Pub Date : 2022-12-27DOI: 10.22456/2238-8915.125298
Paulo Petronílio
O objetivo central deste artigo é discutir o Mito de Exu e a representação da encruzilhada, a partir de uma conversa que perpassa a cultura afro-brasileira. Por cultura afro-brasileira entendo aqui a produção intelectual produzida pelos afrodescendentes, seja inserido na cultura, seja na mitologia africana, que foi, de certo modo apagada pela cultura ocidental que se legitima como erudita e que, ao fazer isso, desqualifica e bestializa a produção do povo preto. Na cultura yorubá, Exu é considerado um dos Orixás mais turbulentos e complexos. Tal complexidade se dá, certamente, pela demonização que sempre existiu em torno desse deus tão híbrido, multifacetado e polifônico. Portanto, trazer esse Mito aqui é uma reparação e uma forma de dar seu lugar correto no pensamento e na cultura. Para esse movimento, teremos reflexões que tentam dar conta do Mito de Exu como representação da boca coletiva e individual e como representação do trágico não no sentido dialético, mas no sentido afirmador da vida, bem como a encruzilhada transforma-se no lugar de fala dos povos subalternos e marginalizados pela cultura.
{"title":"MITO DE EXU E A REPRESENTAÇÃO DA ENCRUZILHADA","authors":"Paulo Petronílio","doi":"10.22456/2238-8915.125298","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/2238-8915.125298","url":null,"abstract":"O objetivo central deste artigo é discutir o Mito de Exu e a representação da encruzilhada, a partir de uma conversa que perpassa a cultura afro-brasileira. Por cultura afro-brasileira entendo aqui a produção intelectual produzida pelos afrodescendentes, seja inserido na cultura, seja na mitologia africana, que foi, de certo modo apagada pela cultura ocidental que se legitima como erudita e que, ao fazer isso, desqualifica e bestializa a produção do povo preto. Na cultura yorubá, Exu é considerado um dos Orixás mais turbulentos e complexos. Tal complexidade se dá, certamente, pela demonização que sempre existiu em torno desse deus tão híbrido, multifacetado e polifônico. Portanto, trazer esse Mito aqui é uma reparação e uma forma de dar seu lugar correto no pensamento e na cultura. Para esse movimento, teremos reflexões que tentam dar conta do Mito de Exu como representação da boca coletiva e individual e como representação do trágico não no sentido dialético, mas no sentido afirmador da vida, bem como a encruzilhada transforma-se no lugar de fala dos povos subalternos e marginalizados pela cultura.","PeriodicalId":82235,"journal":{"name":"Organon","volume":"9 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"88891234","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-27DOI: 10.22456/2238-8915.124880
Francisca Patrícia da Conceição, Alfredo Cordiviola
Neste artigo, focaremos nos deslocamentos e nas percepções do espaço criados através do movimento de corpos que transitam pelos entre-lugares, marcando um (não) pertencimento, temática recorrente nos textos literários produzidos por mulheres negras. Considerando que algumas teóricas dos estudos sobre o espaço, como Massey (2008, p. 69), podem dialogar com o conceito de “erosão do espaço heterogêneo”, de Foucault (2013, s/p), ao ressaltar a afetação espacial que os corpos, socialmente marginalizados, sofrem nos contextos globais de poder (BHABHA, 1998, p. 292), investigaremos a representação de dois espaços nomeados, respectivamente, Buracão e Grota, presentes no romance “Becos da Memória” (2017) e no conto “Grota Funda” (2017), de Conceição Evaristo. Para tanto, nos basearemos nas discussões de Conceição Evaristo (2005), Nazareth Fonseca (2017), Simone Schmidt (2016), entre outros. Ademais, a hipótese que norteará este estudo é que, a representação do abismo no conto, tem sua gênese no romance, no Buracão da favela.
{"title":"GÊNESE DO ESPAÇO URBANO COMO ABISMO EM DUAS NARRATIVAS DE CONCEIÇÃO EVARISTO","authors":"Francisca Patrícia da Conceição, Alfredo Cordiviola","doi":"10.22456/2238-8915.124880","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/2238-8915.124880","url":null,"abstract":"Neste artigo, focaremos nos deslocamentos e nas percepções do espaço criados através do movimento de corpos que transitam pelos entre-lugares, marcando um (não) pertencimento, temática recorrente nos textos literários produzidos por mulheres negras. Considerando que algumas teóricas dos estudos sobre o espaço, como Massey (2008, p. 69), podem dialogar com o conceito de “erosão do espaço heterogêneo”, de Foucault (2013, s/p), ao ressaltar a afetação espacial que os corpos, socialmente marginalizados, sofrem nos contextos globais de poder (BHABHA, 1998, p. 292), investigaremos a representação de dois espaços nomeados, respectivamente, Buracão e Grota, presentes no romance “Becos da Memória” (2017) e no conto “Grota Funda” (2017), de Conceição Evaristo. Para tanto, nos basearemos nas discussões de Conceição Evaristo (2005), Nazareth Fonseca (2017), Simone Schmidt (2016), entre outros. Ademais, a hipótese que norteará este estudo é que, a representação do abismo no conto, tem sua gênese no romance, no Buracão da favela.","PeriodicalId":82235,"journal":{"name":"Organon","volume":"8 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"91287726","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-27DOI: 10.22456/2238-8915.125337
Cristina Ferreira, Thiago Lenz
A produção literária indianista esteve em constante diálogo com a história, ao referenciar eventos do passado e exaltar a natureza e o indígena. Sob este prisma, José de Alencar (1829–1877) publicou O Guarani (1857), romance que narrou as relações entre o indígena Goitacá Peri e a família portuguesa Mariz no século XVII. Como romance histórico, esteve pautado em uma extensa pesquisa documental, com destaque para o escrutínio do Tratado Descritivo do Brasil em 1587, de Gabriel Soares de Sousa. O objetivo desse estudo é analisar o modo como Alencar se apropriou dos escritores coloniais para a figuração do indígena em O Guarani. Ao mobilizar as crônicas de Soares de Sousa e Simão de Vasconcellos, bem como o texto histórico de Balthazar da Silva Lisboa, Alencar aproximou seu romance da prática histórico-etnográfica oitocentista, utilizando as descrições coloniais dos Tupinambá para parametrizar os hábitos e costumes dos Goitacá e Aimoré, escolha que incidiu na descrição de Peri como um indígena perspicaz e de alta estatura. Esse gesto etnográfico permitiu integrar as populações indígenas do passado colonial brasileiro e inscrever uma cultura escrita pautada na elaboração de uma retórica nacional.
印度文学作品不断地与历史对话,参考过去的事件,颂扬自然和土著。在这种背景下,jose de Alencar(1829 - 1877)出版了《瓜拉尼》(1857),讲述了17世纪土著goitaca Peri和葡萄牙Mariz家族之间的关系。作为一部历史小说,它以广泛的文献研究为基础,特别是对加布里埃尔·苏亚雷斯·德索萨1587年的《巴西描述性条约》的审查。本研究的目的是分析阿伦卡尔如何挪用殖民作家在瓜拉尼的土著形象。动员起来的慢性苏亚雷斯和老师,以及文本的历史性的巴尔萨泽·达席尔瓦里斯本,阿伦卡尔是19世纪的小说实践历史-etnográfica,并用殖民地Tupinambá的参数化描述Goitacá和虾虎鱼的习俗习惯,选择集中在描述出像一个精明的模态和高不高。这种民族志的姿态使巴西殖民历史上的土著居民得以融合,并在民族修辞的发展指导下建立了一种书面文化。
{"title":"O GUARANI (1857), UM ROMANCE ENTRE O INDIANISMO E A ETNOGRAFIA","authors":"Cristina Ferreira, Thiago Lenz","doi":"10.22456/2238-8915.125337","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/2238-8915.125337","url":null,"abstract":"A produção literária indianista esteve em constante diálogo com a história, ao referenciar eventos do passado e exaltar a natureza e o indígena. Sob este prisma, José de Alencar (1829–1877) publicou O Guarani (1857), romance que narrou as relações entre o indígena Goitacá Peri e a família portuguesa Mariz no século XVII. Como romance histórico, esteve pautado em uma extensa pesquisa documental, com destaque para o escrutínio do Tratado Descritivo do Brasil em 1587, de Gabriel Soares de Sousa. O objetivo desse estudo é analisar o modo como Alencar se apropriou dos escritores coloniais para a figuração do indígena em O Guarani. Ao mobilizar as crônicas de Soares de Sousa e Simão de Vasconcellos, bem como o texto histórico de Balthazar da Silva Lisboa, Alencar aproximou seu romance da prática histórico-etnográfica oitocentista, utilizando as descrições coloniais dos Tupinambá para parametrizar os hábitos e costumes dos Goitacá e Aimoré, escolha que incidiu na descrição de Peri como um indígena perspicaz e de alta estatura. Esse gesto etnográfico permitiu integrar as populações indígenas do passado colonial brasileiro e inscrever uma cultura escrita pautada na elaboração de uma retórica nacional.","PeriodicalId":82235,"journal":{"name":"Organon","volume":"46 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"87912682","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-27DOI: 10.22456/2238-8915.125597
A presença autoral negra na literatura brasileira pode ser mapeada pelo menos desde o século XIX, através de autores e obras muitas vezes silenciadas pelo cânone. A dinâmica de silenciamento de autorias dissonantes ao eurocentrismo, que pauta a constituição do perfil hegemônico de autor no Brasil, é observada neste artigo através de quatro autores representativos tanto da diversidade da autoria negra quanto do emparedamento que a atravessa. Cruz e Sousa, Lima Barreto, Carolina Maria de Jesus e Stella do Patrocínio vivenciaram contextos diferentes e historicamente específicos, mas suas produções e existências autorais permitem a reflexão sobre o emparedamento como marca nacional constituinte.
黑人作家在巴西文学中的存在至少可以追溯到19世纪,通过作者和作品,这些作者和作品经常被经典所掩盖。不同意欧洲中心主义的作者沉默的动态,指导着巴西作者霸权形象的构成,在这篇文章中,通过四位代表黑人作者多样性的作者观察到。Cruz e Sousa, Lima Barreto, Carolina Maria de Jesus和Stella do patrocinio经历了不同的和历史上特定的背景,但他们的作品和作者的存在允许反思作为一个国家品牌的组成。
{"title":"DICÇÃO E EMPAREDAMENTO NA LITERATURA DE AUTORIA NEGRA BRASILEIRA","authors":"","doi":"10.22456/2238-8915.125597","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/2238-8915.125597","url":null,"abstract":"A presença autoral negra na literatura brasileira pode ser mapeada pelo menos desde o século XIX, através de autores e obras muitas vezes silenciadas pelo cânone. A dinâmica de silenciamento de autorias dissonantes ao eurocentrismo, que pauta a constituição do perfil hegemônico de autor no Brasil, é observada neste artigo através de quatro autores representativos tanto da diversidade da autoria negra quanto do emparedamento que a atravessa. Cruz e Sousa, Lima Barreto, Carolina Maria de Jesus e Stella do Patrocínio vivenciaram contextos diferentes e historicamente específicos, mas suas produções e existências autorais permitem a reflexão sobre o emparedamento como marca nacional constituinte.","PeriodicalId":82235,"journal":{"name":"Organon","volume":"43 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"74641837","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-27DOI: 10.22456/2238-8915.126621
L. Fischer
{"title":"DA FRANÇA PARA A FRANCOFONIA, DO CENTRO PARA AS MARGENS","authors":"L. Fischer","doi":"10.22456/2238-8915.126621","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/2238-8915.126621","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":82235,"journal":{"name":"Organon","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"78883388","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-27DOI: 10.22456/2238-8915.125594
F. Pereira, Denise Almeida Silva
Este artigo investiga a representação do negro no contexto do período pré- e pós-abolicionista no romance Vencidos e degenerados, de Nascimento Moraes, centrando-se, principalmente, na expressão das assimetrias e injustiças sociais, as quais são analisadas a partir do conceito de violência, como pensado pela filósofa brasileira Marilena Chauí e pelo sociólogo norueguês John Galtung. A análise enfoca, mais especialmente, as personagens João e Cláudio Olivier, os quais ressaltam, respectivamente, as tensões em torno da pregação antiabolicionista e da possibilidade de convivência e aceitação do negro como sujeito ético, responsável e bem-sucedido. Obedecendo à concepção do livro, e a seu centramento sucessivo nos personagens Olivier e Cláudio, inicialmente examina-se a narração da violência no período pré-republicano, seguindo-se o exame do contexto pós-republicano. Os dados analisados permitem perceber não só prolongado processo de objetificação do negro, que leva a práticas tais como brutalização, tortura, coação, opressão e intimidação, mas também a existência de correlação essencial entre as formas de violência praticadas: há a violência direta, através da marginalização do negro, a violência cultural através do racismo internalizado, e uma concepção estrutural de que o negro deve submissão ao branco.
{"title":"REPRESENTAÇAO DO NEGRO EM VENCIDOS E DEGENERADOS, DE NASCIMENTO MORAES:","authors":"F. Pereira, Denise Almeida Silva","doi":"10.22456/2238-8915.125594","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/2238-8915.125594","url":null,"abstract":"Este artigo investiga a representação do negro no contexto do período pré- e pós-abolicionista no romance Vencidos e degenerados, de Nascimento Moraes, centrando-se, principalmente, na expressão das assimetrias e injustiças sociais, as quais são analisadas a partir do conceito de violência, como pensado pela filósofa brasileira Marilena Chauí e pelo sociólogo norueguês John Galtung. A análise enfoca, mais especialmente, as personagens João e Cláudio Olivier, os quais ressaltam, respectivamente, as tensões em torno da pregação antiabolicionista e da possibilidade de convivência e aceitação do negro como sujeito ético, responsável e bem-sucedido. Obedecendo à concepção do livro, e a seu centramento sucessivo nos personagens Olivier e Cláudio, inicialmente examina-se a narração da violência no período pré-republicano, seguindo-se o exame do contexto pós-republicano. Os dados analisados permitem perceber não só prolongado processo de objetificação do negro, que leva a práticas tais como brutalização, tortura, coação, opressão e intimidação, mas também a existência de correlação essencial entre as formas de violência praticadas: há a violência direta, através da marginalização do negro, a violência cultural através do racismo internalizado, e uma concepção estrutural de que o negro deve submissão ao branco.","PeriodicalId":82235,"journal":{"name":"Organon","volume":"33 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"90835874","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-27DOI: 10.22456/2238-8915.125156
Patrícia Porto, Nicole Carina Siebel
É de extrema importância o resgate de obras de autoria feminina, pois durante muito tempo essas foram negligenciadas pela crítica, e ainda mais essencial é o resgate de autoras mulheres negras. Partindo dessa premissa, o presente artigo teve como objetivo analisar o romance Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, a partir da ótica da interseccionalidade, destacando aspectos de raça, classe e gênero presentes na narrativa. Foram analisadas as personagens Preta Susana e Luiza B. e chegou-se à conclusão de que as nuances de gênero, classe e raça estão fortemente presentes na obra, contribuindo para a complexidade das personagens e o retrato mais aproximado da realidade da época de produção do romance.
{"title":"MULHER(ES) EM ÚRSULA","authors":"Patrícia Porto, Nicole Carina Siebel","doi":"10.22456/2238-8915.125156","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/2238-8915.125156","url":null,"abstract":"É de extrema importância o resgate de obras de autoria feminina, pois durante muito tempo essas foram negligenciadas pela crítica, e ainda mais essencial é o resgate de autoras mulheres negras. Partindo dessa premissa, o presente artigo teve como objetivo analisar o romance Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, a partir da ótica da interseccionalidade, destacando aspectos de raça, classe e gênero presentes na narrativa. Foram analisadas as personagens Preta Susana e Luiza B. e chegou-se à conclusão de que as nuances de gênero, classe e raça estão fortemente presentes na obra, contribuindo para a complexidade das personagens e o retrato mais aproximado da realidade da época de produção do romance.","PeriodicalId":82235,"journal":{"name":"Organon","volume":"20 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"89483216","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-27DOI: 10.22456/2238-8915.125206
Entre os bens culturais identificados no Inventário Nacional de Referências Culturais dos Quilombos de Oriximiná, as histórias contadas sobre visagens, bichos e encantados se destacam em função de sua riqueza linguística, eloquência performática e carga simbólica, constituindo um elemento identitário peculiar das 37 comunidades quilombolas desse município paraense. Por meio de conversas informais e entrevistas abertas realizadas com 130 indivíduos em cerca de dois meses de trabalho de campo, foram registradas aproximadamente 70 narrativas dessa natureza, que deram vazão a uma recorrente forma de expressão da cosmovisão local. Do acervo constituído, integralmente transpassado para o suporte textual, o relato sobre “a corrente que arrastava” é tomado, em sua forma escrita, como objeto deste trabalho. Registrado na Cachoeira Porteira, ele traduz – em poucas palavras dotadas de alto valor simbólico – múltiplos aspectos do histórico de ocupação negra na região. Aponta, portanto, incontestes referências do patrimônio cultural das comunidades quilombolas de Oriximiná.
{"title":"\"A CORRENTE QUE ARRASTAVA\"","authors":"","doi":"10.22456/2238-8915.125206","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/2238-8915.125206","url":null,"abstract":"Entre os bens culturais identificados no Inventário Nacional de Referências Culturais dos Quilombos de Oriximiná, as histórias contadas sobre visagens, bichos e encantados se destacam em função de sua riqueza linguística, eloquência performática e carga simbólica, constituindo um elemento identitário peculiar das 37 comunidades quilombolas desse município paraense. Por meio de conversas informais e entrevistas abertas realizadas com 130 indivíduos em cerca de dois meses de trabalho de campo, foram registradas aproximadamente 70 narrativas dessa natureza, que deram vazão a uma recorrente forma de expressão da cosmovisão local. Do acervo constituído, integralmente transpassado para o suporte textual, o relato sobre “a corrente que arrastava” é tomado, em sua forma escrita, como objeto deste trabalho. Registrado na Cachoeira Porteira, ele traduz – em poucas palavras dotadas de alto valor simbólico – múltiplos aspectos do histórico de ocupação negra na região. Aponta, portanto, incontestes referências do patrimônio cultural das comunidades quilombolas de Oriximiná.","PeriodicalId":82235,"journal":{"name":"Organon","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"78532026","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2022-12-27DOI: 10.22456/2238-8915.125166
I. Alexander
Roberta Flores Pedroso descreve Carolina Maria de Jesus (1914-1977), autora de Quarto de despejo (1960), como “mulher negra, pobre, semialfabetizada e migrante” que “se tornou um fenômeno editorial”. Na tentativa de estabelecer um contexto anglófono para a leitura comparativa de Quarto de despejo, este artigo apresenta cinco autoras negras, anglófonas, de países periféricos, nascidas entre 1904 e 1924, e analisa de quais maneiras os termos pobre, semialfabetizada, migrante e fenômeno editorial devem ser relativizados para poder fazer a comparação. As autoras são Oodgeroo Noonuccal (1920-1993) e Faith Bandler (1918-2015), da Austrália; Ellen Kuzwayo (1914-2006), da África do Sul, e Una Marson (1905-1965) e Louise Bennett (1919-2006), da Jamaica.
罗伯塔·弗洛雷斯·佩德罗索(Roberta Flores Pedroso)将《四分之一的驱逐》(Quarto de despejo, 1960)的作者卡罗莱娜·玛丽亚·德赫苏斯(Carolina Maria de Jesus, 1914-1977)描述为“贫穷、半文盲、移民的黑人女性”,“已经成为一种编辑现象”。试图建立一个上下文被驱逐的英语阅读的比较,本文介绍了黑五最外围,以英语为母语的国家,1904年至1924年间出生的方法和分析条件差,semialfabetizada,移民和编辑现象应该有资格可以做比较。作者是澳大利亚的Oodgeroo Noonuccal(1920-1993)和Faith Bandler (1918-2015);Ellen Kuzwayo(1914-2006),来自南非,Una Marson(1905-1965)和Louise Bennett(1919-2006)。
{"title":"CINCO CONTEMPORÂNEAS ANGLÓFONAS DE CAROLINA MARIA DE JESUS","authors":"I. Alexander","doi":"10.22456/2238-8915.125166","DOIUrl":"https://doi.org/10.22456/2238-8915.125166","url":null,"abstract":"Roberta Flores Pedroso descreve Carolina Maria de Jesus (1914-1977), autora de Quarto de despejo (1960), como “mulher negra, pobre, semialfabetizada e migrante” que “se tornou um fenômeno editorial”. Na tentativa de estabelecer um contexto anglófono para a leitura comparativa de Quarto de despejo, este artigo apresenta cinco autoras negras, anglófonas, de países periféricos, nascidas entre 1904 e 1924, e analisa de quais maneiras os termos pobre, semialfabetizada, migrante e fenômeno editorial devem ser relativizados para poder fazer a comparação. As autoras são Oodgeroo Noonuccal (1920-1993) e Faith Bandler (1918-2015), da Austrália; Ellen Kuzwayo (1914-2006), da África do Sul, e Una Marson (1905-1965) e Louise Bennett (1919-2006), da Jamaica.","PeriodicalId":82235,"journal":{"name":"Organon","volume":"32 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2022-12-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"73083037","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}