregular na farmácia por 3 meses antes do exame). Na semana 96, apenas 1 paciente apresentou carga viral detectada limítrofe (CV = 58 com adesão verificada; aguardando novo resultado). No geral, 89,2% (sem48) e 91,9%, (sem96) tiveram adesão suficiente após a simplificação. A simplificação com 3TC/DTG se mostrou uma estratégia segura como opção terapêutica na impossibilidade de uso de outros ITRNs, bem como na prevenção de eventos adversos devido terapia ARV longa. Estudos a longo prazo são necessários para confirmar a manutenção da eficácia.
{"title":"SIMPLIFICAÇÃO TERAPÊUTICA COM LAMIVUDINA (3TC) E DOLUTEGRAVIR (DTG) EM PESSOAS VIVENDO COM HIV NA BAHIA: DADOS DE VIDA REAL","authors":"Thiago Pinho Cordeiro Araújo, Maria Fernanda Bahia Bacellar Souza, Monaliza Cardozo Rebouças, Priscila Alkmim de Oliveira Magnavita de Sousa, Ana Julia do Nascimento Araújo, Leonardo Bandeira Cerqueira Zollinger, Maria Alice Magalhães Marques, Rafaella Tambone Barral, Janli Kelly Pereira Fontes dos Santos, Marcio Pires dos Santos, José Adriano Goes Silva, Fabianna Márcia Maranhão Bahia","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103055","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103055","url":null,"abstract":"A terapia dupla 3TC/DTG (lamivudina/dolutegravir) em pessoas vivendo com HIV (PVHIV), estáveis e com supressão viral, foi liberada no Brasil em 2019. Os estudos com pacientes virgens de tratamento ou experimentados apresentaram excelentes resultados de supressão virológica a longo prazo. Objetivamos avaliar a supressão virológica de PVHIV em simplificação terapêutica com 3TC/DTG no CEDAP (Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa). Estudo longitudinal prospectivo da utilização na prática clínica de esquema antirretroviral (ARV) simplificado com 3TC/DTG há pelo menos 6 meses em PVHIV, maiores de 18 anos, em acompanhamento no CEDAP, entre 2019 a 2022, com carga viral (CV) pós simplificação disponível. Foi utilizada a CV para avaliação da resposta terapêutica e considerados “sucesso virológico” CV < 50 cópias/mL nas semanas 48 (sem48) e 96 (sem96) após a simplificação. A adesão foi avaliada pelo número de retiradas dos ARV e definida como “adesão suficiente” para retiradas superiores a 80%. O cálculo amostral considerou o poder estatístico de 80% e erro de 5%, com amostragem aleatória simples. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Sesab. A amostra foi composta por 223 PVHIV em uso de 3TC/DTG até 2022, com média de idade de 50,5 (±12,4) anos, 65,0% do sexo masculino, residentes em Salvador (83,0%), autodeclarados negros ou pardos (82,5%), com até 8 anos de estudo (69,0%). A média de linfócitos CD4 (CD4) pré-simplificação foi de 445,7 (±311,1) células/mm3. O número médio de esquemas ARV foi 3,0 (±1,4) e o tempo médio de tratamento de 9,8 (±5,4) anos até a simplificação. Do total de pacientes 99,1% mantiveram supressão virológica (<50 cópias) na semana 48 e 2 pacientes apresentaram carga viral detectada (1 paciente com CV = 179, que voltou à supressão no exame seguinte; 1 paciente com CV = 15184, com retirada irregular na farmácia por 3 meses antes do exame). Na semana 96, apenas 1 paciente apresentou carga viral detectada limítrofe (CV = 58 com adesão verificada; aguardando novo resultado). No geral, 89,2% (sem48) e 91,9%, (sem96) tiveram adesão suficiente após a simplificação. A simplificação com 3TC/DTG se mostrou uma estratégia segura como opção terapêutica na impossibilidade de uso de outros ITRNs, bem como na prevenção de eventos adversos devido terapia ARV longa. Estudos a longo prazo são necessários para confirmar a manutenção da eficácia.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"20 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246817","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103616
Vinicius Nascimento dos Santos
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, de evolução insidiosa e crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. O diagnóstico tardio e o não tratamento estão associados a alta morbimortalidade. Descrever o cenário epidemiológico dos internamentos por hanseníase no Brasil. Estudo epidemiológico, baseado em dados dos internamentos por hanseníase no Brasil, obtidos no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH), na plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), de 2013 a 2022. Foram avaliadas variáveis do internamento - número de internamentos, região, estado, média de permanência hospitalar, taxa de mortalidade e custos; e relacionadas ao perfil dos pacientes internados - sexo, raça e faixa etária. No período, foram 40.906 internamentos por hanseníase no Brasil. O Nordeste, Sul e Sudeste, foram responsáveis, respectivamente, por 33,6%, 22,3% e 18,4% dos internamentos. Já os estados com mais hospitalizações foram Paraná (13,2%), Maranhão (11,7%), Pernambuco (8,7%), São Paulo (7,3%) e Santa Catarina (6,6%). Em números absolutos, mudanças significativas ocorreram nos últimos anos, como visto em 2018 (3712), 2019 (4075), 2020 (2700), 2021 (2668) e 2022 (3213). Salienta-se que 17,2% dos internamentos foram em decorrência de sequelas de hanseníase. Sobre o perfil dos pacientes, 65,5% eram do sexo masculino, 57,2% pardos/pretos e 63,4% tinham entre 20 e 59 anos. No país, a média de permanência na unidade hospitalar e a taxa de mortalidade foram, nessa ordem, 9,6 dias e 1,6 (por 100.000 habitantes), enquanto, nas regiões Sudeste e Nordeste foram de 12,7 e 9,0 dias e taxas de 1,6 e 2,1. Entre 2013 e 2022, os custos com as hospitalizações totalizaram R$ 36.147.235,43. Foi encontrado um número importante de internamentos por hanseníase no Brasil, com destaque para o Nordeste. Uma expressiva redução nas internações em 2020 e 2021, o que sugere impacto da pandemia de COVID-19, com possível agravamento do quadro, além de provável acúmulo de demanda para o sistema de saúde. Destaca-se ainda o alto custo com as hospitalizações. Diante desse cenário, é fundamental a implementação das políticas públicas de combate à hanseníase, em articulação com todos os níveis de assistência, de modo a potencializar as ações de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado, visando reduzir a morbimortalidade e, principalmente, a incapacidade física relacionada ao agravo.
{"title":"CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO DOS INTERNAMENTOS POR HANSENÍASE NO BRASIL","authors":"Vinicius Nascimento dos Santos","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103616","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103616","url":null,"abstract":"A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, de evolução insidiosa e crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. O diagnóstico tardio e o não tratamento estão associados a alta morbimortalidade. Descrever o cenário epidemiológico dos internamentos por hanseníase no Brasil. Estudo epidemiológico, baseado em dados dos internamentos por hanseníase no Brasil, obtidos no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH), na plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), de 2013 a 2022. Foram avaliadas variáveis do internamento - número de internamentos, região, estado, média de permanência hospitalar, taxa de mortalidade e custos; e relacionadas ao perfil dos pacientes internados - sexo, raça e faixa etária. No período, foram 40.906 internamentos por hanseníase no Brasil. O Nordeste, Sul e Sudeste, foram responsáveis, respectivamente, por 33,6%, 22,3% e 18,4% dos internamentos. Já os estados com mais hospitalizações foram Paraná (13,2%), Maranhão (11,7%), Pernambuco (8,7%), São Paulo (7,3%) e Santa Catarina (6,6%). Em números absolutos, mudanças significativas ocorreram nos últimos anos, como visto em 2018 (3712), 2019 (4075), 2020 (2700), 2021 (2668) e 2022 (3213). Salienta-se que 17,2% dos internamentos foram em decorrência de sequelas de hanseníase. Sobre o perfil dos pacientes, 65,5% eram do sexo masculino, 57,2% pardos/pretos e 63,4% tinham entre 20 e 59 anos. No país, a média de permanência na unidade hospitalar e a taxa de mortalidade foram, nessa ordem, 9,6 dias e 1,6 (por 100.000 habitantes), enquanto, nas regiões Sudeste e Nordeste foram de 12,7 e 9,0 dias e taxas de 1,6 e 2,1. Entre 2013 e 2022, os custos com as hospitalizações totalizaram R$ 36.147.235,43. Foi encontrado um número importante de internamentos por hanseníase no Brasil, com destaque para o Nordeste. Uma expressiva redução nas internações em 2020 e 2021, o que sugere impacto da pandemia de COVID-19, com possível agravamento do quadro, além de provável acúmulo de demanda para o sistema de saúde. Destaca-se ainda o alto custo com as hospitalizações. Diante desse cenário, é fundamental a implementação das políticas públicas de combate à hanseníase, em articulação com todos os níveis de assistência, de modo a potencializar as ações de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado, visando reduzir a morbimortalidade e, principalmente, a incapacidade física relacionada ao agravo.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"44 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246832","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103587
Geser Mascarenhas de Barros, João Pedro Bastos Andrade, Caroline Castro Vieira, Thamires Souza Pires, Caroline Santos Carvalho, Lindracy Luara Bollis Caliari, Áurea Paste
A higienização das mãos é uma das medidas mais eficazes para prevenir a disseminação de doenças infecciosas. A rotina correta, seja com água e sabão ou álcool em gel, ajuda a eliminar a microbiota transitória presente na pele e, assim, evitar a contaminação nos serviços de saúde. Logo, é de suma importância que os médicos em formação saibam higienizar as mãos de maneira correta. Nosso objetivo é avaliar o conhecimento de estudantes recém-ingressos na Faculdade de Medicina da Bahia em 2023.1 acerca do tema através de uma estação prática. Foram utilizadas uma solução de tinta fluorescente diluída em creme hidratante e uma caixa de luz negra. Foram selecionados apenas acadêmicos do primeiro semestre de 2023. Cada participante (n = 28) foi orientado a esfregar a solução nas mãos de modo a simular um ato de higienização com álcool em gel ou sabonete, de maneira análoga ao que cada um julgava ser a prática correta. Em seguida, as mãos foram expostas à caixa de luz negra, cujas propriedades físico-químicas faziam a solução fluorescente brilhar nos locais que o creme conseguiu atingir – correspondendo a uma limpeza eficaz. Os 5 parâmetros anatômicos adotados para a avaliação da degermação adequada seguiram as diretrizes estipuladas pela Organização Mundial de Saúde (OMS): palma das mãos; dorso das mãos; espaços interdigitais; extremidades dos dedos e primeiro quirodáctilo. Em uma análise de desempenho individual frente aos critérios avaliados, 21% dos participantes obtiveram pontuação máxima (5/5 critérios); 36% obtiveram 4/5; 36% obtiveram 3/5; 3,5% obtiveram 2/5 e 3,5% obtiveram 1/5. Considerando a quantidade total de acertos frente a cada parâmetro avaliado, atingimos: palma das mãos (93%); dorso das mãos (86%); espaços interdigitais (54%); extremidades dos dedos (57%) e primeiro quirodáctilo (79%). As variáveis “espaços interdigitais” e “extremidades dos dedos” foram as mais negligenciadas pelos participantes, refletindo importante carência de conhecimento nesses quesitos. Ademais, apenas um percentual diminuto da amostra (21%) atingiu a marca que nossa equipe julgou como adequada para uma limpeza plena. Assim, visto que a mão é uma das maiores fontes de contaminação no contexto de cuidados em saúde, urge uma abordagem mais aprofundada em higiene das mãos durante a formação acadêmica, de modo a aprimorar a técnica e prevenir a disseminação de doenças infecciosas, especialmente em ambiente hospitalar. higienização de mãos educação médica educação em infectologia liga acadêmica controle de infecções
{"title":"AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE MEDICINA RECÉM INGRESSOS NA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA (FMB-UFBA) SOBRE HIGIENE DAS MÃOS: ESTAÇÃO PRÁTICA DA LIGA ACADÊMICA DE INFECTOLOGIA DA BAHIA (LAIB)","authors":"Geser Mascarenhas de Barros, João Pedro Bastos Andrade, Caroline Castro Vieira, Thamires Souza Pires, Caroline Santos Carvalho, Lindracy Luara Bollis Caliari, Áurea Paste","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103587","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103587","url":null,"abstract":"A higienização das mãos é uma das medidas mais eficazes para prevenir a disseminação de doenças infecciosas. A rotina correta, seja com água e sabão ou álcool em gel, ajuda a eliminar a microbiota transitória presente na pele e, assim, evitar a contaminação nos serviços de saúde. Logo, é de suma importância que os médicos em formação saibam higienizar as mãos de maneira correta. Nosso objetivo é avaliar o conhecimento de estudantes recém-ingressos na Faculdade de Medicina da Bahia em 2023.1 acerca do tema através de uma estação prática. Foram utilizadas uma solução de tinta fluorescente diluída em creme hidratante e uma caixa de luz negra. Foram selecionados apenas acadêmicos do primeiro semestre de 2023. Cada participante (n = 28) foi orientado a esfregar a solução nas mãos de modo a simular um ato de higienização com álcool em gel ou sabonete, de maneira análoga ao que cada um julgava ser a prática correta. Em seguida, as mãos foram expostas à caixa de luz negra, cujas propriedades físico-químicas faziam a solução fluorescente brilhar nos locais que o creme conseguiu atingir – correspondendo a uma limpeza eficaz. Os 5 parâmetros anatômicos adotados para a avaliação da degermação adequada seguiram as diretrizes estipuladas pela Organização Mundial de Saúde (OMS): palma das mãos; dorso das mãos; espaços interdigitais; extremidades dos dedos e primeiro quirodáctilo. Em uma análise de desempenho individual frente aos critérios avaliados, 21% dos participantes obtiveram pontuação máxima (5/5 critérios); 36% obtiveram 4/5; 36% obtiveram 3/5; 3,5% obtiveram 2/5 e 3,5% obtiveram 1/5. Considerando a quantidade total de acertos frente a cada parâmetro avaliado, atingimos: palma das mãos (93%); dorso das mãos (86%); espaços interdigitais (54%); extremidades dos dedos (57%) e primeiro quirodáctilo (79%). As variáveis “espaços interdigitais” e “extremidades dos dedos” foram as mais negligenciadas pelos participantes, refletindo importante carência de conhecimento nesses quesitos. Ademais, apenas um percentual diminuto da amostra (21%) atingiu a marca que nossa equipe julgou como adequada para uma limpeza plena. Assim, visto que a mão é uma das maiores fontes de contaminação no contexto de cuidados em saúde, urge uma abordagem mais aprofundada em higiene das mãos durante a formação acadêmica, de modo a aprimorar a técnica e prevenir a disseminação de doenças infecciosas, especialmente em ambiente hospitalar. higienização de mãos educação médica educação em infectologia liga acadêmica controle de infecções","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"22 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246844","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103408
Marinei Campos Ricieri, Leonora Lacerda Calsavara, Erika Medeiros dos Santos, Bianca Sestren, Laura de Andrade Lanzoni, Fábio de Araújo Motta
Os hospitais são ambientes propícios para seleção de Microrganismos (MO) resistentes devido a superexposição aos antimicrobianos. Entre esses MO, alguns Bacilos Gram-Negativos (BGN) multirresistentes estão na lista de agentes prioritários para a OMS. O objetivo dessa pesquisa foi descrever o perfil epidemiológico das culturas positivas por BGN produtoras de Carbapenemases (CARB) isoladas de pacientes hospitalizados em um hospital pediátrico. Estudo quantitativo, documental retrospectivo conduzido em um hospital pediátrico em Curitiba. Foram coletados os resultados de culturas e testes fenotípicos (MCIM e ECIM) em amostras de sangue, aspirado traqueal, lavado broncoalveolar, líquidos nobres (líquor, ascítico) e urina, provenientes de pacientes (0 a 18 anos) atendidos entre Jan/20 a Dez/21. O total de amostras analisadas foi 1441 (em 2020) e 1796 (em 2021). O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética com o número 5.690.088. Para a família Enterobacteriaceae, as maiores frequências de isolados de CARB em 2020 e 2021 foram, respectivamente, líquidos nobres (17%) e amostras respiratórias (75%). A Klebsiella pneumoniae foi a principal espécie identificada. Para os isolados não-fermentadores de glicose (NFG), em 2020 e 2021, a distribuição de resistência por CARB detectadas foi em culturas de líquidos nobres (20%) e urina (25%), respectivamente. Acinetobacter baumannii e a Pseudomonas aeruginosa foram as espécies mais comumente recuperadas. Quanto as classes de CARB mais frequentes, entre os anos de 2020 e 2021, as metalo-betalactamases representaram 35% e 44% e as serino-carbapenemases, 26% e 56%. Com relação a identificação de CARB por biologia molecular, os resultados foram em 2020 os genes bla-NDM (28%) e bla-KPC (9%); em 2021, o perfil muda para genes bla-SPM (25%) e bla-NDM (7%). Outro resultado é a detecção de isolados resistentes aos CARB por mecanismos não enzimáticos, tais como perda de porinas e ativação de bombas de efluxo. Em 2020 tivemos 14% e 2021 foi 12%. Acompanhar anualmente o perfil epidemiológico de multirresistência atende a uma das principais ações dos programas de gerenciamento de antimicrobianos, porque permite observar se os resultados seguem o padrão local e nacional de resistência. Nessa casuística, as cepas produtoras de CARB e genes de resistência são semelhantes ao encontrado no estado do Paraná e Brasil, segundo os boletins epidemiológicos do período.
{"title":"PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS PRODUTORAS DE CARBAPENEMASES EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO","authors":"Marinei Campos Ricieri, Leonora Lacerda Calsavara, Erika Medeiros dos Santos, Bianca Sestren, Laura de Andrade Lanzoni, Fábio de Araújo Motta","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103408","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103408","url":null,"abstract":"Os hospitais são ambientes propícios para seleção de Microrganismos (MO) resistentes devido a superexposição aos antimicrobianos. Entre esses MO, alguns Bacilos Gram-Negativos (BGN) multirresistentes estão na lista de agentes prioritários para a OMS. O objetivo dessa pesquisa foi descrever o perfil epidemiológico das culturas positivas por BGN produtoras de Carbapenemases (CARB) isoladas de pacientes hospitalizados em um hospital pediátrico. Estudo quantitativo, documental retrospectivo conduzido em um hospital pediátrico em Curitiba. Foram coletados os resultados de culturas e testes fenotípicos (MCIM e ECIM) em amostras de sangue, aspirado traqueal, lavado broncoalveolar, líquidos nobres (líquor, ascítico) e urina, provenientes de pacientes (0 a 18 anos) atendidos entre Jan/20 a Dez/21. O total de amostras analisadas foi 1441 (em 2020) e 1796 (em 2021). O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética com o número 5.690.088. Para a família Enterobacteriaceae, as maiores frequências de isolados de CARB em 2020 e 2021 foram, respectivamente, líquidos nobres (17%) e amostras respiratórias (75%). A Klebsiella pneumoniae foi a principal espécie identificada. Para os isolados não-fermentadores de glicose (NFG), em 2020 e 2021, a distribuição de resistência por CARB detectadas foi em culturas de líquidos nobres (20%) e urina (25%), respectivamente. Acinetobacter baumannii e a Pseudomonas aeruginosa foram as espécies mais comumente recuperadas. Quanto as classes de CARB mais frequentes, entre os anos de 2020 e 2021, as metalo-betalactamases representaram 35% e 44% e as serino-carbapenemases, 26% e 56%. Com relação a identificação de CARB por biologia molecular, os resultados foram em 2020 os genes bla-NDM (28%) e bla-KPC (9%); em 2021, o perfil muda para genes bla-SPM (25%) e bla-NDM (7%). Outro resultado é a detecção de isolados resistentes aos CARB por mecanismos não enzimáticos, tais como perda de porinas e ativação de bombas de efluxo. Em 2020 tivemos 14% e 2021 foi 12%. Acompanhar anualmente o perfil epidemiológico de multirresistência atende a uma das principais ações dos programas de gerenciamento de antimicrobianos, porque permite observar se os resultados seguem o padrão local e nacional de resistência. Nessa casuística, as cepas produtoras de CARB e genes de resistência são semelhantes ao encontrado no estado do Paraná e Brasil, segundo os boletins epidemiológicos do período.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"44 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246857","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103410
Maria Eduarda Marques Ferreira, Marcela Marinho de Andrade, Anthony Luiz Marques da Silva
A população senil que em sua maior parte realizou durante a vida múltiplos tratamentos medicamentosos, seja antibioticoterapias ou não, assim como internações hospitalares e tratamentos em saúde, tem maior risco de ter colonizações bacterianas resistentes à alguma classe de antibióticos. O fato desses pacientes estarem portando bactérias resistentes, traz maior possibilidade de contaminações cruzadas mesmo sendo aplicada a precaução padrão. Dessa forma, utilizamos critérios para aplicação da precaução de contato por vigilância e testamos esses pacientes para avaliar a prevalência de colonização por bactérias resistentes, assim diminuímos os riscos invisíveis relacionados às contaminações cruzadas em pacientes que numa hipótese diagnóstica não se investiga culturas de colonização bacteriana resistente. Calcular a prevalência de colonização por bactérias Resistentes em pacientes internados no Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa em Recife-PE e adesão às respectivas precauções de contato por vigilância. Pacientes foram submetidos à precaução de contato por vigilância os idosos que eram provenientes de internações anteriores, de clínicas de hemodiálise, unidades de pronto atendimentos ou policlínicas com tempo de atendimento/internação maior que 48h e instituições de longa permanência, todos foram submetidos ao teste de colonização por swab retal. Os resultados foram compilados em planilha Excel de controle do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar. Com esses dados, foi calculado a taxa de prevalência anual de colonizações por bactérias multi resistentes, produtoras de Carbapenemase, e Vancomicina resistente. Foi obtido uma taxa de prevalência anual de 18% de indivíduos com culturas de colonização positivas para bactérias resistentes, produtoras de carbapenemase e Vancomicina resistentes, desses, todos permaneceram em precaução de contato, havendo sido aplicado a precaução desde à admissão ao preencher os critérios de precaução de contato por vigilância. Com essa taxa de prevalência em um serviço de referência a pessoas idosas, infere-se que a cada 100 pacientes 18 estão colonizados com bactérias resistentes. Essas culturas foram solicitadas para todos os pacientes que preencheram os critérios citados. Ao apresentar resultados positivos, continuavam em precaução até alta hospitalar. Essas medidas reduziram/reduzem o risco de contaminações cruzadas, além de redução do risco de surtos por bactérias.
大多数老年人一生中接受过多种药物治疗,无论是抗生素治疗还是非抗生素治疗,以及住院和保健治疗,对某些抗生素类抗生素具有耐药性的细菌定植的风险更高。事实上,这些患者携带耐药细菌,即使采用标准预防措施,交叉污染的可能性也更大。因此,我们使用监测接触预防的应用标准,并对这些患者进行测试,以评估耐药细菌定植的患病率,从而降低在诊断假设中未调查耐药细菌定植培养的患者中与交叉污染相关的无形风险。计算累西腓Eduardo Campos da Pessoa Idosa医院住院患者耐药细菌定植的患病率,并通过监测遵守各自的接触预防措施。接触病人的预防监测老人,而是从之前的住院的医院血液透析,上座率还是policlínicas时间单位服务/住院超过48小时和机构里度过,都进行了殖民测试施瓦布直肠。结果汇编在医院感染控制服务的Excel控制电子表格中。根据这些数据,我们计算了产生碳青霉烯酶和耐药万古霉素的多重耐药细菌定植的年流行率。在耐药细菌、碳青霉烯酶和耐药万古霉素定植培养阳性的个体中,年患病率为18%,所有这些个体都保持接触预防,自入院以来一直采取预防措施,以满足接触预防监测的标准。根据老年人转诊服务的患病率,我们推断每100名患者中有18人感染了耐药细菌。所有符合上述标准的患者都要求进行这些培养。结果呈阳性后,他们继续接受预防治疗,直到出院。这些措施降低了交叉污染的风险,并降低了细菌爆发的风险。
{"title":"Precauções de contato por vigilância e a prevalência de pacientes colonizados por bactérias Resistentes na população idosa internada no Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa em Recife-PE","authors":"Maria Eduarda Marques Ferreira, Marcela Marinho de Andrade, Anthony Luiz Marques da Silva","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103410","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103410","url":null,"abstract":"A população senil que em sua maior parte realizou durante a vida múltiplos tratamentos medicamentosos, seja antibioticoterapias ou não, assim como internações hospitalares e tratamentos em saúde, tem maior risco de ter colonizações bacterianas resistentes à alguma classe de antibióticos. O fato desses pacientes estarem portando bactérias resistentes, traz maior possibilidade de contaminações cruzadas mesmo sendo aplicada a precaução padrão. Dessa forma, utilizamos critérios para aplicação da precaução de contato por vigilância e testamos esses pacientes para avaliar a prevalência de colonização por bactérias resistentes, assim diminuímos os riscos invisíveis relacionados às contaminações cruzadas em pacientes que numa hipótese diagnóstica não se investiga culturas de colonização bacteriana resistente. Calcular a prevalência de colonização por bactérias Resistentes em pacientes internados no Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa em Recife-PE e adesão às respectivas precauções de contato por vigilância. Pacientes foram submetidos à precaução de contato por vigilância os idosos que eram provenientes de internações anteriores, de clínicas de hemodiálise, unidades de pronto atendimentos ou policlínicas com tempo de atendimento/internação maior que 48h e instituições de longa permanência, todos foram submetidos ao teste de colonização por swab retal. Os resultados foram compilados em planilha Excel de controle do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar. Com esses dados, foi calculado a taxa de prevalência anual de colonizações por bactérias multi resistentes, produtoras de Carbapenemase, e Vancomicina resistente. Foi obtido uma taxa de prevalência anual de 18% de indivíduos com culturas de colonização positivas para bactérias resistentes, produtoras de carbapenemase e Vancomicina resistentes, desses, todos permaneceram em precaução de contato, havendo sido aplicado a precaução desde à admissão ao preencher os critérios de precaução de contato por vigilância. Com essa taxa de prevalência em um serviço de referência a pessoas idosas, infere-se que a cada 100 pacientes 18 estão colonizados com bactérias resistentes. Essas culturas foram solicitadas para todos os pacientes que preencheram os critérios citados. Ao apresentar resultados positivos, continuavam em precaução até alta hospitalar. Essas medidas reduziram/reduzem o risco de contaminações cruzadas, além de redução do risco de surtos por bactérias.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"22 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246859","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103377
Giovanna Marssola Nascimento, Fernanda Neves de Carvalho, Roberto Camargo Narciso, Mariana Ferreira de Carvalho, Carlos Eduardo da Conceição Rosa, Rita Jaqueline da Silva, Persis Pereira de Magalhães, José Eduardo Tambor Bueno, Katia Kisielow dos Anjos, Arli Antônio Reginaldo Júnior
A utilização de Cateterismo Vesical de Demora (CVD) é um procedimento comum e diretamente relacionado a internações hospitalares. Porém, a utilização inadequada do dispositivo pode levar a eventos adversos, como por exemplo Infecção do Trato Urinário Associada à Cateter vesical (ITU-AC). A ITU-AC é uma infeção de grande potencial preventivo e sua incidência impacta negativamente na melhora clínica do paciente. Avaliar a redução de ITU-AC a partir da implementação de medidas preventivas com a equipe assistencial na UTI adulto de um hospital terciário de São Paulo. Estudo quase-experimental realizado em UTI de um hospital privado terciário de São Paulo durante 30 meses (jan. 2021 a jun. 2023). A intervenção deu início em junho de 2022. Anteriormente (período pré-intervenção), a passagem do cateter vesical de demora dos pacientes da UTI era realizada pela equipe de enfermagem sem rotina técnica específica e sem auditoria focada na manutenção do dispositivo. A partir da intervenção foi elaborado Procedimento Operacional Padrão (POP) para passagem de cateterismo vesical de demora e iniciadas medidas de vigilância para manutenção do dispositivo. Foram levantadas possíveis falhas durante a passagem e manipulação do CVD e elaborado POP específico para padronização da técnica de passagem. Foi realizado orientação sobre a utilização da clorexidina degermante para higiene íntima e fixação adequada do dispositivo. Durante as auditorias beira leito, foram reforçadas com a equipe assistencial as recomendações de prevenção e de retirada do dispositivo quando não indicado. O número de ITUs nos 18 meses pré-intervenção foi de 8 comparado com 1 dos 12 meses pós-intervenção. A densidade de incidência de ITU nos períodos foi de 1,82 (pré-intervenção) versus 0,61 (pós-intervenção), tendo redução de 33%, mas não houve diferença estatística significativa (p>0,05). A taxa de uso de cateter vesical de demora dos períodos foi 29,2% vs. 15,6%. Houve redução na incidência de ITU-AC, com a implementação das medidas preventivas, porém sem diferença estatística significativa. Estudos adicionais com amostras maiores são necessários.
延迟导尿管的使用是一种常见的程序,与住院直接相关。然而,该装置的不当使用可能导致不良事件,如膀胱导管相关的尿路感染(uti -AC)。uti -AC是一种具有很大预防潜力的感染,其发生率对患者的临床改善有负面影响。在sao保罗一家三级医院的成人icu中,与护理团队一起评估预防措施的实施对UTI -AC的减少。在sao保罗一家私立三级医院icu进行了30个月的准实验研究(2021年1月至2023年6月)。干预始于2022年6月。在此之前(干预前),icu患者的延迟导尿管通道由护理人员进行,没有特定的技术常规,也没有集中于设备维护的审计。从干预开始,制定了延迟导尿管通道的标准操作程序(sop),并开始监测设备的维护。提出了在传递和CVD操作过程中可能出现的故障,并为传递技术的标准化制定了具体的POP。指导使用洗必泰除菌剂进行亲密卫生和适当固定装置。在beira leito审计期间,援助小组加强了预防建议,并在没有指示时撤回设备。干预前18个月的uti数量为8例,干预后12个月为1例。各期uti发病率密度分别为1.82(干预前)和0.61(干预后),降低33%,但差异无统计学意义(p> 0.05)。经期延迟使用导尿管的发生率为29.2% vs. 15.6%。随着预防措施的实施,ac - uti的发病率有所下降,但没有显著的统计学差异。需要更大样本的进一步研究。
{"title":"IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DE MEDIDAS PREVENTIVAS PARA INSERÇÃO E MANUTENÇÃO DE CATETERISMO VESICAL DE DEMORA EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL PRIVADO TERCIÁRIO DE SÃO PAULO","authors":"Giovanna Marssola Nascimento, Fernanda Neves de Carvalho, Roberto Camargo Narciso, Mariana Ferreira de Carvalho, Carlos Eduardo da Conceição Rosa, Rita Jaqueline da Silva, Persis Pereira de Magalhães, José Eduardo Tambor Bueno, Katia Kisielow dos Anjos, Arli Antônio Reginaldo Júnior","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103377","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103377","url":null,"abstract":"A utilização de Cateterismo Vesical de Demora (CVD) é um procedimento comum e diretamente relacionado a internações hospitalares. Porém, a utilização inadequada do dispositivo pode levar a eventos adversos, como por exemplo Infecção do Trato Urinário Associada à Cateter vesical (ITU-AC). A ITU-AC é uma infeção de grande potencial preventivo e sua incidência impacta negativamente na melhora clínica do paciente. Avaliar a redução de ITU-AC a partir da implementação de medidas preventivas com a equipe assistencial na UTI adulto de um hospital terciário de São Paulo. Estudo quase-experimental realizado em UTI de um hospital privado terciário de São Paulo durante 30 meses (jan. 2021 a jun. 2023). A intervenção deu início em junho de 2022. Anteriormente (período pré-intervenção), a passagem do cateter vesical de demora dos pacientes da UTI era realizada pela equipe de enfermagem sem rotina técnica específica e sem auditoria focada na manutenção do dispositivo. A partir da intervenção foi elaborado Procedimento Operacional Padrão (POP) para passagem de cateterismo vesical de demora e iniciadas medidas de vigilância para manutenção do dispositivo. Foram levantadas possíveis falhas durante a passagem e manipulação do CVD e elaborado POP específico para padronização da técnica de passagem. Foi realizado orientação sobre a utilização da clorexidina degermante para higiene íntima e fixação adequada do dispositivo. Durante as auditorias beira leito, foram reforçadas com a equipe assistencial as recomendações de prevenção e de retirada do dispositivo quando não indicado. O número de ITUs nos 18 meses pré-intervenção foi de 8 comparado com 1 dos 12 meses pós-intervenção. A densidade de incidência de ITU nos períodos foi de 1,82 (pré-intervenção) versus 0,61 (pós-intervenção), tendo redução de 33%, mas não houve diferença estatística significativa (p>0,05). A taxa de uso de cateter vesical de demora dos períodos foi 29,2% vs. 15,6%. Houve redução na incidência de ITU-AC, com a implementação das medidas preventivas, porém sem diferença estatística significativa. Estudos adicionais com amostras maiores são necessários.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"61 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246864","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103379
Daniela da Silva Nascimento, Ana Carolina Palmeira Arraes, Thamires Gomes Lopes Weber, Tatiana Theodoro Tinetti, Flávia de Araújo Sena, Cláudia Alves da Silva Lisboa, Talita de Jesus Caldas Nunes, Ana Verena de Almeida Mendes, Maria Goreth Matos de Andrade Barberino
A pandemia de COVID-19 acelerou o avanço da resistência bacteriana devido as altas taxas de prescrições de antibióticos, internações prolongadas em UTIs, uso de dispositivos invasivos, além de falhas na aplicação de medidas de prevenção e controle de infecções em ambientes hospitalares. O objetivo desse trabalho foi avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 no aumento de Enterobacterales Produtoras de Carbapenemases (EPC), em isolados clínicos de um hospital de alta complexidade de Salvador-BA. No período de 2019 a 2022, foram avaliados 566 isolados consecutivos, não duplicados de EPC. A identificação dos isolados foi realizada pelo pelo Maldi-tof (Vitek-MS, bioMérieux) e a detecção de carbapenemases foi realizada com testes imunocromatogáficos O.K.N RESIST-3® ou NG-TEST CARBA-5®. Do total de amostras analisadas, a maioria dos isolados foi proveniente de infecções do trato urinário (36%) e corrente sanguínea (26%), sendo K. pneumoniae o microrganismo de maior prevalência (73%). No ano de 2019 foram obtidos 115 isolados, sendo 81 produtores de KPC (70%), 29 NDM (25%), 4 KPC/NDM (3%) e 1 KPC/OXA-48 (1%). Em 2020 foram detectados 156 isolados, sendo 82 KPC (53%), 56 NDM (36%), 16 KPC/NDM (10%) e 2 KPC/OXA-48 (1%), já em 2021, foram 172 isolados, sendo 92 KPC (53%), 65 NDM (38%) e 15 KPC/NDM (9%). Em 2022 foram obtidos 123 isolados, sendo 70 KPC (57%), 49 NDM (40%) e 4 KPC/NDM (3%), se aproximando da detecção observada no período pré-pandêmico (2019). Comparando os períodos pré-pandêmico e pandêmico, foi observado um aumento de 36% na detecção de EPC entre 2019 e 2020 e de 10% entre 2020 e 2021. Já entre os anos de 2021 e 2022 observou-se uma queda de 28% na detecção. A frequência de KPC apresentou uma diminuição em 2022 em relação ao ano de 2019, caindo de 70% para 57%. Em contrapartida, a frequência de NDM aumentou de 25% em 2019 para 40% em 2022. A detecção de EPC aumentou substancialmente no período pandêmico. Com o maior controle da pandemia após a vacinação e adoção de medidas para minimizar as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), foi possível reduzir a detecção de EPC no ano de 2022, se aproximando aos índices observados em 2019. Entretanto, o aumento de NDM em relação as outras carbapenemases representa um alerta de saúde pública, devido às limitações terapêuticas para o tratamento de pacientes acometidos por essas infecções.
{"title":"IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO AUMENTO DE ENTEROBACTERALES PRODUTORAS DE CARBAPENEMASES EM ISOLADOS CLÍNICOS DE UM HOSPITAL DE ALTA COMPLEXIDADE EM SALVADOR – BA","authors":"Daniela da Silva Nascimento, Ana Carolina Palmeira Arraes, Thamires Gomes Lopes Weber, Tatiana Theodoro Tinetti, Flávia de Araújo Sena, Cláudia Alves da Silva Lisboa, Talita de Jesus Caldas Nunes, Ana Verena de Almeida Mendes, Maria Goreth Matos de Andrade Barberino","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103379","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103379","url":null,"abstract":"A pandemia de COVID-19 acelerou o avanço da resistência bacteriana devido as altas taxas de prescrições de antibióticos, internações prolongadas em UTIs, uso de dispositivos invasivos, além de falhas na aplicação de medidas de prevenção e controle de infecções em ambientes hospitalares. O objetivo desse trabalho foi avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 no aumento de Enterobacterales Produtoras de Carbapenemases (EPC), em isolados clínicos de um hospital de alta complexidade de Salvador-BA. No período de 2019 a 2022, foram avaliados 566 isolados consecutivos, não duplicados de EPC. A identificação dos isolados foi realizada pelo pelo Maldi-tof (Vitek-MS, bioMérieux) e a detecção de carbapenemases foi realizada com testes imunocromatogáficos O.K.N RESIST-3® ou NG-TEST CARBA-5®. Do total de amostras analisadas, a maioria dos isolados foi proveniente de infecções do trato urinário (36%) e corrente sanguínea (26%), sendo K. pneumoniae o microrganismo de maior prevalência (73%). No ano de 2019 foram obtidos 115 isolados, sendo 81 produtores de KPC (70%), 29 NDM (25%), 4 KPC/NDM (3%) e 1 KPC/OXA-48 (1%). Em 2020 foram detectados 156 isolados, sendo 82 KPC (53%), 56 NDM (36%), 16 KPC/NDM (10%) e 2 KPC/OXA-48 (1%), já em 2021, foram 172 isolados, sendo 92 KPC (53%), 65 NDM (38%) e 15 KPC/NDM (9%). Em 2022 foram obtidos 123 isolados, sendo 70 KPC (57%), 49 NDM (40%) e 4 KPC/NDM (3%), se aproximando da detecção observada no período pré-pandêmico (2019). Comparando os períodos pré-pandêmico e pandêmico, foi observado um aumento de 36% na detecção de EPC entre 2019 e 2020 e de 10% entre 2020 e 2021. Já entre os anos de 2021 e 2022 observou-se uma queda de 28% na detecção. A frequência de KPC apresentou uma diminuição em 2022 em relação ao ano de 2019, caindo de 70% para 57%. Em contrapartida, a frequência de NDM aumentou de 25% em 2019 para 40% em 2022. A detecção de EPC aumentou substancialmente no período pandêmico. Com o maior controle da pandemia após a vacinação e adoção de medidas para minimizar as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), foi possível reduzir a detecção de EPC no ano de 2022, se aproximando aos índices observados em 2019. Entretanto, o aumento de NDM em relação as outras carbapenemases representa um alerta de saúde pública, devido às limitações terapêuticas para o tratamento de pacientes acometidos por essas infecções.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"44 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246865","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103378
Luiza Arcas Gonçalves, Ivan Lira dos Santos, Júlia Herkenhoff Carijó, Claudia Maria Dantas de Maio Carrilho, Brunno César Batista Cocentino, Marsileni Pelisson, Luciana Neves Passos, Glaucia Fernanda Varkulja, Ana Paula Matos Porto, Antônio Brazil Viana Júnior, Thaís Guimarães, Silvia Figueiredo Costa
A infecção por Clostridioides Difficile (CDI) constitui-se como uma das principais infecções associadas à assistência à saúde. No contexto da crise sanitária da COVID-19, foi observado aumento na incidência de IRAS, entretanto, o comportamento da incidência de CDI permanece controverso. O presente trabalho objetiva avaliar o impacto da pandemia da COVID-19 na densidade de incidência de CDI, na adesão da higienização das mãos e no consumo de antimicrobianos em hospitais brasileiros. Foi realizado um estudo ecológico com dados de densidade de incidência de CDI, taxa de adequação de higienização de mãos e consumo de antimicrobianos (azitromicina, clindamicina, vancomicina, piperacilina-tazobactam, meropenem, levofloxacina e ceftriaxona) de 7 hospitais brasileiros, do período de junho de 2018 a dezembro de 2019 (pré pandemia) e junho de 2020 a dezembro de 2021 (pandemia). Os hospitais participantes eram de 4 diferentes estados (Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná), três deles públicos e quatro privados. Foi realizada comparação dos dois períodos do estudo, utilizando o teste U de Mann-Whitney por meio do programa R versão 4.1.0, tendo sido considerado o valor de p<0.05 como estatisticamente significante. Também foi realizada série temporal da densidade de incidência de CDI e consumo de antimicrobianos (DDD), com aplicação de regressão de Joinpoint, sendo considerado intervalo de confiança de 95%. Não foi observada diferença estatística de incidência de CDI nos dois períodos (1,40 [0,00‒2,71] pré pandemia e 1,74 [0,00‒3,05] na pandemia; p=0,20). Na pandemia, a regressão de Joinpoint não apresentou ponto de inflexão, entretanto, houve aumento percentual médio de 4% (p=0,081). A proporção da higienização da higiene das mãos também não foi diferente (p=0,084). Por outro lado, houve aumento do consumo de azitromicina (p<0,01) e levofloxacina (p<0,01) e redução de ceftriaxona (p=0,003) no período da pandemia em comparação ao anterior, sem diferença nos demais. Em série histórica da pandemia, houve aumento do consumo de meropenem e vancomicina entre dezembro de 2020 e abril de 2021. Ao longo da evolução da COVID-19, a interação entre medidas de proteção e risco como aumento de consumo de antibiótico podem ter influenciado de formas distintas o controle da CDI, sem aumento significativo da incidência em relação ao período anterior, porém, com tendência de aumento ao longo de 2020 e 2021.
{"title":"IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NA INFECÇÃO POR CLOSTRIDIOIDES DIFFICILE EM HOSPITAIS BRASILEIROS","authors":"Luiza Arcas Gonçalves, Ivan Lira dos Santos, Júlia Herkenhoff Carijó, Claudia Maria Dantas de Maio Carrilho, Brunno César Batista Cocentino, Marsileni Pelisson, Luciana Neves Passos, Glaucia Fernanda Varkulja, Ana Paula Matos Porto, Antônio Brazil Viana Júnior, Thaís Guimarães, Silvia Figueiredo Costa","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103378","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103378","url":null,"abstract":"A infecção por Clostridioides Difficile (CDI) constitui-se como uma das principais infecções associadas à assistência à saúde. No contexto da crise sanitária da COVID-19, foi observado aumento na incidência de IRAS, entretanto, o comportamento da incidência de CDI permanece controverso. O presente trabalho objetiva avaliar o impacto da pandemia da COVID-19 na densidade de incidência de CDI, na adesão da higienização das mãos e no consumo de antimicrobianos em hospitais brasileiros. Foi realizado um estudo ecológico com dados de densidade de incidência de CDI, taxa de adequação de higienização de mãos e consumo de antimicrobianos (azitromicina, clindamicina, vancomicina, piperacilina-tazobactam, meropenem, levofloxacina e ceftriaxona) de 7 hospitais brasileiros, do período de junho de 2018 a dezembro de 2019 (pré pandemia) e junho de 2020 a dezembro de 2021 (pandemia). Os hospitais participantes eram de 4 diferentes estados (Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná), três deles públicos e quatro privados. Foi realizada comparação dos dois períodos do estudo, utilizando o teste U de Mann-Whitney por meio do programa R versão 4.1.0, tendo sido considerado o valor de p<0.05 como estatisticamente significante. Também foi realizada série temporal da densidade de incidência de CDI e consumo de antimicrobianos (DDD), com aplicação de regressão de Joinpoint, sendo considerado intervalo de confiança de 95%. Não foi observada diferença estatística de incidência de CDI nos dois períodos (1,40 [0,00‒2,71] pré pandemia e 1,74 [0,00‒3,05] na pandemia; p=0,20). Na pandemia, a regressão de Joinpoint não apresentou ponto de inflexão, entretanto, houve aumento percentual médio de 4% (p=0,081). A proporção da higienização da higiene das mãos também não foi diferente (p=0,084). Por outro lado, houve aumento do consumo de azitromicina (p<0,01) e levofloxacina (p<0,01) e redução de ceftriaxona (p=0,003) no período da pandemia em comparação ao anterior, sem diferença nos demais. Em série histórica da pandemia, houve aumento do consumo de meropenem e vancomicina entre dezembro de 2020 e abril de 2021. Ao longo da evolução da COVID-19, a interação entre medidas de proteção e risco como aumento de consumo de antibiótico podem ter influenciado de formas distintas o controle da CDI, sem aumento significativo da incidência em relação ao período anterior, porém, com tendência de aumento ao longo de 2020 e 2021.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246867","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}