Pub Date : 2022-05-20DOI: 10.23925/2236-9937.2022v26p122-150
Alair Matilde Naves
Este artigo pretende mostrar uma compreensão possível de pactos com o Diabo e de exorcismos desde o período colonial e situar esta mentalidade presente no cordel ‘A Mulher que enganou o Diabo’, de Manoel D’Almeida Filho. O objetivo é analisar os pactos realizados com o Diabo e verificar a inversão de poder entre a mulher e o Diabo, que é exorcizado ao final da narrativa. O referencial teórico de Laura de Mello e Souza corrobora na discussão e compreensão do contexto histórico colonial, período em que a mentalidade de pactos com o Diabo e de exorcismos povoava o imaginário popular. A teopoética é o viés da compreensão deste trabalho. Antônio Carlos Magalhães e Salma Ferraz fazem o pano de fundo teopoético deste estudo e auxiliam na aproximação entre a teologia e a literatura. A metodologia escolhida é a pesquisa bibliográfica, promovendo a compreensão do imaginário cordelista sobre pactos e exorcismos e a leitura analítica do folheto escolhido. Uma possível forma de exorcismo cultural e literário, imagético e espiritual do Diabo aparece como resultado da enganação promovida pela mulher, e se estabelece por meio do humor, da pilheria e da ridicularização aplicadas ao Tinhoso.
{"title":"Pacto e exorcismo no Cordel 'A Mulher que enganou o Diabo'","authors":"Alair Matilde Naves","doi":"10.23925/2236-9937.2022v26p122-150","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/2236-9937.2022v26p122-150","url":null,"abstract":"Este artigo pretende mostrar uma compreensão possível de pactos com o Diabo e de exorcismos desde o período colonial e situar esta mentalidade presente no cordel ‘A Mulher que enganou o Diabo’, de Manoel D’Almeida Filho. O objetivo é analisar os pactos realizados com o Diabo e verificar a inversão de poder entre a mulher e o Diabo, que é exorcizado ao final da narrativa. O referencial teórico de Laura de Mello e Souza corrobora na discussão e compreensão do contexto histórico colonial, período em que a mentalidade de pactos com o Diabo e de exorcismos povoava o imaginário popular. A teopoética é o viés da compreensão deste trabalho. Antônio Carlos Magalhães e Salma Ferraz fazem o pano de fundo teopoético deste estudo e auxiliam na aproximação entre a teologia e a literatura. A metodologia escolhida é a pesquisa bibliográfica, promovendo a compreensão do imaginário cordelista sobre pactos e exorcismos e a leitura analítica do folheto escolhido. Uma possível forma de exorcismo cultural e literário, imagético e espiritual do Diabo aparece como resultado da enganação promovida pela mulher, e se estabelece por meio do humor, da pilheria e da ridicularização aplicadas ao Tinhoso.","PeriodicalId":56164,"journal":{"name":"Teoliteraria-Revista Brasileira de Literaturas e Teologias","volume":"23 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2022-05-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"85222733","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-05-20DOI: 10.23925/2236-9937.2022v26p222-251
Bianca Vicêncio Leis, Glauco Barsalini
Se Jesus Cristo é o Messias, a redenção ocorreu desde o evento da Paixão e, por isso, não se justifica, em toda a cristandade, a reprodução da violência mimética. Mas se, de fato, o cristianismo é libertador, porque o universo cristão persiste na violência, aliás, para muito além dos limites do próprio ritual sacrificial realizado em diversas sociedades não secularizadas? Qual é a razão da reafirmação dos estereótipos – e da criação de novos estereótipos - e, com isso, da disseminação do preconceito, ambiente no qual o sacrifício cede espaço para a vingança cada vez mais ampliada, que aflui para a generalização? Em linguagem teleológica, por que, apesar da salvação por Jesus Cristo, o mal permanece no mundo? O pensador francês René Girard traz luzes acerca desta temática. A partir de sua obra, e referenciado pelas questões aqui anunciadas, o presente artigo perscruta o esquema do bode expiatório e a interpretação girardiana acerca do mal associado à violência, bem como da salvação, vinculada ao evento histórico da morte de Cristo.
{"title":"sentido do sacrifício","authors":"Bianca Vicêncio Leis, Glauco Barsalini","doi":"10.23925/2236-9937.2022v26p222-251","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/2236-9937.2022v26p222-251","url":null,"abstract":"Se Jesus Cristo é o Messias, a redenção ocorreu desde o evento da Paixão e, por isso, não se justifica, em toda a cristandade, a reprodução da violência mimética. Mas se, de fato, o cristianismo é libertador, porque o universo cristão persiste na violência, aliás, para muito além dos limites do próprio ritual sacrificial realizado em diversas sociedades não secularizadas? Qual é a razão da reafirmação dos estereótipos – e da criação de novos estereótipos - e, com isso, da disseminação do preconceito, ambiente no qual o sacrifício cede espaço para a vingança cada vez mais ampliada, que aflui para a generalização? Em linguagem teleológica, por que, apesar da salvação por Jesus Cristo, o mal permanece no mundo? O pensador francês René Girard traz luzes acerca desta temática. A partir de sua obra, e referenciado pelas questões aqui anunciadas, o presente artigo perscruta o esquema do bode expiatório e a interpretação girardiana acerca do mal associado à violência, bem como da salvação, vinculada ao evento histórico da morte de Cristo. ","PeriodicalId":56164,"journal":{"name":"Teoliteraria-Revista Brasileira de Literaturas e Teologias","volume":"308 3","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2022-05-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"72472860","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-05-20DOI: 10.23925/2236-9937.2022v26p183-221
J. D. Barros
Todos os campos de saber valem-se conceitos, e estes têm sido bem estudados nas disciplinas as mais diversas. Neste artigo, pretendemos expor a possibilidade de nos aproximarmos da construção e compreensão dos conceitos (em quaisquer campos de saber) a partir de uma noção musical – a de acorde. O universo experimentado para esta possibilidade será o do conceito de Cristianismo. Pretendemos aplicar a forma do acorde-conceitual ao estudo de um conjunto de características mínimas que poderiam configurar um conceito adequado de Cristianismo. O objetivo é demonstrar, a partir deste exemplo, que este procedimento teórico também é viável para o estudo de outros objetos, nos vários campos de pesquisa.
{"title":"conceito de Cristianismo a partir da metáfora de acorde","authors":"J. D. Barros","doi":"10.23925/2236-9937.2022v26p183-221","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/2236-9937.2022v26p183-221","url":null,"abstract":"Todos os campos de saber valem-se conceitos, e estes têm sido bem estudados nas disciplinas as mais diversas. Neste artigo, pretendemos expor a possibilidade de nos aproximarmos da construção e compreensão dos conceitos (em quaisquer campos de saber) a partir de uma noção musical – a de acorde. O universo experimentado para esta possibilidade será o do conceito de Cristianismo. Pretendemos aplicar a forma do acorde-conceitual ao estudo de um conjunto de características mínimas que poderiam configurar um conceito adequado de Cristianismo. O objetivo é demonstrar, a partir deste exemplo, que este procedimento teórico também é viável para o estudo de outros objetos, nos vários campos de pesquisa.","PeriodicalId":56164,"journal":{"name":"Teoliteraria-Revista Brasileira de Literaturas e Teologias","volume":"6 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2022-05-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"81021544","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-05-20DOI: 10.23925/2236-9937.2022v26p5-11
Sebastião Lindoberg da Silva Campos, Glaucio Alberto Faria de Souza, Jefferson Zeferino
{"title":"Temas de Teologias e Literaturas","authors":"Sebastião Lindoberg da Silva Campos, Glaucio Alberto Faria de Souza, Jefferson Zeferino","doi":"10.23925/2236-9937.2022v26p5-11","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/2236-9937.2022v26p5-11","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":56164,"journal":{"name":"Teoliteraria-Revista Brasileira de Literaturas e Teologias","volume":"36 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2022-05-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"83536431","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-05-20DOI: 10.23925/2236-9937.2022v26p103-121
I. Malheiros
O diabo de “Paraíso Perdido”, de John Milton (1608-1674), é diferente da figura grotesca que geralmente está associada a Satanás. Ele é humanizado, inteligente, corajoso, um rebelde que passa por conflitos morais. Traços da narrativa e da teologia da rebelião diabólica miltoniana podem ser encontrados na Bíblia, na literatura apocalíptica judaica, na literatura patrística, em textos do cristianismo primitivo, e em textos cristãos medievais e protestantes. Esta pesquisa bibliográfica examina a trajetória literária e teológica que levou ao diabo de Milton, avaliando o quanto desses elementos Milton retém em seu poema, e o quanto ele é original. De acordo com esta pesquisa, Milton não negou a sua herança cultural, mas também não foi apenas um reflexo dela. Ele assumiu o controle da construção de seu personagem, e brindou o mundo com uma obra inesquecível que representa literariamente as transformações no pensamento ocidental da passagem da Idade Média até a Idade Contemporânea.
{"title":"origens teológicas e literárias de Satã em “Paraíso Perdido”, de Milton","authors":"I. Malheiros","doi":"10.23925/2236-9937.2022v26p103-121","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/2236-9937.2022v26p103-121","url":null,"abstract":"O diabo de “Paraíso Perdido”, de John Milton (1608-1674), é diferente da figura grotesca que geralmente está associada a Satanás. Ele é humanizado, inteligente, corajoso, um rebelde que passa por conflitos morais. Traços da narrativa e da teologia da rebelião diabólica miltoniana podem ser encontrados na Bíblia, na literatura apocalíptica judaica, na literatura patrística, em textos do cristianismo primitivo, e em textos cristãos medievais e protestantes. Esta pesquisa bibliográfica examina a trajetória literária e teológica que levou ao diabo de Milton, avaliando o quanto desses elementos Milton retém em seu poema, e o quanto ele é original. De acordo com esta pesquisa, Milton não negou a sua herança cultural, mas também não foi apenas um reflexo dela. Ele assumiu o controle da construção de seu personagem, e brindou o mundo com uma obra inesquecível que representa literariamente as transformações no pensamento ocidental da passagem da Idade Média até a Idade Contemporânea.","PeriodicalId":56164,"journal":{"name":"Teoliteraria-Revista Brasileira de Literaturas e Teologias","volume":"2836 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2022-05-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"86507169","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.23925/2236-9937.2021v25p11-33
Giovanni Marques Santos
O presente artigo realiza uma aproximação entre literatura e teologia no esforço de ler o repertório bíblico como literatura e na literatura. A arte literária é lugar teológico na própria Bíblia e em toda a tradição poética por ela impactada. Desse modo, para além de uma exegese histórico-crítica, efetua-se uma leitura poética do Livro de Jó, a partir dos recursos narrativos e líricos do texto tomado em sua integridade, conforme a proposta de Moshe Greenberg. O Livro de Jó assim considerado emerge como um compósito de narração e poesia, em que a ruptura entre gêneros representa igualmente uma disrupção e um confronto entre duas teologias sapienciais: uma sabedoria palaciana e tradicional, alicerçada numa noção de imutabilidade cósmica e legal, segundo a qual os bons são premiados e os maus, castigados; uma sabedoria em crise, que se indigna diante da realidade do sofrimento dos inocentes. Em seguida, avalia-se a relação intertextual do lirismo do Livro de Jó nos poemas de Miserere, de Adélia Prado. Nesta obra, a poetisa mineira encontra no poeta profundo do Livro de Jó o fundamento para a sua teopoética em busca de sentido para a experiência do sofrimento humano.
{"title":"Miserere, de Adélia Prado, e o Livro de Jó","authors":"Giovanni Marques Santos","doi":"10.23925/2236-9937.2021v25p11-33","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021v25p11-33","url":null,"abstract":"O presente artigo realiza uma aproximação entre literatura e teologia no esforço de ler o repertório bíblico como literatura e na literatura. A arte literária é lugar teológico na própria Bíblia e em toda a tradição poética por ela impactada. Desse modo, para além de uma exegese histórico-crítica, efetua-se uma leitura poética do Livro de Jó, a partir dos recursos narrativos e líricos do texto tomado em sua integridade, conforme a proposta de Moshe Greenberg. O Livro de Jó assim considerado emerge como um compósito de narração e poesia, em que a ruptura entre gêneros representa igualmente uma disrupção e um confronto entre duas teologias sapienciais: uma sabedoria palaciana e tradicional, alicerçada numa noção de imutabilidade cósmica e legal, segundo a qual os bons são premiados e os maus, castigados; uma sabedoria em crise, que se indigna diante da realidade do sofrimento dos inocentes. Em seguida, avalia-se a relação intertextual do lirismo do Livro de Jó nos poemas de Miserere, de Adélia Prado. Nesta obra, a poetisa mineira encontra no poeta profundo do Livro de Jó o fundamento para a sua teopoética em busca de sentido para a experiência do sofrimento humano.","PeriodicalId":56164,"journal":{"name":"Teoliteraria-Revista Brasileira de Literaturas e Teologias","volume":"38 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"90381281","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.23925/2236-9937.2021v25p34-51
Carlos Olivares
El Protoevangelio de Santiago, un texto apócrifo datado en torno al siglo II AD, describe la historia de la concepción y nacimiento de María y Jesús. El autor del escrito también retrata brevemente a José, el cual tiene la función de cuidar y proteger a María. Desde una perspectiva critico-narrativo, este artículo explora la vida de José en este texto no canónico. Literariamente, el ensayo examina la caracterización que el narrador realiza de este personaje, al prestar atención al uso de dos técnicas narrativas: “telling” y “showing”. El término “Telling” se refiere a como el narrador declara, usando su propia voz narrativa, los rasgos característicos que el personaje tiene. La técnica del “Showing” muestra la manera en que esos trazos descriptivos operan en la vida y accionar del personaje estudiado. El trabajo evidencia como el texto apócrifo emplea la figura de José como un recurso apologético de María, quien sirve de guardián y testigo del rol que ella tiene en la concepción y nacimiento de Jesús.
{"title":"historia de un anciano bueno: Caracterización narrativa de José en el Protoevangelio de Santiago","authors":"Carlos Olivares","doi":"10.23925/2236-9937.2021v25p34-51","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021v25p34-51","url":null,"abstract":"El Protoevangelio de Santiago, un texto apócrifo datado en torno al siglo II AD, describe la historia de la concepción y nacimiento de María y Jesús. El autor del escrito también retrata brevemente a José, el cual tiene la función de cuidar y proteger a María. Desde una perspectiva critico-narrativo, este artículo explora la vida de José en este texto no canónico. Literariamente, el ensayo examina la caracterización que el narrador realiza de este personaje, al prestar atención al uso de dos técnicas narrativas: “telling” y “showing”. El término “Telling” se refiere a como el narrador declara, usando su propia voz narrativa, los rasgos característicos que el personaje tiene. La técnica del “Showing” muestra la manera en que esos trazos descriptivos operan en la vida y accionar del personaje estudiado. El trabajo evidencia como el texto apócrifo emplea la figura de José como un recurso apologético de María, quien sirve de guardián y testigo del rol que ella tiene en la concepción y nacimiento de Jesús.","PeriodicalId":56164,"journal":{"name":"Teoliteraria-Revista Brasileira de Literaturas e Teologias","volume":"24 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"84598355","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.23925/2236-9937.2021v25p195-221
Isabelle Merlini Chiaparin
Teresa D’Ávila (1515-1582) relata de modo intrigante sua relação com as letras: ao mesmo tempo em que a pena é pesada e rouba-lhe o tempo que poderia empregar no Mosteiro de São José, que acabara de reformar, também é leve, sendo via de oração e encontro com o Amado, Deus1. A dicotomia existente no ofício das letras é reflexo de um conflito que ultrapassava os desejos e vontades de Teresa e provava sua obediência às autoridades. Padres, confessores, teólogos e filósofos - em sua grande maioria, homens - vasculharam o pensamento da carmelita ainda em vida, na tentativa de examinar cada detalhe de sua experiência mística, em busca de referências demoníacas. A escrita poética, que antes era prazer, tornou-se medo sob o duro olhar da Inquisição espanhola (1478), estampado nos escritos em prosa que a monja foi obrigada a escrever. Não mais a partir da visão masculina e inquisitória da época, mas à luz das discussões contemporâneas sobre literatura feita por mulheres, seriam os processos de escrita de uma mulher do século XVI mística ou histeria?
{"title":"Entre a santidade e a histeria: os processos de escrita de Teresa d’Ávila","authors":"Isabelle Merlini Chiaparin","doi":"10.23925/2236-9937.2021v25p195-221","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021v25p195-221","url":null,"abstract":"Teresa D’Ávila (1515-1582) relata de modo intrigante sua relação com as letras: ao mesmo tempo em que a pena é pesada e rouba-lhe o tempo que poderia empregar no Mosteiro de São José, que acabara de reformar, também é leve, sendo via de oração e encontro com o Amado, Deus1. A dicotomia existente no ofício das letras é reflexo de um conflito que ultrapassava os desejos e vontades de Teresa e provava sua obediência às autoridades. Padres, confessores, teólogos e filósofos - em sua grande maioria, homens - vasculharam o pensamento da carmelita ainda em vida, na tentativa de examinar cada detalhe de sua experiência mística, em busca de referências demoníacas. A escrita poética, que antes era prazer, tornou-se medo sob o duro olhar da Inquisição espanhola (1478), estampado nos escritos em prosa que a monja foi obrigada a escrever. Não mais a partir da visão masculina e inquisitória da época, mas à luz das discussões contemporâneas sobre literatura feita por mulheres, seriam os processos de escrita de uma mulher do século XVI mística ou histeria? ","PeriodicalId":56164,"journal":{"name":"Teoliteraria-Revista Brasileira de Literaturas e Teologias","volume":"21 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"81733565","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.23925/2236-9937.2021v25p106-131
Ildo Perondi, Fabrizio Zandonadi Catenassi
Este artigo objetiva investigar a parábola do filho perdido e reencontrado (Lc 15,11-32), mais conhecida como do “filho pródigo”, pelo método da análise narrativa, demonstrando a centralidade da compaixão paterna na perícope. A análise do narrador segue as categorias de Genette e os demais operadores de leitura da narrativa são analisados a partir de Ska e de Marguerat e Bourquin. O enredo foi divido em três cenas, as quais colocam os personagens em relação com a casa paterna e com o próprio pai. No enredo, a atitude de “mover-se de compaixão” (v. 20) configura-se como o ponto de mudança da narrativa, pois dá início a uma série de transformações que solucionam o conflito da trama. Lucas constrói um jogo de releituras e analepses que colocam em posição central a acolhida do pai ao filho. Pelo efeito de acúmulo construído pelo uso de três parábolas em uma sequência narrativa, e pela identificação do narrador e narratário intradiegéticos, fica claro que a opção do relato não é pela proposta de rechaço feita pelo filho mais velho, mas pela compaixão do pai, já que a própria opção de Jesus é acolher os pecadores e com eles compartilhar a vida (Lc 15,3).
{"title":"compaixão do pai no centro do enredo da parábola do filho perdido e reencontrado (Lc 15,11-32)","authors":"Ildo Perondi, Fabrizio Zandonadi Catenassi","doi":"10.23925/2236-9937.2021v25p106-131","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021v25p106-131","url":null,"abstract":"Este artigo objetiva investigar a parábola do filho perdido e reencontrado (Lc 15,11-32), mais conhecida como do “filho pródigo”, pelo método da análise narrativa, demonstrando a centralidade da compaixão paterna na perícope. A análise do narrador segue as categorias de Genette e os demais operadores de leitura da narrativa são analisados a partir de Ska e de Marguerat e Bourquin. O enredo foi divido em três cenas, as quais colocam os personagens em relação com a casa paterna e com o próprio pai. No enredo, a atitude de “mover-se de compaixão” (v. 20) configura-se como o ponto de mudança da narrativa, pois dá início a uma série de transformações que solucionam o conflito da trama. Lucas constrói um jogo de releituras e analepses que colocam em posição central a acolhida do pai ao filho. Pelo efeito de acúmulo construído pelo uso de três parábolas em uma sequência narrativa, e pela identificação do narrador e narratário intradiegéticos, fica claro que a opção do relato não é pela proposta de rechaço feita pelo filho mais velho, mas pela compaixão do pai, já que a própria opção de Jesus é acolher os pecadores e com eles compartilhar a vida (Lc 15,3).","PeriodicalId":56164,"journal":{"name":"Teoliteraria-Revista Brasileira de Literaturas e Teologias","volume":"200 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"77574568","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2021-12-23DOI: 10.23925/2236-9937.2021v25p72-105
Allan Macedo de Novaes, Felipe Silva Carmo, Thaís Camargos e Silva
A relação das histórias em quadrinhos (HQs) com a religião, atualmente, representa uma abordagem de intenso interesse acadêmico. Desde o reconhecimento de que a cultura de massa, expressa pelas HQs, pode comunicar conhecimentos religiosos, diversas narrativas receberam atenção da academia. A superaventura, isto é, a narrativa de embate entre super-heróis e super-vilões, também é alvo de investigações acadêmicas, e possui potencial teológico para expressar-se como discurso religioso. Uma das superaventuras passíveis de análise é a do super-herói Shazam, cujos poderes são provenientes de figuras divinas; uma delas, Salomão, é reconhecidamente judaico-cristã, e na Bíblia Hebraica costuma ser associada à sabedoria. Com isso em mente, o objeto deste trabalho é explorar brevemente as relações que o discurso sapiencial bíblico possui com a narrativa em quadrinhos da série de 12 volumes “Os desafios de Shazam!”. Para tanto, foi aplicada a leitura metodológica da análise do discurso, tomando como base algumas das principais características que regem os enunciados de sabedoria da Bíblia Hebraica. No fim, a série demonstrou a possibilidade de ser lida como uma “superaventura sapiencial”, justamente por apresentar elementos contextuais, linguísticos e comunicacionais comuns ao gênero sapiencial da Bíblia Hebraica.
{"title":"superaventura sapiencial","authors":"Allan Macedo de Novaes, Felipe Silva Carmo, Thaís Camargos e Silva","doi":"10.23925/2236-9937.2021v25p72-105","DOIUrl":"https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021v25p72-105","url":null,"abstract":"A relação das histórias em quadrinhos (HQs) com a religião, atualmente, representa uma abordagem de intenso interesse acadêmico. Desde o reconhecimento de que a cultura de massa, expressa pelas HQs, pode comunicar conhecimentos religiosos, diversas narrativas receberam atenção da academia. A superaventura, isto é, a narrativa de embate entre super-heróis e super-vilões, também é alvo de investigações acadêmicas, e possui potencial teológico para expressar-se como discurso religioso. Uma das superaventuras passíveis de análise é a do super-herói Shazam, cujos poderes são provenientes de figuras divinas; uma delas, Salomão, é reconhecidamente judaico-cristã, e na Bíblia Hebraica costuma ser associada à sabedoria. Com isso em mente, o objeto deste trabalho é explorar brevemente as relações que o discurso sapiencial bíblico possui com a narrativa em quadrinhos da série de 12 volumes “Os desafios de Shazam!”. Para tanto, foi aplicada a leitura metodológica da análise do discurso, tomando como base algumas das principais características que regem os enunciados de sabedoria da Bíblia Hebraica. No fim, a série demonstrou a possibilidade de ser lida como uma “superaventura sapiencial”, justamente por apresentar elementos contextuais, linguísticos e comunicacionais comuns ao gênero sapiencial da Bíblia Hebraica.","PeriodicalId":56164,"journal":{"name":"Teoliteraria-Revista Brasileira de Literaturas e Teologias","volume":"34 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1,"publicationDate":"2021-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"75811406","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}