Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1037
Hamilton Siqueira Barros Filho, Vinicius Humberto de Souza Vicuña
Introdução: Os leiomiomas uterinos são tumores ginecológicos benignos, porém podem causar complicações significativas e impactar negativamente a qualidade de vida das pacientes. Sintomas relacionados ao tamanho do tumor e sangramento uterino anormal são comuns e podem indicar a necessidade de tratamento cirúrgico definitivo. Relato de caso: Neste relato, descreve-se o caso de uma mulher de 41 anos com história de prolapsamento de massa pélvica há 3 anos. Ela foi trazida ao hospital em estado crítico, com anemia grave, choque hemodinâmico refratário, acidose e em uso de aminas vasoativas. Ao exame, constatou-se volumosa massa uterina prolapsada com sangramento em curso e sinais de degeneração. A paciente foi submetida a um desafiador procedimento cirúrgico, com detalhes técnicos peculiares, além de ressuscitação volêmica e controle de infecção. Ela apresentou boa evolução no pós-operatório e recebeu alta após sete dias de internação hospitalar. O exame histopatológico posterior revelou leiomioma uterino e cervicite. Comentários: O prolapso de órgãos pélvicos é incomum em pacientes jovens. Quando ocorre em pacientes mais velhas, pode ser tratado com métodos não invasivos ou acompanhado em consultas ambulatoriais, dependendo da relação risco-benefício. Este caso descreve o tratamento cirúrgico bem-sucedido de leiomioma uterino em uma paciente jovem e saudável, que chegou até o hospital com risco de vida elevado. É importante ressaltar a importância de otimizar a abordagem terapêutica em casos de patologias benignas, a fim de evitar complicações potencialmente fatais.
{"title":"Prolapso de leiomioma uterino gigante complicado com torção de choque séptico: relato de caso com necessidade de tratamento cirúrgico e histerectomia de urgência","authors":"Hamilton Siqueira Barros Filho, Vinicius Humberto de Souza Vicuña","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1037","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1037","url":null,"abstract":"Introdução: Os leiomiomas uterinos são tumores ginecológicos benignos, porém podem causar complicações significativas e impactar negativamente a qualidade de vida das pacientes. Sintomas relacionados ao tamanho do tumor e sangramento uterino anormal são comuns e podem indicar a necessidade de tratamento cirúrgico definitivo. Relato de caso: Neste relato, descreve-se o caso de uma mulher de 41 anos com história de prolapsamento de massa pélvica há 3 anos. Ela foi trazida ao hospital em estado crítico, com anemia grave, choque hemodinâmico refratário, acidose e em uso de aminas vasoativas. Ao exame, constatou-se volumosa massa uterina prolapsada com sangramento em curso e sinais de degeneração. A paciente foi submetida a um desafiador procedimento cirúrgico, com detalhes técnicos peculiares, além de ressuscitação volêmica e controle de infecção. Ela apresentou boa evolução no pós-operatório e recebeu alta após sete dias de internação hospitalar. O exame histopatológico posterior revelou leiomioma uterino e cervicite. Comentários: O prolapso de órgãos pélvicos é incomum em pacientes jovens. Quando ocorre em pacientes mais velhas, pode ser tratado com métodos não invasivos ou acompanhado em consultas ambulatoriais, dependendo da relação risco-benefício. Este caso descreve o tratamento cirúrgico bem-sucedido de leiomioma uterino em uma paciente jovem e saudável, que chegou até o hospital com risco de vida elevado. É importante ressaltar a importância de otimizar a abordagem terapêutica em casos de patologias benignas, a fim de evitar complicações potencialmente fatais.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"24 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135596739","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1110
Rita Maira Zanine, Mariana D’Avila Ogg Espinola, Dulcimary Dias Bittencourt
Introdução: A pandemia de COVID-19 impactou os serviços de saúde em todo o mundo, o que trouxe repercussões para vários programas de rastreamento, como é o caso do câncer de colo de útero. Objetivo: Este trabalho visa determinar o impacto da pandemia nos Serviços de Trato Genital Inferior e Colposcopia de um hospital universitário no Paraná entre 2018 e 2021, a partir da base de dados do setor. Métodos: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob nº 2018026301. As citologias foram agrupadas de acordo com a classificação Bethesda em ASCUS (células escamosas atípicas de significado incerto), ASC-H (células escamosas atípicas, onde não se pode descartar lesão de alto grau), LSIL (lesão intraepitelial escamosa de baixo grau), HSIL (lesão intraepitelial escamosa de alto grau), alterados (para citologias alteradas não-especificadas), carcinoma, glandulares (AGC — células glandulares atípicas/AGUS — células glandulares atípicas de significado indeterminado) e negativo. Já as indicações cirúrgicas foram denominadas HSIL, vulva malignos, vulva benignos e carcinomas, enquanto as categorias de procedimentos cirúrgicos foram CAF (cirurgia de alta frequência), conização e exérese/outros. Os números de atendimentos, cancelamentos e faltas nos ambulatórios do setor foram fornecidos pela Unidade de Monitoramento e Avaliação (UMA) do hospital. Todos os dados foram compilados em planilhas Excel e tratados estatisticamente por meio dos testes do qui-quadrado, do qui-quadrado para aderência, exato de Fisher e exato binomial, com nível de significância de 5%. Resultados: Verificou-se uma redução de 66% nos exames citológicos e 62% nas lesões HSIL entre 2019 e 2020 (p<0,001). Ainda, houve uma redução de aproximadamente 57% tanto nas indicações cirúrgicas quanto nos procedimentos entre 2019 e 2020. As lesões HSIL apresentaram uma redução de 53% (p<0,001), enquanto os procedimentos CAF e conização reduziram-se em 56% (p<0,001) e 63% (p=0,002), respectivamente. Também foram evidenciadas quedas de 49% nos atendimentos, e aumentos de 70% nos cancelamentos e 20% nas faltas nos ambulatórios entre 2018/2019 e 2020/2021 (p<0,001). Conclusão: Esses dados demonstram que a pandemia de COVID-19 impactou significativamente nos serviços do setor, principalmente em relação às lesões de alto grau. Com isso, mulheres que não receberam atendimento poderão ser afetadas e apresentar o diagnóstico de câncer de colo de útero mais tardiamente.
{"title":"Análise do impacto do COVID-19 no setor de patologia do trato genital inferior de um hospital universitário","authors":"Rita Maira Zanine, Mariana D’Avila Ogg Espinola, Dulcimary Dias Bittencourt","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1110","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1110","url":null,"abstract":"Introdução: A pandemia de COVID-19 impactou os serviços de saúde em todo o mundo, o que trouxe repercussões para vários programas de rastreamento, como é o caso do câncer de colo de útero. Objetivo: Este trabalho visa determinar o impacto da pandemia nos Serviços de Trato Genital Inferior e Colposcopia de um hospital universitário no Paraná entre 2018 e 2021, a partir da base de dados do setor. Métodos: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob nº 2018026301. As citologias foram agrupadas de acordo com a classificação Bethesda em ASCUS (células escamosas atípicas de significado incerto), ASC-H (células escamosas atípicas, onde não se pode descartar lesão de alto grau), LSIL (lesão intraepitelial escamosa de baixo grau), HSIL (lesão intraepitelial escamosa de alto grau), alterados (para citologias alteradas não-especificadas), carcinoma, glandulares (AGC — células glandulares atípicas/AGUS — células glandulares atípicas de significado indeterminado) e negativo. Já as indicações cirúrgicas foram denominadas HSIL, vulva malignos, vulva benignos e carcinomas, enquanto as categorias de procedimentos cirúrgicos foram CAF (cirurgia de alta frequência), conização e exérese/outros. Os números de atendimentos, cancelamentos e faltas nos ambulatórios do setor foram fornecidos pela Unidade de Monitoramento e Avaliação (UMA) do hospital. Todos os dados foram compilados em planilhas Excel e tratados estatisticamente por meio dos testes do qui-quadrado, do qui-quadrado para aderência, exato de Fisher e exato binomial, com nível de significância de 5%. Resultados: Verificou-se uma redução de 66% nos exames citológicos e 62% nas lesões HSIL entre 2019 e 2020 (p<0,001). Ainda, houve uma redução de aproximadamente 57% tanto nas indicações cirúrgicas quanto nos procedimentos entre 2019 e 2020. As lesões HSIL apresentaram uma redução de 53% (p<0,001), enquanto os procedimentos CAF e conização reduziram-se em 56% (p<0,001) e 63% (p=0,002), respectivamente. Também foram evidenciadas quedas de 49% nos atendimentos, e aumentos de 70% nos cancelamentos e 20% nas faltas nos ambulatórios entre 2018/2019 e 2020/2021 (p<0,001). Conclusão: Esses dados demonstram que a pandemia de COVID-19 impactou significativamente nos serviços do setor, principalmente em relação às lesões de alto grau. Com isso, mulheres que não receberam atendimento poderão ser afetadas e apresentar o diagnóstico de câncer de colo de útero mais tardiamente.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"33 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650689","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1113
Maria Clara Serra Soeiro, Daisy Melo Ribeiro, Jussara Fresta de Moura, Ana Julia Rocha da Silva, Marcos Paulo Cardoso Marques, Bruna Obeica Vasconcellos, Jacqueline Assumção Silveira Montuori, Vanessa Rodrigues Apfel
Introdução: O câncer de colo uterino é uma neoplasia comum e representa um problema de saúde pública significativo. O exame citopatológico do colo uterino é o principal método utilizado para o rastreamento dessa doença. A relação entre a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) e o desenvolvimento do carcinoma cervical é bem estabelecida, sendo que o HPV está presente em 99% dos casos, sendo associado a fatores de risco que aumentam a probabilidade de infecção. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a incidência desse câncer aumenta em mulheres entre 30 e 39 anos e atinge o pico na quinta ou sexta década de vida. Antes dos 25 anos, predominam as infecções por HPV e as lesões de baixo grau, que geralmente regridem espontaneamente e podem ser acompanhadas conforme as recomendações clínicas. Objetivo: Relatar um caso de carcinoma de células escamosas em uma paciente com menos de 25 anos. Relato de caso: D.D.S., mulher, 23 anos, G3P3, sem comorbidades relatadas. História da doença atual: a paciente apresentou sangramento vaginal intenso associado à polaciúria nos últimos 3 dias. Não relatou dor abdominal, disúria ou urgência urinária. Exame físico: a paciente estava em bom estado geral, sem alterações nos sinais vitais, mas apresentava palidez acentuada (3+/4+). Durante o exame especular, observou-se uma lesão com consistência esponjosa e sangramento ativo saindo pelo orifício externo. No toque vaginal, foi palpável uma massa com limites mal definidos no colo uterino. O resultado da biópsia confirmou o diagnóstico de carcinoma de células escamosas. Discussão: O exame citopatológico do colo do útero, conhecido como colpocitologia oncótica, é um exame altamente sensível, de baixo custo e fácil execução. O diagnóstico precoce do câncer de colo de útero, quando há maior chance de cura, é possível por meio da realização periódica desse exame, permitindo o diagnóstico na fase pré-clínica. A faixa etária prioritária para o rastreamento, definida como 25 a 64 anos, baseia-se na maior ocorrência de lesões de alto grau nesse grupo. No entanto, é importante ressaltar que a priorização de faixas etárias não exclui a possibilidade de oferecer o exame a mulheres fora dessas faixas prioritárias. Na prática clínica, uma anamnese adequada e o reconhecimento dos fatores de risco associados e do histórico médico da paciente são fundamentais para a indicação do exame de rastreamento. Portanto, de acordo com os sintomas apresentados no caso, a presença de uma lesão vegetante e a multiparidade como fator de risco, a conduta diagnóstica adequada foi a realização de biópsia, que confirmou o carcinoma de células escamosas, o tipo histológico mais comum de câncer de colo uterino. Conclusão: Conclui-se que uma investigação ativa e precoce, baseada nos sintomas e fatores de risco, é necessária para o diagnóstico do câncer de colo uterino, mesmo antes dos 25 anos. Isso ressalta a importância da conscientização e do rastreamento adequado, independentemente da faixa etária da pac
{"title":"Câncer de colo de útero em paciente jovem: relato de caso","authors":"Maria Clara Serra Soeiro, Daisy Melo Ribeiro, Jussara Fresta de Moura, Ana Julia Rocha da Silva, Marcos Paulo Cardoso Marques, Bruna Obeica Vasconcellos, Jacqueline Assumção Silveira Montuori, Vanessa Rodrigues Apfel","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1113","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1113","url":null,"abstract":"Introdução: O câncer de colo uterino é uma neoplasia comum e representa um problema de saúde pública significativo. O exame citopatológico do colo uterino é o principal método utilizado para o rastreamento dessa doença. A relação entre a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) e o desenvolvimento do carcinoma cervical é bem estabelecida, sendo que o HPV está presente em 99% dos casos, sendo associado a fatores de risco que aumentam a probabilidade de infecção. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a incidência desse câncer aumenta em mulheres entre 30 e 39 anos e atinge o pico na quinta ou sexta década de vida. Antes dos 25 anos, predominam as infecções por HPV e as lesões de baixo grau, que geralmente regridem espontaneamente e podem ser acompanhadas conforme as recomendações clínicas. Objetivo: Relatar um caso de carcinoma de células escamosas em uma paciente com menos de 25 anos. Relato de caso: D.D.S., mulher, 23 anos, G3P3, sem comorbidades relatadas. História da doença atual: a paciente apresentou sangramento vaginal intenso associado à polaciúria nos últimos 3 dias. Não relatou dor abdominal, disúria ou urgência urinária. Exame físico: a paciente estava em bom estado geral, sem alterações nos sinais vitais, mas apresentava palidez acentuada (3+/4+). Durante o exame especular, observou-se uma lesão com consistência esponjosa e sangramento ativo saindo pelo orifício externo. No toque vaginal, foi palpável uma massa com limites mal definidos no colo uterino. O resultado da biópsia confirmou o diagnóstico de carcinoma de células escamosas. Discussão: O exame citopatológico do colo do útero, conhecido como colpocitologia oncótica, é um exame altamente sensível, de baixo custo e fácil execução. O diagnóstico precoce do câncer de colo de útero, quando há maior chance de cura, é possível por meio da realização periódica desse exame, permitindo o diagnóstico na fase pré-clínica. A faixa etária prioritária para o rastreamento, definida como 25 a 64 anos, baseia-se na maior ocorrência de lesões de alto grau nesse grupo. No entanto, é importante ressaltar que a priorização de faixas etárias não exclui a possibilidade de oferecer o exame a mulheres fora dessas faixas prioritárias. Na prática clínica, uma anamnese adequada e o reconhecimento dos fatores de risco associados e do histórico médico da paciente são fundamentais para a indicação do exame de rastreamento. Portanto, de acordo com os sintomas apresentados no caso, a presença de uma lesão vegetante e a multiparidade como fator de risco, a conduta diagnóstica adequada foi a realização de biópsia, que confirmou o carcinoma de células escamosas, o tipo histológico mais comum de câncer de colo uterino. Conclusão: Conclui-se que uma investigação ativa e precoce, baseada nos sintomas e fatores de risco, é necessária para o diagnóstico do câncer de colo uterino, mesmo antes dos 25 anos. Isso ressalta a importância da conscientização e do rastreamento adequado, independentemente da faixa etária da pac","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"5 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650701","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1014
Gabriela de Castro da Silva, Beatrix Kompier Mendes, Charlotte Sophie Schlanger Robles, Rafaela Emilia Viana Amendola, Thaiz Costa Brandão, Gabrielle Araujo Barros
Introdução: A vacina nonavalente contra o papilomavírus humano (HPV) foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) em dezembro de 2014, nos Estados Unidos, e, recentemente, em março de 2023, chegou à rede privada no Brasil. Essa vacina é eficaz na proteção contra nove tipos do HPV e tem o potencial de prevenir até 90% dos casos de câncer de colo de útero, bem como outras infecções cervicais, vulvares, vaginais, anais e orofaríngeas. Devido à importância dessa vacina para a saúde pública do país e sua comprovada eficácia, é relevante promover um debate sobre o tema, visando divulgar e consolidar as informações sobre o imunizante. Objetivo: Abordar a eficácia e o sucesso da vacina nonavalente contra o HPV, além de destacar a importância de sua implementação no Brasil. Fonte de dados: Realizou-se uma revisão sistemática da literatura utilizando-se as bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e National Library of Medicine (PubMed), buscando artigos relacionados à vacina nonavalente contra o HPV e sua eficácia. Os descritores utilizados foram “vacina nonavalente”, “HPV” e “eficácia”. O ponto de corte temporal incluiu artigos dos últimos 15 anos. Seleção de estudos: Foram coletados e revisados 10 estudos que atendiam aos critérios de inclusão estabelecidos. Esses critérios incluíam classificação Qualis acima de B2, idiomas português, inglês ou espanhol, artigos relacionados à ginecologia e publicados nos últimos 15 anos. Coleta de dados: Os dados foram extraídos dos 10 artigos selecionados de acordo com os critérios de inclusão. Realizou-se uma leitura e análise minuciosa dos artigos, buscando uma compreensão inicial sobre o tema e gerando uma reflexão sobre a importância da vacina nonavalente. Não foi realizada coleta estatística. Resultados: Os resultados encontrados indicam que a vacina nonavalente (9vHPV) tem eficácia de mais de 97% e contém mais do que o dobro de partículas semelhantes a vírus e adjuvantes em comparação com a vacina quadrivalente (qHPV). É importante ressaltar que, apesar de ser mais eficaz, a vacina nonavalente tem eficácia similar à quadrivalente para os subtipos 6, 11, 16 e 18. Quanto à administração da vacina, estudos mostram que é mais vantajoso vacinar antes da infecção, destacando a importância da vacinação em faixas etárias mais baixas, principalmente a partir dos 10 anos de idade. Além disso, a vacina nonavalente oferece proteção contra sorotipos extras de HPV, os quais estão associados a 10% dos casos de câncer, ressaltando a relevância de incluir essa vacina no calendário vacinal do Brasil. Conclusão: Embora sejam necessários mais estudos sobre a implementação da vacina nonavalente no Brasil para obter benefícios concretos e conclusões mais precisas, é inegável o benefício e a eficácia dessa vacina nos locais onde já foi implementada. Portanto, é essencial dar atenção especial aos potenciais ganhos que essa vacina pode trazer para a saúde pública brasileira.
{"title":"A vacina nonavalente contra HPV e sua eficácia","authors":"Gabriela de Castro da Silva, Beatrix Kompier Mendes, Charlotte Sophie Schlanger Robles, Rafaela Emilia Viana Amendola, Thaiz Costa Brandão, Gabrielle Araujo Barros","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1014","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1014","url":null,"abstract":"Introdução: A vacina nonavalente contra o papilomavírus humano (HPV) foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) em dezembro de 2014, nos Estados Unidos, e, recentemente, em março de 2023, chegou à rede privada no Brasil. Essa vacina é eficaz na proteção contra nove tipos do HPV e tem o potencial de prevenir até 90% dos casos de câncer de colo de útero, bem como outras infecções cervicais, vulvares, vaginais, anais e orofaríngeas. Devido à importância dessa vacina para a saúde pública do país e sua comprovada eficácia, é relevante promover um debate sobre o tema, visando divulgar e consolidar as informações sobre o imunizante. Objetivo: Abordar a eficácia e o sucesso da vacina nonavalente contra o HPV, além de destacar a importância de sua implementação no Brasil. Fonte de dados: Realizou-se uma revisão sistemática da literatura utilizando-se as bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e National Library of Medicine (PubMed), buscando artigos relacionados à vacina nonavalente contra o HPV e sua eficácia. Os descritores utilizados foram “vacina nonavalente”, “HPV” e “eficácia”. O ponto de corte temporal incluiu artigos dos últimos 15 anos. Seleção de estudos: Foram coletados e revisados 10 estudos que atendiam aos critérios de inclusão estabelecidos. Esses critérios incluíam classificação Qualis acima de B2, idiomas português, inglês ou espanhol, artigos relacionados à ginecologia e publicados nos últimos 15 anos. Coleta de dados: Os dados foram extraídos dos 10 artigos selecionados de acordo com os critérios de inclusão. Realizou-se uma leitura e análise minuciosa dos artigos, buscando uma compreensão inicial sobre o tema e gerando uma reflexão sobre a importância da vacina nonavalente. Não foi realizada coleta estatística. Resultados: Os resultados encontrados indicam que a vacina nonavalente (9vHPV) tem eficácia de mais de 97% e contém mais do que o dobro de partículas semelhantes a vírus e adjuvantes em comparação com a vacina quadrivalente (qHPV). É importante ressaltar que, apesar de ser mais eficaz, a vacina nonavalente tem eficácia similar à quadrivalente para os subtipos 6, 11, 16 e 18. Quanto à administração da vacina, estudos mostram que é mais vantajoso vacinar antes da infecção, destacando a importância da vacinação em faixas etárias mais baixas, principalmente a partir dos 10 anos de idade. Além disso, a vacina nonavalente oferece proteção contra sorotipos extras de HPV, os quais estão associados a 10% dos casos de câncer, ressaltando a relevância de incluir essa vacina no calendário vacinal do Brasil. Conclusão: Embora sejam necessários mais estudos sobre a implementação da vacina nonavalente no Brasil para obter benefícios concretos e conclusões mais precisas, é inegável o benefício e a eficácia dessa vacina nos locais onde já foi implementada. Portanto, é essencial dar atenção especial aos potenciais ganhos que essa vacina pode trazer para a saúde pública brasileira.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"66 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135550216","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1013
Bryan Alexander Cuervo, Mario Fernando Davila Obando, Julio da Silva Almeida, Daniela Cardeño Chamorro, Ana Laura Ribas Braga Bettega, Tatianne Rosa dos Santos, Christian Montero Vera, Sílvio Silva Fernandes
Introdução: O angiomixoma profundo (AP) é uma neoplasia mesenquimal benigna rara, com apenas cerca de 250 casos registrados no mundo. O AP pode apresentar recorrência local em aproximadamente 40% dos casos quando não é completamente excisado. É mais comum em mulheres e geralmente cresce localmente, embora existam relatos de casos de metástases. A causa do AP ainda é desconhecida. O AP endometrial é ainda mais raro devido à sua localização e geralmente afeta mulheres com menos de 40 anos. Neste relato de caso, descrevemos um caso raro de AP endometrial e pretendemos contribuir para a identificação e o tratamento de possíveis novos casos dessa doença. Relato de caso: Uma paciente do sexo feminino, 48 anos de idade, de etnia branca, apresentou queixa de sangramento anormal e dor pélvica entre janeiro e setembro de 2021. Após avaliação, prescreveu-se acetato de medroxiprogesterona. No entanto, o sangramento uterino aumentou e a intensidade da dor aumentou. A paciente desenvolveu anemia severa e continuou apresentando sangramento uterino anormal sem causa aparente. O exame preventivo (Papanicolau) não mostrou evidências de malignidade. A ultrassonografia transvaginal revelou a presença de leiomioma subseroso. Realizou-se vídeo-histeroscopia diagnóstica, que revelou endométrio espessado com pólipos no canal endocervical. A biópsia do pólipo endometrial e o estudo anatomopatológico revelaram pólipo endocervical com aspecto mixoide do estroma. Indicou-se estudo imuno-histoquímico complementar. Os aspectos morfológicos observados juntamente com o perfil imuno-histo-químico favoreceram o diagnóstico de angiomixoma profundo. A paciente foi encaminhada ao Hospital Mário Kroeff, onde foi realizada ressonância magnética que mostrou útero em anteversão, com contorno lobulado e dimensões aumentadas, apresentando espessamento da zona juncional, sugerindo adenomiose, o que dificultou a avaliação de possíveis lesões miometriais associadas. Além disso, identificou-se leiomioma na parede corporal posterior, subseroso. O endométrio apresentava espessamento e heterogeneidade, com, pelo menos, dois pólipos que realçaram na administração do meio de contraste, sendo o maior próximo ao orifício interno do colo uterino. A paciente foi submetida à histerectomia total abdominal e salpingooforectomia bilateral (remoção do útero e anexos) no dia 5 de outubro de 2022, permanecendo livre de recorrências até o momento. Comentários: O AP é frequentemente diagnosticado de modo errôneo e pode apresentar taxa significativa de recorrência. Em muitos casos, seu diagnóstico é confundido com outros tumores de partes moles com alterações mixoides secundárias. No caso apresentado, a análise do perfil imuno-histoquímico foi fundamental para o diagnóstico correto. É comum que pacientes com angiomixoma profundo apresentem anemia severa, o que auxilia no diagnóstico diferencial de outras patologias; no caso relatado, a dosagem de hemoglobina foi de 4 mg/dL. Devido às doenças adicionais no útero
{"title":"Angiomixoma profundo endometrial: primeiro relato de caso no Brasil","authors":"Bryan Alexander Cuervo, Mario Fernando Davila Obando, Julio da Silva Almeida, Daniela Cardeño Chamorro, Ana Laura Ribas Braga Bettega, Tatianne Rosa dos Santos, Christian Montero Vera, Sílvio Silva Fernandes","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1013","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1013","url":null,"abstract":"Introdução: O angiomixoma profundo (AP) é uma neoplasia mesenquimal benigna rara, com apenas cerca de 250 casos registrados no mundo. O AP pode apresentar recorrência local em aproximadamente 40% dos casos quando não é completamente excisado. É mais comum em mulheres e geralmente cresce localmente, embora existam relatos de casos de metástases. A causa do AP ainda é desconhecida. O AP endometrial é ainda mais raro devido à sua localização e geralmente afeta mulheres com menos de 40 anos. Neste relato de caso, descrevemos um caso raro de AP endometrial e pretendemos contribuir para a identificação e o tratamento de possíveis novos casos dessa doença. Relato de caso: Uma paciente do sexo feminino, 48 anos de idade, de etnia branca, apresentou queixa de sangramento anormal e dor pélvica entre janeiro e setembro de 2021. Após avaliação, prescreveu-se acetato de medroxiprogesterona. No entanto, o sangramento uterino aumentou e a intensidade da dor aumentou. A paciente desenvolveu anemia severa e continuou apresentando sangramento uterino anormal sem causa aparente. O exame preventivo (Papanicolau) não mostrou evidências de malignidade. A ultrassonografia transvaginal revelou a presença de leiomioma subseroso. Realizou-se vídeo-histeroscopia diagnóstica, que revelou endométrio espessado com pólipos no canal endocervical. A biópsia do pólipo endometrial e o estudo anatomopatológico revelaram pólipo endocervical com aspecto mixoide do estroma. Indicou-se estudo imuno-histoquímico complementar. Os aspectos morfológicos observados juntamente com o perfil imuno-histo-químico favoreceram o diagnóstico de angiomixoma profundo. A paciente foi encaminhada ao Hospital Mário Kroeff, onde foi realizada ressonância magnética que mostrou útero em anteversão, com contorno lobulado e dimensões aumentadas, apresentando espessamento da zona juncional, sugerindo adenomiose, o que dificultou a avaliação de possíveis lesões miometriais associadas. Além disso, identificou-se leiomioma na parede corporal posterior, subseroso. O endométrio apresentava espessamento e heterogeneidade, com, pelo menos, dois pólipos que realçaram na administração do meio de contraste, sendo o maior próximo ao orifício interno do colo uterino. A paciente foi submetida à histerectomia total abdominal e salpingooforectomia bilateral (remoção do útero e anexos) no dia 5 de outubro de 2022, permanecendo livre de recorrências até o momento. Comentários: O AP é frequentemente diagnosticado de modo errôneo e pode apresentar taxa significativa de recorrência. Em muitos casos, seu diagnóstico é confundido com outros tumores de partes moles com alterações mixoides secundárias. No caso apresentado, a análise do perfil imuno-histoquímico foi fundamental para o diagnóstico correto. É comum que pacientes com angiomixoma profundo apresentem anemia severa, o que auxilia no diagnóstico diferencial de outras patologias; no caso relatado, a dosagem de hemoglobina foi de 4 mg/dL. Devido às doenças adicionais no útero","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"70 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135550775","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1056
Guilherme do Nascimento Bravim, Icaro Maia Silva, Julia Monteiro Jacarandá, Karina Cristina Ramos Walter
Introdução: Durante a gravidez, é crucial que as gestantes adolescentes recebam pré-natal de qualidade para monitorar a saúde tanto da mãe quanto do bebê até o momento do parto. No entanto, é preocupante a alta proporção de puérperas adolescentes que não alcançam o número mínimo de consultas pré-natais recomendado pelo Ministério da Saúde, o qual é de, no mínimo, seis consultas iniciadas antes ou durante o terceiro mês de gravidez. A falta de atendimento adequado pode levar a complicações graves. Objetivo: Analisar o número de atendimentos pré-natais realizados por mães adolescentes com idades entre 10 e 19 anos no período de 2014 a 2020 e examinar a variação ao longo dos anos. Método: Este é um estudo observacional e descritivo de delineamento transversal. Os dados foram obtidos no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), por meio do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). As gestantes na faixa etária de 10 a 19 anos que deram à luz entre 2014 e 2020 foram classificadas em cinco grupos de acordo com o número de consultas pré-natais realizadas: Não fez, se não realizaram consulta pré-natal durante a gestação; Inadequado, se iniciaram o pré-natal após o terceiro mês de gestação ou fizeram menos de 3 consultas; Intermediário, se iniciaram o pré-natal antes ou durante o terceiro mês de gestação e fizeram de 3 a 5 consultas; Adequado, se iniciaram o pré-natal antes ou durante o terceiro mês de gestação e fizeram 6 consultas; e Mais que adequado, se iniciaram o pré-natal antes ou durante o terceiro mês de gestação e fizeram 7 ou mais consultas. Gestantes com quantidade de pré-natais não classificadas ou não informadas foram excluídas da análise. Resultados: A taxa de gestantes que realizaram um número mais que adequado de consultas pré-natais mostrou um aumento de 4,94% (de 46,49 para 51,34%) no período de 2014 a 2019, mas apresentou uma queda de 1,40% em 2020. Já a variação da taxa de puérperas que realizaram um número adequado de consultas pré-natais foi de -1,34% (de 9,89 para 8,55%) entre 2014 e 2019, mantendo-se constante em 2020. A proporção de grávidas que realizaram um número inadequado de consultas pré-natais diminuiu 4,08% (de 32,13 para 28,05%) de 2014 a 2019, mas mostrou um aumento de 0,08% em 2020. A taxa de gestantes que não realizaram pré-natal e aquelas que realizaram um número intermediário de consultas manteve-se constante, com valores próximos a 0,82 e 10,45%, respectivamente. Conclusão: Esses resultados demonstram que a taxa de gestantes adolescentes que realizam tanto um número inadequado quanto um número adequado de consultas pré-natais tende a diminuir ao longo dos anos, pois essas puérperas estão migrando cada vez mais para a categoria de gestantes que realizam um número mais que adequado de consultas, a qual mostra uma tendência forte de aumento. No entanto, no ano de 2020, marcado pela pandemia de COVID-19, esses padrões se inverteram, provavelmente devido às restrições impostas. É válido
{"title":"Análise do atendimento a consultas pré-natais por mães adolescentes no Brasil (2014–2020)","authors":"Guilherme do Nascimento Bravim, Icaro Maia Silva, Julia Monteiro Jacarandá, Karina Cristina Ramos Walter","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1056","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1056","url":null,"abstract":"Introdução: Durante a gravidez, é crucial que as gestantes adolescentes recebam pré-natal de qualidade para monitorar a saúde tanto da mãe quanto do bebê até o momento do parto. No entanto, é preocupante a alta proporção de puérperas adolescentes que não alcançam o número mínimo de consultas pré-natais recomendado pelo Ministério da Saúde, o qual é de, no mínimo, seis consultas iniciadas antes ou durante o terceiro mês de gravidez. A falta de atendimento adequado pode levar a complicações graves. Objetivo: Analisar o número de atendimentos pré-natais realizados por mães adolescentes com idades entre 10 e 19 anos no período de 2014 a 2020 e examinar a variação ao longo dos anos. Método: Este é um estudo observacional e descritivo de delineamento transversal. Os dados foram obtidos no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), por meio do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). As gestantes na faixa etária de 10 a 19 anos que deram à luz entre 2014 e 2020 foram classificadas em cinco grupos de acordo com o número de consultas pré-natais realizadas: Não fez, se não realizaram consulta pré-natal durante a gestação; Inadequado, se iniciaram o pré-natal após o terceiro mês de gestação ou fizeram menos de 3 consultas; Intermediário, se iniciaram o pré-natal antes ou durante o terceiro mês de gestação e fizeram de 3 a 5 consultas; Adequado, se iniciaram o pré-natal antes ou durante o terceiro mês de gestação e fizeram 6 consultas; e Mais que adequado, se iniciaram o pré-natal antes ou durante o terceiro mês de gestação e fizeram 7 ou mais consultas. Gestantes com quantidade de pré-natais não classificadas ou não informadas foram excluídas da análise. Resultados: A taxa de gestantes que realizaram um número mais que adequado de consultas pré-natais mostrou um aumento de 4,94% (de 46,49 para 51,34%) no período de 2014 a 2019, mas apresentou uma queda de 1,40% em 2020. Já a variação da taxa de puérperas que realizaram um número adequado de consultas pré-natais foi de -1,34% (de 9,89 para 8,55%) entre 2014 e 2019, mantendo-se constante em 2020. A proporção de grávidas que realizaram um número inadequado de consultas pré-natais diminuiu 4,08% (de 32,13 para 28,05%) de 2014 a 2019, mas mostrou um aumento de 0,08% em 2020. A taxa de gestantes que não realizaram pré-natal e aquelas que realizaram um número intermediário de consultas manteve-se constante, com valores próximos a 0,82 e 10,45%, respectivamente. Conclusão: Esses resultados demonstram que a taxa de gestantes adolescentes que realizam tanto um número inadequado quanto um número adequado de consultas pré-natais tende a diminuir ao longo dos anos, pois essas puérperas estão migrando cada vez mais para a categoria de gestantes que realizam um número mais que adequado de consultas, a qual mostra uma tendência forte de aumento. No entanto, no ano de 2020, marcado pela pandemia de COVID-19, esses padrões se inverteram, provavelmente devido às restrições impostas. É válido ","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"6 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135599693","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1070
Fillipe Braunei Brum Gomes, Gustavo Mourão Rodrigues, Regina Rocco, Andréia Luiz Montenegro da Costa, Mario Vicente Giordano, Renata Morato Santos
Introdução: Os pacientes HIV positivo geralmente apresentam progressão da doença, caracterizada pela elevação da carga viral (CV) e redução dos níveis de linfócitos TCD4 (LTCD4) no sangue. A terapia antirretroviral (TARV) é necessária para evitar a progressão da doença e o desenvolvimento da síndrome da imunodeficiência adquirida (aids). No entanto, alguns pacientes, conhecidos como controladores de elite (CE), apresentam uma proteção natural contra a infecção pelo HIV devido a certos alelos do gene HLA. Esses pacientes mantêm parâmetros laboratoriais normais, como CV indetectável e contagem de LTCD4 estável, sem a necessidade de iniciar a TARV. No contexto da gestação, existem poucos estudos sobre o manejo dessas situações e se é necessário ou não iniciar ou modificar a TARV. Relato de caso: O caso envolve uma gestante de 34 anos, gravidez multípara (G3P2A0), na 24ª semana de gestação, que é HIV positivo e mantém o vírus controlado sem o uso de TARV há 10 anos, com CV indetectável e contagem de LTCD4 normal. O parceiro também é HIV positivo. Decidiu-se iniciar a TARV devido aos benefícios clínicos que superaram os riscos. A paciente teve dois partos vaginais anteriores, sendo que o primeiro ocorreu há 14 anos, com amamentação até os 2 anos de idade. O segundo parto vaginal ocorreu há 8 anos, quando foi diagnosticado o HIV, e a paciente utilizou a TARV durante a gestação e não amamentou. O parto vaginal foi realizado com 38 semanas e 2 dias de gestação, e o teste rápido realizado na admissão foi positivo para HIV e negativo para outras infecções. As últimas três coletas de CV foram indetectáveis. O recém-nascido teve um escore de Apgar de 8/10, a bolsa amniótica rompeu espontaneamente com líquido amniótico claro, e o peso ao nascer foi de 3135g. O cordão umbilical foi clampeado imediatamente, não sendo necessária aspiração das vias aéreas superiores ou manobras de reanimação. O neonato não apresentou intercorrências, apresentou baixo risco de infecção pelo HIV e recebeu alta após 48 horas, com todos os testes de triagem negativos. Comentários: Durante o pré-natal, considerou-se a possibilidade de não iniciar a TARV devido aos dados laboratoriais estáveis da gestante. No entanto, após discutir os riscos e benefícios com a paciente, optou-se por iniciar o esquema padrão de medicamentos para garantir uma maior segurança na supressão viral durante a gestação e evitar possíveis descompensações. Embora os CEs do HIV sejam bem documentados na literatura, há pouca discussão sobre a não utilização da TARV nessa população, especialmente em gestantes. A TARV é altamente eficaz na redução do risco de transmissão sexual do HIV e é bem tolerada. No entanto, a presença de uma resposta imunológica eficaz contra o HIV, com níveis elevados de LTCD4 e CV indetectável, pode sugerir a possibilidade de adotar uma conduta expectante, com acompanhamento clínico-laboratorial, seguindo o conceito de "indetectável=intransmissível" do Ministério da Saúde. A via de parto ser
{"title":"Gestação em paciente HIV controladora de elite: relato de caso","authors":"Fillipe Braunei Brum Gomes, Gustavo Mourão Rodrigues, Regina Rocco, Andréia Luiz Montenegro da Costa, Mario Vicente Giordano, Renata Morato Santos","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1070","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1070","url":null,"abstract":"Introdução: Os pacientes HIV positivo geralmente apresentam progressão da doença, caracterizada pela elevação da carga viral (CV) e redução dos níveis de linfócitos TCD4 (LTCD4) no sangue. A terapia antirretroviral (TARV) é necessária para evitar a progressão da doença e o desenvolvimento da síndrome da imunodeficiência adquirida (aids). No entanto, alguns pacientes, conhecidos como controladores de elite (CE), apresentam uma proteção natural contra a infecção pelo HIV devido a certos alelos do gene HLA. Esses pacientes mantêm parâmetros laboratoriais normais, como CV indetectável e contagem de LTCD4 estável, sem a necessidade de iniciar a TARV. No contexto da gestação, existem poucos estudos sobre o manejo dessas situações e se é necessário ou não iniciar ou modificar a TARV. Relato de caso: O caso envolve uma gestante de 34 anos, gravidez multípara (G3P2A0), na 24ª semana de gestação, que é HIV positivo e mantém o vírus controlado sem o uso de TARV há 10 anos, com CV indetectável e contagem de LTCD4 normal. O parceiro também é HIV positivo. Decidiu-se iniciar a TARV devido aos benefícios clínicos que superaram os riscos. A paciente teve dois partos vaginais anteriores, sendo que o primeiro ocorreu há 14 anos, com amamentação até os 2 anos de idade. O segundo parto vaginal ocorreu há 8 anos, quando foi diagnosticado o HIV, e a paciente utilizou a TARV durante a gestação e não amamentou. O parto vaginal foi realizado com 38 semanas e 2 dias de gestação, e o teste rápido realizado na admissão foi positivo para HIV e negativo para outras infecções. As últimas três coletas de CV foram indetectáveis. O recém-nascido teve um escore de Apgar de 8/10, a bolsa amniótica rompeu espontaneamente com líquido amniótico claro, e o peso ao nascer foi de 3135g. O cordão umbilical foi clampeado imediatamente, não sendo necessária aspiração das vias aéreas superiores ou manobras de reanimação. O neonato não apresentou intercorrências, apresentou baixo risco de infecção pelo HIV e recebeu alta após 48 horas, com todos os testes de triagem negativos. Comentários: Durante o pré-natal, considerou-se a possibilidade de não iniciar a TARV devido aos dados laboratoriais estáveis da gestante. No entanto, após discutir os riscos e benefícios com a paciente, optou-se por iniciar o esquema padrão de medicamentos para garantir uma maior segurança na supressão viral durante a gestação e evitar possíveis descompensações. Embora os CEs do HIV sejam bem documentados na literatura, há pouca discussão sobre a não utilização da TARV nessa população, especialmente em gestantes. A TARV é altamente eficaz na redução do risco de transmissão sexual do HIV e é bem tolerada. No entanto, a presença de uma resposta imunológica eficaz contra o HIV, com níveis elevados de LTCD4 e CV indetectável, pode sugerir a possibilidade de adotar uma conduta expectante, com acompanhamento clínico-laboratorial, seguindo o conceito de \"indetectável=intransmissível\" do Ministério da Saúde. A via de parto ser","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"128 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135600102","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1050
Larissa Veras Menezes, Fernanda Rossi Bazzanella, Ludmila Frutuozo Silveira Medronho, Victor Faria de Oliveira
Objetivo: Realizar uma crítica literária sobre os aspectos que impactam a imunização materna, analisando a cobertura vacinal contra a influenza e hepatite B em gestantes em algumas regiões do Brasil. Fonte de dados: Os dados foram coletados das plataformas Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), National Library of Medicine (PubMed) e do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), utilizando-se os indexadores "vacinação na gestação" e "vaccination in pregnancy". Utilizou-se como filtro os trabalhos publicados nos últimos cinco anos. Seleção de estudos: Avaliaram-se 15 estudos prévios sobre o tema, realizando, por fim, a seleção de 6 destes para uma melhor compreensão dos resultados obtidos. Os critérios abrangeram o grau de relevância científica do estudo, a preferência por estudos nacionais, a metodologia empregada e o embasamento teórico. Coleta de dados: Os dados dos estudos avaliados foram coletados do SI-PNI e por meio de questionários realizados para as gestantes, referentes aos registros de doses da vacina contra influenza e hepatite B. Resultados: Observou-se que o percentual da cobertura vacinal de gestantes contra influenza foi variável ao longo dos anos, atingindo 85%, em 2018, e 80%, em 2020, na região de Minas Gerais. Na mesma região, a menor taxa de cobertura foi em 2011, com 49% das gestantes, e a maior em 2015, com 88% destas. Quanto à vacinação contra hepatite B, cerca de 80% das gestantes avaliadas não apresentaram comprovante, inferindo, assim, cobertura inferior a 20%. Ressaltou-se ainda uma disparidade no quantitativo vacinal de acordo com a região analisada, sabendo-se que em São Paulo a cobertura contra hepatite B foi superior a 70%. Conclusão: Entende-se que a cobertura vacinal das gestantes não atinge as metas exigidas pelo Ministério da Saúde, que seriam de 90%. Sabendo-se que a vacinação de gestantes deve ocorrer de maneira homogênea no país, no sentido de garantir a saúde materno-infantil, o serviço de saúde deve se adequar às necessidades de cada região, seja em caráter informativo ou organizacional, a fim de minimizar os impactos socioeconômicos sobre a saúde da população.
{"title":"Adesão e cobertura vacinal de mulheres gestantes brasileiras","authors":"Larissa Veras Menezes, Fernanda Rossi Bazzanella, Ludmila Frutuozo Silveira Medronho, Victor Faria de Oliveira","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1050","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1050","url":null,"abstract":"Objetivo: Realizar uma crítica literária sobre os aspectos que impactam a imunização materna, analisando a cobertura vacinal contra a influenza e hepatite B em gestantes em algumas regiões do Brasil. Fonte de dados: Os dados foram coletados das plataformas Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), National Library of Medicine (PubMed) e do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), utilizando-se os indexadores \"vacinação na gestação\" e \"vaccination in pregnancy\". Utilizou-se como filtro os trabalhos publicados nos últimos cinco anos. Seleção de estudos: Avaliaram-se 15 estudos prévios sobre o tema, realizando, por fim, a seleção de 6 destes para uma melhor compreensão dos resultados obtidos. Os critérios abrangeram o grau de relevância científica do estudo, a preferência por estudos nacionais, a metodologia empregada e o embasamento teórico. Coleta de dados: Os dados dos estudos avaliados foram coletados do SI-PNI e por meio de questionários realizados para as gestantes, referentes aos registros de doses da vacina contra influenza e hepatite B. Resultados: Observou-se que o percentual da cobertura vacinal de gestantes contra influenza foi variável ao longo dos anos, atingindo 85%, em 2018, e 80%, em 2020, na região de Minas Gerais. Na mesma região, a menor taxa de cobertura foi em 2011, com 49% das gestantes, e a maior em 2015, com 88% destas. Quanto à vacinação contra hepatite B, cerca de 80% das gestantes avaliadas não apresentaram comprovante, inferindo, assim, cobertura inferior a 20%. Ressaltou-se ainda uma disparidade no quantitativo vacinal de acordo com a região analisada, sabendo-se que em São Paulo a cobertura contra hepatite B foi superior a 70%. Conclusão: Entende-se que a cobertura vacinal das gestantes não atinge as metas exigidas pelo Ministério da Saúde, que seriam de 90%. Sabendo-se que a vacinação de gestantes deve ocorrer de maneira homogênea no país, no sentido de garantir a saúde materno-infantil, o serviço de saúde deve se adequar às necessidades de cada região, seja em caráter informativo ou organizacional, a fim de minimizar os impactos socioeconômicos sobre a saúde da população.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"27 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135600141","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1101
Gabriella de Oliveira Flor Ferreira, Leticia Freitas Simões, Aylana Ramos Gomes de Oliveira, Fátima Regina Dias de Miranda, Célia Regina da Silva, Carolina Junqueira Allage, Denise Leite Maia Monteiro
Introdução: A gravidez na adolescência pode estar associada a desfechos gestacionais desfavoráveis, especialmente em gestantes mais jovens. A prematuridade configura-se como a principal complicação perinatal, e na adolescência, pode estar relacionada à qualidade da assistência pré-natal e/ou condições socioeconômicas adversas. Objetivo: Comparar a taxa de prematuridade em gestantes adolescentes no ano 2000 com o biênio 2018–2019. Método: Estudo com desenho transversal, realizado por meio da busca de informações no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Gestantes nas faixas etárias de 10–14 e 15–19 anos foram comparadas com mães entre 20-34 anos (grupo de comparação). Excluíram-se as informações dos registros do SINASC com idade gestacional inferior a 22 semanas e com idade desconhecida, e calculou-se a frequência de prematuridade em cada grupo etário. Resultados: O total de nascidos vivos (NV) prematuros de mães adolescentes em 2000 foi de 55.851, e a soma dos prematuros entre 2018–2019 foi de 107.665. Em 2000, a quantidade de bebês nascidos com menos de 37 semanas representou 10% (2.864) dos NV entre mães adolescentes de 10–14 anos, 7,5% (52.987) entre 15–19 anos e 6,2% (132.342) entre 20–34 anos. No biênio 2018–2019, esses números foram 17,7% (3.658), 12,3% (52.519) e 10,3% (205.831), respectivamente. A chance de prematuridade foi maior entre 10–14 anos, 88% [p<0,001; OR 1,88 (IC95% 1,82–1,95)], do que entre 15–19 anos, representando 22% [p<0,001; OR 1,22 (IC95% 1,21–1,24)] quando comparadas com o grupo de 20–34 anos. Houve um aumento da taxa de prematuridade no período estudado de 76,2% entre 10–14 anos, 64% entre 15–19 anos e 66,1% entre 20–34 anos. Conclusão: Observou-se um aumento no número de nascidos vivos prematuros no biênio 2018–2019, quando comparado com o ano 2000. Nota-se maior taxa de prematuridade nas adolescentes de 10 a 14 anos, quando comparada com as de 15–19 e de 20–34 anos. Esse fato pode estar relacionado a condições variadas, como fatores socioeconômicos e assistência pré-natal, sendo importante fator de risco.
{"title":"Prevalência de nascimentos prematuros em gestações de adolescentes","authors":"Gabriella de Oliveira Flor Ferreira, Leticia Freitas Simões, Aylana Ramos Gomes de Oliveira, Fátima Regina Dias de Miranda, Célia Regina da Silva, Carolina Junqueira Allage, Denise Leite Maia Monteiro","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1101","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1101","url":null,"abstract":"Introdução: A gravidez na adolescência pode estar associada a desfechos gestacionais desfavoráveis, especialmente em gestantes mais jovens. A prematuridade configura-se como a principal complicação perinatal, e na adolescência, pode estar relacionada à qualidade da assistência pré-natal e/ou condições socioeconômicas adversas. Objetivo: Comparar a taxa de prematuridade em gestantes adolescentes no ano 2000 com o biênio 2018–2019. Método: Estudo com desenho transversal, realizado por meio da busca de informações no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Gestantes nas faixas etárias de 10–14 e 15–19 anos foram comparadas com mães entre 20-34 anos (grupo de comparação). Excluíram-se as informações dos registros do SINASC com idade gestacional inferior a 22 semanas e com idade desconhecida, e calculou-se a frequência de prematuridade em cada grupo etário. Resultados: O total de nascidos vivos (NV) prematuros de mães adolescentes em 2000 foi de 55.851, e a soma dos prematuros entre 2018–2019 foi de 107.665. Em 2000, a quantidade de bebês nascidos com menos de 37 semanas representou 10% (2.864) dos NV entre mães adolescentes de 10–14 anos, 7,5% (52.987) entre 15–19 anos e 6,2% (132.342) entre 20–34 anos. No biênio 2018–2019, esses números foram 17,7% (3.658), 12,3% (52.519) e 10,3% (205.831), respectivamente. A chance de prematuridade foi maior entre 10–14 anos, 88% [p<0,001; OR 1,88 (IC95% 1,82–1,95)], do que entre 15–19 anos, representando 22% [p<0,001; OR 1,22 (IC95% 1,21–1,24)] quando comparadas com o grupo de 20–34 anos. Houve um aumento da taxa de prematuridade no período estudado de 76,2% entre 10–14 anos, 64% entre 15–19 anos e 66,1% entre 20–34 anos. Conclusão: Observou-se um aumento no número de nascidos vivos prematuros no biênio 2018–2019, quando comparado com o ano 2000. Nota-se maior taxa de prematuridade nas adolescentes de 10 a 14 anos, quando comparada com as de 15–19 e de 20–34 anos. Esse fato pode estar relacionado a condições variadas, como fatores socioeconômicos e assistência pré-natal, sendo importante fator de risco.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"17 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135649109","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-01-01DOI: 10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1080
Simone Raimondi de Souza, Giulia Modesto Guimaraes de Mattos Moura, Rafaela Carvalho Rodrigues, Giulia Rodrigues Castro de Lima, Lilian Cristina Caldeira Thomé
Introdução: A promoção da maternidade segura é uma meta de todo profissional de saúde. Gestações de alto risco requerem atenção especial às condições clínicas que podem agravar, interferindo no bom desenvolvimento materno-fetal. Nessas situações, a interlocução entre os diversos serviços dentro das unidades hospitalares se torna condição sine qua non para que, ao final, os desfechos sejam satisfatórios. Relato de caso: M.B.R.N., 33 anos, técnica de enfermagem, diabética tipo 1, infecção do trato urinário, 3 gestações, 1 parto vaginal e 1 cesárea, idade gestacional: 33 semanas e 6 dias, assintomática, é encaminhada à maternidade pela Clínica da Família por pressão arterial (PA) elevada, com 6 consultas de pré-natal. No exame físico na admissão: PA: 150 × 110 mmHg, eucárdica, eupneica, afebril, glicemia capilar: 113 mg/dL, edema de membros inferiores, amputação das falanges e parte dos metatarsos do pé esquerdo em 2022 pós-traumatismo e microangiopatia diabética, coto de pé diabético infectado, com exsudato, secreção serosa e odor fétido. No exame obstétrico: dilatação uterina: 0, altura uterina: 32 cm, tônus uterino: normal, colo fechado, grosso e posterior. Apresentação cefálica alta, bolsa íntegra, batimento cardíaco fetal: 141 bpm, cardiotocografia: CAT1. No laboratório: VDRL-, HIV-, tipo sanguíneo O+, hemoglobina: 10 mg/dL, hematócrito: 30,9%, plaquetas: 375.000, leucócitos: 11.600, INR: 0,85, EAS: glicosúria, Spot: 1,6 (vasculopata), proteinúria: 3+/4+. Em uso de insulina NPH+ regular, mantida. Iniciada dexametasona para amadurecimento pulmonar fetal. Solicitado parecer da Cirurgia Vascular quanto à amputação e da Ortopedia quanto à osteomielite, tendo sido liberada por ambos os Serviços para seguir com a gestação, desde que apresentasse condição clínica estável. Feita otimização do tratamento para controle pressórico da pré-eclâmpsia (PE), glicêmico e, após discussão com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, da infecção no coto, com cefuroxima 750 mg, clindamicina 900 mg e ciprofloxacino 400 mg, todos IV 8/8h. Após 7 dias de internação, houve descompensação glicêmica, sendo decidida a interrupção da gestação por via alta. O recém-nascido é do sexo feminino, pesando 2.200 g, medindo 45 cm, com Apgar 7/8, e apresentou intercorrência: circular triplo de cordão em região cervical com nó verdadeiro, necessitando de cuidados em unidade de terapia intensiva, sendo nutrida com leite materno ordenhado. Ao longo da internação, a paciente também foi assistida pelo Serviço de Cirurgia Plástica, que procedeu ao desbridamento da ferida no coto. Recebeu alta após 22 dias de internação, com pressão arterial e glicemia controladas, além de remissão da infecção. Comentários: O presente relato evidencia a importância do olhar clínico presente no cuidado obstétrico e a necessidade do trabalho multidisciplinar, a fim de buscar o equilíbrio do sistema complexo e adaptativo que é o corpo humano, sobretudo quando em estado gravídico. Os desfechos favorávei
{"title":"Integralidade do atendimento à gestante de alto risco — um desafio para unidades de saúde públicas e privadas: relato de caso","authors":"Simone Raimondi de Souza, Giulia Modesto Guimaraes de Mattos Moura, Rafaela Carvalho Rodrigues, Giulia Rodrigues Castro de Lima, Lilian Cristina Caldeira Thomé","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1080","DOIUrl":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1080","url":null,"abstract":"Introdução: A promoção da maternidade segura é uma meta de todo profissional de saúde. Gestações de alto risco requerem atenção especial às condições clínicas que podem agravar, interferindo no bom desenvolvimento materno-fetal. Nessas situações, a interlocução entre os diversos serviços dentro das unidades hospitalares se torna condição sine qua non para que, ao final, os desfechos sejam satisfatórios. Relato de caso: M.B.R.N., 33 anos, técnica de enfermagem, diabética tipo 1, infecção do trato urinário, 3 gestações, 1 parto vaginal e 1 cesárea, idade gestacional: 33 semanas e 6 dias, assintomática, é encaminhada à maternidade pela Clínica da Família por pressão arterial (PA) elevada, com 6 consultas de pré-natal. No exame físico na admissão: PA: 150 × 110 mmHg, eucárdica, eupneica, afebril, glicemia capilar: 113 mg/dL, edema de membros inferiores, amputação das falanges e parte dos metatarsos do pé esquerdo em 2022 pós-traumatismo e microangiopatia diabética, coto de pé diabético infectado, com exsudato, secreção serosa e odor fétido. No exame obstétrico: dilatação uterina: 0, altura uterina: 32 cm, tônus uterino: normal, colo fechado, grosso e posterior. Apresentação cefálica alta, bolsa íntegra, batimento cardíaco fetal: 141 bpm, cardiotocografia: CAT1. No laboratório: VDRL-, HIV-, tipo sanguíneo O+, hemoglobina: 10 mg/dL, hematócrito: 30,9%, plaquetas: 375.000, leucócitos: 11.600, INR: 0,85, EAS: glicosúria, Spot: 1,6 (vasculopata), proteinúria: 3+/4+. Em uso de insulina NPH+ regular, mantida. Iniciada dexametasona para amadurecimento pulmonar fetal. Solicitado parecer da Cirurgia Vascular quanto à amputação e da Ortopedia quanto à osteomielite, tendo sido liberada por ambos os Serviços para seguir com a gestação, desde que apresentasse condição clínica estável. Feita otimização do tratamento para controle pressórico da pré-eclâmpsia (PE), glicêmico e, após discussão com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, da infecção no coto, com cefuroxima 750 mg, clindamicina 900 mg e ciprofloxacino 400 mg, todos IV 8/8h. Após 7 dias de internação, houve descompensação glicêmica, sendo decidida a interrupção da gestação por via alta. O recém-nascido é do sexo feminino, pesando 2.200 g, medindo 45 cm, com Apgar 7/8, e apresentou intercorrência: circular triplo de cordão em região cervical com nó verdadeiro, necessitando de cuidados em unidade de terapia intensiva, sendo nutrida com leite materno ordenhado. Ao longo da internação, a paciente também foi assistida pelo Serviço de Cirurgia Plástica, que procedeu ao desbridamento da ferida no coto. Recebeu alta após 22 dias de internação, com pressão arterial e glicemia controladas, além de remissão da infecção. Comentários: O presente relato evidencia a importância do olhar clínico presente no cuidado obstétrico e a necessidade do trabalho multidisciplinar, a fim de buscar o equilíbrio do sistema complexo e adaptativo que é o corpo humano, sobretudo quando em estado gravídico. Os desfechos favorávei","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"9 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"135650610","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}